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Sinopse das aulas teóricas de Horticultura II – UTAD - 2000/01 - http://dalmeida.

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CUCURBITÁCEAS

Principais espécies hortícolas da família das Cucurbitáceas

Família com cerca de 120 géneros e 800 espécies.

Género Espécie Nome vulgar


Cucumis C. melo Melões
C. melo var. cantalupensis
C. melo var. reticulatus
C. melo var. saccharinus
C. melo var. inodorus
C. sativus Pepino
C. anguria
Citrullus C. lanatus Melancia
Cucurbita C. pepo Abóboras, aboborinhas
C. maxima Abóboras, aboborinhas
C. moschata Abóboras, aboborinhas
C. mixta Abóboras, aboborinhas
Sechium S. edule Chu-chu
Luffa L. aegyptiaca
L. acutangula

Diversas outras espécies pertencentes a, pelo menos, 8 géneros da família Cucurbitaceae, são
cultivadas como hortícolas menores em diversas regiões do Mundo.
Os géneros Cucúrbita, Sechium e Cyclanthera são originários do continente Americano. Os outros
géneros são originários de África e da Ásia tropical.

Importância económica e regiões produtoras


A melancia é a principal cultura Cucurbitácea a nível mundial com cerca de 40% da produção total de
Cucurbitáceas, seguida do pepino com 27%. Melões e abóboras representam 20 e 12% da produção
mundial de membros da família, respectivamente.
A produção mundial de pepino está muito concentrada na Ásia, com cerca de 73% da produção mundial.
Só a China representa 42% da produção mundial de pepino, enquanto a Europa produz 17% do total. A
Ásia produz também 2/3 do total de melancia (23% do total na China), enquanto a Europa representa
13% da produção.
As cucurbitáceas representam cerca de 1/5 das importações de hortícolas frescos (batata excluída),
destacando-se entre elas o melão. Os grandes produtores mundiais de melão são países asiáticos, os
EUA e a Espanha, que é responsável por 54 % da produção comunitária. Na UE a produção localiza-se
quase exclusivamente nos países mediterrânicos, sendo os países do norte importadores, com destaque
para o Reino Unido, Bélgica, Alemanha e Holanda. Recentemente também os países do Magrebe,
Marrocos e Argélia, se tornaram importantes produtores.

Valor nutritivo
Valor alimentar por 100 g parte comestível
Hidratos de
Produto Água Energia Proteina Gordura carbono Fibra
% kcal g g g g
Pepino 96 13 0.5 0.1 2.9 0.6
Melões 90-92 26-35 0.5-0.9 0.1-0.3 6.2-9.2 0.4-0.6
Aboborinhas
(squash) 86-96 14-45 1.2-2.0 0.1-0.5 2.9-11.7 0.5-1.4
Melancia 93 26 0.5 0.2 6.4
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Teor em vitaminas por 100 g parte comestível


Vitamina A Tiamina Riboflavina Niacina Ácido ascórbico Vitamina B6
Produto
IU mg mg mg mg mg
Pepino 45 0.03 0.02 0.3 4.7 0.05
Melões 40-3000 0.04-0.06 0.02 0.4-0.6 16-42 0.06-0.12
Aboborinhas (squash) 110-7800 0.06-0.1 0.02-0.04 0.5-1.2 11.0-21 0.08-0.15
Melancia 590 0.03 0.03 0.2 7

Teor em sais minerais por 100 g parte comestível


Cálcio Fósforo Ferro Sódio Potássio
Produto
mg mg mg mg mg
Pepino 14 17 0.3 2 149
Melões 5.0-11 7.0-17 0.1-0.4 9.0-12 210-309
Aboborinhas (squash) 14-48 21-36 0.4-0.7 1.0-7.0 182-350
Melancia 7 10 0.5 1 100
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A cultura do melão (Cucumis melo)

Origem e domesticação
Os melões são originários de África, com centros de diversidade secundários na Índia, Irão, sul da
Rússia e China. O melão era cultivado no Egipto 2400 AC. Não se conhecem espécies silvestres de
melão.

Importância económica e regiões produtoras


Em Portugal a cultura do melão ao ar livre localiza-se principalmente no Ribatejo e no Interior Norte e Sul
do Alentejo. A cultura em estufa concentra-se no Algarve e no Oeste.
Considerado nos anos 50 um produto de luxo na Europa, a produção e o consumo de melão têm-se
desenvolvido consideravelmente desde os anos 60 como resultado da melhoria das técnicas culturais e
do aparecimento de novas cultivares.
A produção mundial localiza-se entre as latitudes de 50º N e 30º S.

Morfologia
Sistema radicular: aprumado; a maioria das raízes localizam-se nos 30-40 cm superficiais do solo.
Parte aérea: plantas algo polimórficas, com diversidade morfológica.
Folhas: inteiras, pubescentes.
Flores: geralmente andromonóicas (flores masculinas e hermafroditas na mesma planta), ou monóicas
(flores masculinas e femininas na mesma planta)
Polinização: auto e alogâmica; entomófila. A proporção de polinização alogâmica é muito variável (5-
75%).
Fruto: pepónio de forma esférica a ovóide ou alongada e coloração variável.

Solos e substratos
Prefere solos arenosos, profundos, com boa drenagem e arejamento. A vantagem dos solos arenosos é
aquecerem mais rapidamente do que solos de outra texturas, favorecendo a instalação da cultura. A boa
drenagem destes solos reduz incidência de podridões nos frutos. Resistente à seca
Especial atenção deve ser dada ao estado sanitário do solo e à ausência de resíduos de herbicidas.
Salinidade: sensibilidade moderada. Nível máximo sem perda de produção da ordem de 2,5 dS/m.
Salinidade excessiva reduz o tamanho dos frutos.
pH: 6 - 7,5. Sensível a solos ácidos, tolera solos ligeiramente calcáreos.

Fisiologia do desenvolvimento e condições ambientais


Exigências ambientais
Temperatura
Cultura megatérmica.

Parâmetero Temperatura (ºC)


Germinação
Mínima 13-15.5
Óptima 24-32; 30
Máxima 39-45
Vegetação
Mínimo 12
Óptimo 18-24
Máximo 40
Floração (temp. óptima) 20-23
Temp. óptima polimização 20-21
Temp. óptima para maturação 25-30
Temperatura solo
Mínima 8-10
Óptima 20-25
Máxima 40
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As plantas morrem quando sujeitas a temperatura de 6 ºC durante 1 semana.


Idealmente, a temperatura do solo/substrato deve permanecer acima dos 18 ºC, sem ultrapassar 30 ºC.

Humidade relativa
Elevada humidade atmosférica desfavorável
HR óptima no crescimento vegetativo: 65 - 75%
HR óptima durante a floração: 60 - 70%
HR óptima durante a frutificação: 55-65%

Luminosidade: muito exigente. Baixa luminosidade durante o vingamento e crescimento dos frutos reduz
o número e a taxa de crescimento dos frutos. Baixa luminosidade durante o amadurecimento provoca
vitrescência da polpa.

Sementes e germinação
Número de sementes por grama: 25-50
Duração da faculdade germinativa: 5-6 anos
Germinação epígea
Embora as sementes germinem lentamente a temperatura inferior, 15.5 ºC é considerada a temperatura
mínima do solo para uma boa germinação e estabelecimento da cultura.

Fisiologia do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo


Fases do desenvolvimento:
Primeira fase: desenvolvimento vegetativo
Segunda fase: floração, fecundação e vingamento
Terceira fase: crescimento e maturação dos frutos

O ciclo cultural pode ser dividido nas seguintes fases:


Sementeira – floração masculina: 40 – 60 dias
Flores masculinas – 1as flores femininas: 5 – 15 dias
1as flores femininas – início da colheita: 30 e 60 dias

Hábito de vegetação e frutificação


O caule principal desenvolve-se a partir do hipocótilo e pode atingir os 5 m de comprimento. Na axila das
folhas do caule principal desenvolvem-se ramificações secundárias das quais apenas as 3-4 primeiras
atingem crescimentos apreciáveis. As restantes evoluem para ramos frutíferos. As ramificações
secundárias têm o mesmo hábito de crescimento que o caule principal, originando ramificações terciárias
que são frutíferas.
Trata-se de plantas monóicas, com flores unissexuadas masculinas e femininas, ou andromonóicas
(flores masculinas e hermafroditas). No caule principal só há flores masculinas. As flores femininas
formam-se nos ramos secundários superiores e nos ramos terciários. A proporção entre flores
masculinas e femininas ou hermafroditas varia com as condições ambientais e a aplicação de
reguladores de crescimento. Certas cvs. de melão, e. g. Ogen apresentam características
partenocárpicas.

Efeitos do fotoperíodo, temperatura e reguladores do crescimento


A expressão do sexo no melão é regulada por dois pares de alelos através do equilíbrio hormonal da
planta. As auxinas e o etileno têm efeito feminizante, enquanto as giberelinas têm efeito masculinizante.
O ácido abcíssico têm acção antagónica em relação às giberelinas.
Também as condições ambientais influenciam a expressão do sexo, através de alterações que provocam
no equilíbrio hormonal. Dias-curtos e temperaturas baixas (12 - 15 ºC) têm efeito feminizante, enquanto
dias-longos e temperaturas elevadas aumentam a proporção de flores masculinas. No entanto, uma
luminosidade reduzida no Inverno (mesmo com dias curtos e temperatura baixa) impede a formação de
flores femininas.
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Sistemas de cultura e operações culturais


O tipo e sequência das operações culturais na cultura do melão depende muito do sistema de cultura
adoptado. Os principais sistemas de cultura do melão são:
• cultura ao ar livre de sequeiro, com ou sem cobertura do solo,
• cultura ao ar livre de regadio, com ou sem cobertura do solo,
• cultura em pequenos túneis,
• cultura em estufa, no solo, sem aquecimento,
• cultura em estufa, no solo, com aquecimento,
• cultura em estufa, em hidroponia.
Na cultura ao ar livre opta-se pela sementeira directa e uma sequência tipo das operações pode ser:
preparação do terreno (lavoura, armação de camalhões), fertilização de fundo, abertura de covachos ou
sulcos de sementeira, rega, sementeira, aplicação do herbicida, colocação do plástico, ruptura do
plástico, regas, (amontoa), despontas, adubação de cobertura, tratamentos fitossanitários e colheita.
Devido à sua exigência em temperatura, a planta responde muito bem à cobertura do solo com plástico. O
uso de mini-túneis também é vantajoso.
Na cultura em estufa procede-se à preparação da plantinha em "mottes" ou placas alvéoladas e à
transplantação com raiz protegida. Trata-se de uma planta sensível à transplantação pelo que o volume
de substrato e a altura da transplantação são factores importantes. A repicagem deve ser efectuada
quando as plantas têm os cotilédones expandidos. Quando as plantas são produzidas em mottes de 6
cm, a transplantação faz-se no estado de “2 folhas verdadeiras, saída da 3ª” ou “3 folhas saída da 4ª”
se os mottes forem de 8 cm. Para que os braços iniciem o seu desenvolvimento no viveiro deve optar-se
por mottes de 10 cm. Em estufa tem especial importância a operação da poda.
Ao ar livre praticam-se densidades de 5-7 mil plantas por hectare em sequeiro e 8-10 mil pl/ha em regadio
e na cultura em pequenos túneis. Compassos típicos ao ar livre oscilam entre 1,5 – 2,5 m na entrelinha e
0,5 – 0,65 m entre plantas na linha. Em estufa adoptam-se compassos de 0,80-1,0 m na entre-linha e
0,40-0,50 m na linha para plantas conduzidas em altura e 1 x 0,65 para plantas conduzidas sobre o solo.
A polinização é fundamental para uma boa qualidade dos frutos. Os produtores não devem depender
exclusivamente das populações naturais de insectos, mas colocar 2-4 colmeias/ha, centradas em blocos
de cerca de 2 ha. Em estufa é fortemente recomendável a utilização de Bombus polinizadores.
A irrigação é frequentemente feita por sulcos. A rega gota-a-gota tem vantagens, principalmente se
associada com a cobertura do solo e entrelinhas mais largas.

Fertilização do solo
A cultura do melão é particularmente exigente em potássio e em cálcio, sendo as necessidades de
fósforo relativamente modestas. As exportações de planta (caules + folhas + frutos), em kg de nutriente
por tonelada de produção de frutos constam na seguinte tabela:

N P2O5 K2O CaO MgO


Mínimo 2,5 1,1 5,6 4,4 0,6
Máximo 5,9 2,2 7,7 7,0 3,0

Os valores mínimos tendem a verificar-se na cultura ao ar livre, enquanto em estufa as exportações se


aproximam dos valores máximos.

Alguns exemplos de exportações:


Condições Produtividade N P2O5 K2O CaO MgO
(t/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
Ar livre, 20 49 23 112 88 13
sequeiro
Estufa 40 155 67 277 201 68

As fertilizações devem ser calculadas, para situação cultural, em função das exportações e dos dados na
análise de terra, pelo que os valores da tabela seguinte são apresentados a título meramente indicativo.
Assume-se uma produção de 20 t/ha em sequeiro e de 47 t/ha em regadio ao ar livre. Os valores estão em
kg de nutriente por hectare.
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Sistema N P2O5 K2O MgO


cultura
Sequeiro 50 23 112 13
ar livre
Regadio 153 58 295 41
ar livre
Estufa 200-350 50-150 300-450 100-150

Em estufa é ainda aconselhável a aplicação de 50-100 t de estrume.

Tipos de poda
A poda tem como principal objectivo aumentar a precocidade e garantir o calibre e qualidade da
produção. O tipo de poda depende das características de frutificação, da cv, do vigor das plantas (que é
influenciado pela cv, rega e fertilizações) e do sistema cultural.
Para o melão em estufa adoptam-se dois tipos de formas de condução: em altura e sobre o solo. Na
condução em altura, a forma mais vulgarizada é a condução em dois braços. Esta forma consegue-se
decapitando a planta, ainda no viveiro, acima da 3ª ou 4ª folha. Após a plantação seleccionam-se os
dois melhores lançamentos secundários que são tuturados Os ramos frutíferos terciários são cortados 2
folhas após o fruto. Podas 2-0-0, 2-6-0 ou 2-8-0 são podem ser adaptadas quando a cultura é conduzida
sobre o solo.

Técnicas especiais
A cultura responde à fertilização carbónica (até 1000-1500 ppm), com estímulo na floração e melhor
vingamento (maior número de frutos). O efeito do enriquecimento em CO2 no rendimento ocorre
predominantemente durante a fase do vingamento e crescimento do fruto.
Enxertia. Na cultura em estufa, para combater fusariose e verticiliose. Efectuada nos viveiros que
produzem os transplantes. As casa de sementes produzem cvs de porta-enxertos para melão,
normalmente híbridos de Cucurbita moscata x maxima.

Pragas, doenças e acidentes fisiológicos


De entre as pragas que atacam estas plantas destacam-se os afídeos (Aphis gossypii), os trips, a mosca
branca das estufas (Trialeurodes vaporiorum), as mineiras e o ácaro Tetranychus urticae. O Fusarium
oxysporum e o Verticillium spp. são as principais doenças radiculares, juntamente com os nemátodos
do gn. Meloidogyne. As folhas são atacadas pelo míldio, oídio e diversas viroses. Nos frutos têm
importância a antracnose, a cladosporiose e as podridões.

Colheita
Colheita manual. Os frutos devem ser colhidos maduros pois são a formação dos aromas e a acumulação
dos açucares que valorizam o fruto. Mais de metade dos açucares acumulam-se no fruto durante as 2
últimas semanas do amadurecimento. A inexistência de amido no fruto impede que os açucares
continuem a aumentar no fruto após a colheita. Existem vários indicadores da maturação comercial, que
diferem com a cv, entre os quais se destaca a alteração da coloração, o aroma, o aparecimento de uma
ferida na região peduncular, o aumento da elasticidade dos tecidos da zona pistilar e, em certas cvs, a
secagem da folha próxima do fruto. Melões do grupo reticulatus desenvolvem uma camada de abscisão
no pedicelo durante o amadurecimento. A determinação da data de colheita em melões do grupo
inodorus é mais complicada. Para estas cvs. confia-se normalmente na textura da zona pistilar e na
mudança de cor.

Pós-colheita
Pré-arrefecimento na câmara, por ar forçado ou por água (hydrocooling)
Temperatura do armazenamento: 4-10 ºC, dependendo das cvs. 4-6 para meloas, 10 para cvs mais
sensíveis a danos causados pelo frio.
Humidade relativa: 90-95%
Duração aproximada do armazenamento: 2-3 semanas (3-5 dias para meloas do tipo Charentais)
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Bibliografia
Cermeño, Z. S. (s.d.). Cultivo de plantas hortícolas em estufa. Editora Litexa, Lisboa.
Cermeño, Z. S. 1988. Prontuário do horticultor. Litexa editora, Lisboa.
CTIFL 1991. Le melon. Paris.
CTIFL, 1989. Mémento fertilization des cultures légumières. CTIFL, Paris.
GPPAA. 2000. Anuário hortofrutícola. Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar, MADRP,
Lisboa.
Maroto, J. V. 1989.Horticultura herbacea especial. Ediciones Mundi-Prensa, Madrid.
Shoemaker, W. H. 1992. Melons – muskmelons, watermelons, and honeydews. In Swiader, J. M., Ware,
G. W. and J. P. McCollum. Producing vegetable crops. Fourth edition. Interstate Publishers,
Danville. pp. 361-380.
Zapata, M., P. Cabrera, S. Baron, P. Roth. 1989. El melon Ediciones Mundi-Prensa. Madrid.
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A cultura do pepino (Cucumis sativus)

Origem e domesticação
Considera-se que tiveram origem na Índia, onde são cultivados há milhares de anos. O pepino era
também cultivado pelos Egípcios e Gregos da antiguidade.

Importância económica e regiões produtoras


A cultura do pepino ao ar livre situa-se no Algarve e Oeste, sendo cultivado em estufa na região de
Braga e Póvoa, Algarve e Oeste.

Morfologia
Sistema radicular: aprumado.
Folhas: inteiras, lobadas.
Flores: híbridos actualmente cultivados em estufa (e.g. Jazzer) são ginóicos, pepino de ar livre e cvs
antigas eram monóicas.
Polinização: desnecessária nas cvs ginóicas.
Fruto: pepónio.

Solos e substratos
Adaptado a diversos tipos de solo, desde que bem drenados. Solos francos são preferíveis a solos
arenosos ou argilosos.
Salinidade do substrato: valor 2.5 dS/m indicado nalguma bibliografia, mas mais sensível à salinidade do
que o melão.
Decréscimo na produtividade por cada dS/m acima do nível crítico: 13%
pH: 5.5-7.5

Fisiologia do desenvolvimento e condições ambientais


Exigências ambientais
Temperatura
Cultura megatérmica. Exigência térmicas para crescimento e desenvolvimento semelhantes às do melão.
Como se trata de um fruto ácido tem uma maturação mais curta do que a do melão (acumulação de
açúcares) pelo que as necessidades totais de calor são inferiores

Parâmetero Temperatura (ºC)


Congelação -1
Germinação
Mínima 12
Óptima 30
Máxima 35
Vegetação
Mínimo 10-12
Óptimo 20-25 dia
18-22 noite
Temp. óptima polimização 18-21
Temperatura solo
Mínima 12
Óptima 18-20

Humidade relativa
50-80%. A planta beneficia de humidade relativa mais elevada quanto mais elevada for a temperatura.
Requer mais humidade relativa do ar do que o melão.

Luminosidade: muito exigente, principalmente na floração


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Fisiologia do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo

Sementes e germinação
Número de sementes por grama: 35
Duração da faculdade germinativa: 5-6 anos
Germinação epígea
Imbibição da semente em água durante 12-14 h antes da sementeira facilita a germinação.

Sistemas de cultura e operações culturais


Como para todas as culturas hortícolas, o pepino pode ser produzido em diversos sistemas de cultura,
entre os quais:
• cultura ao ar livre, sobre o solo, com cobertura de solo
• cultura ao ar livre, tuturada
• cultura em estufa, no solo, sem aquecimento,
• cultura em estufa, em hidroponia.

Densidades e compassos
Na cultura ao ar livre para pickles com colheita única usar 15 plantas/m2.
Em cultura vertical na estufa usar 1,2 a 4 plantas/m2, dependendo da luminosidade disponível. Com cvs
ginóicas, no nosso clima, adoptar 2,5 a 4 plantas/m2. As entrelinhas podem ter 80-100 cm e 30-40 cm
entre plantas na linha. Em cultura horizontal usar 1-1,5 plantas/m2 com 150 cm na entrelinha e 40-50 cm
entre plantas na linha. Pode optar-se por plantar 3 plantas/covacho, ficando os covachos espaçados de
120 cm na linha.

Tutoragem pode ser efectuada com fios ou com rede de tuturagem de malha larga (quadrados de 10-12
cm de lado).

Os tipos de poda das cucurbitáceas têm evoluído significativamente tios últimos anos como resultado
da escassez e onerosidade da mão-de-obra e do aparecimento de cultivares com características de
crescimento e frutificação que permitem eliminar ou minimizar esta operação, e.g. cvs de pepino híbridas,
ginóicas, com reduzida ramificação. As cvs. híbridas dispensam qualquer tipo de poda devendo
adoptar-se distâncias na linha relativamente estreitas para evitar o desenvolvimento dos ramos laterais.

As cvs ginóicas podem, sob condições de baixa temperatura e baixa luminosidade, produzir algumas
flores masculinas. Nestes casos, a polinização origina frutos disformes, pelo que é importante manter
abelhas fora da estufa.

Fertilização

Condições Produtividade N P2O5 K2O CaO MgO


(t/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
Estufa 300 400-500 200-250 800-1000 304 130
297 383 210 790 611 112
210 330 260 628 313 75
228 450 170 590 214 60

Aplicar 60-80 kg/ha N e 75-100 kg/ha K2O em cobertura, cada 15 dias, entre o início do vingamento e
cerca de 1 mês antes do final da cultura.
Para combater o amarelecimento dos frutos aplicar sulfato de magnésio em cobertura (100 kg/ha) ou em
aplicações foliares (2%).

Para a cultura de cornichon as exportações são similares, mas é necessário ter em conta que as
produtividades são da ordem das 20-30 t/ha.

Inimigos da cultura
A cultura é frequentemente afectada pelo damping off (Pythium, Rhizoctonia), oidio, mildio
(Pseudoperonospora cubensis), antracnose (Colletotrichum lagenarium), clodosporiose
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(Cladosporium cucumerinum) e virus do mosaico do pepino. Entre as pragas contam-se a rosca


(Agrotis), nemátodos (Meloidogyne), alfinete (Agriotes), lagartas (Heliothis), mineiras (Liriomyza),
afidios (Aphis gossypii, Myzus persicae), ácaros (Tetranychus), trips (Thrips, Frankliniella) e mosca
branca (Trialeurodes).

Colheita
No caso do pepino como se trata de um fruto que não é doce e é apreciado pela sua frescura pode ser
colhido mal se atinja o tamanho desejado. O crescimento dos frutos é rápido, pelo que, em estufa, a
colheita deve ser efectuada de 2 em 2 dias, durante a fase de produção. Exigente em mão de obra.

Pós-colheita
Pré-arrefecimento na câmara ou por ar forçado
Temperatura do armazenamento: 8-13 ºC
Susceptível a danos causados pelo frio. Temperatura mínima de segurança: 7 ºC. Sintomas dos danos:
pitting, manchas de aspecto aguado, podridão
Humidade relativa: 80-95%
Duração aproximada do armazenamento: 2 semanas.

Bibliografia
Cermeño, Z. S. 1988. Prontuário do horticultor. Litexa editora, Lisboa.
CTIFL, 1989. Mémento fertilization des cultures légumières. CTIFL, Paris.
Enza Zaden. 1993. Elementos sobre a cultura do pepino híbrido “Jazzer”. Enza Zaden, Enkuizen,
Holanda. Folheto traduzido por F. Cruz e distribuido por JAD sementes.
Hochmuth, G. J. 1995. Cucumber production guide for Florida. Cooperative Extension Service, University
of Florida
Johnson, H. & G. W. Hickman. s/d. Greenhouse cucumber production. Cooperative Extension,
University of California, Leaflet 2775.
Maynard, D. N. and G. J. Hochmuth. 1997. Knott’s handbook for vegetable growers. Fourth edition.
John Wiley & Sons, New York.
Portree, J. 1996. Greenhouse vegetable production guide for commercial growers. Ministery of
Agriculture, Fisheries and Food, Province of British Columbia.
Wien, H. C. 1997. The cucurbits: cucumber, melon, squash and pumpkin. In: Wien, H. C. (editor). The
physiology of vegetable crops. CAB International, Oxon. pp207-258.
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A cultura da melancia (Citrullus lanatus)

Origem e domesticação
Originária da África tropical.

Morfologia
Como para as outras Cucurbitáceas
Floração: monóica.

Solos e substratos
Prefere solos ricos em matéria orgânica
pH: 5.5-7.5. Tolera acidez melhor do que os melões.

Exigências ambientais
Temperatura
Cultura megatérmica. Exigências climáticas semelhantes às do melão, mas mais exigente em temperatura
do que melões var. reticulatus. As cultivares triplóides (sem sementes) são mais exigentes em
temperatura do que as cvs diplóides.

Parâmetero Temperatura (ºC)


Congelação ~0
Germinação
Mínima 13-15
Óptima 23-28
Máxima 45
Vegetação
Mínimo 11-13
Óptimo 21-30
Máximo
Floração (temp. óptima) 18-20

Humidade relativa: 60-80%


Luminosidade: muito exigente

Sementes e germinação
Número de sementes por grama: 10.
Duração da faculdade germinativa: 5 anos
Germinação epígea

Operações culturais
As exigências em fertilizantes são semelhantes às do melão, mas a cultura é geralmente menos fertilizada.
Sementeira em covachos ou transplantação. Densidade de 3500-5000 plantas/ha. Compasso de 2-3 m x
1,5 m.
Cultivares sem semente (triplóides) resultam do cruzamento de um progenitor feminino 4N com um
masculino 2N. A semente é cara pois as linhas 4N produzem apenas 5-10% da quantidade de semente
das linhas 2N.
As exigências das cvs 4N são mais estritas do que das cvs 2N. Exigem cerca de 27 ºC para uma boa
germinação. A germinação e crescimento da plântula é mais lento do nas cvs diplóides. A densidade
deve ser inferior à das cvs 2N (por exemplo 3 x 1,5 m). Como as plantas não produzem pólen viável as cvs
4N têm de ser plantadas com uma cv 2N polinizadora com datas de floração coincidentes. Colocar 1-2
colmeia/ha para auxiliar na polinização.

Colheita
Colheita manual inicia-se 75 a 110 dias após a sementeira. Produtividades de 1-3 t/ha em sequeiro, 3-4
t/ha em regadio. Na cultura de cvs triplódes é importante não misturar os frutos da cultivar polinizadora
com os frutos sem semente. Estes distinguem-se pelo facto dos frutos triplóides não terem manchas
claras na casca.
Sinopse das aulas teóricas de Horticultura II – UTAD - 2000/01 - http://dalmeida.com/hortnet 12

Pós-colheita
Pré-arrefecimento por ar forçado ou por água
Temperatura do armazenamento: 10-15 ºC Maroto (1989) refere armazenamento a 2-4 ºC.
Susceptível a danos causados pelo frio. Temperatura mínima de segurança: 4,5 ºC. Sintomas dos danos:
pitting, odor desagradável
Humidade relativa: 90%
Duração aproximada do armazenamento: 2-3 semanas.

Bibliografia
Cermeño, Z. S. 1988. Prontuário do horticultor. Litexa editora, Lisboa.
Maroto, J. V. 1989.Horticultura herbacea especial. Ediciones Mundi-Prensa, Madrid.
Maynard, D. N. and G. J. Hochmuth. 1997. Knott’s handbook for vegetable growers. Fourth edition.
John Wiley & Sons, New York.
Elmstrom, G. W. & D. N. Maynard. 1995. Growing seedless watermelons. Cooperative Extension Service,
University of Florida.

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