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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE: ESTUDO


DE CASO

Disciplina: Geotecnia III


Professor: Márcio Felipe Floss
Acadêmicas: Amanda Dal Pizzol, Caroline Lucheta, Gianne Segalin,
Liandra Franciosi.

Passo Fundo, Novembro de 2018.


Sumário

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4

2 ESCOLHA DO TALUDE..................................................................................................... 5

3 CARACTERIZAÇÃO E GEOMETRIA DO TALUDE .................................................... 7

3.1 Geometria do Talude ................................................................................................ 7

3.2 Definição dos parâmetros dos materiais ................................................................. 8

3.3 Características naturais do talude ......................................................................... 11

4 DEFINIÇÃO DAS SOLICITAÇÕES ............................................................................... 14

5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE ....................................................................................... 15

5.1 Situação Real ........................................................................................................... 15

5.2 Primeira hipótese .................................................................................................... 16

5.3 Segunda hipótese ..................................................................................................... 18

6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 21

7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 22


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do talude no mapa de Passo Fundo/RS ........................................... 5


Figura 2 - Talude analisado in loco ........................................................................................ 6
Figura 3 - Talude analisado in loco ........................................................................................ 6
Figura 4 - Representação do talude ........................................................................................ 7
Figura 5 - Mapa com as províncias geomorfológicas ............................................................ 9
Figura 6 - Valores de ângulo de atrito e coesão do solo ...................................................... 10
Figura 7 - Índices de consistência das amostras de solo mole e suas propriedades.......... 11
Figura 8 - Vegetação rasteira no talude ............................................................................... 12
Figura 9 - Vista da crista do talude ...................................................................................... 12
Figura 10 - Fórmula usada para obter o peso especifico do solo ....................................... 13
Figura 11 - Análise da situação real pelo método Morgenstern-Price .............................. 15
Figura 12 - Análise da situação real pelo método Bishop ................................................... 16
Figura 13 - Análise da primeira hipótese pelo método Morgenstern-Price ...................... 17
Figura 14 - Análise da primeira hipótese pelo método Bishop........................................... 18
Figura 15 - Análise da segunda hipótese pelo método de Morgenstern-Price .................. 19
Figura 16 - Análise da segunda hipótese pelo método Bishop............................................ 20
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros de Medição do Talude ....................................................................... 8


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1 INTRODUÇÃO

O estudo de caso apresentado tem por finalidade avaliar a estabilidade de um talude que
está situado no bairro Cidade Nova, na cidade de Passo Fundo.
Talude é qualquer superfície inclinada que limita um maciço terroso, podendo ser
natural ou artificial e quando rompido, pode causar grandes desastres ambientais além de
colocar a vida humana em risco.
A partir de diversas análises é possível prever como o talude irá se comportar
naturalmente, com sobrecargas, na presença de água e outros fatores que podem interferir em
sua estabilidade. Tendo em mãos os resultados de tais análises, o engenheiro deve avaliar as
condições do talude e determinar a melhor solução dependendo do estado em que este se
encontra e o possível tipo de ruptura.
O trabalho apresenta a análise do talude escolhido, que foi realizada pelo Método das
Fatias, utilizando o software GeoStudio 2018 (versão estudantil).
Após a análise dos resultados de todas as situações, foram avaliadas as condições e
soluções para prevenir a ruptura do talude.
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2 ESCOLHA DO TALUDE

Foram realizadas buscas por taludes de no mínimo 3 metros de altura e que


apresentassem ou não algum risco de ruptura, sendo artificiais ou naturais.
O talude escolhido para o estudo geotécnico está localizado no Loteamento Cidade
Nova no município de Passo Fundo/RS, como mostra a Figura 01.

Figura 1 - Localização do talude no mapa de Passo Fundo/RS

Fonte: Google Earth, 2018.

O talude foi analisado pelas integrantes do grupo Liandra e Amanda. Nesta ocasião
foram levantadas as características visuais e dimensões do talude, como mostra as figuras 02 e
03.
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Figura 2 - Talude analisado in loco

Fonte: As autoras, 2018.

Figura 3 - Talude analisado in loco

Fonte: As autoras, 2018.


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3 CARACTERIZAÇÃO E GEOMETRIA DO TALUDE

3.1 Geometria do Talude

Para a determinação da geometria do talude foi utilizado um tubo de PVC com um


metro de comprimento, um nível e uma trena. Com estes materiais foi realizada a medição de
retas verticais e horizontais formando triângulos retângulos para obter as medidas dos catetos,
e por meio do teorema de Pitágoras obter o valor da hipotenusa e assim obter a inclinação do
talude.
A medição foi iniciada pelo pé do talude, onde o tubo de PVC foi colocado
verticalmente e após, com a trena, formou-se um ângulo de 90° onde foi obtida a medida
horizontal. Este processo foi repetido três vezes até chegar à crista do talude.
O próximo passo foi passar os dados obtidos para o software AutoCAD, onde foram
encontradas a distância inclinada do talude, a distância horizontal e o ângulo que o mesmo faz
com o solo, como mostra a representação da figura 05.

Figura 4 - Representação do talude

Fonte: Autocad, 2018.


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Todos os parâmetros de medição do talude podem ser vistos na Tabela 1, sendo que o
ângulo de inclinação do mesmo é de 36,59°, isto indica que o talude é medianamente inclinado.

Tabela 1 - Parâmetros de Medição do Talude

Fonte: As autoras, 2018.

3.2 Definição dos parâmetros dos materiais

Devido à ausência de ensaios como o SPT, a definição de alguns parâmetros do solo


foi feita com base em bibliografias que será explicado na sequência juntamente com os
conhecimentos adquiridos em aula. O solo, que não possui nível de água aparente, foi
classificado como um solo residual de basalto devido à sua localização geográfica. Com a ajuda
do artigo “Propriedades geotécnicas do solo residual de basalto da região de Ijuí/RS” da autoria
de Diemer (2008), foi possível então determinar os parâmetros do mesmo.
Na figura 05 abaixo o mapa mostra as formações de solo na região de Ijuí, onde a cidade
de Passo Fundo se enquadra.
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Figura 5 - Mapa com as províncias geomorfológicas

Fonte: DIEMER et. Al., 2008.

Para avaliação da estabilidade de taludes é necessário conhecer alguns parâmetros do


solo, tais como coesão, peso específico, ângulo de atrito, umidade, grau de saturação e índice
de vazios. No artigo tomado como base, a classificação do solo e suas propriedades foram
determinadas através da realização de vários ensaios como granulometria, resistência ao
cisalhamento dentre outros. Foram analisadas oito amostras de solo retiradas na cidade de Ijuí
e pesquisados no período de 2003 a 2008 no laboratório da Engenharia Civil da UNIJUÌ.
Os principais parâmetros do solo para a análise da estabilidade do talude são a coesão
e o ângulo de atrito. Conforme Lambe, Vargas e Pinto apud Diemer (2008), a coesão se refere
a presença de cimentação e/ou a natureza das partículas já o ângulo de atrito está associado ao
entrosamento das partículas, sendo assim, a resistência ao cisalhamento de um solo pode ser
definida como a máxima tensão de cisalhamento que o solo pode suportar, sem sofrer ruptura,
ou a tensão de cisalhamento devido ao deslizamento entre corpos sólidos ou entre partículas do
solo resultantes destas duas características em sua maioria.
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Para a elaboração e determinação das características do solo foi utilizada apenas a


amostra A, que se encontra na figura 06, por ser uma situação crítica em relação à coesão e o
ângulo de atrito. Na tabela 2, pode-se observar que algumas amostras já estavam compactadas
e por conta disso não poderiam ser utilizadas. Então, das amostras indeformadas, analisou-se a
amostra A.
Para definição do tipo de drenagem do solo, foram feitas pesquisas em artigos referentes
a cidade de Passo Fundo. No site da Prefeitura Municipal de Passo Fundo foi encontrado um
link que fala sobre as características e dados gerais da cidade. Através destes dados é possível
confirmar que o solo de Passo Fundo é bem drenado, conforme indica o 11º item do site
(www.pmpf.rs.gov.br/secao.php?t=11&p=325):
Relevo: solos derivados de derrame
basáltico, profundos e bem drenados,
pertencentes ao grupo Latossolo Vermelho,
argiloso. O relevo é ondulado e suave ondulado,
formado por elevações com longos pendentes
que criam depressões fechadas (coxilhas).
Possui terras facilmente corrigíveis com adubos
e fertilizantes.

Figura 6 - Valores de ângulo de atrito e coesão do solo

Fonte: DIEMER et. Al., 2008.


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Na tabela a seguir estão expressas as demais características do solo como o limite de


liquidez (LL), limite de plasticidade (LP), índice de plasticidade (IP), peso especifico real dos
grãos (ℽ s), índice de vazios (e) e grau de saturação (S).

Figura 7 - Índices de consistência das amostras de solo mole e suas propriedades

Fonte: DIEMER et. Al., 2008.

3.3 Características naturais do talude

O talude possui, em sua crista, talude e pé uma pequena quantidade de vegetação


rasteira, como mostra as figuras 08 e 09, que não gera sobrecarga considerável nos solos. Em
tese a vegetação, ao longo do coroamento, ajuda na estabilidade do talude, porém em
determinadas circunstâncias pode agir como sobrecarga. Para efeitos de cálculo em sua
condição original considerou-se a sobrecarga desprezível devido ser apenas vegetação que
cresceu no local após as escavações. Porém, como será visto nos próximos itens, em uma das
hipóteses fictícias, foi considerada uma carga que influencie na determinação do fator de
segurança do solo.
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Figura 8 - Vegetação rasteira no talude

Fonte: As autoras, 2018.

Figura 9 - Vista da crista do talude

Fonte: As autoras, 2018.


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Para a determinação do peso específico do solo em estudo, foram usadas as


características da Amostra A, que como mostra na figura 07 já vista, possui todos os
parâmetros necessários para fazer o cálculo do peso específico natural do solo. O
resultado é obtido através da fórmula abaixo:

Figura 10 - Fórmula usada para obter o peso especifico do solo

Fonte: Material da PUC-Goiás.

Sendo assim, o peso específico natural obtido foi de 13,73 kN/m³.


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4 DEFINIÇÃO DAS SOLICITAÇÕES

Para a análise de estabilidade do talude em estudo, foi utilizado o software


GeoStudio 2018 na versão estudantil.
A análise tem caráter ilustrativo, uma vez que todos os parâmetros do talude,
necessários nesta análise, não são os parâmetros reais. É possível escolher o método de
análise conforme a complexidade do problema, sendo que nesta análise foram utilizados
os métodos de Morgenstern-Price e Bishop. Em ambas as análises feitas o solo do talude
será considerado como pertencente à condição drenada.
A primeira análise foi feita com o solo na sua condição real, onde o talude se
encontra sem cargas consideráveis na crista e também no pé. Além disso, como não foi
possível obter o nível de água real no talude, o mesmo foi estimado em diferentes
profundidades em cada uma das três hipóteses. Na primeira, o nível d’água foi estimado
em aproximadamente 2,5 metros de profundidade em relação ao pé do talude.
A segunda análise mostra uma primeira hipótese, que consiste na elevação do
nível da água que acompanha toda a superfície do talude, levando em consideração uma
forte precipitação.
Já a segunda hipótese em uma inundação acompanhada de sobrecarga fictícia a
fim de conhecer diferentes resultados das hipóteses anteriores. Esta sobrecarga foi feita
como uma adição de camada de solo, já que na versão estudantil do software não foi
possível acrescentar cargas de forma direta.
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5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE

Como já citado no item anterior, a análise foi feita de três formas diferentes, que
serão apresentadas a seguir.

5.1 Situação Real

A situação real do talude, sem sobrecargas e com o nível piezométrico


aproximadamente 2,5 metros de profundidade em relação ao pé do talude, foi analisado
primeiramente pelo método Morgenstern-Price, onde resultou em um fator de segurança
de 3,464, o que significa que o talude está estável e sem riscos de deslizamento.

Figura 11 - Análise da situação real pelo método Morgenstern-Price

Fonte: Software GeoStudio 2018.

A situação real também foi analisada pelo método de Bishop, onde pode-se
verificar que não houve grande mudança no valor de fator de segurança, como mostra a
figura 12 abaixo.
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Figura 12 - Análise da situação real pelo método Bishop

Fonte: Software GeoStudio 2018.

5.2 Primeira hipótese

A primeira hipótese possui uma elevação do nível da água que acompanha toda a
superfície do talude. Pelo método de Morgenstern-Price, o fator de segurança resultou em
2,449, também apresentando estabilidade do talude sem riscos de deslizamento.
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Figura 13 - Análise da primeira hipótese pelo método Morgenstern-Price

Fonte: Software GeoStudio 2018.

Assim como a situação real, a primeira hipótese também foi analisada pelo método
Bishop, onde obteve-se praticamente o mesmo resultado. O fator de segurança resultou
em 2,450, como mostra a figura abaixo.
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Figura 14 - Análise da primeira hipótese pelo método Bishop

Fonte: Software GeoStudio 2018.

5.3 Segunda hipótese

A segunda hipótese supõe que houve uma inundação, além de haver sobrecarga
fictícia no talude. Esta sobrecarga foi de 80 KPa em forma de adição de uma camada de
solo com espessura de 1,0 metro com peso específico de 80 kN/m³. Foi realizado desta
forma pois na versão estudantil do software não foi possível acrescentar cargas de forma
direta, como já mencionado anteriormente.
Pelo método de Morgenstern-Price, o fator de segurança resultou em 1,137, como
mostra a figura abaixo. Em teoria, o solo ainda se encontra em estabilidade, porém o valor
está muito próximo de 1, correndo o risco de rompimento.
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Figura 15 - Análise da segunda hipótese pelo método de Morgenstern-Price

Fonte: Software GeoStudio 2018.

Pelo método de Bishop, o risco é maior ainda pois o fator de segurança resultou
em 1,082, correndo maior risco de rompimento, como mostra a figura abaixo.
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Figura 16 - Análise da segunda hipótese pelo método Bishop

Fonte: Software GeoStudio 2018.


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6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O talude estudado foi submetido a diferentes situações a fim de verificar seu


comportamento quanto ao fator de segurança, que quando igual ou menor que 1 significa
que o maciço estaria rompendo, e acima de 1 estaria estável.
Foi analisado cada hipótese tanto pelo método de Morgenstern-Price quanto pelo
de Bishop, para se fazer uma comparação, porém pôde-se observar que os dois métodos
resultam em valores muito próximos.
Em comparação da situação real com a primeira hipótese, onde existiu uma
mudança no nível de água, constatou-se que esta mudança não teve interferência
significativa, pois o talude não rompe em nenhuma das situações.
Já na segunda hipótese, considerando uma inundação na região do talude
combinada com uma sobrecarga de 80 KPa, obteve-se um fator de segurança maior que
1, porém muito baixo, deixando em risco a estabilidade deste talude. Caso no futuro seja
construída alguma obra na superfície do mesmo, gerando mais de 80 KPa de sobrecarga,
a mesma ocasionaria o rompimento do talude.
Uma solução para o caso de ocorrer um acréscimo da sobrecarga da segunda
hipótese seria trabalhar com o melhoramento das características desse solo. Pode-se
utilizar um reforço no pé do talude com solo residual compactado, para evitar a ruptura
em caso de sobrecarga no talude. Ou ainda, utilizar os geossintéticos, produtos
industrializados derivados do petróleo, que possuem várias funções, onde uma delas seria
a de reforço do solo. Para tal solicitação existe no mercado o Geotêxtil, a Geogrelha e a
Geocélula.
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7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DIEMER, Francielle et al. Propriedades geotécnicas do solo residual de basalto


da região de Ijuí/RS. Teoria e Prática na Engenharia Civil, Ijui, n. 12, p.25-36, out.
2008. Disponível em: <http://www.editoradunas.com.br/revistatpec/Art3_N12.pdf>.
Acesso em: 01 Nov. 2018.

PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3. ed.. São Paulo: Oficina
de Textos, 2000.

VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. São Paulo: McGraw Hill, 1977.

FREITAS, Marco Antônio Coelho. Análise de estabilidade de taludes pelos


métodos de Morgenstern-Price e Correia. Portugal, 2011. <https://repositorio-
aberto.up.pt/bitstream/10216/61387/1/000148648.pdf>. Data de acesso: 02 Nov. 2018.

Site da Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Características Gerais. Disponível


em: <http://http://www.pmpf.rs.gov.br/secao.php?t=11&p=325>. Acesso em: 06 Nov.
2018.

Índices Físicos. Disponível em:


<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17403/material/A
ula%20Geo%20I_%C3%8Dndices%20F%C3%ADsicos.pdf>

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