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x Portadores de Deficiéncia. Lei n° 7.853, de 24 de outubro de 1989 Art. 1° Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o plena exercicio dos direitos individuais ¢ soctais das pessoas portadoras de deficiéncias, e sua efetiva integracao social, nos termos desta Lei. § 1° Na aplicagao ¢ interpretacao desta Lei, sero considerades os valores basicos da igualdade de tratamenta e oportunidade, da justica social, do respeito a dignidade da pessoa humnana, do bem-estar, ¢ outros, indicados na Constituicao ou justificados pelos principios gerais de direito. $2° As normas desta Lei visam garantir as pessoas portadoras de deficiéncia as agaes governamentals necessérias ao seu cumprimento ¢ das demaais disposicdes constitacionais e legais que thes concernem, afastadas as discriminagées € 08 preconceitos de qualquer espécie, ¢ entendida a matéris coma obrigacio nacional a cargo do Poder Publico e da sociedade, Decreto reguiamentador. 0 Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999 regulamen- tou a presente lei, prevendo, em relacdo A protecdo dos portadores de deficiéncia, as disposigées gerais, os principios, as diretrizes, os objetivos, os instrumentos, os aspectos institucionais, a equiparagao de oportunidades, a politica de capacitacdo de profissionais especializados, a acessibitidade na Administragao Publica Federal @ 0 Sistema Integrado de Informacées. Principios da politica nacional para a integrago das pessoas portadoras de deficiéncia, De acordo com o art, $2 do Decreto 3.298/1999, a Politica Nacional para a Integrago da Pessoa Portadora de Deficiéncia obedecera aos seguintes principios: 0 desenvolvimento de a¢4o conjunta do Estada e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integragado da pessoa portadora de deficiéncia no contexto socioeconémico e cultural; o estabelecimenta de mecanismos e instru- mentos legais e operacionals que assegurem as pessoas portadoras de deficiéncia © pleno exercicio de seus direitos basicos que, decorrentes da Constituisgo e das leis, propiciam o seu hem-estar pessoal, social e econémico; e, por fim, o respeito as pessoas portadoras de deficiéncia, que devem receber igualdade 907 3. 908 LEIS PENAIS ESPECIAIS ~ Gabriet Habib de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que Ihes sio assegurados, sem privilégios ou paternalismos. Diretrizes da politica nacional para a integraco das pessoas portadoras de de- ficiéncia. O art. 6° do Decreto 3.298/1999 estabeleceu as seguintes diretrizes da Politica Nacional para a Integrac3o da Pessoa Portadora de Deficiéncia: o estabe- lecimento de mecanismos que acelerem e favorecam a inclusdo social da pessoa portadora de deficiéncia; a adacao de estratégias de articulacSo cam érgaas e enti- dades pUblicos ¢ privados, bem assim com organismos internacionais e estrangeiros Para a implantaco desta Politica; a inclustio da pessoa portadora de deticiéncia, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacio- nadas a educaciio, a satide, a0 trabalho, 4 edificacdo pitblica, a previdéncia social, a assisténcia social, ao transporte, a habitacdo, & cultura, ao esporte e ao lazer; a viabilidade da participacdo da pessoa portadora de deficiéncia em todas as fases de implementacdo da Politica Nacional, por intermédio de suas entidades represen- tativas; a ampliacdo das alternativas de inserg%o0 econémica da pessoa portadera de deficiéncia, proporcionando a ela qualificag3o profissional e incorporacao no mercado de trabalho e garantir 0 efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiéncia, sem 0 cunho assistencialista. |. Objetives da politica nacional para a integra¢ao das pessoas portadoras de deficiéncla. No art, 7° do Decreto 3.298/1999, ficaram consignados as abjetivos da Politica Nacional para a Integracdo da Pessoa Portadora de Deficiancia, quais sejam: 0 acesso, o ingresso € a permanéncia da pessoa portadora de deficiénclaem todos 0s servicos oferecidos 8 comunidade; a integracSo das agdes dos Orgdose das entidades publicos e privados nas dreas de sade, educacao, trabalho, transporte, assisténcia social, edificagSo publica, previdéncia social, habitag3o, cultura, des- porto e lazer, visando a prevengio das deficiéncias, a eliminagBo de suas miltiplas Causas @ 4 inclusdo social; o desenvolvimento de programas setoriais destinados a0 atendimento das necessidades especiais da pessoa portadora de deficiéncia; a formagao de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de defi- ciéncia e a garantia da efetividade dos programas de prevengdo, de atendimento especializado e de inclusdo social. Deficiéncia. Para efeitos da presente lei, considera-se deficiéncia “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou funcdo psicolégica, fisioldgica ou anatémica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado normal para o ser humano”. art. 32, | do Decreto 3.298/1999). Deficiéncia permanente, Entende-se par deficiéncio permanente “aquela que ocarreu ou se estobilizau durante um peclodo de tempo suficiente para ndo permitir Fecuperacio ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentas” fart. 38, II do Decreto 3.298/1999), Incapacidade. incapacidade significa “umo redugéo efetiva e acentuade da copa- cidade de integracGo social, com necessidade de equipamentos, adaptagdes, meias ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiéncia possa receber ou tronsmitir informagbes necessérias ao seu bem-estar pessoal ¢ ao desempenho de Fengéo ou atividade a ser exercida.” (art. 32, Ili do Decreto 3.298/1999). Portadores de Deficiéncla, Lei n® 7.853, de 24 de outubro de 1989 8. Categorias de deficiéncia. © Decreto 3.298/1999 estabeleceu diversas categorias de deficiéncia, quais sejam: deficiéncia fisica: deficiéncia quaitiva; deficiéncia visual; deficténcia mental e deficiéncia méltipta. Todas as modalidades ser’o expostas abaino. Deficiéncia Fistca Auditiva Visual Mental Muitipla 9, Deficiéncia fisica. Considera-se deficiéncia fisica a “alteracdio completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimenta da {funcdo fisica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, ‘monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemipa- resia, ostomia, amputagéo ou auséncia de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congénita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas eas que ndo produzam dificuldades para o desempenho de fun¢Bes.” fart. 48, ido Decreto 3.298/1999). 10, Deficiéncia auditiva. Por deficiéncia auditiva entenda-se a “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (d8) ou mais, aferida por audiograma nas fre- giéncias de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000H2”. art. 42, II do Decreto 3.298/1999). 11, Deficianeia visual. A deficiéncia visual consiste na “cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correcéo éptica; a baixa visto, que significa ceuidade visual entre 0,3 € 0,05 no melhor olho, com a melhor correciio éptica; os casos nos quais a somatéria da medida do campo visual em ombos os olhos for igual ou menor que 600; ou a acorréncia simulténea de quaisquer das condig6es anteriores.” (art. 42, Il do Decreto 3.298/1999). 12.Deticiéncia mental. Deficiéncia mental significa o “funcionamento intelectuol significativamente inferior & média, com manifestagéo antes dos dezoito anos limitagdes assoctadas o duas ou mais éreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunica¢ao; b) cuidado pessoal; c) habitidades sociais; d) utilizagdo dos recursos da comunidade: e) satide e sequranco; f) habilidades académicas; g) lazer: @ h) tra- batho." (art. 48, 1V do Decreto 3,298/1999). 13. Deficiéncia maltipia. A deficiéncia miltipla é a “associagdo de duas ou mais defi- ciéncias.” (art. 48, V do Decreto 3.298/1999). Art. 2° Ao Poder Publico ¢ seus érpios cabe assegurar as pessoas portadoras de defi- cléncia o pleno exercicio de seus direitos basicos, inclusive dos direttos 4 educagio, @ satide, a0 trabalho, ao lazer, a previdéncia social, a0 amaparo a infancia e A maternidade, ede outros que, decorrentes da Constituicao e dasieis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econémico. Paragrafo unico. Para o fim estabelécido no caput deste artigo, os Orgaos ¢ entidades da administracio direta e indireta devem dispensat, no dmbito de eua competéncia € finatidade, aos assunttos objetos esta Lei, tratamento prioritario € adequado, tendente a viabilizar, sem prejuizo de outras, as seguintes medidas: T-nadrea da edacagao: 909 LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel fabio a} a inclusi, no sistema educacional, da Educacio Especial como modalidade educativa que abranja a educacdo precoce, a pré-escolar, as de 1° € 2° graus, a supletiva, a habi- litagio ¢ reabilitacio profissionais, com curriculos, etapas ¢ exigancias de diplomagae préprias; + b)ainsercio, no ceferido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e piblicas; ©) a oferta, obrigatérie ¢ gratuita, da Educagho Especial em estabelecimento piiblico de ensino; 4) 0 oferecimento obrigatério de programas de Educagio Especial a nivel pré-escolar, em unidades hospitalares e congéneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a { (um) ano, educandos portadores de deficiéncia; 4) 0 acesso de alunos portadores de deficitncia aos beneficios conferidas aos demais * educandas, inclusive material escolay, merenda escolar ¢ bolsas de estudo; * f) amatricula compulséria em cursos regulares de estabelecimentos paiblicos e particu- Jares de pessoas portadoras de deficiéncia capazes de se integrarem no sistema regulat de ensing; U1 — na drea da saitde: 4) a promogéo de agdes preventivas, como as referentes a0 planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, nutrigdo da muther e da crianca, 2 identificacio eco controle da gestante e do feta de alto risco, a imunizagao, as doencas do metabolismoe seu diagnostico ego encaminhamento precoce de outras doencas causadoras de deficiéncia; b) odesenvolvimento de programas especiais de prevengio de acidente do trabalhoe de, tricsito, e de tratamento adequado a suas vitimas; ©) a criagdo de-uma rede de servigos especializados em reabilitagdo e habilitacio: ¢) a garantia de acesso das pessoas portedoras de deficiéncia aos estabelecimentos de saide piiblicos e privados, ¢ de seu adequado tratamento neles, sob norms técnicas ¢ padrdes de conduta apropriados; ©) 2 garantia de atendimento domiciliar de satide av deficiente grave nao internados £0 desenvolvimento de programas de sate voltados para as pessoas portadoras de deficiéncia, desenvolvidos com a participacdo da sociedade e que Ihes ensejem a inte- gragio socials TI! - na area da formagao profissional e do trabalho: a) 0 apoio governamental a formacio profissional, ¢ a gerantia de acesso ans servicos concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados a formagéo profissional; b) 0 empenho do Pader Piblico quanto ao surgimento ¢ A manutengdo de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados as pessoas portadoras de deficiéncia que néo ._ tenbam acesso aos empregos comuns; " c)apromosio de agdes eficazes que propiciem a insergio, nos setares publicos e privado, de pessoas portadoras de deticiéncia; 4) a adocde de iegislacao especifica que discipline a reserva de mercado de trabatho, em favor das pessoas portadoras de deficiencia, nas entidades da Administracdo Publica ¢ do sector privado, ¢ que regulamente a organizagio de oficinas e congéneres integradas 20 mercado de trabatho, ¢ a situagdo, nelas, das pessoas portadoras de deficiéncia; 910 Portadores de Defiiéncia. Lei n* 7.853, de 24 de outubro de 1989 ie IV ~ nadrea de recursos humanos: a) a formagio de professores de nivel médio para a Educacéo Especial, de técnicos de nivel médio especializados na habilitagao e reabilitagdo, ¢ de instrutores para formagio profissional; b) a formagio e qualificagao de recursos bumanos que, nas diversas dreas de conhecimen- to, inclasive de nivel superior, atendam & demande ¢ As necessidades reais das pessoas portadoras de deficiénciass ©) o incentivo a pesquisa ¢ ao desenvolvimento tecnolégico em todas as areas do conhe- cimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiéncia; V- na drea das edificagiex: 2) a adogao ea efetiva execucio de normas que garantama furcionalidade das edificagoes e vias pablicas, que evitera ou removam os dbices as pessoas portadoras de deficiéncia, permitam 0 acesso destas a edificios, a lagradouros ¢ a meios de transporte, 1. Pleno exercicio dos diseitos dos portadores de deficiéncia. 0 legislador trouxe a obrigatoriedade do Poder Public e seus érgdos assegurar as pessoas portadoras de deficiéncia o pleno exercicio de seus direitos, impondo, no paragrafo unico, © tratamento prioritério e adequado, aos portadores de deficiéncia, tendente a viabilizar direitos e garantias na drea da educagao, sade, formago profissional e do trabalho, recursos humanos e edificages. 2. Reconhecimentos dos direitos dos portadores de deficiéncia, Além dos direitos mencionados acima, previstos na presente lei, varias outras se sucederam no tempa positivande o tratamento adequade que deve ser dispensado aos portadores de deficiéncia. Algumas serdo analisadas abaixo. 3. Acesso a concurso publico, A lel 8.112/90, que instituiu o Estatuto dos Servidores Publicos civis da Unido, das Autarquias e das Fundag&es Puiblicas Federais, estabele- ceuno art. 52, §22 que “As pessoas portadoras de deficiéncia é assegurado o direito de se inscrever em concurse publico para provimenta de cargo cujas atribuicdes sejam compativels com a deficléncia de que sdo portadoras; para tais pessoas serao reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.” 4. Beneficio de prestagao continuada. A lei 8.742/93, garantiu ao portador de defi- ciéncia 0 recebimento do beneficio de prestagdio continuada, ao dispor no art. 20 que “0 beneficio de prestagéio continvada é a garantia de 1 (um} saldrio minimo mensal 6 pessoa portadora de deficiéncia e ao ideso com 70 fsetenta) anos ou mals e que comprovem ndo possuir meios de prover a propria manutengdo e nem de té-Ia provida por sua familia. § 12 Para as efeitos do disposto ne caput, entende-se como familia 0 conjunto de pessous elencados no art. 16 da Lei a. 8.213, de 24 de juiho de 1991, desde que vivam sob 0 mesmo ieto. § 22 Para efeito de concessGo deste beneficio, a pessoa portadora de deficiéncia € aquelo incapocitada para a vida independente ¢ para o trabatho. 32 Considera-se incapaz de prover a smanutencio do pessoa portadora de deficiéncia ou idose a familia cuja renda mensol per copita ‘seja inferior o 1/3 (um quarto) do saldrio minimo. § 42 O beneficio de que trata este artigo ndo pode ser acumulado pelo beneficidrio com qualquer outro no Gmbito da on 2% 912 LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriet Habib seguridade social ou de outro regime, salvo o da assisténcia médica. § 5° A situa- go de internado nfo prejudica o direito do idoso ou do portador de deficiéncia ao beneficio. § 6? A concessGo do beneficia ficard sujeita a exame médico pericial e Jaudo reatizados pelos servigos de pericia médica do Instituto Nacional do Seguro Social—INSS, § 7° Na hipdtese de ndo existirem servigos ne municipio de residéncia do beneficidrio, fica ossegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encami- ahomento ao municipio mais préximo que contar com tal estrutura. § 82 A renda Jomilior mensol a que se refere o § 38 deverd ser declarada pelo requerente ou seu represeatante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulo- mento para o deferimento do pedido. Passe livre na meio de transporte interestadual. A fei 8.894/94 estabelece no art. 18 que “E concedido passe livre as pessoas portadoras de deficiéncia, compro- vadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual.” Atendimento prioritario. A lei 10.048/2000, com a redac3o que Ihe deu o Estatuto do dose (lei 10.741/2003), garante aos portadores de deficiéncia atendimento prio- ritérie (art. 1°), dispendo que as reparti¢es publicas, as empresas concessionarias de servicos piiblicos e as instituigées financeiras ficam obrigadas a dispensar aten- dimento imediata ¢ prioritario aos portadores de deficiéncia por meio de servicos individualizados que Ines assegurem o tratamente diferenciado (art. 22). Da mesma forma, as empresas publicas de transporte e as concessiondrlas de transporte co- letivo ficam obrigadas a reservas assentos aos portadores de deficiéncia, inclusive com a identificacao de se tratar de assentos a eles destinadas (art. 32). Condi¢des adequadas de acessibilidade, A lei 10.048/2000 estabelece que as jo- gradouros e sanitérios publics, bem como os edificios de uso publico, terdo normas de construgéo, para efeito de licenciamento da respectiva edificagGo, baixadas pela autoridade competente, destinadas a facilitar 0 acesso ¢ uso desses iocals pelas pessoas portadoras de deficiéncia (art. 49). Ne que toca ao servico de transporte coletivo, dispde que “os veiculos de transporte coletive a serem produzidos apos doze meses da publicostio desta Lel sero planejados de forma a facifiter 0 acesso @ Seu interior das pessoas portadoras de deficiéncia. Os proprietérios de veiculos de transporte coletivo em utilizagdo terdo 0 prazo de centoe oitenta dias, a contor da regulamentacao desta Lei, para proceder és adaptacdes necessérias ao acesso Jocilitado das pessoas portadoras de deficiéncia.” (art. 59, caput e §2°). No mesmo ano, foi promulgada a lei 10.098/2000, que também estabeleceu normas. gerais e critérios basicos para a promogo da acessibitidade das pessoas portadoras de deficiéncia ou com mobilidade reduzida, estabelecendo, entre ouras medidas, a supressdo de barreiras e de ostaculos nas vias e espacos piblicos, no mobilid- rio urbano, na construg3o e reforma de edif{cios e nos meios de transporte e de comunicagSo. Em linhas gerais, essa lei tratou dos seguintes tépicos em beneficio dos portadores de deficiéncia: elementos da urbanizag3o; desenho e localizag3o do mobiliério urbano; acessibilidade nos edificios publicos ou de uso coletivo; aces- sibilidade nos edificios de uso privado; acessibilidade nos veiculos de transporte coletivo; acessibilidade nos sistemas de comunicacao e sinalizaclo; disposicdes sobre as ajudas técnicas; medidas de fomento a eliminaco das barreiras. Y ) YIIPIPFIIIIDIFIVIVIIIIIIIAMI®IVI I YPIAIIIWD YD Portadores de Deficiéncla. Lel n° 7.853, de 24 de outubro de 1989 8. Critérios para o tratamente de deficiéncia mental. Ao deficiente mental, a lei 10.216/2001 estabeleceu direitos ¢ critérios que devem ser seguidos para o seu tratamento, como, entre outros, o direito a ter acesso ao melhor tratamento do sistema de sadide, consentaneo as suas necessidades; ser tratado com humanidade 2 respeito € no interesse exclusive de beneficiar sua saude, visando alcancar sua recuperacio pela inserc%a na familia, no trabatho e na comunidade; protego contra qualquer farma de abuso e exploracao; garantia de sigilo nas informagies prestadas a0 estabelecimento de sattde; direito 4 presenca médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou nao de sua hospitalizagao involuntaria; flvre acesso aos meios de comunicacdo disponiveis; receber o maior numero de informagées a Fespeito de sua doenca ¢ de seu tratamento; tratamento em ambiente terapéutico pelos meios menos invasivos possiveis e ser tratado, preferencialmente, ern servicos comunitarios de salide mental; e a exigéncia de laudo médico indicando os motivos da internacao psiquiatrica para a sua realizagao. Facilidade na votagdo. O art. 135, §69-A, do Cédigo Eleitoral (lei 4.737/65), com a redacdo que Ihe deu a lei 20.226/2001, estabelece que os Juizes Eleitorais devern ser orientados pelo Tribunal Regional Eleitoral a escolher o local de votacéo de mais facil acesso ao eleitor deficiente fisico. 10. Lingua Brasileira de Sinais - Libras. No intuito de facilitar o entendimento da co- municagao por parte de deficientes auditivos, a lei 10.436/2002 reconheceu como meio legal de comunicag3o e expresso a Lingua Brasileira de Sinals ~ Libras e ou- tros recursos de expresso a ela associados, Por Lingua Brasileira de Sinals ~ Ubras entenda-se “a forma de comunicagae e expressdo, em que o sistema linguistico de aaturera visual-matora, com estrutura gramatical prépria, constituem um sistema lingiifstico de transmissdo de idéias e fotos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.” (art. 18, pardgrafo Gnico). } Art, 8° Constitul crime punivel com reclusao de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ¢ multa: | (Redagdo dada pela lei 13.146/2015). 1. RedagZo nao técnica. Fugindo a técnica redacional das leis no Brasil, o legislador optou par trazer a pena criminal antes da conduta delituosa. As condutas criminosas esto previstas nos incisos. | 1-recusar, cobrar valores adi jonais, suspender, procrastinar, cancélar ou fever cessar inscrigdo de alttno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, pablico ov j Prado. em canto de sua deficiéncias r Sujeito ativo. Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticd-lo, tendo em vista que o legistador no exigiu nenhuma condicdo especitica do agente. 2. Especial fim de agir. O tipo contém um especial fim de agir, contido na expresso em raztio de sua deficiéncia. Tal elemento subjetivo especifico do tipo penal deve 913 root LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel Habib apresentagao, pelo candidato portador de deficiéncia, no ato da inscrigdo, de faudo médico atestando a espécie e a grau ou nivel da deficiéncia, com expressa referén- cia ao cédigo correspondente da ClassificacGo internacional de Doen¢a — CID, bem como a provével cousa da deficiéneia. Art. 40. E vedado & autoridade competente obstar a InscrigSo de pessoa portadora de deficiéncia em concurso publico para ingresso em carreira da Administragdo Publica Federal direta e indireta. § 1? No ato da inscri¢ao, o candideto portador de deficiéncia que necessite de tratamento . diferenciada nos dias do concurso deverd requeré-to, no prazo deterrninado em edital, indicando as condig&es diferenciadas de que necessita para a realizacdo das provas. § 22 O candidate portador de deficiéncia que necessitar de tempo adicional pora realizagdo das provas deverd requeré-lo, com justificativa acompanhada de parecer emitide por especialista da drea de sua deficiéncia, no prazo estabelecido no edital do concurso. Art. 41. A pessoa portadora de deficiéncia, resguardadas as condicdes especiais previstas neste Decreto, participara de concurs em iguatdade de condi¢Bes com os demnis candidates no que concerne: 1-00 contetido das proves; H—& avaliagdo e aos critérios de aprovacao; Ill - a0 horério e ao focal de aplicagdo das provas; e IV- a nota minima exigida para todos ‘9s demais candidatos.” 5. Consumaggo. Com a pratica de quaiquer ato que caracterize 0 dbice a inscric30 em concurso publico ou 0 acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego publico, pois se trata de crime formal, , 6, Classificagdo, Crime comum; formal; doloso; comissivo; instantaneo; admite ten- tativa. . 7. Suspensio condictonal do processo. Incablvel, pols a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). : III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promogao a pessoa em razio de sua defi- | citncia; J 1. Sujeito ativo. Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode pratica-lo, tendo em vista que 0 legislador nao exigiu nenhuma condi¢do especifica do agente, 2. Especial fim de agir. O tipo contém um especial fim de agir, contido na expressao em razéo de sua deficiéncio. Tal elemento subjetivo especifico do tipo penal deve estar presente na mente do agente, no momento da pratica do delito, sob pena de atipicidade da sua conduta, Dessa forma, conclui-se que, caso a negativa ou o Sbice se dé por qualquer outro motivo que nao seja a deficiéncia da pessoa, a conduta serd atipica. . 3. Negar ou obstar. Significa recusar, néo admitir. Obstar consiste em impedir. O legislador foi redundante, tendo em vista que os dois verbas significam a mesma colsa. . 4, Emprego, trabalho ou promocio. 0 legislador, no intuito de integrar o portador de deficiéncia no mercado formal de trabalho estabeleceu, no art. 34 do Decreto 3,298/99, como finalidade primordia! da politica de emprego, a inser¢30 da pessoa 916 CEOCCEE EE EE ELE CECE ELE COCECEE EC CECECLE ECE Portadores de Deficiéncia, Lein’ 7.853. de 24 de outubro de 1989 2 3. portadora de deficiéncia no mercado de trabalho ou sua incorporago ao sistema produtivo mediante regime especial de trabalho protegido. No mesmo sentido, o art. 36 do aludide Decreto estabeleceu que a empresa que tenha, em seu quacro, cem ou mais empregados ¢ obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficidrios da Previdéncia Social reabilitados ou com pessoa portado- ta de deficiéncia habilitada, nas seguintes proporgdes: até duzentos empregados, dois por cento; de duzentos e um a quinhentos empregados, trés por cento; de quinhentos e um a mil empregades, quatro por cento; mais de mil empregados, cinco por cento. Consumagio. Com a negativa ou o dbice, de qualquer forma, ao trabalho, ao em- prego ou & promocdo, pois se trata de crime formal. Classificago. Crime comu; formal; dolaso; comissivo; instantaneo; admite ten- tativa Suspensdo condicional do proceso. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). 1V ~ recusar, retatdar ou dificultar internagéo ou deixar de prestar assisténcia médico- -hospitalar e ambulatorial & pessoa com deficiéncia; Sujeito ative. Na primeira parte do dispositivo, o crime é comum, uma vez que qualquer pessoa pode recusar, retardar ou dificultar internagao de pessoa portadora de deficiéncia, como o atendente da recep¢So do estabelecimento hospitalar. Na segunda parte, em que a conduta é deixar de prestar assisténcia médico-hospitalar eambulatorial, o crime é proprio, pois somente o profissional de satide pode deixar de prestar tal assisténcia, camo o médico e 0 profissional de enfermagem. Especial fim de agir, Embora n3o expresso, o tipo contém um especial fim de agir, que reside na deficiéncia da vitima. Tal elemento subjetivo especifico do tipo penal deve estar presente na mente do agente, no momento da pratica do delito, sab pena de atipicidade da sua conduta. Dessa forma, conclui-se que, caso a negativa se dé por qualquer outro motivo que nso seja a deficiéncia da pessoa, a conduta serd atipica. Recusar, retardar ou dificultar Interna¢do. Recusar significa rejeitar, nao admitir. Retardar 6 atrasar, demorar. Dificultar consiste em criar embaraco. |. Deixar de prestar assisténcia médico-hospitalar e ambulatorial. Deixar de prestar assisténcia significa nao atender, nao fornecer os culdades necessérios. Acesso garantido e tratamento adequado nos estabelecimentos de satide. O art. 16 do Decreto 3.298/1999 disp&e que “os drgdios e as entidades de Administractio Publica Federal direta e indirete responsdveis pala sade devem dispensar aos assuntas objeto deste Decreta tratamento prioritdrio e adequado, viabilizando, sem prejuizo de outras, as seguintes medidas: {V - a garantia de acesso de pessoa portadora de deficiéncia aos estabelecimentos de satide puiblicos e privados e de sev adequado tratamento sab normas técnicos e padrées de conduta apropriados.” 7 918 z % 1 4 2 LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabrie! Habib Tipo misto alternative. A pratica de duas ou mais condutas descritas no tipo (re- cusar, retardar, dificultar e deixar) no gera concurso de crimes, respondendo 0 agente por apenas um delito. Consumagio. As condutas recusar e dificultar configuram crimes comissivos. A consumagao ocorre no momento em que ocorrer a recusa ou com qualquer ato que caracterize a criagao de dificuldades no sentido de impedir a internag3o. As condutas retardar e deixar de prestar assisténcia configuram crimes omissives préprios e se consumam no momento em que o agente se omite. Classificaco. Crime comum nas condutas recusar, retardar ou diftcultarinternacao e proprio na conduta deixar de prestar assisténcia; formal; doloso; comissivo nas condutas recusar e dificultar e amissivo proprio nas condutas retardar € deixar de prestar assisténcig; instantaneo; admite a tentativa nos verbos comissivos (recusar e dificuftar), mas no a admite nos verbos que configuram crime omissivo préprio {retardar e deixar de prestor). Suspensdo condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art, 89 da lei 9.09/95). ‘V~ deixar de cumprir, retardar ou frustrar execugao de ordem judicial expedida na.acio civil aque alude esta Lei; Sujeito ativo. Trata-se de crime comum. Quaiquer pessoa pode praticé-lo, tendo em vista que o legistador no exigiu nenhuma condi¢do especifica do agente. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar. Deixar de cumprir significa n3o curnprir, se omitir. Retardar é atrasar, demorar, Frustrar consiste em enganar a expectativa, nao suceder o que se esperava. Tipo misto alternativo. A pratica de duas ou mais duas condutas descritas no tipo (deixar de cumpris, retardor 2 frustrar} n30 gera concurse de crimes, respondendo © agente por apenas um delito. Execugio de ordem judicial expedida na aco civil a que alude a lei. 0 legislador referiu-se 4 ordem judicial emitida na aco civil de que trata o art. 32 desta lel. Consumagéo, Com a pratica das condutas tipicas de deixar de cumprir, retardar ou frastrar, pois se trata de crime formal. Classificagao. Crime comum; formal; doloso; comissivo na conduta frustror e omissivo préprio nas condutas deixar de cumprir e retardar; instanténeo; admite a tentativa na conduta frustror, mas nao admite a tentativa nas condutas retardar @ frustrar por tratar de crimes omissivos préprios, Suspensio condicional do processo. Incabivel, pais a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.09/95). V1 —recusar, setardar ou omitir dados técnicos indispensiveis & propositura da ado civil publica objeto desta Lei, quando requisitados. 1, zh 7.853, de 24 da outubro de 1989 or Sujeito ativo. Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode pratica-lo, tendo em vista que o legislador ndo exigiu nenhuma condigSo especifica do agente. Recusar, retardar ou omitir, Recusar sig Omitir consiste em deixar de fazer algo. ica rejeitar. Retardar é atrasar, demorar. Tipo misto alternativo. A pratica de duas ou mais duas condutas descritas no tipo (recusor, retardar e omitir| ndo gera concurso de crimes, respondendo o agente por apenas um delito, Dados técnicos indispensdveis 3 propositura de aco civil publica. $30 os dados e informagdes que podem servir de superte probatério para a propositura da acio civil publica. Consumagfo. Com a pratica das condutas de recusar, retardar ou amitir, pois se twata de crime formal. A conduta secusar configura conduta comissiva, como no caso de o agente responder a requisicao do Ministério Publico recusando-se, ex- pressamente, ao fornecimento dos dados. As condutas retardar e omitir configuram condutas omissivas. Classificag3a. Crime comum; formal; doloso; comissivo na conduta recusar; e omissivo prdprio nas condutas retardar e omitir; instantaneo; admite a tentativa na conduta comissiva retardar, mas nao admite a tentativa nas condutas retardar @ omitir, por tratar de crimes omissivos proprias. Suspenso condicional do proceso. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.09/95). $ 1° Se o.crime for praticado contra pessoa com deficiéncia menor de 18 @ezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um tergo). Causa de aumento de pena. Emborao legislador tentia dito “agravante”, trata-se de causa de aumento de pena, que se justifica em razao de maior reprovabilidade do agente, uma ver que a vitima, além de ser deficiente, é menor de 18 anos de idade. § 2° A pena pela adogio deliberada de critérios subjetivos para indeferimenta de inscri- ao, de aprovacao ¢ de cumprimento de estigio probatério em cancursos piblicos nao exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do administrador publico pelos danos causados. Responsabilidade patrimonial pessoal do administrador publico. Trata-se de nor- ma voltada para a discriminaco no estagio probatério nos concursos publicos. legislador estabeleceu a responsabitidade pessoal do administrador publico. Assim, em eventual condenagiio em acto de natureza clvel, 0 administrador responde diretamente com a seu patriménio. 919 i ' Laneeeee 1. 920 LEIS PENAIS ESPECIAIS — Gabriel Habib ne ey § 3¢ Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta 6 ingresso de pessoa com de- ficiéncia em planos privados de assisténcia & sadide, inclusive com cobranga de valores diferenciados. Conduta equiparada. O §3° trata de conduta equiparada as condutas criminosas previstas nos incisos. Essa incriminagao deveria constar, também, de um inciso, mas 0 legislador, de forma atécnica, inseriv-a em um pardgrafo. |. Sujeito ative. Trata-se de crime préprio. O sujeito atlvo a pessoa que trabalha na empresa de plano privado de assist€ncia 4 sade, que possua a atribulcSo para admitir novos clientes. Especial fim de agir. © tipo contém um especial fim de agir, tendo em vista que o impedimento ou a dificuldade criada ocorre em raz&o da deficiéncia da vitima do delito. Assim, caso o agente pratique a conduta tipica motivado por outra razao que no seja a deficiéncia da vitima, a conduta ser atipica |. impedir ou dificultar. ‘mpedir é criar dbice, inviabilizar. Dificultar consiste em criar embaraco. Tipo misto alternativo. A pratica de duas ou mais duas condutas descritas no tipo ndo gera concurso de crimes, respondendo o agente por apenas um delito. Cobranca de valores diferenciados. Sao valores que v4o além dos praticados pela empresa de plano de sauide. Ou seja, valores acima dos cobrados de pessoas que nao possuem deficiéncia, e nisso consiste a discriminacdo. Consumacao, Coma pratica das condutas tipicas impedir ou dificultar, pois se trata de crime formal, Logo, o crime estaré consumado mesmo que posteriormente a pessoa consiga ingressar no plano de sadde por meio de medida judicial. ClassificagSo. Crime préprio; formal; doloso; comissivo; instantaneo; admite a tentativa. Suspensdo condicional do pracesso. incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). $4°Se o crime for praticado em atendimento de urgéncia e emergéncia, a pena éagravada emi 1/3 (um tergo). Causa de aumento de pena. Da mesma forma que dissemos no comentario ao §12, embora o legislador tenha dito “agravante”, trata-se de causa de aumento de pena. Essa majorante justifica-se em razdo da situacdo concreta em que a conduta é braticada, ou seja, no local em que seja de atendimento de urgéncia e emergéncia, onde o atendimento deve ser mais célere do que o normal. Aplicabilidade. Tendo em vista que o legislador utilizou a expressdo “atendimento”, essa causa de aumento de pena sé pode ser aplicada aos tipos penais nos quais © objeto da incrimina¢ao seja a negativa de atendimento médico. Por essa razzo, eremos que essa majorante aplica-se somente ao delito do inciso IV.

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