Você está na página 1de 25
Faléncia. Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 CAPITULO VI DISPOSICOES PENAIS Secaol Dos Crimes em Espécie Fraude a Credores Art, 168, Praticar, antes ow depois da serttenca que decretara faléncia, conceder a recupe- rac judicial ou hamologar a recuperacao extrajudicial, ato fraudulent de que resulte ou possa resultar prefuize aos credores, com o fim de obter on assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Pena ~ reclusio, de 3 (trés) a 6 (seis) anos, e malta. Aumento da pena § LA pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 Gum terso). se o agente: I- labora escriturasio contdbil ou balengo com dados incxatos; II- omite, na escrituragaa contabil ou no balango, langamento que deles deveria constar, ou altera escrimragao ou balango verdadeiras; III - desiréi, apaga ou corrompe dados contdbeis ou negaciais armazenados em compu- tador ou sistema informetizado; IV ~ simula a composic4o do capital socials V - destroi, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escriturago contabil obrigat6rios. Contabilidade paralela § 2¢ A pena é aumentada de 1/3 (um tergo) até metade se o devedor manteve ou movimen- tou recursos ou valores paralelamente & contabilidade exigida pela legislacao. 421 422 5. LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabviel Habib Concurso de pessoas § 3° Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contabeis, auditores e outros profissionais que. de qualquer modo, cancorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade, Redugao ou substituigao da pena § 4° Tratando-se de faléncia de microempresa ou de empresa de pequeno porte, enio se constatando pratica habitual de condutas fraudulentas por parte do fatido, poderd o juiz reduzir a pena de reclusio de 1/3 (um terco) a 2/3 (dois tergos) ou substituita pelas penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens ¢ valores ou pelas de prestagiio de servigos & comunidade ou a entidades piblicas. Sujeito ativo. © devedor que incidiu ou poderé Incidir em faléncia, recuperagao judictal ou recuperacdo extrajudicial. Sujeito passive. Os credores lesados ou potencialmente lesados. Praticar ato fraudulento de que resulta ou possa resultar prejuizo aos credores. Fraude consiste em induzir ou a manter alguém em erro, fazendo nascer na mente de outrem au mantando nela uma falsa nocao da realidade. Ato fraudulento é qual quer ato idéneo a plantar uma situa¢do irreal na mente dos credores ou manté-la nas suas mentes. O ato fraudulento nao precisa efetivamente causar um prejuizo aos credores, basta que tenha potencialidade para tal, que possa gerar concreta- mente um resultado prejudicial aos credores sujeitos passivos desse delito. Assim, no case concreto, € possivel que haja a prova efetiva do prejuizo aos credores ou ento basta a prova do ato lesivo, juntamente com a prova do potencial prejuizo que poderia vir a ocorrer. 0 ato fraudulento deve guardar relac3o com a situacao de faléncia, recuperago judicial ou recuperacdo extrajudicial, uma vez que a redacdo tipica deixa clara a intengo do legislador de coibir a fraude nesse dmbito. Especial fim de agir. © tipo contém um especial fim de agir que reside na obten- 80 ou no asseguramento de vantagem indevida para si ou para outrem. Ausente 0 especial fim de agir, a conduta é atipica em relacao a esse tipo penal, podendo haver a configuracao do delito de estelionate previsto no art. 171 do Cédigo Penal, a depender do caso conereto, Credores, 0 legislador utilizou a expresso credores no plural. Em homenagem ao principio da legalidade, para que haja a pratica desse delito é necessario que haja varios credores, no minimo dois. Caso haja apenas um credor, o delito nao se confi- gura. E dificil de visualizar, mas existem algumas pessoas juridicas, por exemplo, que prestam servigos ou efetuam vendas a apenas umcliente, ou seja, um destinatario, caso em que, nia hipdtese de faléncia ou de recuperagao judicial ou extrajudicial, haverd apenas um credor, néo se configurando o tipo penal. Momento da pratica do delito. 0 legislador especificou 0 momento da pratica do ato fraudulento, dispondo que ele pode ser praticade antes ou depois da sen- tenga que decretar a faléncia, conceder a recupera¢ao judicial ou homologar a Faléncia. Lei ne 11,101, de 9 de fevarciro de 2005 recuperacao extrajudicial, ov seja, o ato pode ser praticado a qualquer momento durante os trés institutos regulamentados pela lei de faléncia, tendo em vista que @ art. 12 da lei dispde “esta Lei disciplina a recuperacae judicial, a recuperagao extrajudicial e a faléncia do empresario e da sociedade empresdria, doravante referidos simplesmente como devedor.” 7. Principio da Especialidade. O presente tipo penal canstitui especialidade em rela- ‘80 ac delito de estelicnato previsto no art. 171 do Cédige Penal, uma vez que ele também possui a fraude como elemento do tipo, mas o elemento especializanta reside no fato de que a fraude deve ser praticada em &mbito de faléncia, recupe- rago judicial ou recuperacdo extrajudicial, antes ou depois da sentenga. 8. Condicao objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 9. Consumaggo. 0 delito consuma-se com a pratica do ato fraudulento, acompanha- do do especial fim de agir, independenternente do efetivo prejuizo aos credores. Trata-se de crime formal. 10. Classificagdo. Crime prdprio; formal; doloso; comissivo; de dano ou de perigo con- Creto; instantaneo; admite tentativa, 1L. Suspense condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.09/95}. 12.§ 12. Causa de aumento de pena, O paragrafo primeiro trouxe formas de fraude que, por serem mais graves, justiticam o aumento da pena criminal. Constituem causas especiais de aumento de pena que deverdo incidir na terceira fase do critério trifasico da dosimetria da pena disposto no art. 68 do Codigo Penal. 13. Inciso I. Trata da elaboracao de escriturac&o contabil ou balanco cam dados ine- xatos. Ha verdadeira Faisidade ideoldgica nesse caso. A escrituracado contdbii ou © balango é verdadeiro, contudo possui um contetda falso que ¢ elaborado pelo agente por meio da inser¢ao de dados falsos. A falsidade ocorre na escrituragdo contdbil ou no balango patrimonial. 14. Inciso Il. Trata da conduta omissiva (omiss3o na escritura¢do contabit ou no belango, de lancamento que deles deveria constar) e comissiva {alteracao da escrituracao. ou balango verdadeiro]. A falsidade, que consiste na omiss3o de langamente que deveria constar ou na alteracao de dados ocorre na escrituracdo contabil ou no balanco patrimonial. A diferenga entre a segunda parte do inciso Il e a conduta descrita na inciso | reside no fato de que no inciso ta falsidade 6 praticada durante @ elaboragtio da escrituracéio contébil ou do balanco patrimonial, Na segunda parte do inciso tl, a fraude é praticada depois que a escriturag3o contabil ou o balango jé est pronto. 15. Inciso tll. Neste incisa a fraude 6 praticada em dados armazenados em computa- dor ou sistema Informatizado. Destrulr, apagar ou corromper dados contabeis ou negociais s4o formas de alterar a verdade dos fatos, por meia da modificacdo do contetido do sistema de computador. Contudo, essa modificagao é uma forma de inviabilizar 0 acesso aos dados de forma definitiva, Os dadas nao so simplesmente a23 LEIS PENAIS ESPECIAIS ~ Gabriel Habib alterados de modo que alguém tenha acesso a eles de forma enganosa. Os dados passam a estar simplesmente inacessiveis definitivamente, seja porque eles foram destruidos, seja porque eles foram apagados ou corrompidas. Inciso IV. Nesse inciso a falsidade 6 praticada no capital social da pessoa juridica. No ¢ feita na escrituragao contabil ou no balango {incises | e I!), nem no sistema de informatica (inciso Il), mas, sim, no proprio capital social da empresa, que é um dos meios pelos quails a pessoa juridica demonstra a sua capacidade financeira e solider em relagSo aos que iro transacionar com ela. Naturalmente, a simulagao do capital social da pessoa juridica tem o cond3o de gerar nos seus contratantes uma falsa nogdo da realidade financeira dela. 17. Inciso V. Neste inciso, a fraude consiste na destruicao, ocultac3o ou Inutilizagso, total ou parcial dos documentos de escrituragio cantébil obrigatérios. Por meio dessas condutas, o agente impede que aiguém tenha acesso a esses documentos de escritura¢o contabil obrigatérios. Note-se que o agente nao pratica simplesmente uma fraude nesses documentos e eles continuam a existir com informagGes inexatas como ocorre nos incisos | ¢ ||. Na realidade, o agente promove a inacessibilidade aos documentos, por meio da sua destruicdo ou inutilizacdo ou simplesmente ocultando-os. 18.§ 2°. Contabilidade paralela, Também conhecida como “caixa dois”, a contabili- dade paralela constitui uma maquiagem da real contabilidade da pessoa juridica A contabilidade real é aquela que retrata a verdadeira situacao fiscal, financeira ¢ ‘econdmica da pessoa juridica. A contabilidade paralelaé aquela que 6 apresentada ao fisco, resultante dos ajustes e alteracdes feitas na contabilidade real. Trata-se de uma causa de aumento de pena, a exemplo do § 12, nao constituindo um tipo penal auténomo. Nao precisa haver a efetiva sonegac’o de tributos {e se houver, haverd a pratica de crime contra a ordem tributéria previsto no art. 12 da lei 8.137/90), bastando, para tanto, a manuteng3e ou a movimentagao dos valores. 19.§ 38. Concurso de pessoas. Trata-se de dispositive legal desnecessarlo, uma vez que a possibilidade de concurso de pessoas jé esté regulamentada no art. 29 do Cédigo Penal. 20.§ 42, Reduc3o ou substituicao de pena. A aplicacdo desse dispositive 4 exclusiva & microempresa ou empresa de pequeno porte, que no pratica condutas frau- dulentas de forma habitual, isso é, de forma reiterada. O sistema de substituicao da pena privativa de liberdade por pena restritivas de direitos neste delito é dife- rente do art. 44 do Cédigo Penal. Em primeiro lugar, os requisitos sdo diferentes, de forma que no presente tipo penal basta que o falido ndo pratique de forma reiterada condutas fraudulentas, nao se exigindo os requisitas do Codigo Penal. Em segundo lugar, a substitui¢3o contida na presente lei somente pode ser feita por penas de perda de bens e valores ou de prestacao de servicos & comunidade ‘cou aentidades publicas, nao havende a possibilidade de substituicSo pelas demais espécies de penas previstas no art. 43 do Codigo Penal. De acorde com o art. 32 da Lei Complementar £23/2006 “consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empreséria, a sociedade simples, a empresa individual a Faleneia. Ll a? 11.101, de 9 de fevereito de 2005 Ar 161 de responsabilidade limitada e o empresario a que se refere o art. 966 da Lei n? 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Cédigo Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Juridicas, conforme o caso, desde que: | — no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendario, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mit reais}; e ll ~ no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendario, receita bruta superior a R$ 360,000,00 {trezentos e sessenta mil reais} e igual ou inferior a R$ 3,600,000, 00 (trés milhGes e seiscentos mil reais). § 12 Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e servicos fas operagées de conta prdpria, o prego dos servicos prestados e o resultado nas operagdes em conta alheia, no incluidas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. § 2 No caso de inicio de atividade no préprio ano-ca- tendirio, o limite a que se refere o caput deste artigo sera proporcional aondmero de meses em que a microempresa ou a empresa de pequene porte houver exercido atividade, inclusive as fracées de meses.” ‘> Aplicagao em concurso, ‘+ (Vunesp -Delegado de Policia ~ SP/2014) Tratando-se de faléncia de microempresa e nao se constatando prdtica habitual de condutas fraudulentas por parte do falido (A)paderd o juiz substituir a pena de reclusda par detencao. (e)poderd o julz substituir a pena de rectusdo por penas restritivas de direitos. (C)devers o juiz substituir a pana de detencso par restritivas de direitos. (D)deverd o juiz aumentar a pene de reclusio. (€) deverd 0 juiz reduzir as penas restritivas de direitos. Alternative correta: Letra B. 4 (MPE-SC - Promotor de Justica ~S¢/2013) Nos termos da Lein. 11.101/0S, tratando-se de Faléncia de microempresa ou de empre- sa de paqueno porte, endo se constatande pratica habitual de condutas fraudulentas per parte do falldo, paderd o magistrado reduzira pena de reciusao de 1/3 (um zerco) 2/3 (dois tersos| ou substitui-la pelas penas restritivas de direitos, peles de perda de hens e valores ou pelas de prestagdo de servigos a comunidade ou a entidades publicas, A olternativa esté certa. + (Cespe - Defensor Public — Pi/2009} A cespeita de aspectos criminais da Lel de Faléncias e daqueles eplicdveis aos idosos, assinale a apgo correta. ‘Tratando-se de faléncia de microempresa ou de empresa de pequeno porte e néose constatando prética habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, cabe ao Juiz redualr a pena de reclusdo ou substitui-la por penas restritives de direitos, de perda de bens e valores ou de prestagio de servigos 3 comunidade ou a entidades publicas. Aalternativa estd certo. 425 Ga] LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel Habib 2 3 426 Violagao de sigilo empresarial Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ov dados confidenciais sobre operazées ou servigos, coatribuindo para a condugio do devedor a estado de inviabilidade econdmica ou financeira: Pena — reclusio, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Sujeito ative. Qualquer pessoa. Sujeito passivo. O devedor. Violar, explorar ou divulgar. Violar consiste em ter acesso de forma ilicita, devas- sar. Explorar significa tirar algum proveito. Divulgar é tornar piblico, atingindo um numero indeterminado de pessoas. Sigilo empresartal ou dados confidencials sobre operacies ou servicos. O legislador incriminou a violagdo do sigilo empresarial, muitas vezes necessério para garantir a continuidade do funcionamento da atividade empresarial de determinada pessoa Juridica. 0 sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operagées ou servigos pode estar ligado.a qualquer atividade desenvolvida pela pessoa jusidica, da forma mais abrangente possivel, desde uma tética de atuac3o no mercado para aumentar a lucratividade até a posicSo da satide financeira da pessoa Juridica. Porém, em qualquer caso, a informacao ou os dados violados devem ser sigilosas. Se essas In- formagées jd forem conhecidas por terceiros nao hd a pratica desse delito. Demais disso, a violaco deve ser felts sem justa causa, 0 que significa afirmar que havendo um motivo relevante para a violacdo, exploracao ou divulgacdo das informacdes ou dados, a conduta sera atipica. Exig@ncia de resultado. Estado de inviabilidade econdmica ou financeira. A pratica da conduta delituosa deve ser associada ao resultado naturalistic descrito no tipo penal, que consiste na condu¢So do devedor ao estado de inviabilidade econémica ou financeira. Assim, para a consumacao desse delito, nao basta a pratica da conduta descrita no tipo penal, A conduta deve efetivamente contribuir para a condugo do devedor ao estado de inviabilidade econémica ou financeira e isso deve ficar provado no caso concreto. Trata-se, portanto, de crime material. ipo misto alternativo. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderd por um delito apenas, no havendo concurso de crimes. Assim, se o agente violar e divulgar o sigilo empresarial praticard apenas um delito. Principio da Especialidade. presente tipo penal constitui especialidade em reta- G80 a0 delito de violagSo de sigilo profissional previsto no art. 325 do Cédigo Penal (’Revelar fato de que tem ciéncia em razSo do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-Ihe a revelagSo: Pena - detencia, de seis meses a dois anos, ‘ou multa, se o fato nao constitui crime mais grave. § 12 Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: | — permite ou facilita, mediante atribuicao, fornecimento e empréstime de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas nao autori- zadas a sisternas de informagées ou banco de dados da Administragdo Puiblica; It Falénda. Lei ne 11.101, de de fevereiro de 2008 — se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2° Se da agdo ou omissao resulta dano 3 Administracio Publica ou a outrem: Pena — reclusao, de 2 (do's) a 6 (sels) anos, e multa.”), bem como em relagdo ao delito de violagao de sigilo em licitagdes previsto no art. 94 da let 8.66/93 (“Devassar o sigito de proposta apresentada em procedimente licitatério, ou proporcionar a terceiro 0 ensejo de devassé-lo: Pena — detengao, de 2 (dois) a 3 (trés) anos, e multa”). 8. Condigdo objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 9, Consumagao. 0 delito consuma-se com a concretizacio do estado de inviabilidade econémica ou financeira do devedor. Trata-se de crime material, 10. Classificagao. Crime comum; material, comissivo; de dano; instanténeo; admite tentativa. 11, Suspensiio condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima corninada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lel 9.09/95). Divulgacio de informasbes falsas Art, 170, Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informagdo falsa sobre devedor em recupera¢io judicial, com o fim de levi-lo a faléncia ou de obter vantage: Pena - reclusio, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 1, Sujeito ative. Qualquer pessoa 2. Sujeite passive, 0 devedor em recuperagao judicial. 3. Divulgar au propalar por qualquer meio. O verbo divuiger significa tornar publi- co, atingindo um numero indeterminado de pessoas, Propalar quer dizer divulgar. Assim, percebe-se que o legislador foi redundante ao trazer dois verbos que témo mesmo significado, © legislador buscou proteger com esse tipo penal a fidelidade das informagoes referentes ao devedor que estiver em situag3o de recuperacao judicial, evitando qualquer espécie de especulacac. A divulgacdo pode ser feita de qualquer forma, 0 que torna esse tipo penai um dalito de livre execucao. 4, Informagao falsa. A informacio falsa deve ser relevante, possuindo © condao de efetivamente levar o devedor a faléncia ou gerar alguma vantagem para o sujcito ativo do delito. v Principio da legalidade. Em homenagem ao principio da legalidade, esse tipo penal no se aplica ao falido, nem ao devedor em recuperacdo extrajudicial. 6. Especial fim de agis. 0 tipo contém um especial fim de agir que reside na intengao de levar o devedor & situagde de faléncia ou de obter vantagem. Em relacéo a vantagem, tendo em vista que o legislador nao especificou que tipo de vantagem estaria abrangida pela incriminacao, cremos que o tipo penal abrange qualquer espécie de vantagem, com ou sem natureza patrimonial. Ausente o especial fim de agir, a conduta é atipica em relacdo a esse tipo penal. 427 Hail LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel Habib. 7, Principio da Especialidade. O presente tipo penal constitui especialidade em relacSo a0 delito de divulga¢ao de informagdo falsa sobre instituicge financeira, previsto no art, 3° da lei 7.492/86, que tem a seguinte redacdo: “Art, 3° Divulgar informagao falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituigdo financeira: Pena — Reclusio, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa”}. 8. Condigao objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 9, Consumagio, O delito consuma-se com a conduta de divulgar ou de propalar a informagao falsa. Trata-se de crime formal. 10, Classificagao. Crime comum; formal; comissivo; de perigo abstrato; instantaneo; admite tentativa. 11. Suspenséo condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). Inde¢éoa erro Art. 171. Sonegar ou omitir informagdes ou prestar informagées falsas no processo de faléncia, de recuperacao judicial ou de recuperagdo extrajudicial, com o fim de induzir a erro 0 juiz, 0 Ministério Pablico, os credores, aassembléia-geral de credores, o Comalté ‘ou 0 administrador judicial: Pena — reclusao, de 2 (dois) a4 (quatro) anos, e muita. 1, Sujeito ative. Qualquer pessoa. 2. Sujeito passivo. O Estado. 3. Sonegar ou omitir informagées ou prestar informagées falsas. O tipo penal contém trés condutas, Sonegar é ocultar com fraude, encobrir. Omitir a informagao significa ndo a fornecer, Prestar a informagao cansiste em transmiti-laa outrem, fornecé-da. As condutas sonegar e omitir constituem crime omissivo proprio. A conduta prestar constitui crime comissivo. A incriminag3e comporta duas espécies de informacdes: verdadeiras ou falsas. Nas duas primeiras condutas sonegar e omitir a informacgSo 6 verdadeira e 0 agente nao a presta, sonegando-a ou omitindo-a quando deveria prestéta. Na conduta prestar, as informagdes so falsas. Assim, 0 tipo deve ser interpretado da seguinte forma: sonegar ou omitir informagdes verdadeiras ou prestar informacdes falsas. 4, Especiat fim de agir. tipo contém um especial fim de agir que reside na inteng3o de induzir a erro 0 Juiz, o Ministério Pubiico, os credores, a assemblela-geral de cradores, o Comité ou o administrador judicial. Ausente o especial fim de agir, a conduta é atipica em relag3o a esse tipo penal. 5. Principio da Especialidade. 0 presente tipo penal constitui especialidade em re- lagao ao delito de falsidade ideolégica previsto no art. 299 do Codigo Penal que tem a seguinte redagdo: “Art. 299 — Omitir, em documento publico ou particular, declaracao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracdo falsa 428 Faléncia. Lel n° £1101, de 9de fevarelro de 2005, ou diversa da que devia ser escrita, com 0 fim de prejudicar direito, criar obrigagao ou alterar a verdade sabre fata juridicamente relevante: Pena — reclusdo, de um acinco anos, e multa, se 0 documento é publico, e reclusiio de um a trés anos, multa, se o documento é particular. Paragrafo Unico - Se o agente é funcionario publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificagao ou alte- ragdo é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.” Da mesma forma, 0 presente tipo penal esta especializado no art. 15 da lel 7.492/86: “Art. 15. Manifestar-se fatsamente ointerventor, o liqliidante ouo sindico, (Vetado) Arespeito de assunto relativo a intervengao, liquidacao extrajudiciat ou faléncia de Instituig&io financeira: Pena - Reclus%o, de 2 (dois) a 8 (aito) anos, e multa.” 6. Tipo misto alternative. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderd por um delito apenas, n3o havendo concurso de crimes. itidade. Ver art. 180 desta lei. 7. Condigéo objetiva de punil 8. Consumag4o. Nas condutas soneger e omitir, o delito consuma-se com a simples omissdo do agente. Na conduta prestar o delito consuma-se quando a informacao falsa chega ao conhecimento do seu destinatario. 9. Classificag%o. Crime comum; formal; omissivo préprio nas condutas sonegar e omitir e comissivo na conduta prestar; de perigo abstrato; instantaneo; nao admite tentativa nas condutas sonegar e omitir por configurarem crime omissivo préprio. Admite tentativa na conduta prestar. 10. Suspens4o condicional do processo. Incab{vel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.09/95). Favorecimento de credores Art. 172, Praticar, antes ou depois da sentenga que decretar a faléncia, conceder ¢ re- cuperagao judicial ou homologar plano de recuperacio extrajudicial, ato de disposicho ou oneracao patrimonial ou gerador de obrigacio, destinado a favorecer um ou mais credores em prejutzo dos demais: Pena ~ reclusio, de 2 (dois) a S (cinco) anos, ¢ multa, Pardgrafo tinico. Nas mesmas penias incorte o credor que, em conluio, possa beneficiar-se de ata previste no caput deste artigo, 1. Sujeite ativa. O devedor que incidiu ou poderd incidir em faléncia, recuperacdo judicial ou recupetacao extrajudicial. 2. Sujelto passive. Os credores lesados ou potencialmente lesados. 3, Praticar ato de disposigsio ou onerago patrimonial ou gerador de obrigacao. Neste tipo penal o agente leva a efeito algum ato de disposi¢ao ou oneragdo patri- monial ou gerador de obrigagao na intenggo de favorecer um ou mais credores em prejuize dos demals. Ato de disposi¢Go consiste no ato que importa em alienacao, fazer um bem sair do patriménio do devedor, manifestando um dos atributos do az 430 LEIS PENAIS ESPECIAIS ~ Gabrie! Habib direito de propriedade, que é a disposi¢ao. Ato de oneragéo patrimonial significa gravar um bern com algum Snus, a exemplo da hipoteca ou do penhor. Por fim, ato gerador de obrigacGo consiste no ato que resulta em alguma prestaco futura @ ser cumprida por outrem, como contrair uma divida. O ato praticade nao precisa efetivamente favorecer um ou mais credores em prejuizo dos demais, basta que tenha potencialidade para tal, que possa gerar concretamente o favorecimento. de algum au alguns credores em detrimento dos demais. 0 ato de disposido ou oneracao patrimonial ou gerador de obrigacdo deve guardar relagao com asituagdo de faléncia, recuperac&o judicial ou recuperac3o extrajudicial, 4. Especial fim de agir. 0 tipo contém um especial fim de agir que consiste no favo- recimento de um ou mais credores em prejuizo dos demals, Ausente 0 especial fim de agir, a conduta é atipica em relaco a esse tipo penal. 5. Momento da pratica do delito. 0 legislador especificou o momento da pratica do ato, dispondo que ele pode ser praticado antes ou depois da sentenga que decretar a faléncia, conceder a recuperagaa judicial ou homoiogar a recuperacao extrajudicial, ou seja, o ato pode ser praticado a qualquer momento durante os trés institutos regulamentados pela fei de faléncia, tendo em vista que o art. 12 da lei dispie “esta Lei disciplina a recuperaco judicial, a recuperacdo extrajudicial ¢ a faléncia do empresario e da sociedade empresaria, doravante referidos simplesmente como devedor.”” > Apticagao em concurso, © {TIDFT —Juiz de Diteito Substitute — TIDFT/2012} Julgue os itens a seguir: |. Homero, antes da sentenca que decretou a faléncia de sua empresa, praticou ato de oneracao patrimonial destinado a favorecer um de seus credores em prejuizo dos demais. Na hipétese de restar procedente a pretensia punitiva estatal, o Juiz devera condenar Homera pele crime falimentar de favorecimento de credores (art. 172 da Lei 11.101/05) podendo determinar, desde que motivadamente na sentenga, sua im- possibilidade de gerir empresa por mandato ou gesto de negécio. A ahternativa estd certa 6. Condigéo objetiva de punil lade. Ver art. 180 desta lei. 7. Consumagio. 0 delito consuma-se com a éfetiva pratica do ato de disposicSo ou onerago patrimonial ou gerador de obrigagao. Note-se que nao é necessdrio que haja c efetivo favorecimento de um ou mais credores. Trata-se de crime formal. 8. Classificagdo. Crime préprio; formal; comissivo; de pezigo abstrato; instantaneo; admite tentativa. 9, Suspensio condicional do proceso. incabivel, pols a pena minima cominads ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lel 9.099/95). 10.Conduta equiparada. No pardgrafo Gnico o legislador inseriu a conduta do credor que, em conluio, possa beneficiar-se de ato previsto no caput deste artigo. 11.Sujeito ativo. 0 credar. Faléncia. Lei n? 11.101, de 9 de feveretro de 2005, 12. Sujeito passivo. Os credores lesados ou potencialmente lesados. 13. Conluio. Significa o prévio ajuste com a sujeito ativo do delite contido no caput. Pela redacdo tipica, o agente nao precisa efetivamente beneficiar-se do ato praticado pelo autor do delite do caput, bastando apenas que possa vir a ser beneficiado. 14, Consumagio. 0 delito previsto no pardgrafo tnico consuma-se quando a defito da caput consumar-se. 15. Classificagdo. Crime prdprio; formal; comissivo; de perigo abstrato; instantaneo; admite tentativa. 16, Suspensdo condicional do pracesso. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). Desvio, ocultaco ou apropriacdo de bens Ast, 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes a0 devedor sob recapera- 40 judicial ou a massa falida, inclusive por meia da aquisigéo por interposta pessoa: Pena ~ reclusdo, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mnulta, r Sujeito ativo. O possuider do bem pertencente ao devedor em recuperacao judicial ou a massa falida. 2. Sujeito passivo. Os credores. 3. Apropriar-se, desviar ou ocuttar. tipo penal contém trés condutas, Apropriar-se consiste em o agente tomar a posse de algo que pertenca a outrem. Desvier é dar destinacdo diverse da que realmente deveria ter sido dada. Por fim, ocultar significa esconder, dissimular. O verbo ocultar configura crime permanente. Os trés verbos tipicos ligam-se a0 bem pertencente ao devedor sob recuperagao judicial ou a massa falida, Esses bens séo utilizados para assegurarem a par conditio credito- rum, isso 6, a igualdade de credores em relaco a0 falido ou A pessoa Juridica que estiver em recuperagao judicial, como forma de garantir 0 pagamento das dividas. Assim, o tegislador quis evitar que o adimplemento dos débites seja frustrado par meio da apropria¢ao, do desvio ou da ocultagdo dos bens que séo justamente a garantia dos credares, no intuito de assegurar que a real finalidade da faléncia ou da recuperacdo judicial seja respeitada. 4, AquisicSo por Interposta pessoa. Muitas vezes, como forma de tentar disfargar o desvio {em sentido amplo) de bens, o agente estrutura uma operacdo, a principio licita, de aquisi¢ao dos bens por interposta pessoa, que pode existir ou néo, o vul- garmente denominado “laranja” ou “testa de ferro”. 5. Principio da Especialidade. O presente tipo penal constitui especialidade em relagdo ao detito de apropriagao indébita previsto no art. 168 do Cédigo Penal: “Art. 168, Apropriar-se de coisa alheia mével, de que tem a posse ou a detencao: Pena - reclu- 540, de um a quatro anos, e multa. § 12—- Apena é aumentada de um ter¢o, quando 0 agente recebeu a coisa: I~ em depdsito necessério; Il — na qualidade de tutor, 431 LEIS PENAIS ESPECIAIS ~ Gabriel Habib curador, sindico, liquidatario, inventariante, testamenteiro ou depositario judicial; Il - em raze de oficio, emprego ou profisso.” Constitul especialidade, também, em relacdo aos delitos previstos nos arts. 5® e 13 da lei 7.492/86, que possuem as seguintes redaces, respectivamente: “Art. 5°. Apropriar-se, quaisquer das pes- s0as mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, titulo, valor ou qualquer outro bem mével de que tem a posse, ou desvid-lo em proveito proprio ou alheio: Pena —Reclusdo, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, Pardgrafo Unico. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, titulo ou quaiquer outro bem mével ou imével de que tem a posse, sem autoriza- go de quem de direito.”; “Art. 13. Desviar bem alcancada peta indisponibilidade legal resultante de intervencao, liqiiidago extrajudicial ou faléncia de Institulgdo financeira. Pena ~ Reclusdo, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Pardgrafo unico. Na mesma pena incorre o interventor, 0 ligilidante ou o sindico que se apropriar de bern abrangido pelo caput deste artigo, ou desvid-lo em proveito propria ou alheio.” 6. Tipo misto alternative. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderd por um delito apenas, nado havendo concurso de crimes. 7. Condigdo objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 8. Consumagde. O delito consuma-se com a pratica das candutas tipicas. 9. Classificarao. Crime préprio; materiak comissivo; de dano, instantaneo nas condutas opropriat-se e desviar e permanente na conduta ocuftar; admite tentativa. 10. Suspense condicional do proceso. incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ana (art. 89 da lei 9.099/95). Aquisigio, recebimente ou uso ilegal de bens Art, 174, Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer 4 massa falida ou influir para que terceire, de boa-fé, 0 adquira, receba ou use: Pena - reclusio, de 2 (dois) a4 (quatro) anos, e multa, 1. Sujeito ativo. Qualquer pessoa. 2. Sujeito passive. Os credores. 3. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer A massa falida. Prime ramente, deve ser dito que o tipo penal possui duas condutas delituosas. A primeira é “adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer a massa falida’. A segunda consiste em o agente “influir para que terceiro, de boa-fé, oadquira, receba ou use”. Na primeira conduta criminosa, o legistador empregou os verbos adquirir, receber e usar, Adquirir consiste na conduta de abter, conseguir, comprar. Receber significa obter para si de outrem. Usar denota a fruicdodo bem, aproveitar a utilidade de algum bem, No verbo usar 0 delito é permanente. Como dito nos comentérios ao tipo penal anterior, a finalidade da faléncia é assegurar a par conditio creaitorum, isso &, a igualdade de credares em relaco ao falido. A garantia dos credores reside 432 Faléncia, Lei n° 11,101, de 9 de fevereiro de 2005 no patriménio do falido, os bens que sero convertidos em dinheiro para pagar os credores. A partir do momento em que o agente adquire, recebe ou usa ilicitamente um bern que sabe pertencer & massa falida, ele diminui o seu valor pela deteriorac3o natural, bem como gera o risco de o bem perder-se, fazendo com que isso gere con- sequéncias negativas na satisfagao dos créditos da falncia. O legislador quis evitar a frustragao do adimplemento dos créditos na faléncia. 4, Influir para que terceiro, de boa-fé adquira, receba ou use o bem pertencente & massa falida. Nessa segunda conduta, 0 agente ndo adquire, recebe ou usa ilicita- mente um bem que sabe pertencer a massa falida. Na realidade, o agente apenas {nfluencia um terceiro de boa-fé para que ele adquira, receba ou use. De qualquer forma, nes mesmos moldes que ocorre em relac3o a primeira conduta, aqui ha a diminuiggo do valor do bem pela detericracdo natural, bem como a geragao do risco de o bem perder-se, frustrando-se a satisfacéo dos créditos da faléncia. 0 terceira de boa-fé ndo pratica nenhum delite e a sua conduta é atipica. Caso o terceiro esteja de ma-fé, com dolo, ele responde pela conduta da primeira parte deste tipo penal. 5. Dolo direto. Pelo emprego das expressées “que sabe pertencer A massa falida”, conclui-se que esse tipo penal admite apenas 0 dolo direto, e ndo 0 dolo eventual, uma vez que pela redagéo tipica o agente deve ter a certeza de que o bem pertence a massa fatida 6. Principio da Especialidade. O presente tipo penal constitui especialidade em relacdo ao delita de receptagao contido no art. 180 do Cédigo Penal que tem a seguinte redagio: “Art, 180 Adquirir, receber, transportar, conduzir ou acultar, em praveito préprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, -fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusdo, de um a quatro anos, 10 misto alternativo. Caso o agente pratique mais de uma conduta deserita no tipo penal, responderé por um delito apenas, nao havendo concurso de crimes. 8. Condic&o objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 9. Consumago. O delita consuma-se com a pratica das condutas tipicas. 10. Classificagtio. Crime comum; material; comissivo; de dana; instant4neo nas condutas adguirir, receber e influir, mas permanente na conduta usar; admite tentativa. 14.Suspansio condicional do proceso. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95). Habilitagao ilegal de crédito Art, 175, Apresentar, em faléncia, recupcragdo judicial ou recuperacio extrajudicial, relagio de créditos, habilitagdo de créditos on reclamacdo faleas, ou juntar alas titulo falso ou simulado: Pena ~ recluséo, de 2 (dois) a4 (quatro) anos, ¢ multa, ara LEIS PENAIS ESPECIAIS — GabriefHiotib 1. Sujeito ativo. 0 administrador judicial na conduta apresentar a relago de créditos, Qualquer pessoa nas demais condutas. 2. Sujelto passivo. Os credores. 3. Apresentar relapdo de créditos, habilitagao de créditos ou reclamazao falsa. Apresentar significa exibir a alguém. A relacdo de créditos é o ato realizade pele administrador judicial que consiste em um levantamento dos créditos que existem contra o devedor. Segundo o art. 72, caput, desta lei “a verificacio dos eréditos sera realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contabeis e documentos. comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxilio de profissionais ou empresas especializa- das.” A habilitagGo de créditos nada mais é do que o procedimento que é realizado para admissdo de credores no pracesso de recuperacao judicial ou extrajudicial e de faléncia, logo apés a primeira verificagiio de crédito. Trata-se de uma obrigagso processual realizada apés a verificacdo dos créditos, que surge corn deferimento do processamento da recuperagSo judicial, da recuperagSo extrajudicial ou com a decretacSo da faléncia do devedor. A habilitacdo de crédito é feita por qualquer credor. A reclamagao consiste na impugnacdo de qualquer crédito em desacordo com realmente devido segunda o entendimento do credor. Ela ¢ feita por quaiquer credor. O legislador quis evitar, mais uma vez, a frustragiio da par conditio credi- torum ao incriminar a conduta de aprasentacao de créditos falsos e inexistentes. Com efeito, se na faléncia, na recuperacdo judicial ou na recuperacao extrajudicial forem apresentados e habilitados crédites falsos, isso ocasionaré uma distribuigéo errada dos valores entre os credores ¢ a frustracado da igualdade entre eles. 4, Juntar titulo falso ou simulado, Titulo falso ou simulado significa a mesma coisa. Se um titulo ¢ falso, 6 porque ele é simulado e vice-versa. Aqui nao faz diferenca a falsidade ser material ou ideoldgica, tendo em vista que olegistador nao especificou e ambas constituem falsidade, Da mesma forma que dissemos no item anterior, a apresentacao de titulos falsos vai gerar uma distribuicdo errada dos créditos © provocara a frustracdo da par conditio creditorum. 5. Principio da Especialtdade. 0 presente tino penal esta especializado no art. 14 da lei 7.492/86, que trata da mesma conduta em relac3o & faléncia de instituicdo financeira: “Art. 14. Apresentar, e/n liquidacao extrajudicial, ou em faléncia de insti- tuigo financeira, declaracao de crédito ou reclamacdo falsa, ou juntar a elas titulo falso au simulado: Pena — Reclusao, de 2 (dois) a 8 {oito) anos, e multa, Paragrafo Gnico. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que nao 0 seja.” Tipo misto alternativo. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, respondera por um delito apenas, ndo havendo concurso de crimes. 7. Condicdo objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 8. Consumacio. O delito consuma-se com a pratica das condutas tipicas. 9. Classificagdo. Crime préprio praticade pelo administrador judicial na conduta apre- sentar a relagdo de créditos falsa e comum nas demais condutas; formal; comissivo; de perigo abstrato; instantaneo; admite tentativa. 434 Faléncia, Lei ne 11.101, de 9 defevereiro de 2005 Art 10.Suspensdo condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.09/95). Exercicio ilegal de atividade Art. 176. Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisio judicial, nos termos desta Lei: Pena - rechusao, de 1 (am) a4 (quatro) ans, e multa, 1, 2. Sujeito passivo. 0 Estado. Sujeite ativo. O falido declarado inabilitado. » Exercer atividade para 2 qual foi inabilitado ou incapacitade por decisdo judicial. Existem algumas consequéncias advindas da declaracao da faiéncia e, entre outras, hd consequénclas proibitivas no 4mbito do exercicio de determinadas atividades. Com efeito, a lei de faléncia estabelece algumas proibic¢des a que fica sujelto o fa- lido. $40 consequéncias que possuem relagao com o Instituto da faléncia. Note-se que aiinabilitaco nao decorre da lei, e sim de decisfo judicial. So exernplos, entre outros: a perda do direito de administrar os seus bens ou de dispor deles prevista no art. 103: “Art. 103. Desde a decretago da faléncia ou do seqiiestro, o devedor perde odireite de administrar os seus bens ou deles dispor. Pardgrafo Unico. O falido poderd, contudo, fiscalizar a administragao da faléncia, requerer as providéncias necessdrias para a conservagSo de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir Nos processos ern que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabivels”; a proibi¢#o de exercer qualquer atividade empresarial contida no art.102: “Art. 102. © falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretacdo da faléncia e até a sentenca que extingue suas obrigagSes, respeitado o disposto no § 1° do art. 181 desta Lei, Paragrafo unico, Findo o periodo de inabilitagao, 0 falide poder requerer ao juiz da faléncia que proceda & respectiva anotacio em seu registro.” 4, Norma penal em branco. 0 presente tipo penal constitui norma penal em branco homogénea homovitelina, uma vez que se faz necessario complementar o seu preceito primério para a determinagSo do que seja “atividade para a qual fol ina- hilitado ou incapacitado por decisdo judicial”. As hipdteses de inabilitagdo ou a incapacitacao esto previstas na prépria lei de faléncia. al Principio da Especialidade, O presente tivo penal constitui especialidade em re- lao ao delito de desobediéncia previsto no art. 330 do Cédigo Penal que tema seguinte redagdio: “Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funciondrio publico: Pena — detencao, de quinze dias a sels meses, e multa.” 6, 7. Consumagao. 0 delito consuma-se com a pratica do ato para o qual o agente ficou inabilitado ou incapacitado, n&o sendo necessério 0 advento de nenhuma conse- quéncia desse ato. Trata-se de crime formal. Condi¢ao objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 435 LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabrief Habib 8, Classificagdo. Crime proprio; formal; comissivo; de perigo abstrato; instantaneo; admite tentativa. 9. Suspensdo condicional do proceso. Cabivel, pois a pena minima cominada nao ultrapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95)}.. Violagio de impedimento Art. 177. Adquirir o juiz, o representante do Ministério Publico, o administrador judicial, o gestor judicial, 0 perito, o avaliador, 0 escrivéo, o oficial de justica ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedar em recuperasio judicial, ou, em relagao a estes, entrar em algume especulagde de lucro, quando tenham atuado nos respectivas processos: Pena ~ reclusio, de 2 (dois) a4 (quatro) anos, e muita, 1. Sujeito ative, O Juiz, o membro do Ministério Publico, o administrador judicial, o gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivaa, o oficial de justi¢a ou 0 leiloeiro 2. Sujeito passivo, 0 Estado, 3. Adquirir bens de massa falida ou de devedor em recuperacdo judicial, ou, em relacao a estes, entrar em alguma especulagSo de lucro. S30 duas as condutas Ineriminadas neste tipo penal: 1. Adquirir bens, o que significa tornar-se proprietario dos bens, de qualquer forma, seja onerosa, seja gratuita; e 2. Entrar em alguma especulacao de lucro, que significa fazer parte de qualquer espécie de exploraciio lucrativa. Note-se que os sujeitos ativos desse delito sdo justamente as pessoas que est&o ligadas direta ou indiretamente ao processo de faléncia ou de recuperagdo judicial. Espera-se dessas pessoas que elas cumpram os seus deveres de forma isenta e honesta, de maneira que nao se beneficiem, de nenhuma forma, do pro- cesso de faléncia ou de recuperagao judicial, O legislador quis manter a confianca depositada nesses personagens do processo e garantir que de suas funcdes no aufiram nenhuma espécie de vantagem, para que no fique prejudicada a par con- ditio creditorum, tsso porque qualquer espécie de desvio de bens, por aquisigo ou por especulagao de lucro, ird prejudicar a lisura da satisfagdo dos créditos. Ede notar-se que a incriminagao abrange as condutas de aquisi¢go ou de participagao em especulagdo de lucro apenas quando os sujeitos ativos tenham atuado nos processos de faléncia ou de recuperacao judicial. 4. Aquisi¢éo por interposta pessoa. Uma forma de simulacdo bastante comum ¢ a concretizacao de transacdes por meio de interposta pessoa, denominada “laranja” ou “testa de ferro”, no intuito de disfargar a pessoa que realmente estd a realizar a transacdo. 5. Principio da legalidade. Tendo em vista que o tipo penal faz men¢do apenas @ “bens de massa falida ou de devedor em recupera¢do judictal”, a incriminag3o no abrange a recuperacao extrajudicial. 436 Faléncia. Lei n® 11.101, de 9 de fevereira de 2005 6. Tipo misto alternativo. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderd por um delito apenas, ndo havendo concurso de crimes. 2. Condigdo objetiva de punibilidade, Ver art. 180 desta lei. 8. Consumagio, O delito consuma-se com a aquisi¢ao dos bens ou coma participacdo na especulagao de lucro, independentemente da geracao de prejuizo aos credores. 9, Classificagdo. Crime proprio; formal; comissivo; de perige abstrato; instantaneo; admite tentativa. 10.Suspensdo condicional do processo. Incabivel, pois a pena minima cominada ul- trapassa 1 ano {art. 89 da lei 9.099/95). Omissio dos documentos contébels obrigatérios Art. 178, Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentenca que decretar a faléncia, conceder a recuperacéo judicial ou homologar o plano de recuperasio extrajudicial, os documentos de escrituracéo contabil obrigatérios: Pena - detengaa, de 1 (um) a2 (dois) anos, ¢ multa, se 0 fato nio constitui crime mais grave. 1, Sujeito ative. O administrador da pessoa juridica que esta sujcita 4 faléncia, a recu- peracSo judicial e.4 recuperagao extrajudicial. Pode ser também 0 falide (depois da decretaciio da faléncia) ou o administrador judicial que tiver a obrigagao de elaborar, escriturar ou autenticar os documentos de escritura¢do contabil obrigatorios. 2. Sujeita passivo. 0 Estado e os credores prejudicadas. 3. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar os documentos de escrituragdo contabil obrigatérios. O tipo penal prevé a conduta omissiva do agente em nao cumpriro dever de elaborar, escriturar ou autenticar os documentos de escrituracao contabil obrigatorios a que esta obrigado por forca legal. Olegislador quis proteger a lisura 2 a integridade da sate financeira e contabil da pessoa juridica por meio da elaboragao, da escrituragao ou da autenticagao dos documentos de escrituragdo contabil obrigatdrios e transformou em crime a omissdo dessa conduta. 4. Crime omissivo. Trata-se de crime omissivo préprio, uma vez que o agente deixa de agir quando deveria elaborar, escriturar ou autenticar os documentos de escri- turacdo contabil obrigatérios, violando, assim, o seu dever de agir. 5, Momento da pratica do delito. 0 legislador especificou o momente da pratica da conduta omissiva, dispondo que ela pode ser praticada antes ou depois da sentenca que decretar a faléncia, conceder a recuperacao judicial ou homologar arecupera- 80 extrajudicial, ou seja, o ato pode ser praticade a qualquer momento durante os tr&s institutes regularnentados pela lei de faléncia, tendo em vista que o art. 1° da lei dispde “esta Lei disciplina a recuperagio judicial, a recuperagdo extrajudicial ¢ a falancia do empresdrio e da sociedade empresdria, doravante referidos simples- mente como devedor.” 437 re) LEIS PENAIS ESPECIAIS ~ Gabriel Habib 6. Norma penal em branco. O presente tipe penal constitui norma penal em bran- co, uma vez que se faz necessario complementar o seu preceito primario para a determinacao da elaboracao, escrituragdo ou autenticagdo dos documentos de escrituragaa contébil abrigatérios. 7. Condig&o objetiva de punibilidade. Ver art. 180 desta lei. 8. Tipo misto alternativo, Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderd por um delito apenas, no havendo concurso de crimes. AS- sim, se o agente deixar de elaborar e de autenticar os documentos de escrituracdo contabil obrigatérios, responde por apenas um delito. 9. Subsidiariedade expressa. Trata-se de tipo penal expressamente subsididrio. Assim, se a conduta que, a principio, configurar esse delito, der causa 4 ocorréncia de um delito mais grave, por ele deverd responder o agente. 10.Consumagéo. O delito consuma-se com a mera omissao do agente, pois se trata de crime omissivo préprio. 11.Classificagao. Crime préprio; formal; omissive proprio; de perigo abstrato; instan- taneo; nao admite tentativa por ser crime omissivo préprio. 12.1nfragao penal de menor potencial ofensivo. Tendo em vista que a pena maxima nao é superior a dois anos, trata-se de infragdo penal de menor potencial ofensivo {art. 61 da lei 9,099/95). 13.Suspens&o condicional do proceso. Cabivel, pois a pena minima cominada néo ultrapassa 1 ano fart. 89 da lei 9,099/95). Seg Il Disposisbes Comuns Art, 179,Na faléncia, na recuperayio judicial ena recuperagao extrajudicial de soctedades, ‘08 seus sdcios, diretores, gerentes, administradores ¢ conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos 0s + efeitos penais decorrentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade. 1. Equiparacgao ao devedor ou ao falido. © presente artigo traz uma equiparacao desnecessaria. Com efeito, mesmo que nao fosse essa previsao legal, a responsa- bilidade pessoal de cada um (sécios, diretores, gerentes, administradores e conse- Iheiros, de fato ou de direito, bem como o 2dministrador judicial}, deve ser aferida independentemente dessa previsao legal, de acordo com 0 art. 29 do Cédigo Penal, que trata do concurso de pessoas e prevé a responsabilidade pessoal na medida da culpabilidade do agente. Mesmo que haja essa equiparagao, deverd ser apurada efetiva e concretamente a responsabilidade de cada agente de acordo com 0 caso concreto, ou seja, a mera previsdo desse dispositive legal ndo faz nascer automati- camente a responsabilidade penal, devendo ser demonstrada e provada aconduta criminosa de cada concorrente, sob pena de incidéncia em responsabilidade penal objetiva. 438 Faléncia. Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, Art. 180, A sentenea que decreta a faléncia, concede a recuperagio judicial ou concede a recuperacio extrajudicial de que trata 0 art. 163 desta Lei é condi¢do objetiva de pu- nibilidade das infracbes penals descritas nesta Lel 1. CondigSo objetiva de punibilidade. A condi¢S0 objetiva de punibilidade pode ser vista de duas formas: A primeira forma € a consideragao dela como um aconteci- mento futuro e incerto, cuja realizegéo é necessaria para a integra¢do juridica do crime. E um elemento exterior ao tipo legal de crime, elemento suplementar do tipo, de forma que caso nao haja a sua implementacao, o delito nao se configura. A segunda forma éa consideracao da condicao objetiva de punibilidade como ele- mento imprescindivel 4 punigao, ao exercicio do jus puniendi, mas n3o essencial 3 integracdo do crime, que ja existe com todos as seus elementos constitutivos. Assim, a condi¢o objetiva de punibilicade, como o nome sugere, é um aconteci- mento futuro e incerto que condiciona a punibilidade propriamente dita. O delito jA existe e j4 se aperfeicoow. Contudo, a sua punigio fica condicionada av advento desse acontecimento future e incerto. Portanto, eia influencia a punicéo, endo a exist€ncia do delito. A segunda forma de ver a condicao objetiva de punibilidade é a forma adotada majoritariamente no Brasil e parece-nes que foi nesse sentido que o legislador faz a previsdo delas nesse artigo ora comentada. Assim, caso nao haja a sentenca que decrete a faléncia, que conceda a recuperacao judicial ou que conceda a recuperagdo extrajudicial, n3o haverd o exercicio da punibilidade, -> Aplicagdo em concurso. + duiz de Direito da TJ/DF. 2015. CESPE. Nos crimes falimentares, regulamentados pela Lei ce Faléncias, a propositura da ago penal pelo MP independe do sentensa que decretar a faléacia ou conceder a recupera¢ao judicial. Aalternativa esté errada. Art, 181. Séo efeitos da condenagio por crime previsto nesta Lei: 1- a inabilitacao para o exercicio de atividade empresarial; UL oimpedimento para o exercicio de cargo ou fungao em conselho de administragao, diretoria ou geréncia das sociedades sujeitas a esta Let; Ul - a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestao de negocio. § 1° Os efeitos de que trata este artigo nao sio automaticos, devenda ser motivadamente declaradas na sentenca, e perdurarao até 5 (cinco) anos apésa extingao da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitacao penal. $ 2° Transitada em julgado a sentenga penal condenatéria, serd notificado o Registro Publico de Empresas para que tome as medidas necessarias para impedir novo registro em nome dos inabilitados. 1. Efeltos secunddrlos extrapenais da condenag3o. A condenagio transitada em julgado por algum delito previsto nesta lei gera os efeitos secunddrios extrapenais descritos neste artigo. 439 440 oa LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel Habib 2. Inciso 1. Se o falide deu causa 4 decretagao de faléncia da pessoa juridica da qual era administrador, o legislador atuou preventivamente e trouxe a proibicio de ele exercer qualquer atividade empresarial pelos préximos cinco anos subsequentes. Note-se que nessa previsdo também estado abrangidas as pessoas constantes do art. 179 da presente lei, por equiparagao. 3. Inciso Il. Trata do impedimento para o exercicio de cargo ou funcdo emconselhode administragSo, diretoria ou geréncia das sociedades sujeitas a esta lei. Com efeito, pelos mesmos motivos delineados nos comentérios ao inciso |, 0 falido e as pessoas a ete equiparadas por forca do art. 179 ficam impossibilitados de exercerem as fungdes de conselheiro, administrador, diretor ou gerente, como desdobramento do inciso I. 4, Inciso Ill. Este inciso proibe o falido de exercer a gesto da pessoa juridica como mandatédrio ou gestor do negécio. Trata-se, também, de um desdobramento dos incisos 1 e Il. © legislader quis afastar, de qualquer forma, o falido de qualquer atividade empresarial, independentemente da qualidade que ostente. > Aplicagdo em concurso. # (TIDFT— Juiz de Direito Substitute - TDF T/2012) Julgue os itens a seguir: | + Homero, antes da sentenca que decretou a faiéncia de sus empresa, praticou ato de oneracao patrimonial destinado a favorecer um de seus credores em prejuiro das demais, Na hipdtese de restar procedente a pretensdo punitiva estatal, o Juiz deverd condenar Homero pele crime falimentar de favorecimento de credores (art, 172 da Le! 11.101/05) podenco determinar, desde que motivadamente na sentenga, sua im- passibilidade de gerir empresa por mandate ou gestdo de negocio. A aiternativa esté certa, 5. Aplicagdo cumviativa, Em razdo da aus@ncia de expressa proibicdo legal, bem como a logica que se retira da mens egislatoris, as sangdies dos trés incisos podem ser aplicadas cumulativamente. 6. § 19, Efeitos nde automaticos. De forma semelhante a que ocorre com os efeitos da condenagdo previstos no art. 92 do Codigo Penal, os efeitos previstos no presente artigo n3o sio automaticos € 86 incidirdo se o Juiz declard-los na sentenca penal condanator 7. Tempo de duragio dos efeitos. Pela redacao legal, os efeitos sdo pelo prazodetermi- nado de ate cinco anos podendo cessar antes por meio da denominada reabilitacdio penal. Contudo, cremos que o Juiz possa estabelecer um prazo menor, a depender do caso concreto. Os cinco anos so 0 prazo maximo que o legislador estabeleceu como limite, nada impedindo que o Juiz fixe um prazo menor. 8, § 22, Notificagdo do Registro Publico de Empresas. A notificaggo é fundamental para que 0 falido realmente fique impedido de exercer, a qualquer titulo, qualquer atividade empresarial, de forma que qualquer tentativa de o falido exercé-la esbar- aria no dbice do registro feito, Falancia. Lei ne 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 Art 182. A prescrigao dos crimes previstos nesta Lei reger-se-4 pelas disposicdes do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ~ Cédigo Penal, comecando a correr do diada decretagio da faléncia, da concessso da recuperacio judicial ou da homologagao do plane de recuperac&o extrajudicial, Parégrafo dnico, A decretacaa da faléncis do devedor interrompe a prescricao cuja contagem tenha iniciado com a concessao da recuperagae judicial on com a homologacéo do plano de recuperacio extrajudicial. 1, Prescri¢ao. A lei de faléncias optou por ndo regular a prescricdo dos delitos nela previstos e socorreu-se das regras previstas no Codigo Penal. 2. Termo inicial. Embora a lei de faléncia socorra-se do Codigo Penal para fins de prescricdo, o termo inicial do prazo prescricional é diferente. No Codigo Penal, a regra do termo inicial do prazo prescricional vem regulado no art. 121, que estabe- lece, come regra geral, a data da consumagao do delito. Na lei de faléncia, o termo inicial do prazo prescricional é a data da decretagio da faléncia, da concessfo da tecuperacao judicial ou da homologa¢ao do plano de recuperacdo extrajudicial. 3. Crime praticado apés a decretacao da faléncia, da concessdo da recuperagao judicial ou da homologagao do plano de recuperacao extrajudicial. Nesses casos, torna-se impossivet a aplicagiio do art. 182 da lei de faléncia, uma ver que a sen- tenga é anterior 4 pratica da conduta criminosa. Assim, caso o delito seja praticado posteriormente a decretacdo da faléncia, da concessdo da recuperagao judicial ou da homologac3o do plano de recuperaco extrajudicial, o termo @ quo do prazo deve ser oda consumacdo do delito, aplicando-se o art. 111 do Cédigo Penal. 4. Pardgrafo Unico. Interrupeao do prazo. Essa norma apenas pode ser aplicada aos casos em que a decretagdo da faléncia tenha sido precedida de recupera¢ao judicial ou extrajudicial. Quando da concesso da recuperagao judicial ou extrajudicial, o prazo prescricional comecou a correr. Contudo, a posterior decretacao da faléncia tem 0 conddo de interromper esse prazo e fazé-io recomegar nevamente em sua integra. Segao IIT Do Procedintento Penal Art. 183, Compete ao jutz criminal da jurisdicao onde tenha sido decretada a faléncia, concedida a recuperacdo judicial ou homnologade ¢ plano de recuperagio extrajudicial, conbecer da ago penal pelos crimes previstos nesta Lei. 1. Processo criminal. Competéncia para o processo e 0 julgamento. A competéncia para 0 processo eo julgamento dos crimes fallmentares é do Juizo Criminal de onde houver sido decretada a faléncia ou concedida a recuperagéo judicial ou extrajudi- cial. Assim, se, por exemplo, a faléncia fer decretada pelo Jufzo da Vara Empresarial da Rio de laneiro, a competéncia criminal serd de uma das Varas Criminais do Rio de Janeiro. 441 LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriel Habib > Aplicacdo em concurso. + (MPE-MS - Promotor de Justica ~ MS/2013) Acerca dos procedimentos oriminais, considere as essertivas abaixe: Ajzsao penal pela pratica de crime falimentar {Lei n? 11.10/05) ser4 proposta perante 0 juizo da faléncia, que é universal, tendo, assim, competéncia para julgd-la. A olternativa estd errada. Art. 184, Os crimes previstos nesta Lei sAo de agao penal publica incondicionada. : Pardgrafo tinico. Decorrido 0 pracoa que se refereo art. 187, § 1°, sem que orepresentante do Ministério Publico oferega denincia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderé oferecer ago penal privada subsidiéria da publica, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses. 1. Agdo penal. Trata-se de dispositive absolutamente desnecessario, tendo em vista que 0 art. 100 do Cédigo Penal trata da regra geral da natureza da aco penai e dispde que “a ago penal é publica, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.” Portanto, basta que a lei omita sobre esse ponte que a acao penal sera pdblica incondicionada, Essa é a regra geral. Basta que a lei preveja as excecées. 2. Pardgrafo Unico. Agao penal privada subsididria da publica, De forma semelhante a prevista no art. 29 do Cédigo de Proceso Penal, o legistador possibilitou a aco penal privada subsidiaria da publica. Contudo, os legitimados na lel de faléncia sSo: qualquer credor habilitado ou o administrador judicial. Note-se que no é qualquer credor, mas somente aquele que estiver habilitado. Art. 185, Recebida a deniincia ou a queixa, observar-se-é o rito previste nos arts. 531 a 540 do Decreto-Lei n® 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Cédigo de Proceso Penal, 1. Procedimento. 0 Codigo de Proceso Penal tinha um capitulo destinado ao praces- 50 @ a0 julgamento dos crimes falimentares nos arts. 503 a 512. Contudo, a lei de falancia revogou tais artigos e determinou que se seguisse © procedimento sumdrio Previsto nos arts. $31 a0 538 do Codigo de Processo Penal {os arts. 539 e540 esto revagados). > Aplicagdo em concurso. + [ACADEPOL - Delegado de Policia - RS/2009) Analise as seguintes assertivas. Apdés o recebimente da dentincia ou da queixa por crime previsto na Lei n® 11.101/05 (“Lei de faléncias"), o rito processuat a ser observado é 0 sumério, previsto no Codigo de Processo Penal. A aiteraativa estd certa. a42 Falgncia. Leiine 11.101, de 9de fevereiro de 2005 Art. 187 2. Sdmula 564 do STF, “A auséncia de fundamentagiio do despacho de recebimento de deniincia por crime falimentar enseja nulidade processual, salvo se ja houver sentenga condenatéria.” Art. 186. No relatério previsto na alinea e do incise IIT do caput do art. 22 desta Lei, o edministrador judicial apresentaré ao juiz da faléncia exposigao circunstanciada, consi- derando as causas de falencia, o procedimento do devedor, antes e depois da sentenca, € ‘outras informagées detalhadas a respeito da conduta do devedor e de outros responsaveis, se houver, por atos que possam constituir crise relacionado com a recuperagao judicial ‘ou com a faléncia, ou outro delito conexo a estes. Pardgrafo dnico. A exposigio circunstanciada sera instruida com laudo do contador encarregado do exame da escrituracio do devedor. 1. Relatério do administrador judicial. O art. 22, Ill, alinea ¢ da presente lei prevé que “30 administrador judicial compete, sob a fiscalizacao do julz e do Comité, além de outros deveres que esta lei the impde: II! — na faléncia: e} apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogavel por igual periodo, relatério sobre as causas e circunstancies que conduziram a situagao de faléncia, no qual apontaré a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, cb- servado o disposte ne art, 186 desta Lei.” Assim, o administrador judicial apontara 5 atos que possam constituir crime falimentar relacionado com a faléncia ou com a recuperagdo judicial. Evidenternente, as informagdes prestadas pelo administra- dor judicial nao tém carater vinculativo porque ele nao possui a opinia delicti. Mas padem funcionar como notitie criminis da pratica de algum delito relacionado com a faléncia ou com a recuperagao judicial. 2. Pardgrafo unico. O acompanhamento do laude do contador é uma exigéncia legal e nao pode ser dispensada. Art. 187, Intimado da sentenca que decreta a faléncia ou concede a recuperacio judicial, © Ministério Publica, verificando a ocorréncia de qualquer crime previsto nesta Lei, pro- moverd imediatamente a competente ado penal ou, se entender necessirio, requisitard aabertura de inquérito policial. § 1° 0 prazo pare oferecimento da demincia regula-se pelo art. 46 do Decreto-Lei n* 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Codigo de Processo Penal, salvo se 0 Ministério Publico, estandoo réu solto onafiangado, decidir aguardar a apresentecao da exposicao circuns- tanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a dentincia em 15 (quinze) dias. § 2° Em qualquer fase processual, surgindo indicios da prética dos crimes previstos nesta Lei, 0 juiz da faléncia ou da recuperagio judicial ou da recupetacao extrajudicial cientificardio Ministério Pablico. 1. Promogao da agao penal. A necessidade da intimacao da sentenca que decreta a faléncia ou que concede a recuperacao judicial decorre da sua natureza de condiggo 443 Art, 188 LEIS PENAIS ESPECIAIS — Gabrie! Habib objetiva de punibilidade prevista no art. 180 desta lei, Por imediatamente deve ser entendido ser delongas, desde que o membro do Ministério Piiblico ja tenha ele- mentos suficientes para embasar a dentncia. Esse artigo confirma a caracteristica da dispensabilidade do inquérita policial, que ser4 instaurado apenas em caso de necessidade. 2. § 19. Prazo para oferecimento da denuncia. Segue-se a regra do art. 46 do Codigo de Processo Penal: “Art. 46. 0 praza para oferecimento da dentncia, estando o réu preso, serd de 5 dias, contado da data em que 0 érgio do Ministério Publico receber 05 autos do inquérito policial, ¢ de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiancado. No Ultimo caso, se houver devolucao do inquérito 4 autoridade policial (art. 16), can- tar-se-4 0 prazo da data em que o drgo do Ministério Publico receber novamente 0s autos. § 12 Quando o Ministério Publico dispensar o inquérito policial, o prazo parao oferecimento da dentincia contar-se-4 da data em que tiver recebido as pecas de informacao ou a representacZo. § 22 O prazo para o aditamento da queixa sera de 3 dias, contado da data em que o érgdo do Ministério Publico receber os autos, €, se este nde se pronunciar dentro do triduo, entender-se-d que nao tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do proceso.” 3. Ressalva, Réu solto ou afiancado. © legislador foi redundante, pois se o réu est4 afiangado, é porque ele esta solto. O membro do Ministério Publica tem a faculdade (e nao a obrigatoriedade) de esperar a chegada do relatério a que se refere o art. 186 desta lel. Pensamos que isso apenas ocorrera caso ainda nao haja elementos suficientes para formar a justa causa. Nesse caso, o prazo de 15 dias para 0 ofere- cimento da dentincia tera inicio apds o término do prazo de 40 dias previsto no art. 22, IN, afinea e desta lei, de forma que o prazo para o oferecimento da dentincia passa a ser de 55 dias, ou, enta, de 95 caso 0 prazo de 40 dias seja prorrogado por Igual periodo. 4. § 28. Comunicagao ao Ministério Publico. A previsée ¢ igual a do art. 40 do Codigo de Processo Penal, que dispSe “quando, em autos ou papéis de que conhecerem, 05 ju(zes ou tribunais verificarem a existéncia de crime de a¢do publica, remeterdo a0 Ministério PGblico as c6pias e os documentos necessdrios ao oferecimento da denincia.” Art, 188. Aplicam-se subsidiariamente as disposigbes do Cédigo de Processo Penal, no que néo forem incompativeis com esta Lei. 1. AplicacSo subsididria do Cédigo de Proceso Penal. Mais um dispositive absoluta- mente desnecessdrio, uma ve2 que a aplicasao subsidiaria do Codigo de Processo Penal decorre do principio da espacialidade e da InterpretacSo sistemdtica do ordenamento juridico.

Você também pode gostar