Progresso Técnico e Mudança Estrutural na América Latina
Publicado em 2007, o livro aborda a relação causal de estruturas produtivas
sobre desenvolvimento produtivo em diversos países, comparando-os desde a década de 1970 segundo variáves relacionadas ao crescimento econômico. Primeiramente são estabelecidas relações sobre o que causa os processos de convergência ou divergência entre estruturas produtivas e o que condiciona esses processos à estabilidade ou instabilidade. Diretamente relacionada à convergência ou divergência está a elasticidade renda da demanda das exportações e importações dos países. Já o fator de estabilidade ou instabilidade está relacionado à condição dos países de gerarem superávits ou déficits em conta corrente (endividamento). Em seguida é analisada a estrutura produtiva dos países latino americanos, sendo especificado um modelo dualista e constatada a heterogeneidade estrutural das respectivas economias. A dualidade é caracterizada pela divisão da economia em dois setores com produtividades distintas, permitindo assim perceber em que medida o aumento de produtividade é devido a fatores estruturais. Além disso são descritos os ciclos pelos quais as economias latino-americanas passaram, evidenciando os efeitos dos mesmos sobre as respectivas economias sob uma aborgem setorial. Esta primeira parte do livro é encerrada com uma comparação entre as economias latinoamericanas e algumas economias asiáticas em matéria de crescimento e estrutura econômica. As diferenças evidenciam a aplicabilidade da teorização sobre as causas de convergência e divergência sob estabilidade ou instabilidade, e também sobre a importante especificação quanto à produtividade estrutural (devido à recomposição estrutural). Constata-se que o aumento de produtividade latinoamericano deve-se principalmente à recomposiação estrutural, portanto as vantagens competitivas dessas economias não residiram em melhoramentos técnicos decorrente de processos de aprendizagem, mas em realocação de mão de obra e na abundância de recursos naturais. Processo inverso ao ocorrido nas economias asiáticas, as quais lograram convergência. A distinção entre a terciarização econômica latinoamericana e a asiática também é reveladora, caracterizando um reforço da heterogeneidade estrutural na primeira (migração da subsistência tradicional para subsistência informal) e uma tendência à homogeneização produtiva (terciarização complementária à indústria) na segunda. Dado o quadro geral teórico e factual, o livro concentra-se na análise das implicações do desenvolvimento produtivo no setor manufatureiro sobre o crescimento econômico, realizando posteriormente o mesmo procedimento com o setor agrícola. É enfatizada a heterogeneidade, presente tanto na manufatura quanto na agricultura, através da diferenciação intraseteorial de níveis de produtividade. Ramos intensivos em conhecimento (especificamente em engenharia) possuem alta correlação com a capacidade da estrutura produtiva para competir internacionalmente. Da manufatura é realizado um teste econométrico constando a incidência de variáveis relacionadas à estrutura produtiva sobre o crescimento econômico, entre as variáveis estão o grau de diversificação das indústrias, a relação entre os produtos exportados e o crescimento da demanda mundial (elasticidade renda da demanda das exportações), o nível de investimento em P&D, entre outras variáveis; as diferenças dessas variáveis entre diversos países do mundo revela os processos de convergência e divergência em curso. Da agricultura a produtividade de cada fator de produção é analizada, dando-se ênfase ao encadeamento do setor com outros setores intensivos em conhecimento (potencial learning by interacting) como a metalmecânica, a química e a biotecnologia; em comparação com o setor agrícola dos países desenvolvidos e dos asiáticos as economias latinoamericanas apresentam menos inovações, caracterizando uma situação de divergência produtiva (embora uma divergência menor do que no setor manufatureiro); Por diversas razões os agricultores têm dificuldade em adaptar tecnologias na ausência de um instrumento efetivo de apredizagem tecnológica. Sobre a agricultura (pg. 71): “los recursos naturales no son em sí una dádiva o uma maldición: el problema clave es en qué medida son usados como una base para el mejoramiento (upgrading) tecnológico”. O encerramento é realizado com considerações sobre a necessidade e a importância de políticas públicas que orientem as decições individuais dos agentes econômicos. Sem políticas públicas eficazes a trajetória passada e vigente responsável pela divergência econômica seguirá em curso (path dependence). Os agentes geram endogenamente padrões estruturais provocantes de assimetria e atraso que se perpetuam e criam desafios a uma política pública acertada: “En este escenario, la racionalidad micro de la inversión confirma la especialización sectorial vigente y contribuye a un desempeño macro poco dinámico” (pg. 134). É ressaltado, em plena ascensão de preços dos produtos primários, que essa valorização tende a manter o padrão estrutural atrasado, tornando clara a necessidade de políticas orientadoras do investimento.