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Arthur Borges Campos 224206

Progresso Técnico e Mudança Estrutural na América Latina

Publicado em 2007, o livro aborda a relação causal de estruturas produtivas


sobre desenvolvimento produtivo em diversos países, comparando-os desde a década de
1970 segundo variáves relacionadas ao crescimento econômico.
Primeiramente são estabelecidas relações sobre o que causa os processos de
convergência ou divergência entre estruturas produtivas e o que condiciona esses
processos à estabilidade ou instabilidade. Diretamente relacionada à convergência ou
divergência está a elasticidade renda da demanda das exportações e importações dos
países. Já o fator de estabilidade ou instabilidade está relacionado à condição dos países
de gerarem superávits ou déficits em conta corrente (endividamento).
Em seguida é analisada a estrutura produtiva dos países latino americanos, sendo
especificado um modelo dualista e constatada a heterogeneidade estrutural das
respectivas economias. A dualidade é caracterizada pela divisão da economia em dois
setores com produtividades distintas, permitindo assim perceber em que medida o
aumento de produtividade é devido a fatores estruturais. Além disso são descritos os
ciclos pelos quais as economias latino-americanas passaram, evidenciando os efeitos
dos mesmos sobre as respectivas economias sob uma aborgem setorial.
Esta primeira parte do livro é encerrada com uma comparação entre as
economias latinoamericanas e algumas economias asiáticas em matéria de crescimento e
estrutura econômica. As diferenças evidenciam a aplicabilidade da teorização sobre as
causas de convergência e divergência sob estabilidade ou instabilidade, e também sobre
a importante especificação quanto à produtividade estrutural (devido à recomposição
estrutural). Constata-se que o aumento de produtividade latinoamericano deve-se
principalmente à recomposiação estrutural, portanto as vantagens competitivas dessas
economias não residiram em melhoramentos técnicos decorrente de processos de
aprendizagem, mas em realocação de mão de obra e na abundância de recursos naturais.
Processo inverso ao ocorrido nas economias asiáticas, as quais lograram convergência.
A distinção entre a terciarização econômica latinoamericana e a asiática também é
reveladora, caracterizando um reforço da heterogeneidade estrutural na primeira
(migração da subsistência tradicional para subsistência informal) e uma tendência à
homogeneização produtiva (terciarização complementária à indústria) na segunda.
Dado o quadro geral teórico e factual, o livro concentra-se na análise das
implicações do desenvolvimento produtivo no setor manufatureiro sobre o crescimento
econômico, realizando posteriormente o mesmo procedimento com o setor agrícola. É
enfatizada a heterogeneidade, presente tanto na manufatura quanto na agricultura,
através da diferenciação intraseteorial de níveis de produtividade. Ramos intensivos em
conhecimento (especificamente em engenharia) possuem alta correlação com a
capacidade da estrutura produtiva para competir internacionalmente. Da manufatura é
realizado um teste econométrico constando a incidência de variáveis relacionadas à
estrutura produtiva sobre o crescimento econômico, entre as variáveis estão o grau de
diversificação das indústrias, a relação entre os produtos exportados e o crescimento da
demanda mundial (elasticidade renda da demanda das exportações), o nível de
investimento em P&D, entre outras variáveis; as diferenças dessas variáveis entre
diversos países do mundo revela os processos de convergência e divergência em curso.
Da agricultura a produtividade de cada fator de produção é analizada, dando-se ênfase
ao encadeamento do setor com outros setores intensivos em conhecimento (potencial
learning by interacting) como a metalmecânica, a química e a biotecnologia; em
comparação com o setor agrícola dos países desenvolvidos e dos asiáticos as economias
latinoamericanas apresentam menos inovações, caracterizando uma situação de
divergência produtiva (embora uma divergência menor do que no setor manufatureiro);
Por diversas razões os agricultores têm dificuldade em adaptar tecnologias na ausência
de um instrumento efetivo de apredizagem tecnológica. Sobre a agricultura (pg. 71):
“los recursos naturales no son em sí una dádiva o uma maldición: el problema clave es
en qué medida son usados como una base para el mejoramiento (upgrading)
tecnológico”.
O encerramento é realizado com considerações sobre a necessidade e a
importância de políticas públicas que orientem as decições individuais dos agentes
econômicos. Sem políticas públicas eficazes a trajetória passada e vigente responsável
pela divergência econômica seguirá em curso (path dependence). Os agentes geram
endogenamente padrões estruturais provocantes de assimetria e atraso que se perpetuam
e criam desafios a uma política pública acertada: “En este escenario, la racionalidad
micro de la inversión confirma la especialización sectorial vigente y contribuye a un
desempeño macro poco dinámico” (pg. 134). É ressaltado, em plena ascensão de preços
dos produtos primários, que essa valorização tende a manter o padrão estrutural
atrasado, tornando clara a necessidade de políticas orientadoras do investimento.

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