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Índice de Capítulos:

1. A Abelha 1
2. A Colméia 14
3. O Apiário 22
4. Proteção 29
5. Prática Básica 33
6. Alimentação 39
7. Enxames e Rainhas 45
8. O Mel e a Colheita 57
9. Outros Produtos 70
10. Flora Apícola 80
11. Inimigos 83
12. Sobre o texto 90
13. Referências citadas 95
14. Índice geral 97

1. A Abelha
1.1 Que abelhas são criadas no Brasil?
A espécie de abelha mais comum, criada no Brasil e no mundo inteiro é a
Apis mellifera (o seu nome científico). Também são criadas aqui algumas
espécies de abelhas nativas (ou indígenas ou sem ferrão), que são menores
e muito menos produtivas, mas que fornecem um tipo de mel diferente,
muito apreciado por alguns.

Este documento contém informações apenas sobre Apis mellifera. Para


obter informações sobre abelhas nativas, consulte os grupos de discussão
mencionados no item Error: Reference source not found).

1.2 O que significa esse nome científico?


A classificação dos seres vivos é feita em diversos níveis (reino, classe,
ordem...). Ao se mencionar um determinado indivíduo, o mais comum é
usar-se apenas o gênero e a espécie. No caso, a nossa abelha comum
pertence ao gênero Apis e à espécie mellifera.
Um outro nível é usado às vezes para identificar subespécies, variedades ou
raças, como em Apis mellifera carnica. Ao final do nome científico,
freqüentemente aparece o nome do responsável pela identificação da
espécie, geralmente abreviado. Por exemplo, Apis mellifera mellifera L. (de
Linnaeus).

Quando se está fazendo referência a mais de uma espécie do mesmo


gênero, ele é escrito seguido da abreviatura spp. Por exemplo, Apis spp.

Os elementos do nome científico são palavras em Latim, ou latinizadas,


quando a palavra correspondente não existe neste idioma. O gênero é
grafado com a primeira letra em maiúscula, a espécie e subespécie, em
minúscula. Nenhum deles leva acento.

1.3 Que raças de abelhas existem?


A Apis mellifera possui diversas subespécies (raças). Algumas são
originárias da Europa e outras da África. Entre as européias mais
conhecidas, estão a mellifera, a ligustica (popularmente conhecida como
"italiana"), a carnica e a caucasica. Entre as africanas, destacam-se a
scutellata, a capensis, a monticola e a adansonii.

1.4 Que raças existem no Brasil?


No Brasil, e em quase toda a América Latina, a predominância é de uma
raça híbrida entre a A.m.scutellata e as raças européias citadas acima.
Como essa hibridização não está padronizada, ou seja, ainda há uma
enorme variedade morfológica e comportamental, não foi registrada uma
raça específica, mas essas abelhas são genericamente referidas como
abelhas africanizadas.

1.5 Como essas abelhas chegaram aqui?


Rainhas de A.m.scutellata (originalmente chamada de A.m.adansonii)
foram introduzidas no Brasil em 1956, para uma experiência de
melhoramento genético. Fora de controle, enxames abandonaram as
colméias e passaram a viver na natureza. A partir de então, enxameações
sucessivas e cruzamentos de zangões africanos com princesas européias
deram início a uma longa e impressionante ocupação do continente. Em
1990, os genes africanos chegaram à fronteira sul dos EUA, tendo
percorrido cerca de 8.000 km em 34 anos.

Ao longo do tempo, os cruzamentos deram origem a enxames híbridos, com


diferentes graus de predominância dos caracteres genéticos africanos.

1.6 As abelhas africanizadas são mais agressivas?


Sim, em intensidade variada. Há enxames excepcionalmente agressivos e
outros relativamente mansos.

A propósito, a tendência de "correção política", amplamente difundida nos


EUA e importada livremente pelo resto do mundo, caracteriza o
comportamento da abelha como defensivo, e não agressivo, porque o
ataque seria sempre uma resposta a um estímulo externo. Na minha
opinião, isso é apenas uma confusão semântica. O intuito pode ser de
defesa, mas a ação é de agressão. Se um cachorro resolver estraçalhar
uma pessoa na rua por se sentir ameaçado, alguém diria que ele é muito
defensivo? É claro que não.

Neste texto, apenas a expressão agressividade é usada para qualificar uma


resposta de ataque.

1.7 Quando um ataque de abelhas pode ser fatal?


A literatura registra que um indivíduo hipersensível pode morrer em virtude
de uma única ferroada, mas isso é muito raro. Mais comum é morrer a
pessoa ou o animal que, impossibilitado de fugir por qualquer razão, fica
exposto a um número muito grande de ferroadas. Crianças e deficientes
físicos que estejam nas proximidades de um enxame agressor correm maior
risco. Animais amarrados ou cercados também. Apicultores bem protegidos
raramente sofrem mais do que umas poucas e inofensivas ferroadas.
Há casos registrados de morte com 100-300 ferroadas, e há um caso de
sobrevivência registrada com 2.243 ferroadas. Em geral, a dose letal
mediana (para a qual 50% das vítimas morrem) fica em torno de 19
ferroadas por quilo, para adultos [SCH92].

1.8 A apicultura pode ser considerada uma atividade perigosa?


Mexer com abelhas, sem conhecimento, pode ser considerado perigoso. A
apicultura racional, praticada com os critérios de segurança bem
conhecidos, é provavelmente uma atividade muito menos perigosa que
algumas outras profissões e passatempos. Ao longo deste texto, há várias
considerações sobre segurança. Independentemente disso, fazer um bom
curso teórico-prático é uma condição essencial à formação de um bom
apicultor.

1.9 Quantas vezes uma abelha pode ferroar?


Normalmente, uma única vez. O ferrão é uma estrutura que se parece com
um arpão e que fica cravado na vítima. Ao se desprender, a abelha deixa
para trás não apenas o ferrão, mas também o saco de veneno e parte do
seu aparelho digestivo. Enquanto o ferrão permanece cravado, o veneno
continua a ser instilado por ação involuntária (veja os itens 4.13 O que
fazer quando eu levar uma ferroada? e 4.14 Por que devo retirar o
ferrão rapidamente e sem usar os dedos?). A abelha morre em horas ou
dias.

1.10 A rainha ferroa? E os zangões?


Normalmente, a rainha só ferroa outra rainha, quando em disputa pela
colméia. Ferroada de rainha em humanos é bastante rara, e, quando
acontece, geralmente é após a manipulação de outra rainha pelo apicultor.
O ferrão da rainha é mais firme que o das operárias e tem menos rebarbas,
o que quase sempre evita o seu arrancamento após a ferroada.

Zangões não ferroam porque não possuem ferrão.

1.11 Afinal, por que as abelhas ferroam?


As abelhas ferroam quando sentem que a sua própria integridade ou a de
sua família está ameaçada. Por isso, uma abelha longe de sua colméia
nunca ataca ninguém, a menos que seja molestada diretamente, ou que
tenha saído há pouco de uma colméia atacada. Pessoas que desconhecem
esse fato assustam-se desmesuradamente quando uma abelha voa próximo
a elas, imaginando que se trata de um ataque, e não uma simples
investigação sobre a possível utilidade daquelas vestes coloridas ou daquele
perfume exótico.

1.12 As abelhas são criaturas boas?


Nem boas, nem más. São apenas insetos, que apresentam um
comportamento baseado num conjunto limitado de respostas aos diferentes
estímulos que sofrem. Abelhas não raciocinam, não planejam, não ficam de
mau ou de bom humor. Também não se afeiçoam ao apicultor nem se
acostumam a ser manipuladas. Todos esse sentimentos são próprios de
alguns vertebrados, especialmente os mamíferos, mas não de insetos.

1.13 Como as abelhas não planejam, se elas guardam mel para o


inverno?
Elas não guardam mel para o inverno, simplesmente porque a grande
maioria das abelhas que estocam o mel nunca viram e nem verão o
inverno, já que elas raramente chegam a viver dois meses na época de
forrageamento. Elas simplesmente respondem ao estímulo "secreção de
néctar nas proximidades" coletando e armazenando tudo o que podem. Do
ponto de vista da seleção natural, os enxames que assim procedem
conseguem sobreviver aos tempos difíceis e têm oportunidade de passar
seus genes adiante. Os demais simplesmente morrem, sem conseguir
perpetuar esse comportamento na espécie.

1.14 O que as abelhas reconhecem como ameaça?


Barulhos normais, como o ruído de passos e conversa raramente perturbam
as abelhas. Elas são estimuladas por vibrações fortes (de motores, por
exemplo), odores (suor, perfumes), movimento (quanto mais rápido, pior)
e cores (as escuras mais do que as claras). Pêlos em geral, cabelos e
roupas felpudas estimulam fortemente o ataque, mais ainda se forem
escuros.

Dentre os maiores estímulos, pode-se destacar o dióxido de carbono,


exalado em quantidade pelos humanos. Por essa razão, evite, sempre que
possível, respirar ou soprar próximo às abelhas.

Um detalhe interessante é que as condições ambientais parecem influir


decisivamente no comportamento mais ou menos agressivo das abelhas.
Dias nublados, úmidos e ventosos são, quase com certeza, dias de manejo
difícil (embora também haja uma boa surpresa de vez em quando).

1.15 O que são as castas de abelhas?


Casta é cada um dos tipos de abelha existentes nos enxames: rainhas,
operárias e zangões.
1.16 O que diferencia a rainha das operárias?
Visualmente, a rainha é muito maior que as operárias. Uma rainha é
produzida pelas operárias sempre que necessário, a partir de uma larva
jovem, de operária, de até 3 dias de vida.

Três fatores determinam que uma larva comum se transformará numa


rainha, e não numa operária [WIN03]. Primeiro, a qualidade da
alimentação. Larvas de rainhas são alimentadas com geléia real, uma
mistura de secreções das glândulas mandibulares e hipofaringeanas das
operárias. Larvas de operárias são alimentadas com uma mistura
semelhante, mas com uma proporção muito menor da substância
mandibular e ainda com a adição de pólen.

Segundo, a quantidade de alimentação. As larvas de rainha não apenas


"bóiam" numa quantidade enorme de geléia real, como a ingerem com
muito mais apetite do que as larvas de operária. Isso acontece porque elas
são estimuladas pelo conteúdo maior de açúcar na geléia real do que na
comida das larvas nos primeiros dias.

Terceiro, o tamanho da célula de rainha, chamada de realeira. Ela é muito


mais ampla do que os alvéolos de operárias, e permitem um crescimento
muito maior da rainha.

Outra diferença é que a rainha é a única fêmea a acasalar e, portanto,


somente ela é capaz de pôr os ovos que gerarão novas operárias e zangões
(veja o item 1.28 O que é uma colméia zanganeira? abaixo).

1.17 E o que é uma princesa?


É como é chamada uma rainha muito jovem, que ainda não foi fecundada.

1.18 Como é a fecundação da rainha?


Alguns dias após o seu nascimento, a princesa faz um ou mais vôos
nupciais, nos quais copula com diversos zangões (entre 7 e 17,
provavelmente). Depois disso, retorna à colméia e nunca mais acasala. O
sêmen introduzido fica armazenado num órgão da rainha chamado
espermateca, pelo resto da sua vida reprodutiva. No momento da postura,
o óvulo que desce pela vagina será fertilizado por um espermatozóide da
espermateca, caso a rainha esteja pondo um ovo numa célula de operária,
ou não será fertilizado, caso a célula seja de zangão (que é maior que a de
operária).

1.19 Como podem os zangões nascer de ovos não fertilizados?


Trata-se de um fenômeno conhecido como partenogênese, comum também
em vespas e formigas. O indivíduo resultante não tem pai e é haplóide, isto
é, possui metade dos cromossomos de sua mãe - apenas 16. Essa situação
curiosa determina que a rainha que gerou um zangão seja o "pai genético"
das filhas desse zangão.
1.20 Qual é a função dos zangões?
Aparentemente, eles existem apenas para a procriação. Eles não defendem
a colônia (não possuem ferrão), nem coletam nada de útil para a colméia
na natureza.

1.21 Como identificar um zangão?


O zangão é maior que as operárias e, por isso, é freqüentemente
confundido com a rainha por apicultores iniciantes. Na verdade, ele é
completamente diferente, tanto das operárias quanto da rainha. O seu
corpo é mais largo, e o abdômen termina numa forma rombuda, e não
pontiaguda. Além disso, os seus olhos compostos são muito grandes,
juntando-se no topo da cabeça.

1.22 Zangões são sempre “puros”? [1]


Talvez em razão de os zangões serem haplóides, espalhou-se a crença de
que eles são sempre de raça pura. O filho de uma rainha pura também será
puro (embora possa ter características diferentes da sua mãe), e o filho de
uma rainha mestiça poderá ser mestiço e, havendo coincidência, também
poderá até ser puro (veja item 1.23 Os zangões irmãos são idênticos?).

1.23 Os zangões irmãos são idênticos? [1]


Não necessariamente. Pode haver zangões irmãos idênticos, mas isso é
apenas uma coincidência. Ocorre que uma célula comum da rainha possui
32 cromossomos ligados dois a dois (16 pares) e os óvulos produzidos
possuem apenas 16 cromossomos, nenhum ligado a outro. Estes 16
cromossomos resultam da combinação aleatória de um dos cromossomos
do par 1, mais um dos cromossomos do par 2, e assim por diante. Como
em cada par de cromossomos a carga genética varia de um cromossomo
para outro, cada óvulo produzido – e cada zangão, por conseqüência -
carregará uma carga genética particular. Posto em números, uma rainha
pode gerar 216 = 65.536 óvulos (zangões) diferentes, considerando-se
apenas o agrupamento randômico dos cromossomos durante a meiose. Na
verdade, este número pode ser muito maior, pois há um segundo fenômeno
de variabilidade genética importante, conhecido por crossing over [ARM01].

Pela mesma razão, zangões não são idênticos à sua mãe. Uma
característica qualquer (determinada por gene recessivo) que não se
manifeste na rainha pode estar presente no zangão, se ele ficar com o
cromossomo que carrega este gene.

1.24 Qual é a função da rainha?


A rainha dá origem a todos os indivíduos da colméia, pela postura de ovos
fertilizados (para operárias) e não fertilizados (para zangões). Além disso, a
sua presença (mais precisamente os feromônios que ela produz) determina
o comportamento "normal" das demais abelhas.

1.25 Quantos ovos a rainha põe por dia?


No pico da postura, ela chega a pôr 2.000 ovos por dia.
1.26 O que acontece quando a rainha morre?
A rainha pode morrer acidentalmente, por exemplo, durante um manejo de
rotina do apicultor, ou ser morta pelas próprias abelhas, caso o seu
desempenho seja insatisfatório. Em qualquer dos casos, as abelhas, assim
que percebem a falta da rainha, tratam de produzir outra, a partir de uma
larva jovem de operária (de até 3 dias).

1.27 E se não houver uma larva jovem?


Se não houver uma larva disponível, ou se as rainhas produzidas não
sobreviverem por qualquer motivo, o enxame não será mais capaz de
produzir uma nova rainha. Se o apicultor estiver atento, ele poderá fornecer
ao enxame uma nova rainha ou um quadro de cria, para que elas tentem
de novo, caso contrário, a colméia tornar-se-á zanganeira.

1.28 O que é uma colméia zanganeira?


É a colméia em que as abelhas, na falta da rainha, começam a pôr ovos.
Como não são fecundados, esses ovos geram apenas zangões, e a colméia
acaba extinguindo-se com a morte das operárias.

1.29 Por que as abelhas começam a pôr ovos?


Uma visão popular e antropomórfica explica que a postura das operárias é
um "esforço desesperado" de preservação da colônia, mas isso não é
verdade. Elas simplesmente passam a pôr ovos porque, sem rainha e sem
crias, interrompe-se a produção de feromônios que inibem o
desenvolvimento dos seus ovários.

Uma questão interessante é por que esse mecanismo foi preservado ao


longo da seleção natural, se ele, aparentemente, é inútil. A resposta pode
estar na subespécie africana A.m.capensis, que apresenta uma
característica interessante: os ovos não fertilizados podem produzir fêmeas
também, além de machos. Assim, uma colméia pode produzir uma nova
rainha a partir de um ovo posto por uma operária e realmente conseguir
voltar ao normal. Em freqüência muito menor, a geração de fêmeas a partir
de ovos não fertilizados ocorre também nas demais subespécies, o que
pode indicar que esse mecanismo já foi mais útil e mais eficiente no
passado.

1.30 Como saber se uma colméia está sem rainha?[2]


A ausência de ovos em época de postura normal é um forte indicativo. Mas
isso também pode significar preparação para a enxameação, se houver
realeiras no ninho. Também pode indicar a presença de uma rainha virgem,
o que pode ser presumido se forem encontradas realeiras já abertas.

Se a colméia fica sem rainha durante vários dias na época da safra, pode-
se perceber a situação visualmente, pelo acúmulo anormal de mel e pólen
no centro dos favos de cria.

Apicultores mais experientes, porém, podem suspeitar da orfandade no


instante em que abrem a colméia. O que acontece é que, à medida que
aumenta o tempo de ausência da rainha, as operárias começam a
apresentar um padrão anormal de agitação. Muitas saem voando
imediatamente, não necessariamente para atacar, num comportamento
visivelmente diferente dos enxames normais.

1.31 Como saber se uma colméia está zanganeira?


Nada mais fácil: no momento da postura, as operárias não percebem (ou
não fazem caso) se um alvéolo já tem outro ovo nele depositado. Por isso,
os ovos vão se empilhando, e cada alvéolo acaba contendo vários deles, o
que é facilmente percebido pelo apicultor.

Os ovos são depositados nas paredes dos alvéolos, porque o abdômen das
operárias não alcança o fundo. A operculação das células é protuberante,
típica das de zangão. Depois de algum tempo, os zangões começam a
nascer, mas são todos pequenos, porque foram gerados em alvéolos de
operárias, que são muito menores.

1.32 Em quanto tempo uma colméia fica zanganeira?


Depende. Enquanto houver cria, aberta ou fechada, é pouco provável que
as operárias ponham ovos. Quando não houver mais rainha e crias, as
operárias começarão a pôr dentro de 14 dias, em média [WIN03].

1.33 Como identificar a rainha?


A rainha se parece com uma operária, mas é maior e tem o abdômen
proporcionalmente mais alongado. Encontrar uma rainha pode ser uma das
tarefas mais complicadas da apicultura. No capítulo 7, são mencionadas
algumas técnicas úteis.

1.34 Qual é a função das operárias?


Como o nome sugere, trabalho duro. Enquanto são jovens, dedicam-se ao
trabalho interno: limpam as células, alimentam as larvas jovens e a rainha
com substâncias nutritivas que elas mesmas secretam, alimentam as larvas
mais velhas com pólen e mel, empilham o pólen recolhido nas células,
secretam cera, constroem favos, recebem, processam e armazenam o
néctar, vedam frestas com própolis, defendem e ventilam a colméia,
operculam células. Quando mais velhas, dedicam-se, principalmente à
coleta de néctar, pólen, água e própolis. A coleta de néctar ou mel pode ser
feita também em outras colméias, especialmente as mais fracas, num
comportamento de pilhagem (saque).

1.35 Qual é a relação entre a idade das abelhas e as tarefas


executadas?
Há uma grande variação na relação entre idade e atividades executadas. Há
períodos de vida preferenciais para as abelhas executarem determinadas
tarefas, mas eles podem mudar completamente em caso de necessidade.
Além disso, a abelha pode executar diversas tarefas diferentes durante um
dia. Uma relação comum, em situação normal da colméia é a seguinte
[WIN03]:

Tarefa Idade (dias)


Limpeza de alvéolos 0a8
Operculação de cria 2a9
Atendimento de cria 5 a 15
Atendimento da rainha 3 a 14
Recebimento de néctar 8 a 16
Remoção de detritos 7 a 21
Compactação de pólen 8 a 19
Construção de favos 11 a 22
Ventilação da colméia 13 a 22
Guarda da colméia 14 a 27
Primeiro forrageamento 18 a 28

1.36 Quanto tempo vive uma abelha?


Durante a safra, uma operária africanizada vive, em média, 38 dias, sendo
23 executando tarefas domésticas e fazendo as primeiras coletas, e 15
somente forrageando. Na entressafra, a expectativa de vida aumenta, e
elas chegam a viver 5 meses ou mais em climas muito frios. Uma operária
européia chegou a viver 320 dias [WIN03].

Aparentemente, a distância total voada é um determinante muito mais


importante para a longevidade da abelha do que a sua idade. Um estudo de
Neukirch, citado em [WIN03], estabeleceu um limite teórico médio de 800
km voados, não importando se eles se acumulam ao longo de 5 ou de 30
dias.

1.37 Quantas abelhas vivem numa colméia?


O número real é extremamente variável, a cada época do ano, de colméia
para colméia. No pico da safra, por exemplo, considere as seguintes
hipóteses:

 Postura diária de 2 mil ovos


 Tempo de desenvolvimento ovo-adulto de 20 dias
 Viabilidade de 100% da cria
 Ciclo de vida de 38 dias para as operárias

Nesse caso, teoricamente, a colônia poderia crescer até chegar à população


abaixo, permanecendo em equilíbrio enquanto a postura se mantivesse.

 1 rainha
 algumas centenas de zangões
 38 mil crias (ovos, larvas, pupas)
 44 mil operárias domésticas/campeiras (até 23 dias)
 32 mil campeiras

1.38 Quando as abelhas pilham as colméias vizinhas?


Geralmente quando a produção de néctar é baixa, e uma colméia vizinha
tem mel em estoque e está desprotegida por falta de operárias. Esse
comportamento freqüentemente é ativado pelo próprio apicultor que,
durante o manejo, expõe o estoque de mel das colméias à investigação das
vizinhas ou fornece alimentação artificial com xarope de forma descuidada
ou em alimentadores deficientes (veja capítulo 6).
1.39 Como as abelhas se comunicam?
Principalmente, por meio de interações químicas. Essas interações se
processam pela produção de feromônios, substâncias secretadas por
diversas glândulas que são percebidas pelo olfato. Os feromônios são o
principal meio de estimulação e coordenação de quase todas as atividades
das abelhas. Os feromônios produzidos pela rainha, por exemplo, inibem a
construção de realeiras pelas operárias, inibem o crescimento dos ovários
das operárias, atraem zangões nos vôos nupciais, atraem as operárias em
geral e particularmente as nutrizes, que alimentam a rainha com geléia
real.

Feromônios de operárias estão muito ligados à defesa da colméia. A


ferroada libera um feromônio que induz outras abelhas a atacarem. Por
esta razão, é comum a ocorrência de várias ferroadas no mesmo local.
Também por isso, é conveniente a limpeza freqüente das roupas de
proteção.

Um outro feromônio de operária é o de localização, usado para atrair ou


orientar outras abelhas em direção ao alvado, água ou fonte de alimento. A
liberação desse feromônio se dá numa posição bastante familiar aos
apicultores: a abelha ergue o seu abdômen, expõe a glândula de Nasanov,
localizada próximo à extremidade, e bate as asas para dispersar a
substância.

As crias também produzem feromônios que estimulam as operárias a


atendê-las e ajudam a inibir o desenvolvimento dos ovários das operárias.

1.40 E a dança das abelhas?


Feromônios são o principal, mas não único meio de comunicação.
Interações táteis e sonoras, como o roçar de antenas ou as danças também
são muito usadas. As danças são padrões de movimento, vibração, ruído e
direção utilizados com diferentes propósitos, dos quais o mais conhecido é a
passagem de informações sobre uma fonte de alimento. Nessa dança, por
exemplo, a abelha percorre um trecho reto do favo "requebrando-se" e
depois volta ao início desse trecho num trajeto de semicírculo. Em seguida,
percorre de novo o mesmo trecho reto e volta em outro semicírculo, mas
desta vez pelo lado oposto.

Para saber a qualidade e a distância dessa fonte, as abelhas levam em


conta o entusiasmo da dançarina, o tempo gasto no trecho reto e o número
de vezes em que os passos foram executados. Já a direção da fonte é
passada como um ângulo, formado entre o trecho reto da dança e uma
linha vertical. Este ângulo corresponde ao formado pelos pontos sol-
colméia-fonte (a colméia no vértice).

Assim como o achado de alimento, o de novas casas no momento da


enxameação também é comunicado por danças. Além disso, elas também
estimulam determinadas atividades, como o forrageamento e a
enxameação [WIN03].
1.41 Como elas fazem quando o sol não está visível? [4]
Em tempo nublado, quando pedaços de céu podem ser avistados, a abelha
consegue inferir a posição do sol pela percepção da luz ultravioleta
polarizada. Para tanto, a abelha necessita de, pelo menos, cerca de 10% de
céu visível.

Quando a camada de nuvens não deixa uma porção de céu suficiente para
a determinação da posição solar, as abelhas se valem de indicações
geográficas importantes, como bosques, por exemplo, e de uma espécie de
relógio biológico bastante acurado para presumir a posição do sol a cada
momento.

1.42 Como elas informam uma posição atrás de um obstáculo?


A direção é informada como se ele não existisse. Por exemplo, uma florada
atrás de um morro é indicada na dança como se as abelhas tivessem de
atravessá-lo para chegar lá. A distância informada, porém, corresponde ao
gasto de energia necessário para alcançar o objetivo e ela, nesse caso, é
maior do que seria se não houvesse morro. Na busca, as campeiras que
assistiram a dança fazem as voltas que forem necessárias para alcançar o
destino.

1.43 A que velocidade voa uma abelha?


Em média, a 24 km/h.

1.44 Quanto tempo uma abelha leva para nascer?


Este tempo, ao contrário do que muitos imaginam, é variável.
Temperaturas altas na área de cria podem acelerar o processo, enquanto
que as temperaturas baixas retardam-no. O ciclo médio de
desenvolvimento das abelhas européias, em dias, é o seguinte:

Casta Ovo Larva Pupa Total


Rainha 3 5,5 7,5 16
Operária 3 6 12 21
Zangão 3 6,5 14,5 24

Já as africanizadas são um pouco mais precoces, a rainha nasce em 15


dias, e a operária, em 19-20 dias.

1.45 O que as abelhas comem?


Resumidamente, néctar e mel, como fonte de carboidratos, e pólen, como
fonte de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, além de água. As larvas
de operárias e zangões, até 4 dias de vida, são alimentadas pelas abelhas
com secreções nutritivas, produzidas pelas glândulas hipofaringeanas e
mandibulares das operárias. Após o 4º dia, a alimentação das larvas muda
para outros tipos de geléia e uma mistura de néctar, mel diluído e pólen.
Após o nascimento, durante cerca de duas semanas, a operária consome
muito pólen, pois depende dele para, nessa fase da vida, produzir as
substâncias que alimentarão as larvas e a rainha. Gradualmente, a dieta da
operária começa a mudar para néctar e mel, à medida que ela abandona o
serviço de alimentação e assume outros serviços, como a coleta de água,
néctar, pólen e própolis.
A rainha alimenta-se quase que somente de geléia real, tanto na fase larval
quanto em toda a sua vida adulta. A geléia real é um produto semelhante à
comida da larva, mas com uma proporção muito maior da secreção
mandibular e, por essa razão, mais rica em algumas substâncias nutritivas.

Zangões adultos são alimentados pelas operárias nos primeiros dias, e


depois se alimentam sozinhos, basicamente de néctar e mel.

1.46 Como os enxames se reproduzem?


Em algumas situações, uma colônia resolve se dividir, e a isso se dá o
nome de enxameação. Ela ocorre com freqüência durante floradas
abundantes, quando o espaço na colméia torna-se insuficiente para
armazenar o néctar que entra e a nova prole que está sendo gerada pela
rainha. Quando a rainha não produz feromônios em quantidade suficiente
para todo o enxame, a enxameação também pode ocorrer (é o que
acontece com rainhas mais velhas).

O primeiro passo do processo de enxameação é a produção de princesas.

Antes de nascerem as princesas, as operárias submetem a rainha a um


regime forçado, negando-lhe alimento e tratando-a rudemente, para que
não fique parada. Supostamente, isso serve para interromper a postura e
deixá-la mais leve para a viagem da enxameação. No dia da saída, muitas
operárias engolem o máximo de mel, para garantir a sua sobrevivência até
que uma nova morada seja encontrada, e para poderem produzir cera para
a construção dos primeiros favos. Muitas operárias, especialmente as mais
jovens, abandonam a colméia, levando junto a rainha (ou arrastando-a, em
alguns casos).

Ao abandonar a colméia, o enxame agrupa-se nas imediações, num galho


de árvore, num poste, num automóvel, onde ele achar mais conveniente.
Em seguida, abelhas batedoras saem em busca de um lugar seguro para
formar a nova colméia (em alguns casos, essa pesquisa pode iniciar antes
mesmo da saída do enxame). Elas avaliam ocos de árvores, cupins
abandonados e cavidades em rochas, além de espaços em telhados, caixas
vazias, tonéis abandonados e muitos outros. Quando uma batedora acha
um bom lugar, volta ao enxame e comunica a boa notícia dançando. Mais
abelhas aparecem para avaliar a escolha e, se ela for melhor que as
alternativas encontradas por outras batedoras, o enxame decide fazer a
nova colméia ali.

1.47 O que acontece com a colméia que perdeu um enxame? [2]


Fica com a casa, toda a cria, as reservas de pólen, parte das reservas de
néctar e mel, parte das operárias, especialmente as mais velhas, e uma ou
mais princesas ou rainhas novas, que lutarão até a morte até que só sobre
uma para comandar a colméia.

Dependendo do tamanho original do enxame e das condições da colméia,


outros enxames podem ser produzidos - os enxames secundários. Eles são
menores e podem conter uma ou mais princesas.
Numa colméia de um apiário, a enxameação representa um prejuízo certo,
uma vez que, não apenas parte do mel foi levada embora, como foi
drasticamente diminuída a força de trabalho para coletar mais. Em geral,
de colméias que enxameiam, não se consegue nenhuma produção
significativa de mel na temporada. Algumas vezes, porém, especialmente
se houver bastante espaço para crias e mel na colméia, a enxameação
ocorre suficientemente tarde, para que bastante mel já tenha sido
estocado.

1.48 Por que as abelhas abandonam a colméia?


Quando as abelhas são submetidas a um nível de estresse ou privação
muito grande, elas podem abandonar a colméia e tentar a sorte em outro
lugar. Uma causa comum é o calor excessivo. Caixas com pouco espaço e
sem ventilação, quando deixadas ao sol, provocam abandono (é o caso de
caixas-isca de papelão, por exemplo). Períodos de carência alimentar muito
prolongados e ataque de formigas também. O mesmo com manejos
descuidados ou muito freqüentes.

1.49 Por que as abelhas às vezes matam a sua rainha?


Diversos fatores podem provocar a substituição da rainha. Quando ela já
não produz feromônios em quantidade suficiente, as abelhas podem
resolver trocá-la. Também quando o seu desempenho é baixo (postura
deficiente) ou o seu estoque de esperma acaba (ela só consegue produzir
zangões). Em alguns casos, as abelhas parecem culpar a rainha por algum
distúrbio maior na colméia, e liquidam-na por "peloteamento" (formam uma
bola em torno dela até sufocá-la). Em qualquer caso, o propósito parece ser
sempre obter uma rainha nova, melhor que a atual.

1.50 Como as abelhas lidam com as variações de temperatura?


A capacidade de as abelhas lidarem com variações de temperatura está
ligada ao tamanho do enxame. Uma abelha sozinha tem mínima proteção,
uma colméia numerosa pode manter o seu centro a 35 ºC, em situações
externas de extremo calor (até 70 ºC) e de extremo frio (até -80 ºC)
[SOU92].

Para resfriar uma colméia, as abelhas utilizam a evaporação da água, um


processo eficiente, porque absorve grande quantidade de calor ao ocorrer.
Elas expõem a água, na forma de películas nas suas mandíbulas ou
gotículas espalhadas pela colméia, a uma corrente de ar provocada por elas
mesmas, com o bater de suas asas. Dessa forma, conseguem sobreviver
em ambientes muito quentes, desde que haja água suficiente disponível.

Para esquentar uma colméia, as abelhas agrupam-se em torno do centro,


onde estão as crias. Quanto mais baixa a temperatura, mais apertado será
o agrupamento. As abelhas, nessa situação, assumem uma posição relativa
que força o entrelaçamento dos seus pêlos torácicos, aumentando a
capacidade de isolamento térmico das sucessivas camadas. Essas camadas
são formadas por abelhas voltadas para o centro do grupo, e há um
revezamento entre as que estão em posição mais externa e as que estão
mais ao centro.
Elas também são ajudadas pela presença de alvéolos vazios, que formam
câmaras de ar parado, que é um bom isolante. Se ainda assim a
temperatura continuar caindo, as abelhas passam a produzir calor pela
vibração da sua musculatura torácica. Nesse caso, porém, elas necessitam
ingerir quantidades maiores de mel para repor a energia perdida. Em outras
palavras, transformam-se em estufas movidas a mel.

1.51 Por que o apicultor põe fumaça nas abelhas? [4]


A principal razão é bloquear ou diminuir a resposta agressiva. Um dos
efeitos da fumaça é impedir que os feromônios de alarme sejam bem
percebidos pelas operárias, o que evita que muitas abelhas saiam da
colméia para defendê-la.

Muitos acreditam também que a fumaça dispare na colméia um


comportamento de preparação para a fuga: as operárias passariam a
engolir mel e armazená-lo na vesícula melífera, para um eventual abandono
da colméia. Isso, ocuparia as abelhas por algum tempo e alteraria o seu
comportamento de defesa, mudando de agressão para fuga. As abelhas que
engolem mel também teriam maior dificuldade para ferroar.

Outra utilidade muito importante da fumaça é a condução das abelhas.


Como elas geralmente são repelidas pela fumaça, o apicultor a utiliza para
afastar as abelhas de terminados locais, como a superfície da caixa antes
da recolocação da tampa.

1.52 A fumaça não estressa as abelhas?


Sim, bastante. Manejos muito freqüentes podem até provocar o abandono
de toda a colméia. A fumaça é quase sempre necessária, mas, por qualquer
ângulo que se examine (estresse das abelhas, contaminação de favos e
mel), sempre será preferível usar a menor quantidade possível de fumaça
numa manipulação.

1.53 Quanto pesa uma abelha?


Em média, uma abelha recém nascida (com o aparelho digestivo vazio)
pesa cerca de 65 mg (africanizada) e 83 mg (européia). Isso dá 15.000
africanizadas/kg e 12.000 européias/kg, mas não use esses dados para
calcular o peso de um enxame, pois nele, as abelhas possuem um conteúdo
intestinal variável, que pode chegar a 80% do seu peso líquido. Em média,
estima-se de 7.000 a 10.000 abelhas por quilograma.

1.54 Como a abelha coleta néctar?


A abelha suga a substância adocicada (néctar, pseudonéctar, calda, suco,
refrigerante, etc.) com a ajuda da sua prosbócide (língua). A substância é
então conduzida até uma porção do aparelho digestivo chamado de vesícula
melífera, uma espécie de antecâmara do estômago, que pode ser
amplamente distendida.

1.55 Quanto néctar a abelha pode transportar?


Em média, a carga de néctar de uma européia situa-se entre 20 e 40 mg,
podendo chegar, ocasionalmente a 80 mg. A carga média da africanizada é
um pouco menor, e a máxima pode chegar a 60 mg ou um pouco mais.
1.56 A que distância uma abelha voa para colher néctar?
O mais próximo possível. Três quilômetros é uma distância máxima
freqüentemente mencionada, mas as abelhas voarão mais do que isso se
necessário. Economicamente, quanto mais próxima do apiário estiverem as
flores, melhor, pois as abelhas consumirão menos mel durante a atividade
da coleta.

Na prática, freqüentemente considera-se que a flora apícola útil ao apiário


está circunscrita num raio de 1 a 1,5 km, o que corresponde a uma área
circular de 300 a 700 hectares.

A certificação de apicultura orgânica exige que não haja cultura


convencional (não orgânica) num raio de 3 km do apiário.

1.57 Como a abelha coleta pólen?


Ela usa a língua e as mandíbulas para tirar algum pólen das anteras e
umedecê-lo. Muitos grãos também ficam presos ao seu pêlo na operação.
Depois, ela "escova" esses grãos, geralmente durante o vôo, mistura-os ao
pólen umedecido e compacta tudo na corbícula, uma reentrância existente
no seu par de pernas posterior. A medida que mais pólen vai sendo
coletado, a carga nas corbículas aumenta, e alguns pêlos são envolvidos
pelas bolotas, para que elas permaneçam firmes no lugar.

1.58 Como a abelha coleta própolis?


Com ajuda das mandíbulas e do primeiro par de patas, ela remove o
material resinoso da planta. Depois, armazena-o na corbícula, de forma
semelhante ao que faz com o pólen. Antes de usar a própolis, a abelha
ainda mistura-a com cera, numa proporção que pode chegar a 30%, para
tornar a sua consistência mais trabalhável.

1.59 Como a abelha coleta água?


Ela suga a água e armazena-a tal como faz com o néctar, na vesícula
melífera.

1.60 O que estimula as abelhas para a colheita?


Basicamente, a necessidade das abelhas, a disponibilidade de espaço na
colméia e a abundância local dos recursos. Num clima quente, por exemplo,
a necessidade de refrigerar a colméia comanda a busca de água. Em
floradas grandes, a necessidade por pólen e néctar e o espaço de
armazenamento disponível orientam a sua colheita.

Em vários estudos, observou-se que a alocação de campeiras para colheita


de um recurso específico estava relacionada à pronta aceitação deste
recurso pelas abelhas domésticas na hora da chegada da campeira. Por
exemplo, se uma campeira que coletou água é imediatamente aliviada da
sua carga na chegada à colméia, ela provavelmente voltará para buscar
mais água. Se, por outro lado, ela demora muito a conseguir livrar-se da
sua carga, ela provavelmente dirigirá seus esforços a outro produto na
próxima viagem.
1.61 Onde as abelhas guardam esses produtos?
O pólen é armazenado nos alvéolos próximos à área de cria, que é o seu
principal consumidor. O néctar é armazenado nos alvéolos que estão acima
e ao lado da área de cria e pólen. A própolis é usada diretamente no
objetivo: tapar frestas e envolver corpos estranhos que não puderam ser
removidos. A água não é armazenada nos favos, mas distribuída entre
diversas abelhas jovens, que a manterão nas suas vesículas melíferas até
que ela seja necessária.

1.62 Como as abelhas produzem cera?


Operárias, normalmente entre 8 e 17 dias de idade, secretam cera na
forma de flocos, através de glândulas cerígenas, localizadas na parte frontal
do abdômen. Para produzir cera, as abelhas precisam ingerir muito mel.

1.63 Quanto mel deve ser ingerido para a produção de 1 kg de


cera? [4]
A eficiciência de conversão de mel em cera é extremamente variável,
dependendo de múltiplos fatores, como propensão genética, idade média
das operárias, temperatura ambiente. Um estudo de Whitcomb, 1946, com
4 colônias durante 70 dias, obteve relações da ordem de 104:1 (104 kg de
mel consumidos para 1 kg de cera produzido) até 3:1, sendo que a média
geral convergiu para 8,4:1, um valor que é freqüentemente citado na
literatura.

1.64 Que abelha devo criar, européia ou africanizada?


Essa pergunta é nitroglicerina na apicultura brasileira. Desconheço algum
estudo formal que tenha comparado o desempenho das duas raças no
Brasil, mas os relatos informais de apicultores que tentaram trabalhar com
européias (inclusive eu) sistematicamente indicam produtividade e
agressividade significativamente menores do que as das africanizadas.

No entanto, ainda pairam dúvidas sobre a qualidade das européias testadas


por aqui, grande parte delas proveniente de um mesmo fornecedor
brasileiro. O sucesso das européias em outros países, inclusive de clima
mais quente, como a Austrália, entusiasma muitos criadores, embora muito
mais no plano teórico do que no prático.

Por enquanto, a criação de africanizadas parece ser quase um consenso


nacional, apesar de algumas vozes contrárias. O argumento decisivo é a
rusticidade muito maior das africanizadas, que podem ser criadas sem
nenhum medicamento, o que não ocorre com as européias, em quase todo
o resto do mundo.

Uma lista parcial das vantagens e argumentos favoráveis a umas e outras


encontra-se a seguir:

Pró Africanizadas:
 Estudos já confirmaram que a africanizada é uma abelha mais rústica,
menos sujeitas a doenças. Por exemplo, a podridão de cria americana,
que atinge colméias européias argentinas, nunca chegou aqui.
 Talvez pelo mesmo motivo, o comportamento higiênico mais apurado,
parasitas como a varroa, que infernizam as européias, não costumam
causar maiores prejuízos às africanizadas. É verdade que o clima quente
da maior parte do Brasil é desfavorável à varroa, mas alguns estudos já
determinaram a superioridade das africanizadas em condições idênticas.
 Por essa razão, é possível manter-se um apiário de africanizadas mais
natural, sem o uso de medicações, o que é uma grande vantagem. Pelo
que se sabe de outros países, essa é uma situação bastante incomum
em colméias européias, que normalmente dependem de antibióticos e
acaricidas para se manter produtivas.
 A maior agressividade das africanas é às vezes uma aliada do apicultor,
pois dificulta o roubo das colméias.
 Diversos relatos informais de apicultores brasileiros dão conta que a
produtividade das africanizadas é, quase sempre, muito maior do que a
das européias.

Pró Européias:
 São muito menos agressivas. Demoram mais a iniciar um ataque,
atacam com menos abelhas, perseguem a vítima por uma distância
muito menor e recompõem-se em um tempo muito menor do que as
africanizadas.
 Têm menor propensão a enxamear.
 Têm menor propensão a abandonar o ninho.
 Pilham menos.
 Quando um quadro é manipulado, comportam-se mais calmamente, sem
correrias frenéticas de um lado para outro. Isso facilita muito o manejo
em geral e a localização da rainha, especificamente.
 São maiores e carregam cargas maiores - precisam de menos viagens
para colher a mesma quantidade de néctar, por exemplo.
 Vivem mais.
 Muitos países que usam apenas européias têm produtividades médias
que chegam a três ou quatro vezes a do Brasil.

2. A Colméia
2.1 O que é uma colméia?
É a casa das abelhas. Por extensão, a palavra também é usada para fazer
referência às abelhas que a habitam.

2.2 Como é uma colméia?


A colméia dita racional é uma caixa, ou um conjunto de caixas empilháveis,
dispostas sobre um fundo (ou chão) e cobertas por uma tampa (ou teto).
Geralmente, é feita de madeira. Dentro das caixas, ficam os quadros (ou
caixilhos), que são estruturas retangulares, como molduras, destinadas a
conter os favos feitos pelas abelhas.

Esse é o modelo moderno básico, mas inúmeros outros são possíveis. No


passado, as colméias eram cestos de palha emborcados. Caixas comuns,
sem quadros, também foram usados por décadas.

2.3 De que outros materiais podem ser feitas as colméias?


Há muitos anos existe no mercado internacional colméias feitas de material
sintético, como o poliuretano. Embora ocasionalmente alguém se manifeste
favoravelmente a elas, o mais comum é ouvir-se queixas e suspeitas. Seja
como for, elas parecem estar no mercado há tempo demais para ainda não
terem emplacado, já que o peso leve é um grande atrativo para os
apicultores. Talvez com a adoção de melhores tecnologias e materiais, a
colméia sintética acabe se tornando uma boa alternativa.

Mais raramente, ouve-se falar em outros materiais, como isopor ou


concreto, mas nenhum deles com resultados importantes.

Na apicultura orgânica, somente caixas de madeira são permitidas.

2.4 Qual é o melhor tipo de colméia?


É difícil dizer. Hoje em dia, a apicultura mundial inclina-se para o modelo
Langstroth (ou americana), talvez nem tanto pela sua funcionalidade, e
mais pela sua popularidade. É um caso em que usar o mesmo modelo que
todo mundo é melhor porque todos os insumos, equipamentos e acessórios
disponíveis já estão padronizados e são, portanto, muito mais baratos e
facilmente encontrados. Quando não mencionado, esse texto sempre fará
referência a colméias Langstroth.

Várias alternativas ao modelo Langstroth já existiam ou foram


desenvolvidas depois que ela apareceu no Brasil. As mais importantes são a
Schenk, a Curtinaz e a Schirmer. Algumas foram projetadas para usarem as
bitolas de madeira padrão no país. Outras foram adequadas para climas
mais frios ou mais quentes. Outras são reversíveis, para que a disposição
dos quadros em relação ao alvado possa mudar de acordo com a
temperatura. Outras tiveram os seus quadros desenhados para facilitar a
desoperculação. Outras previram a unificação das dimensões, com caixas e
sobrecaixas idênticas. Quase todas têm uma ou mais vantagens em relação
à Langstroth, mas nenhuma delas foi capaz de superá-la a ponto de tornar-
se um novo padrão de fato. Portanto, se você estiver iniciando na
apicultura, compre caixas Langstroth.

2.5 O que são ninhos e melgueiras?


Ninhos (ou caixas, ou câmaras de criação) contêm os quadros que serão
usados para a postura de ovos e desenvolvimento das crias. Geralmente
são mais altas e formam o primeiro ou os primeiros andares, se a colméia
for vista como um edifício.

Melgueiras (ou sobrecaixas) são destinadas apenas à produção de mel,


para que os seus quadros não contenham também crias e pólen.
Geralmente são mais baixas que os ninhos e formam os andares mais altos
do "prédio". Alguns apicultores preferem usar apenas ninhos nas colméias,
inclusive fazendo o papel de melgueiras (os sobreninhos).

Ocasionalmente, usa-se a palavra caixa para fazer referência a um ninho ou


a uma melgueira, indistintamente. A mesma palavra pode ser empregada
no sentido de colméia - "tenho dez caixas de abelhas".

2.6 O que é melhor, melgueiras ou sobreninhos?


Sobreninhos são melhores porque permitem uma padronização de quadros
- com ninhos e melgueiras, o apicultor precisa manter estoques de dois
tamanhos de quadros e de lâminas de cera alveolada. Com sobreninhos, a
tela excluidora torna-se totalmente dispensável, porque qualquer quadro
com postura pode ser remanejado para o ninho.

Por outro lado, sobreninhos carregados de mel são pesados demais, e


praticamente inviabilizam o manejo por uma só pessoa. Os favos de ninho
também precisam ser centrifugados com muito mais cuidado, para não se
partirem. Além disso, floradas não muito intensas ou enxames não muito
fortes, que poderiam encher uma melgueira, talvez não sejam suficientes
para encher um sobreninho, dificultando a colheita.

2.7 Não há uma alternativa intermediária?


Sim. Alguns apicultores usam e recomendam um tamanho intermediário de
caixa, a ser usado como ninho (2 unidades) e melgueiras. O ninho padrão
tem 24,4 cm de altura, a melgueira padrão tem 14,4 cm e essa caixa
intermediária tem 16,8 cm. Por simplificação, essas alturas são
eventualmente referidas como 24, 14 e 17 cm, respectivamente.Outros
tamanhos também são ocasionalmente testados e recomendados por
alguns apicultores.

2.8 Quanto pesam uma melgueira e um sobreninho?


Em colméias Langstroth, uma melgueira com dez quadros cheios de mel
operculado contém cerca de 11 a 12 kg de mel. Um sobreninho nas
mesmas condições contém cerca de 20 a 22 kg de mel. A caixa
intermediária contém aproximadamente 13 a 15 kg de mel.

O peso das caixas varia com o tipo de madeira empregada. Uma melgueira
de cedrinho, com dez quadros aramados e lâminas de cera alveolada pesa
em torno de 5 kg. Um ninho nas mesmas condições, pesa cerca de 8 kg.

Quando são usados menos quadros na melgueira ou no sobreninho (8 ou


9), o peso do mel é um pouco maior.

2.9 Afinal, quantos quadros devem ser usados, 8, 9 ou 10?


Dez quadros é a capacidade normal, tanto das melgueiras quanto dos
ninhos, e os espaçadores Hoffmann dos quadros são projetados para
manter a distância de 35 mm entre os centros de dois favos contíguos. Em
melgueiras e sobreninhos, porém, muitos apicultores removem um ou dois
quadros, para que os favos de mel fiquem mais largos ("gordos"). Isso
facilita muito a desoperculação com faca, economiza quadros e promove
um melhor aproveitamento da caixa, já que um ou dois espaços vazios
entre os favos são substituídos por mel. A remoção de quadros, porém, não
pode ser feita a qualquer momento (veja item 8.14 Como colocar
melgueiras com 8 ou 9 quadros?).

Em relação ao ninho, não há vantagem para as abelhas em usar-se menos


de 10 quadros, porque elas não teriam o que fazer com o espaço
excedente. Os alvéolos de cria têm um comprimento padrão, adequado
para o seu desenvolvimento. No entanto, alguns apicultores recomendam a
manutenção de 9 quadros no ninho para facilitar a retirada e reposição dos
quadros durante o manejo.
É bom frisar que o transporte de caixas com menos de 10 quadros pode
acarretar muitas quebras e esmagamentos de favos e abelhas, pelas
colisões ocorridas em razão dos movimentos pendulares dos quadros.

2.10 O que são espaçadores Hoffmann?


São laterais de quadros mais largas na parte superior do que na inferior. O
seu formato diminui a área propolisada entre dois quadros contíguos,
facilitando a remoção do quadro. Ao mesmo tempo, o estreitamento curto e
arredondado dos espaçadores facilita a inserção do quadro entre os demais.

2.11 Como as abelhas sabem onde devem colocar cada produto?


Não sabem. O apicultor apenas aproveita a sua tendência de organizar a
colméia em camadas: primeiro crias, depois pólen, depois mel. Assim, se a
primeira caixa (a mais de baixo) estiver bem, com favos em boas condições
e com espaço sobrando, é muito provável que a rainha use esta área para
pôr seus ovos.

Eventualmente, por falta de espaço ou de condições melhores, a rainha


pode subir e fazer a postura numa melgueira. Para evitar isso, os
apicultores às vezes usam telas excluidoras.

2.12 O que é uma tela excluidora?


É uma tela larga o suficiente para deixar uma operária passar, mas não
uma rainha, nem os zangões. Com a tela posta entre o ninho e as
melgueiras, pode-se ter segurança de que não haverá quadros de cria nas
melgueiras.

2.13 Por que alguns apicultores não usam a tela excluidora?


Uma razão é porque a tela é um equipamento a mais para o apicultor
manipular. Os manejos às vezes são demorados, e quanto mais peças o
apicultor tiver de manipular, pior. Também, porque às vezes a tela parece
funcionar como uma barreira para as operárias. Elas conseguem passar,
mas simplesmente se negam a construir favos e depositar mel acima da
tela, especialmente quando o fluxo de néctar não é dos mais fortes.

Quando colocada depois que algum mel ter sido armazenado na melgueira,
zangões podem ficar presos ali e até entalarem na tela e morrerem.

2.14 Por que as abelhas constroem seus favos exatamente dentro


dos quadros?
Somente porque são induzidas a isso. No centro de cada quadro, o apicultor
coloca uma lâmina de cera alveolada, que funciona como um início do favo.
As abelhas só continuam o que já receberam começado. Quando não são
induzidas, ou quando sobra algum espaço relativamente grande numa
caixa, as abelhas constroem favos fora dos quadros. Quando o apicultor
esquece quadros sem cera alveolada, elas constroem favos atravessados,
cada um passando por dentro de vários quadros. Neste caso, arrumar a
colméia pode dar um trabalho enorme.
2.15 Por que as abelhas preenchem alguns espaços com cera e
outros com própolis?
Essa foi talvez a maior descoberta da apicultura moderna, que possibilitou o
desenvolvimento das colméias racionais. Não há uma razão conhecida, mas
segundo as observações de Lorenzo Lorraine Langstroth, em 1851, as
abelhas não fecham espaços maiores de 6,4 mm com própolis, nem
constroem favos em espaços menores que 9,5 mm. Isso permitiu definir o
espaço-abelha.

2.16 O que é o espaço-abelha?


É exatamente o intervalo de 6,4 a 9,5 mm que as abelhas sempre deixam
livre. Conhecendo essas medidas, foi possível projetar a colméia racional,
de quadros móveis, com a certeza de que as abelhas construiriam favos
apenas nesses quadros, se corretamente induzidas, e não iriam colá-los
entre si e nem às paredes das caixas. Essa é a dimensão mais conhecida na
apicultura, mas há outras também importantes.

2.17 Quais são os outros espaços importantes?


Uma lista parcial, em milímetros, para abelhas européias, é a seguinte
[CUS01]:

Espaço (mm) Efeito


0a4 Insuficiente para passagem, geralmente é propolisado
4,3 Impede a passagem de zangão e rainha
5 Adequado para grades de coleta de pólen
5,2 a 5,4 Impede a passagem de zangão (não de rainha)
6 Mínimo espaço deixado entre dois favos contíguos de mel
9 Espaço usual entre dois favos contíguos de cria

2.18 O que é cera alveolada?


É cera derretida e estampada com hexágonos com a dimensão média dos
alvéolos. As lâminas produzidas assim são cortadas no formato dos quadros
e vendidas aos apicultores. Esta cera é fornecida às abelhas em
substituição a favos velhos ou inutilizados.

2.19 Como a cera alveolada é fixada nos quadros?


Os quadros possuem fios de arame ou nylon atravessados, geralmente no
sentido horizontal. A lâmina é soldada neles com ajuda de um pouco de
cera derretida ou, no caso de arames, pelo seu aquecimento por uma
corrente elétrica. Arames também podem ser incrustados com ajuda de
uma carretilha.

Um cuidado muito importante ao soldar a lâmina é com o alinhamento dos


alvéolos. Eles devem ficar com dois vértices opostos dos hexágonos
perfeitamente alinhados na vertical. Isso pode não acontecer se a lâmina
estiver mal cortada, no sentido atravessado (dois lados opostos alinhados
com a horizontal) ou simplesmente cortada torta. Se isso ocorrer, a lâmina
poderá ser integralmente rejeitada pelas abelhas.
2.20 É melhor soldar a lâmina encostada na barra superior?
O melhor, na verdade, é usar lâminas que aproveitem ao máximo o espaço
disponível no quadro. Isso poupará as abelhas de produzirem cera,
permitindo-lhes uma produção maior de mel. Mas quando a lâmina de cera
é menor (em altura) do que o espaço disponível no quadro, há duas
indicações de soldagem.

Quando o quadro for destinado à postura, é preferível soldar a lâmina


encostada na barra superior. O espaço que sobrará entre a lâmina e a barra
inferior normalmente não será puxado com alvéolos e, como vantagem,
facilitará a movimentação da rainha e das operárias.

Quando o quadro se destina à armazenagem de mel, o ideal é soldar a


lâmina encostada à barra inferior. Nessa situação, as abelhas puxam o favo
e estendem-no até a barra superior, promovendo um aproveitamento
integral do espaço e uma solidez muito maior do favo. Isso se reflete num
armazenamento maior de mel por quadro, otimizando a função da
melgueira. Além disso, e talvez mais importante, a resistência muito maior
do favo, quando soldado em cima e embaixo, permite uma colheita e uma
centrifugação muito menos sujeitas a quebras e despedaçamentos. E isso é
especialmente importante quando se usam oito ou nove quadros na
melgueira, pois eles se tornam ainda mais pesados do que o normal.

2.21 Como se solda cera com corrente elétrica?


Primeiro, os quadros devem ser aramados. O ideal é quatro fios em quadro
de ninho e três em quadro de melgueira. O arame deve ser ancorado no
início, passado pelos furos e ancorado novamente no fim, sem cruzamentos
e amarrações intermediárias. Ele deve ficar bem esticado, mas não em
excesso, caso contrário, poderá causar deformações nas laterais do quadro.

Para arames galvanizados, use uma fonte de tensão entre 12 e 18 volts.


Para arame inox, use uma fonte entre 24 e 30 volts. Coloque a lâmina
sobre os arames (um peso em cima da lâmina, como um pedaço de tábua,
ajuda bastante). Ligue cada pólo da fonte a uma extremidade do arame e
observe a incrustação ocorrer até a metade, mais ou menos, depois
desligue os pólos.

2.22 Que fonte é essa?


Uma fonte de 12V possível é a bateria do automóvel, mas não é
recomendável. Usando-a, você pode causar curtos-circuitos que danifiquem
a bateria ou outro sistema elétrico do seu automóvel, além de descarregá-
la, naturalmente.

Se você tem experiência com ligações elétricas, o melhor é fazer o seu


próprio incrustador, adquirindo um transformador de tensão numa loja de
artigos eletrônicos. Forneça essa especificação:

Para arames galvanizados:


Tensão de entrada: 127 ou 220 volts (escolha a que corresponde à sua
rede)
Tensão de saída: 12 volts
Corrente de saída: 8 a 10 ampères
Para arames inox:
Tensão de entrada: 127 ou 220 volts (escolha a que corresponde à sua
rede)
Tensão de saída: 24 a 30 volts
Corrente de saída: 8 a 10 ampères

Para qualquer tipo de arame:


Tensão de entrada: 127 V ou 220 V (escolha a que corresponde à sua
rede)
Tensão de saída: 24 a 30 volts
Corrente de saída: 8 a 10 ampères
Em série com a entrada, ligue um dimmer para lâmpadas
incandescentes. Ao fazer a primeira incrustação, ajuste o dimmer para
que a incrustação seja rápida, mas sem provocar muito centelhamento.

2.23 Que arame é melhor?


Eu prefiro arame inox. Ele é mecanicamente mais resistente, e podem-se
usar fios mais finos, que atrapalham menos a postura da rainha. É muito
mais resistente à oxidação, e tem vida útil maior. Pela sua rigidez, é mais
difícil de ser manipulado, e precisa estar num carretel para não virar uma
maçaroca. Precisa de uma tensão elétrica mais alta para incrustação, por
apresentar uma resistência elétrica maior. É mais caro, mas rende muito. O
fio de 0,3 mm de diâmetro tem cerca de 1.800 metros por quilo, e
apresenta uma resistência mecânica maior que a do arame galvanizado nº
22 (diâmetro de 0,7 mm), que ainda é muito usado.

O arame inox deve ser o do tipo rígido, usado para a confecção de molas.
Há um fio mole, mais fácil de trabalhar, mas com uma resistência mecânica
muito menor.

2.24 O arame não encrava na madeira dos quadros?


Sim, e isso acarreta uma diminuição da tensão de esticamento do arame ao
longo do tempo. Para evitar esse problema, ponha ilhoses em todos os
buracos dos quadros. No caso do fio de inox, mais fino, esse procedimento
é absolutamente indispensável.

2.25 Quadros plásticos não são preferíveis?


Os quadros plásticos, em poliestireno, compõem-se de uma moldura,
idêntica aos de madeira, e mais uma superfície alveolada, como se fosse
uma lâmina de cera. Assim, estes quadros não precisam de aramação nem
da incrustação de cera. Quando a parte alveolada é banhada com cera, a
aceitação das abelhas é normal, mas o quadro dificilmente é aproveitado
por elas quando o banho de cera não é feito.

Isso sugere dificuldades na reutilização dos quadros, e esta é de fato a


principal reclamação dos usuários. É possível que para quadros de
melgueira, que devem ser preservados tanto quanto possível, essa idéia dê
bom resultado. Mas, como no caso das caixas de poliuretano, os quadros de
poliestireno estão no mercado há tempo demais para ainda não terem se
tornado uma alternativa bem conhecida.
Na apicultura orgânica, esses quadros são proibidos.

2.26 Do que são feitos os favos?


Exclusivamente da cera secretada pelas operárias.

2.27 Como os favos são produzidos?


As abelhas que secretam cera fazem uma espécie de "cortina", umas presas
às outras pelas patas. Cada uma delas produz flocos de cera, que depois
são mascados e amolecidos com um pouco de saliva. Em seguida, são
colados e moldados na estrutura de cera que está sendo construída. No
caso do favo, a estrutura é um agrupamento de alvéolos, ou células, cuja
seção transversal é um hexágono. Esses alvéolos são dispostos lado a lado,
de forma que cada parede é compartilhada por duas células (exceto as
paredes mais externas, é claro). Eles também são dispostos fundo-contra-
fundo, desencontrados, de maneira que cada favo possui duas camadas de
alvéolos, cada camada voltada para um lado.

2.28 Por que o alvéolo é hexagonal?


Essa forma otimiza a construção, pois atende da melhor forma possível o
compromisso entre economia de cera e trabalho versus a resistência
mecânica final do conjunto. Naturalmente, esta não é uma decisão racional
das abelhas; uma hipótese é que a seção hexagonal seja apenas o
resultado final da tentativa de formar vários alvéolos contíguos de seção
circular – uma forma muito mais comum na natureza.

2.29 Qual é o tamanho do alvéolo?


As européias constroem 857 alvéolos de operária em 100 cm²
(considerando-se as duas faces). A A.m.scutellata, menor, constrói 1000
alvéolos no mesmo espaço. Quando é fornecida cera alveolada às
africanizadas no padrão europeu, elas mantêm as dimensões originais da
lâmina. Alvéolos de zangão são maiores e perfazem cerca de 520 por 100
cm². Alvéolos usados para cria de operárias e armazenagem de pólen
geralmente têm as mesmas dimensões. O armazenamento de mel pode ser
feito em alvéolos de operária ou de zangão.

2.30 Quantos alvéolos há num favo?


Depende da área útil do quadro (as medidas mais rigorosas são as
externas), mas pode-se estimar, arredondando, para 7.000 alvéolos de
operária por quadro de ninho (3.500 por face), e 4.000 alvéolos por quadro
de melgueira (2.000 por face).

No caso de favo de zangão, um quadro de ninho possui cerca de 4.200


alvéolos (2.100 por face), e, um quadro de melgueira, 2.400 (1.200 por
face).

2.31 Existe cera alveolada para zangões? [4]


É pouco comum aqui no Brasil, mas existe sim. Ela é usada principalmente
por criadores de rainhas, que precisam produzir bons zangões também.
Além disso, o uso favo de zangão na melgueira é usado por alguns
apicultores de outros países. A razão principal é que a extração de mel é
muito acelerada pelo diâmetro maior dos alvéolos, o que facilita bastante o
escoamento durante a centrifugação.

2.32 Que cor tem o favo?


Favos recém construídos são brancos, mas vão ficando amarelados
rapidamente. Os favos de ninho escurecem muito mais que os de
melgueira, pois cada cria deixa resíduos do seu casulo e dejetos orgânicos
que as outras operárias não conseguem eliminar inteiramente. Um favo de
ninho antigo chega a ser quase negro.

2.33 Por que o mel não escorre do favo?


A construção do favo é orientada pela gravidade, e ele é perfeitamente
vertical. Os alvéolos, porém, não são puxados a 90º. Eles são feitos com
uma inclinação ascendente de 9 a 14º em relação à horizontal. Isso evita
que o néctar/mel escorra logo que começa a ser armazenado no alvéolo, e
também impede que as larvas caiam da célula acidentalmente. Quando o
volume de néctar/mel armazenado atinge a borda do alvéolo, as abelhas
iniciam a sua operculação (fechamento), de forma a impedir o
escorrimento.

2.34 Como é o fundo da colméia?


É uma superfície, geralmente de madeira, com pequenas paredes nas
laterais e atrás, que servem de apoio ao ninho. A frente estende-se alguns
centímetros além do comprimento do ninho, para servir de plataforma de
pouso e decolagem das abelhas. O espaço formado entre a superfície do
fundo e o início da parede frontal do ninho é a entrada da colméia,
chamada de alvado.

2.35 Que tamanho tem o alvado?


O alvado normal tem cerca de 37 cm de largura por 1 ou 2 cm de altura. Na
prática, geralmente é usado um redutor, um pedaço de madeira que
diminui esse espaço um pouco nas estações quentes e bastante nas frias
(nas estações quentes, às vezes não é usado nenhum redutor). Alguns
fundos são reversíveis, o que significa que as paredes laterais têm alturas
diferentes de um lado e de outro. Com isso, o apicultor pode variar a altura
do alvado pela reversão do fundo.

2.36 Como é a tampa da colméia?


É uma superfície, geralmente de madeira, com paredes em duas laterais,
que ajudam no seu encaixe sobre a última caixa da colméia ou sobre a
entretampa.

2.37 O que é uma entretampa?


É um dispositivo comum em outros países, mas muito pouco usado no
Brasil. Trata-se de uma peça que serve para o fechamento superior da
colméia, mas não fica exposta, e sim protegida pela tampa, que nesse
caso, funciona também como um telhado.

Mesmo que as nossas colméias não sejam vendidas com entretampa, eu


não apenas a uso como recomendo. Uma entretampa é um dispositivo
perfeito para promover a ventilação da colméia, evitando que a grande
quantidade de vapor produzida pelo enxame condense nas partes
superiores da colméia e torne o seu ambiente insalubre, especialmente em
regiões muito úmidas ou frias.

Para fazer uma entretampa de ventilação, basta cortar uma placa de


compensado naval de 10-12 mm da mesma dimensão das caixas, e montar
sobre as suas bordas (de um lado só) ela uma espécie de moldura, com
sarrafos de 1 x 2 cm. Essa moldura deve ser interrompida por cerca de 5
cm no centro de uma das laterais, de forma a criar uma janelinha. Posta
sobre a colméia, esta entretampa ficará com a janelinha acima do alvado.
Essa janela, passará a ser guardada pelas abelhas, que, no entanto,
dificilmente a usarão como alvado, talvez pela sua posição superior, que
não é a preferencial para elas. Uma vantagem adicional deste modelo é que
o espaço maior entre o topo dos quadros e o compensado permite a
colocação de alimento protéico pastoso diretamente sobre os quadros de
cria, que é o ideal.

Se alguém não quiser usar os sarrafos, pode fazer uma ventilação mais
simples, e, na minha observação, ainda mais eficiente: fure a placa no
centro com uma serra copo de 40 mm. Depois coloque um parafuso em
cada canto da placa, de forma que as cabeças se sobressaiam uns 4 mm.
Sobre esses parafusos será apoiada a tampa, garantindo espaço para a
ventilação, mas sem possibilidade de correntes de ar diretas.

Outros modelos, derivados destes, podem ser feitos para permitir a


alimentação protéica logo acima do ninho, quando houver melgueiras, ou
com um dispositivo de fechamento opcional do orifício de ventilação, o que
também é muito útil às vezes. Um modelo misto, com janela lateral e furo
superior pode ser usado simultaneamente para ventilação e suporte a
alimentadores do tipo balde (veja capítulo 6. Alimentação).

2.38 Que outros equipamentos podem compor a colméia?


Outros equipamentos importantes, mas de uso temporário, estão listados
abaixo. Em outros capítulos, eles são mais bem explicados.

 Alimentadores, para fornecer alimentos às abelhas


 Tela excluidora de alvado, para impedir a saída da rainha da caixa
(útil em colméias com enxames recém capturados)
 Tela de alvado com escape invertido, que permite a entrada das
abelhas, mas não a sua saída (útil para transportes curtos ou
trabalhos de manutenção do apiário)
 Tábua de escape, para remover abelhas das melgueiras antes da sua
retirada

2.39 Como se protege a colméia contra a intempérie?


De três formas: cobrindo-a com um telhado (ou impermeabilizando a
tampa), protegendo-a com algum tipo de pintura ou revestimento e
colocando-a sobre um suporte para afastá-la do chão.

2.40 Como pode ser feito o telhado da colméia?


Qualquer superfície impermeável, de 60x80 cm ou um pouco maior, pode
dar um ótimo telhado. Um pedaço de telha de fibrocimento dá uma boa
proteção. Alguns apicultores usam tonéis pequenos, cortados ao meio. Uma
alternativa mais cara mas muito bonita e durável é usar placas de
compensado naval cobertas com chapa galvanizada pintada. Em qualquer
caso, quando a colméia estiver exposta a ventos fortes, é recomendável
colocar um peso sobre o telhado.

2.41 Como se pinta uma colméia?


Somente as paredes externas da colméia devem ser pintadas. Cores claras
ajudam a refletir melhor as radiações do sol e manter uma temperatura
mais amena em dias quentes. Duas demãos de tinta esmalte brilhante
sobre selador, aplicados em madeira bem seca, é uma fórmula de excelente
durabilidade (o esmalte brilhante é mais resistente que o opaco). Alguns
apicultores suspeitam que a tinta esmalte e a tinta a óleo podem
contaminar os produtos da colméia com metais pesados, e recomendam
apenas tinta látex, a mesma usada para alvenaria.

Diversos fabricantes de colméias não as pintam, mergulham-nas num


preparado fervente de 70% querosene, 25% parafina, 2,5% cera de
abelhas e 2,5% breu. As caixas devem ficar em local ventilado até que o
cheiro desapareça. A durabilidade é boa, mas o processo é perigoso. Além
disso, as caixas ficam altamente inflamáveis, podendo ser completamente
destruídas por um incêndio de campo que ocorra no apiário.

Quem é certificado como apicultor orgânico não pode usar esses processos
de impermeabilização, e se vale de receitas caseiras, muitas vezes à base
de óleo vegetal, própolis e álcool.

2.42 Onde fica apoiada a colméia? [4]


Diversos tipos de suporte podem ser usados. Com africanizadas, suportes
individuais, ou no máximo duplos, são mais recomendáveis que os
coletivos, pela sua tendência à pilhagem. Cavaletes de quatro pés, fixos ou
móveis, são muito usados. Tijolos, pedras ou o chão facilitam o ataque de
predadores e sujeitam a colméia a quedas por desequilíbrio.

Para suportes fixos, eu prefiro os de pé central, único. Eles podem ser feitos
com restos de cano galvanizado de 100 mm, encontrado em ferros-velhos
ou em secretárias de obras públicas. Com quatro pedaços de cantoneira,
faz-se um H com braço central duplo, e solda-se este braço numa
extremidade do cano, de cerca de 1 m. O fundo da colméia fica apoiado nos
braços laterais do H, bem encaixado entre as laterais das cantoneiras. A
caixa pode ficar a 40-50 cm do solo. Pintado, esse suporte tem duração
ilimitada, evita deslocamentos da colméia por pequenos esbarrões ou
vento, é muito mais fácil de aprumar a caixa e facilita o controle de
predadores, como formigas e tatus.

Uma boa alternativa ao cano galvanizado é o uso de cano de PVC de 100


mm, cheio de concreto. A parte superior pode ser fixada em um parafuso
grande, que é mergulhado numa extremidade do cano enquanto o concreto
ainda está mole. Se for deixado um espaço do cano vazio na parte superior,
ele pode ser enchido com óleo queimado para evitar a subida de formigas.
3. O Apiário
3.1 Com quantas colméias devo iniciar um apiário?
Se você não tem experiência anterior, com zero. Isso mesmo, antes de
adquirir qualquer coisa de apicultura, procure um bom curso. Depois de
fazê-lo, você terá condições muito melhores de avaliar como deverá ser o
seu início na apicultura, ou, se for o caso, até desistir da idéia.

3.2 Como eu acho um bom curso de apicultura?


Uma forma é consultando a associação de apicultores da sua região.

Na minha opinião, um bom curso é aquele que combina teoria e prática de


forma complementar. A teoria deve ser dada em vários dias, pois o assunto
é vasto e impossível de ser minimamente assimilado se ensinado em um ou
dois dias apenas. Da mesma forma, a prática deve ser feita em várias
vezes, para que os alunos possam enfrentar diversas situações diferentes
com a necessária tranqüilidade.

Alternativamente, você pode ler este texto, alguns livros e artigos, algum
curso pela Internet, o que lhe dará uma boa base teórica, e fazer alguns
dias de prática com algum apicultor amigo seu. Mas eu ainda recomendo a
primeira opção, em que a prática é conduzida pelo mesmo instrutor teórico,
o que dá uma maior solidez ao aprendizado.

Além do curso básico tradicional, há outros específicos que podem ser do


seu interesse. Antes de fazê-los, porém, procure acumular um pouco de
experiência e conhecimento, para direcionar melhor seus objetivos.

3.3 Mas, afinal, com quantas colméias geralmente se inicia um


apiário?
Cinco a dez colméias é uma recomendação freqüente na literatura, mas não
leve isso a sério demais. Você pode perfeitamente iniciar com uma única
colméia, aprender bastante com ela, divertir-se e ainda colher seu primeiro
mel. Depois, se desejar, e na medida das suas possibilidades, você pode ir
ampliando o apiário. A vantagem de ter mais de uma colméia é que uma
delas pode salvar a outra em caso de necessidade (unindo-as, por
exemplo).

Como primeiro critério, adote a sua capacidade de manejo. Estime quantas


colméias você pode manter bem, considerando o seu tempo disponível e a
sua disposição. Esqueça o critério, relativamente comum no início, de
aumentar o número de colméias até igualar-se ao seu vizinho ou
impressionar seus amigos - esta é uma receita de fracasso quase garantida.
Não esqueça que você pode ser um excelente apicultor de uma colméia ou
um péssimo apicultor de 200. Na dúvida, opte sempre pela qualidade.

3.4 Onde o apiário deve ser localizado?


Há diversas variáveis envolvidas nessa escolha: segurança, disponibilidade
de flores e de água, presença de outros apiários.
3.5 A que distância de casas um apiário pode estar?
Em relação à segurança, abelhas africanizadas não podem ser mantidas em
áreas densamente populadas. Uma recomendação freqüente é que o apiário
seja mantido a 500 m de residências e criadouros. Trata-se, porém, de uma
tolice. Essa distância define uma área circular completamente desabitada
de quase 80 hectares, algo impossível para a maioria dos apicultores.

Eu crio abelhas africanizadas desde 1987. Num raio de 100 a 200 m há ou


já houve casas, galinheiros e chiqueiros. Em todo esse tempo, nunca houve
caso de pessoa ou animal ferroado em conseqüência das confusões que
aprontei no apiário. É claro que isso não prova nada, mas a minha
observação (e a de muitos outros) é que a proteção mais eficiente não é a
distância, mas barreiras naturais bem fechadas, como mato nativo, um
morro ou um reflorestamento adensado (cuidado, porém, que florestas
plantadas são cortadas periodicamente).

Portanto, ao escolher o local do seu apiário, certifique-se de que há uma


boa barreira natural entre o local e as casas e galpões vizinhos. Com boas
barreiras naturais, uma distância de 100 m pode ser suficiente. De qualquer
forma, se você for iniciante em apicultura, procure ouvir a opinião de um
apicultor experiente antes de definir o local do seu apiário.

3.6 A que distância de flores e água deve ficar o apiário?


Em relação às flores, quanto mais próximo, melhor. Grosso modo,
considere que a flora apícola útil situa-se num raio de até 1.500 metros do
apiário. Não apenas a distância, mas também (e principalmente) a
quantidade de espécies apícolas e a duração, intensidade e período das
floradas são importantes na localização de um apiário fixo. Se você não tem
alternativa, só lhe resta estabelecer o apiário onde é possível e avaliar o
seu desempenho por algumas safras. Deficiências na flora apícola podem
ser compensadas com o plantio de espécies apropriadas à sua região, ao
menos parcialmente.

Em relação à água, também é interessante que ela esteja disponível em


local próximo, de fonte limpa. Às vezes, uma alternativa viável é fazer um
bebedouro para as abelhas, com água encanada pingando sobre um tanque
raso, com areia e brita para as abelhas não se afogarem.

3.7 Que distância entre apiários deve ser respeitada?


Considerando-se a área útil de coleta das abelhas em 1.500 m, três
quilômetros seria uma distância ideal. Infelizmente, este também é um
número completamente irreal para a maior parte dos apicultores. Na
prática, o que importa mesmo é a saturação do local.

Qualquer florada produz uma quantidade de néctar que pode ser total ou
parcialmente colhido pelas abelhas e outros insetos. Se o tempo permite,
mas nem todo o néctar produzido é colhido, a área está insaturada, isto é,
ela ainda admite acréscimo de colméias. Caso contrário, a área está
saturada, e o acréscimo de colméias acarretará a queda de produtividade
das demais. Essa condição não é imediatamente percebida, mas uma queda
de produção contínua por alguns anos pode ter a saturação como causa. A
saturação também pode ocorrer sem acréscimo de colméias, pela remoção
da flora apícola local, por desmatamento ou limpeza de campo.

Se você estiver iniciando, pode ir aumentando suas colméias gradualmente,


até que a produção média fique mais ou menos estável. Se ela entrar em
declínio contínuo, é bom investigar as causas, mas cuidado para não culpar
a saturação muito cedo. O clima, por exemplo, é um fator altamente
determinante da produção. As ocorrência das espécies anuais e o
desempenho apícola das plantas também podem variar enormemente de
um ano para outro.

3.8 Até quantas colméias posso ter num apiário?


De novo, depende da saturação da área. Em alguns lugares, não valerá a
pena ter nenhuma; em outros, talvez seja possível manter cinqüenta
colméias. Em qualquer caso, a capacidade do local é variável, podendo
crescer ou diminuir de acordo com o que é plantado ou cortado nas
imediações.

3.9 E se a produção cair porque o meu vizinho instalou um


apiário?
Essa é uma questão muito delicada. Parece-me claro que seu vizinho tem o
mesmo direito que você de ter um apiário. É como o caso do comerciante
que tem um mercado e vê um concorrente estabelecer-se a meia quadra. A
não ser que haja demanda reprimida, ambos ganharão menos do que
ganhariam se estivessem sós. O direito de ambos é garantido, mas os
resultados podem fazer um deles desistir.

No caso de apiários vizinhos, há dois caminhos possíveis: cooperação ou


competição. Você pode conversar com o seu vizinho e chegar a um acordo
com ele a respeito de quantas colméias cada um pode explorar,
considerando o potencial do local e quanto cada sítio contribui para a flora
apícola. Essa é a solução ideal, mas requer que os vizinhos tenham bom
senso e boa vontade, o que nem sempre acontece.

A alternativa, no caso de uma área saturada, é a competição: tentar fazer o


melhor manejo possível, para obter uma produtividade aceitável.

3.10 A que distância deve ficar uma colméia da outra?


Abelhas africanizadas geralmente são agressivas e pilhadoras, não devendo
ser mantidas muito próximas, para que o manejo de uma colméia não
alarme as vizinhas. Em geral, 5 m é uma distância aceitável, mas há quem
use um distanciamento muito pequeno, da ordem de 1 metro.

3.11 Que outras considerações são necessárias no planejamento


do apiário?
O mais importante é que haja um planejamento completo e cuidadoso
antes que a primeira colméia seja instalada, porque depois tudo será muito
mais difícil.

Por exemplo:
 Verifique se há agricultores que usam pesticidas nas proximidades. Isso
pode ser fatal para suas abelhas ou deixar resíduos no seu mel.
 O apiário deve ter acesso fácil - lembre-se de que haverá colméias a
serem levadas para lá e, espera-se, melgueiras muito pesadas a serem
retiradas.
 O acesso às colméias deve ser sempre por trás, nunca pela frente, pois
isso interrompe a linha de vôo delas e provoca muito mais ataques.
 Um sombreamento leve é muito útil nas estações quentes. Em regiões
que possuem estações frias, árvores que perdem as folhas no inverno
são uma boa opção para arborizar o apiário. Uma boa alternativa,
especialmente nas regiões mais ao Sul, é posicionar as colméias numa
boca de mato voltadas para o Norte. Desta forma, elas receberão uma
incidência direta de sol maior no inverno e menor no verão.
 Locais sujeitos a alagamento são péssimos para as abelhas, pois a
umidade dificulta a evaporação do néctar, e para o apicultor, que deve
manejar as abelhas em meio à lama.
 Terrenos muito íngremes dificultam a movimentação no apiário e
sujeitam o apicultor a quedas que podem ter sérias conseqüências. O
uso de terraços pode ser uma boa solução.
 É preferível que o lado dos ventos mais fortes fique protegido por algum
tipo de quebra-vento, natural, construído ou plantado.
 Lembre-se que você pode querer aumentar o apiário no futuro. É melhor
já pensar numa possível ampliação e preparar toda a área de uma vez.
 Não esqueça de que você precisará de um local para abrigar os
equipamentos, as roupas e as colméias vazias.
 A distância do apiário à sua casa também não pode ser grande demais,
para que o manejo possa ser feito numa freqüência mínima.

3.12 Para que lado devem ficar virados os alvados?


Uma crença comum é de que os alvados devem ser voltados para Leste, de
forma que as abelhas "comecem a trabalhar assim que o sol nasça". Pelo
mesmo raciocínio, essas abelhas devem parar de trabalhar mais cedo, já
que o sol poente estará no lado oposto ao alvado? Um trabalho realizado na
Inglaterra divulgado no plenário Apacame por Breno Freitas, da UFC,
investigou o comportamento de abelhas cujas colméias tinham o alvado
voltado para diferentes posições, e não encontrou nenhuma diferença
significativa.

Um critério bom é posicionar as colméias de forma que o deslocamento do


apicultor e de algum veículo possa se dar sempre pelos fundos das
colméias, nunca próximo às frentes. Se ainda assim houver alternativas
boas de posicionamento, considere a possibilidade de instalá-las em beira
de mato, voltadas para o Norte (veja item 3.11 Que outras
considerações são necessárias no planejamento do apiário?) ou com o
alvado voltado para o lado em que os ventos são menos intensos.

3.13 Como limpar o apiário?


Depois de habitado, a limpeza do apiário é um pouco mais complicada. Tem
de ser feita com o equipamento de proteção, pois a movimentação provoca
muita agitação nas colméias. Uma boa solução é usar as telas de alvado, de
escape invertido. Essas telas permitem a entrada das campeiras, mas não a
sua saída. Assim, o trabalho pode ser feito com mais calma, à custa do
aprisionamento temporário das abelhas.

Alguns usam herbicidas naturais, como o sal. Poucas plantas toleram uma
alta salinidade, e o apiário, ou pelo menos o entorno das colméias, pode ser
mantido limpo assim. Sem uma cobertura vegetal, porém, o solo absorve e
irradia mais calor, aumentando a temperatura no apiário. E as chuvas
podem transformá-lo num lamaçal.

Uma boa ajuda pode ser o plantio de uma cobertura vegetal baixa e
agressiva, como alguns tipos de grama e trevos, de preferência que já
estejam aclimatados à região.

3.14 Posso criar animais perto do apiário?


Depende. Animais encurralados podem ser atacados e mortos se não
puderem fugir.

Gado bovino normalmente pode ser criado, desde que não haja cercas que
impeçam a sua fuga. Nesse caso, é preferível não cercar nem mesmo o
apiário, pois se algum animal conseguir passar a cerca e derrubar alguma
colméia, provavelmente não achará a saída. Com apiário aberto,
geralmente o gado aprende a respeitar as colméias, e raramente se ouve
relatos de acidentes.

Já com gado eqüino, alguns apicultores reportam problemas. Os cavalos


parecem ter uma tendência menor de fugir sob ataque, e maior de se
agitar, escoiceando. Isso é perigoso em caso de acidente.

Animais menores podem ser mantidos à distância com o cercamento do


apiário com tela ou arame.

3.15 Posso fazer as minhas colméias?


A não ser que você seja um marceneiro, é melhor comprá-las, pois a
construção dá muito trabalho, e as dimensões devem ser exatas, para que
outros acessórios possam ser usados com elas. As dimensões estão
disponíveis na Internet e em diversos livros. Mas é preciso tomar cuidado
com as medidas: em [WIE87], por exemplo, algumas medidas não são as
oficiais.

3.16 Quanto custa uma colméia?


Uma colméia completa, com fundo, ninho, duas melgueiras, quadros
aramados e tampa custa aproximadamente o mesmo que 10 kg de mel (no
varejo). Um ninho com quadros custa por volta de 4 kg de mel, e uma
melgueira, uns 3 kg de mel.

3.17 Quantas melgueiras por colméia devo comprar?


Depende da produtividade possível na sua região, na melhor florada. O
melhor é informar-se com os vizinhos. O mínimo absoluto, me parece, são
duas melgueiras para cada colméia, pois é possível que você precise de um
ninho e uma melgueira para a postura da rainha (veja item 7.14). Se você
adotar um manejo intensivo para produção de mel, com troca freqüente de
rainhas e alimentação artificial na entressafra, e tiver uma boa flora apícola
na região, pode pensar em 3 a 5 melgueiras por colméia. Na dúvida,
compre duas melgueiras por colméia e avalie os primeiros resultados.

3.18 Preciso comprar colméias de reserva?


Sim, isso é muito importante. Inicialmente, tenha pelo menos uma ou duas
colméias completas de reserva. Com o tempo você vai ajustando essa
quantidade.

3.19 Como povoar o apiário?


Há diversas formas de se obter enxames para povoar o apiário. A primeira
é comprar enxames em uma loja ou de outro apicultor. Um enxame custa
cerca de 8 kg de mel.

Outra forma é capturar enxames com caixas-isca. Esse é o método mais


barato e menos trabalhoso, mas não é muito garantido.

Outra maneira é capturar enxames alojados na natureza ou em locais


indevidos. Eles podem ser encontrados em ocos, cupinzeiros velhos, vãos
de paredes duplas, caixas, barris, qualquer lugar. Esta, freqüentemente, é a
maneira mais penosa e a que exige maior experiência. Por outro lado, pode
ser também uma atividade rentável, pois há apicultores que cobram pelas
remoções - além de ficarem com o enxame.

Quando se deseja ampliar um apiário já povoado, pode-se também recorrer


à divisão de enxames.

3.20 Como é uma caixa-isca?


Um estudo do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (USP) desenvolveu um padrão de caixa-isca que parece ser
consenso hoje no Brasil, às vezes com pequenas variações [SOA97].
Primeiro, ela deve ser de papelão (a caixa que contém caixas de sabão em
pó é boa e facilmente obtida em supermercados). Dentro, deve haver uns
cinco quadros de ninho, aramados normalmente, cada um com 1/3 de
lâmina de cera alveolada. As paredes internas devem ser "pintadas" com
uma substância atrativa, o capim-cidró/cidreira (Cymbopogon citratus),
macerado e misturado com vaselina. Um "alvado" de 10 cm² deve ser
aberto na caixa.

Para aumentar a sua durabilidade, a caixa pode ser pintada de branco ou


amarelo ou envolvida num plástico. Nesse caso, um saco de lixo de cor
clara (de 50 l) e fita adesiva são suficientes (não esqueça de cortar o saco
no local do alvado). A caixa deve ficar a 2 m de altura do solo, em boca de
mato.

Algumas variações parecem funcionar igualmente bem. A tira de cera pode


ser estreita - uma lâmina de melgueira fornece 5 tiras, o suficiente para
uma caixa-isca. Folhas de capim-cidró podem ser esfregadas na caixa, ao
invés de misturadas a vaselina. Alguns apicultores recomendam borrifar a
caixa internamente a cada 15 dias com uma mistura de capim-cidró,
própolis (pode ser a borra) e álcool comum. A caixa pode ficar mais baixa,
a 1,5 m, por exemplo, para facilitar o manuseio.
3.21 Não é melhor usar colméias vazias para atrair enxames?
Segundo o estudo mencionado acima, não. A caixa de papelão é dez a
quinze vezes mais atrativa do que as de madeira.

3.22 Por que usar o Cymbopogon citratus?


Porque ele possui um odor semelhante ao feromônio produzido pela
glândula de Nasanov, que as abelhas utilizam para chamar as demais.

3.23 Quando colocar e tirar as caixas-isca?


Os períodos de enxameação coincidem com os de safra. Por isso, colocam-
se as caixas-isca no início da safra, deixando-as até o final. Em outras
épocas, sempre é possível capturar algum enxame, especialmente os que
abandonam suas colméias, mas a probabilidade é muito menor. Por via das
dúvidas, podem-se deixar algumas iscas no campo.

3.24 Quando o enxame pode ser transferido para a colméia


definitiva?
Cerca de uma semana após a captura, já deve haver favos com cria. Nesse
momento, cai o risco de o enxame abandonar a caixa após uma
manipulação, e a transferência para a colméia definitiva pode ser feita. No
entanto, eventualmente, pode-se manter o enxame na caixa-isca até a sua
transferência para o local definitivo (apiário).

A limitação mais importante para a manutenção do enxame capturado na


caixa-isca é o calor. Por se tratar de um material termicamente isolante, o
papelão pode provocar um aumento intolerável de temperatura no interior
da caixa, especialmente se ela estiver exposta ao sol da tarde. Nesse caso,
7-10 dias é, provavelmente, o máximo que um enxame agüentará ali.

Outro problema é a deterioração da caixa de papelão, que poderá acontecer


rapidamente após a entrada do enxame. A causa é que, com um alvado
pequeno e embalada num saco plástico, a ventilação da caixa torna-se
muito deficiente, e a grande quantidade de vapor gerado pelo enxame
acaba condensando-se nas paredes e encharcando o papelão.

Para evitar ou amenizar esses problemas, pode-se abrir uma fresta na


parte superior de uma lateral da caixa, sobre o alvado ou na lateral oposta.
Isso melhorará a ventilação e garantirá mais conforto ao enxame e uma
vida útil maior à caixa-isca.

3.25 Quando a nova caixa pode ser transferida para o apiário?


Se o apiário estiver a mais de 3 km, basta esperar até que o enxame esteja
bem ambientado, com as campeiras trabalhando bastante. Também é
importante que o enxame esteja bem alojado, com bons favos de cria e
quadros bem seguros, para que o transporte não os danifique.

Se o apiário estiver próximo, há três possibilidades. A primeira é na noite


seguinte ao dia de captura. Essa é a melhor opção, mas só pode ser feita se
a distância permitir um transporte manual e extremamente cuidadoso, que
não perturbe o enxame, pois ele estará em forma de cortina, construindo
os favos. Como as campeiras mal começaram a tarefa de coleta, elas ainda
não se habituaram ao novo local, e a perda no dia seguinte, por retorno ao
local da captura, será mínima.

A segunda possibilidade é mover a caixa para um local distante mais de 3


km, deixá-lo por lá duas semanas e depois transferi-lo para o apiário (há
quem afirme que apenas 3 dias no local provisório são suficientes, mas eu
nunca cheguei a confirmar isso). Para isso, a colméia deve estar em boas
condições para resistir ao transporte.

Uma terceira possibilidade é a movimentação direta do local de captura


para o apiário próximo por volta do 30º dia de captura. Nesta época,
grande parte das campeiras originais já morreram ou estão próximas do
fim, enquanto que a primeira geração de abelhas novas está quase pronta
para iniciar as tarefas de coleta. Assim uma transferência para um local
próximo causa uma perda relativamente pequena de campeiras por retorno
ao local de origem, e ainda assim de campeiras velhas.

3.26 Como capturar enxames alojados?


Esse é um tópico avançado, que requer experiência no trato com as abelhas
e, muitas vezes, outras habilidades. O processo, basicamente, consiste em
remover os favos do local e transferi-los para um ninho. Cada favo deve ser
colocado no centro de um quadro sem arame, e fixado com elásticos de
prender dinheiro ou barbantes. É importante que a orientação vertical dos
favos seja preservada, ou todo o trabalho será perdido. Depois disso, as
abelhas e, especialmente a rainha, devem ser transferidas para a nova
caixa, com ajuda de uma concha ou caneca. Enquanto a rainha não for
transferida, as abelhas não permanecerão na nova casa. Ao contrário,
quando a rainha estiver lá, as abelhas restantes entrarão por conta própria.

Por fim, a nova colméia pode permanecer no local por algum tempo até que
todas as abelhas tenham se recolhido a ela. Às vezes, isso requer o
fechamento das entradas originais. Alguns apicultores colocam ainda uma
tela excluidora de alvado (ou uma tela excluidor normal, entre o ninho e o
fundo), para que a rainha não consiga fugir num primeiro momento.
Posteriormente, a caixa deve ser movida para o local definitivo, e os favos
capturados devem ser gradualmente substituídos por cera alveolada.

Há uma alternativa interessante, que não pode ser usada sempre, e de cujo
resultado não tenho confirmação. Consiste em instalar uma colméia ou um
núcleo nas proximidades do enxame alojado e forçar a passagem das
abelhas pela colméia, com a ajuda de um tubo. Naturalmente, todas as
frestas da colméia original deverão ser bem vedadas. Eventualmente, o
enxame pode adotar o novo espaço e abandonar o antigo.

3.27 Como manter informações sobre o apiário? [3]


O registro de informações sobre o apiário e as colméias pode ser muito útil
ao apicultor, especialmente ao iniciante e ao grande apicultor. Para poucas
colméias, um caderno pode ser suficiente. Para quem quiser manter dados
mais organizados e em maior quantidade, algumas planilhas eletrônicas
servirão perfeitamente. Quem preferir uma interface mais simples e um
conjunto de funções já bem definidas pode optar por um programa de
apicultura. Há vários deles disponíveis na Internet, em diversas línguas.
Alguns possuem versões para demonstração e até versões gratuitas
completas para poucas colméias. Um programa nacional, premiado no XV
Congresso Brasileiro de Apicultura, pode ser encontrado em
http://www.apissoft.com.br.

4. Proteção
4.1 Como se proteger durante o manejo?
O apicultor protege-se principalmente de duas formas: com o uso de
vestimenta adequada e o emprego de fumaça.

4.2 Como deve ser a vestimenta do apicultor?


Botas, jaleco e calças ou macacão, luvas e máscara. O ideal é que sejam
usadas apenas cores claras, de preferência o branco, pois elas estimulam
menos a agressividade das abelhas.

As botas devem ser de borracha branca, melhor se tiverem o cano firme e


estreito, que proteja até o meio da panturrilha, aproximadamente.

O macacão, ou o conjunto de jaleco e calça, pode ser feito de algodão


(brim) ou de tecidos sintéticos, como nylon ou albene. Há inúmeros
modelos, alguns ventilados, alguns com máscara integrada, alguns com
mais de uma camada. Ao fazer um curso de apicultura, você provavelmente
será apresentado a vários modelos e poderá escolher o que lhe parecer
melhor. Mas como primeira escolha, eu recomendaria um macacão de brim
branco, bem simples. É o que eu uso até hoje, e garanto que você não
jogará dinheiro fora. Ele deve ser bem folgado, pelo menos dois números
acima do seu, para evitar que fique muito esticado sobre a pele e facilite a
vida das abelhas agressoras. Por baixo do macacão, é bom usar sempre
uma camiseta de algodão e uma bermuda, para que o macacão, quando
molhado de suor, não fique colado ao corpo. Para mexer em enxames
muito agressivos, a roupa de baixo pode ser reforçada.

A máscara deve ter uma área de visão ampla, protegida por uma tela preta
(para evitar ofuscamento). De preferência, essa tela deve contornar toda a
cabeça, para permitir uma ventilação melhor. Eu uso máscaras
independentes do macacão. O modelo tradicional, feito com chapéu de
palha e tela metálica, é confortável, seguro, fresco e durável, e você pode
apostar nele sem medo. Para iniciantes, porém, o modelo de máscara
integrada ao macacão pode ser preferível, pois dá uma sensação de
segurança maior.

As luvas podem ser feitas de borracha, courvin ou couro (vaqueta). Eu


gosto das luvas de couro, que dão proteção máxima em qualquer situação,
e são muito resistentes.

Essas são as minhas preferências, certamente diferentes das de outros


apicultores. Só depois de adquirir alguma experiência, você poderá definir
bem qual é o seu conjunto ideal.
4.3 Como vestir todo esse equipamento?
Simples: as peças das extremidades devem recobrir o macacão. A máscara
(quando separada) recobre a gola, as luvas recobrem os punhos e as botas
recobrem as pernas do macacão.

4.4 Não se morre de calor?


Pelo menos, não muitas vezes.

Na verdade, o calor pode ser um inimigo terrível do apicultor, e ainda assim


será preferível a uma porção de ferroadas. Mas alguns procedimentos
podem diminuir um pouco o sofrimento:

 Mantenha as colméias a meia-sombra no verão.


 Leve água ao apiário. Se ela puder ser mantida gelada ou fresca,
melhor. Para beber, providencie um buraco na máscara, à altura da
boca, de forma que seja possível beber com um canudo. Faça uma
tampa para esse furo (com velcro, por exemplo).
 Carregue dentro da máscara uma toalhinha para secar o excesso de
suor do rosto. Segure-a pelo lado de fora da máscara.

4.5 Mas as abelhas não entram pelas frestas? [4]

No ajuste da máscara e das luvas, não devem sobrar frestas, ou as abelhas poderão entrar.
Algumas abelhas agressivas dentro da máscara não é uma situação agradável de se
enfrentar.

Entre o macacão e as botas, o problema é menor, porque elas raramente


descem para ferroar. Se o cano não for muito largo, as canelas e o pé serão
os locais com menor risco de serem ferroados. Há porém umas poucas
abelhas, excepcionalmente agressivas, que podem descer pelas botas
buscando os pés. Nesse caso, colocar a perna do macacão por fora da bota
e fixá-lo com fita adesiva é uma solução definitiva.

4.6 O que eu faço se entrarem abelhas na máscara?


Uma saída é afastar-se bastante do apiário e tirar a máscara, mas isso
raramente é possível. Quando essa situação ocorre, o nível de ataque é
muito alto, e você acabará sendo perseguido por outras abelhas que o
impedirão de livrar-se da máscara (veja também item 4.12 Como posso
me livrar das abelhas que me perseguem? abaixo).

O que eu faço é matar as abelhas que entraram com golpes rápidos,


esmagando-as contra a minha cabeça. Mas o melhor mesmo é ter muito
cuidado ao colocar a máscara, ou usar máscaras integradas ao macacão,
que impedem a entrada de abelhas (a não ser que haja um furo, é claro).

4.7 Como se proteger contra enxames muito agressivos?


Enxames hiperagressivos podem ser um problema sério. Felizmente, eles
não costumam existir em grande número no apiário. Para começar, deixe a
sua manipulação por último, para que a resposta agressiva não atrapalhe o
manejo das demais colônias. Tente fazer um manejo rápido, aplicando mais
fumaça do que de hábito. Se possível, evite dias sombrios, úmidos ou
ventosos.

Por baixo do macacão, use algo grosso, como um abrigo esportivo. Use
meias duplas e recubra-as o máximo possível com as extremidades do
abrigo e do macacão. Cuide especialmente para não deixar frestas junto às
luvas e às máscaras. Deixe qualquer equipamento furado ou descosturado
em casa.

Alguns apicultores recomendam o uso de macacões de nylon nessas


circunstâncias. O nylon é fino e não dá uma boa proteção, mas as abelhas
têm dificuldade em ferroar por não conseguirem se agarrar bem à roupa.
Com isso, muitas que morreriam ao ferroar um macacão de brim acabam
se salvando.

4.8 A fumaça tonteia as abelhas?


Não, ela inibe a percepção dos feromônio de alarme que são liberados pelas
abelhas quando elas se sentem ameaçadas. Há também uma teoria que
prega que a fumaça desencadeia na colméia um comportamento de
preparação para abandono, que faz com que muitas abelhas se encham de
mel, ao invés de assumir uma posição de revide à ameaça. Supostamente,
uma abelha cheia de mel teria também mais dificuldade em flexionar o
abdômen para ferroar.

4.9 Como usar a fumaça?


Aqui há duas abordagens. Eu prefiro usar o mínimo indispensável. Por isso,
preciso estar sempre com o fumegador à mão e usá-lo freqüentemente,
com pequenas fumegadas. Não há dúvida que dá mais trabalho,
especialmente quando se trabalha sozinho, mas as abelhas e os
consumidores do seu mel agradecem.

A outra abordagem é o oposto: aplicar bastante fumaça. Com isso, inibe-se


de uma vez quase toda a capacidade de resposta agressiva da colméia.
Esse método é freqüentemente usado por quem possui um número grande
de colméias e não pode perder muito tempo em cada uma delas. Na minha
opinião, se alguém não consegue cuidar direito de suas colméias, deveria
pensar em reduzir o seu número ou contratar ajudantes, não em piorar a
qualidade do manejo.

4.10 Por que a fumaça é indesejável?


A fumaça causa um transtorno geral na colméia, atrapalhando todas as
atividades. A volta à normalidade na colméia pode levar horas. Além disso,
ela impregna todo o interior da colméia, inclusive o mel que será colhido
pelo apicultor. Se você consome mel habitualmente, com certeza já provou
mel com gosto de fumaça. Ele foi extraído por um apicultor que usou
fumaça demais quando havia mel não operculado na colméia.

Mas o sabor ruim não é o pior da história. A fumaça proveniente da queima


incompleta dos restos vegetais, que é o que ocorre no fumegador, é
composta por uma quantidade muito grande de substâncias químicas
tóxicas e carcinogênicas. Hidrocarbonetos, como metano, propano e
octano, cetonas, álcoois, aldeídos, ácidos, entre outros, são produzidos no
fumegador, e parte deles é expelida junto com o vapor d'água, as cinzas e
o alcatrão que também compõem a fumaça [FIS02]. Para resumir: fumaça
é sujeira, evite-a tanto quanto possível.

4.11 Quanto tempo devo esperar para abrir a caixa após pôr
fumaça?
Uma recomendação freqüente na literatura é que se coloque algumas
baforadas no alvado e se espere alguns minutos, "tempo suficiente para
que as abelhas se encham de mel". Mas admito algum ceticismo em relação
a este raciocínio. Eu nunca espero tempo nenhum e nunca encontrei
diferença quando tentei experimentá-lo.

Ocorre que as abelhas dispostas a atacar e ferroar normalmente compõem


um percentual muito pequeno do enxame, de algumas dezenas a poucos
milhares. Se fosse diferente, o enxame facilmente poderia se inviabilizar
pela morte de muitas adultas. Assim, para que a teoria de "encher-se de
mel" funcione, é necessário que exatamente essas poucas abelhas guardas
corram aos favos de mel, disputando-os com uma população de operárias
centenas de vezes maior. É um pouco difícil de acreditar.

A minha recomendação é fumegar três ou quatro vezes pelo alvado,


deslocar-se para trás da colméia, levantar a tampa e, a partir daí, usar o
fumegador apenas quando necessário e apenas com intensidade suficiente.
Deve-se ter cuidado especial quando há melgueira com mel desoperculado,
para não contaminá-lo.

Obviamente, há condições de exceção que precisam ser tratadas de forma


especial. Enxames excessivamente agressivos não podem ser controlados
com pouca fumaça. Em dias sombrios, a concentração de abelhas nas
colméias é maior, e a agressividade geralmente também. A presença de
vento dissipa muito rapidamente a fumaça e, conseqüentemente, os seus
efeitos. Nesses casos, um volume maior de fumaça e o seu uso com maior
freqüência é inevitável.

Da mesma forma, enxames pequenos podem muitas vezes ser manipulados


sem fumaça nenhuma, ou com quantidade absolutamente mínima. Por isso,
nunca trate da mesma forma seus enxames diferentes.

4.12 Como posso me livrar das abelhas que me perseguem?


Dentro do apiário, não é possível, você apenas deve manejá-las o mais
suavemente possível para manter a resposta agressiva no nível mais baixo
que puder.

Fora do apiário, há um método que funciona muito bem: atravesse um


mato fechado em zig-zag. Às vezes, uma ou duas entradas e saídas num
mato já despista quase todas as abelhas perseguidoras. Prevendo isso,
você pode já deixar caminhos irregulares prontos para uso.

4.13 O que fazer quando eu levar uma ferroada?


Uma recomendação repetida por quase todos os apicultores é que o ferrão
não deve ser removido com os dedos em movimento de pinça. Ele deve
apenas ser raspado rapidamente, com a ponta do formão ou mesmo da
unha (essa recomendação não é consensual, veja o item 4.14 Por que
devo retirar o ferrão rapidamente e sem usar os dedos? abaixo). Depois, se
for possível, limpe ou cubra a região, para que os feromônios ali
depositados não provoquem outras ferroadas.

Se a ferroada atingir a pele através da roupa, veja se o ferrão ficou preso e


remova-o. Em seguida, aplique um pouco de fumaça no local, para
disfarçar o feromônio.

4.14 Por que devo retirar o ferrão rapidamente e sem usar os


dedos?
Porque junto com o ferrão, normalmente é deixado também o saco de
veneno. Quando isso ocorre, o veneno permanece sendo injetado por
algum tempo e quanto mais rápida for a sua retirada, melhor. No entanto,
muitos acreditam que se isso for feito com os dedos, é provável que o saco
seja espremido, e o resto do veneno seja introduzido de uma só vez.

Um estudo recente, porém, contesta a hipótese de impropriedade de uso do


dedo para a remoção do ferrão [VIS03]. Para isso, foram provocadas
diversas picadas em voluntários, e variou-se o tempo (0,5 a 8 segundos) e
a forma de remoção dos ferrões (arrancamento com os dedos e raspagem).
Por fim, foram analisadas as respostas locais ao veneno injetado. A
conclusão foi que, quanto mais rápida é a remoção, menor a quantidade de
veneno injetada. Por outro lado, o método de remoção não teve nenhuma
influência na resposta e o arrancamento com os dedos não causou a injeção
de mais veneno. A explicação para isso é que o veneno de fato continua a
ser bombeado após a deposição do ferrão, mas é um sistema de válvulas
que controla o fluxo e não contrações do saco (cujas paredes nem sequer
possuem músculos) ou a sua compressão.

Resumindo, quando você for ferroado, retire o ferrão o mais rápido


possível, do jeito que der.

4.15 Como é que alguns apicultores trabalham sem proteção?


Com o tempo e a experiência, é possível dispensar alguma proteção,
especialmente as luvas. Muitos apicultores profissionais, que trabalham
com muitas colméias, acabam habituando-se às ferroadas e preferem evitar
o uso das luvas, que sempre atrapalham um pouco. Num manejo simples,
em dia favorável, você pode fazer uma experiência e ver como se sente.

Em nenhuma hipótese, porém, trabalhe sem a máscara. O pescoço e o


rosto são áreas muito sensíveis, e não vale a pena correr o risco. Uma
ferroada no olho é um acidente grave e pode deixar seqüelas que farão
você se arrepender dessa imprudência pelo resto da vida.

4.16 Então, por que há gente que trabalha sem máscara?


Talvez pelas mesmas razões que as pessoas que guiam motos sem
capacete ou que trabalham na construção civil sem EPIs: para evitar o
desconforto e por excesso de confiança. No caso da apicultura, pode haver
um componente adicional: o desejo de impressionar os amigos com uma
demonstração de coragem.
Mas, desprotegido, o apicultor não apenas corre um risco desnecessário.
Ele geralmente precisa diminuir esse risco com o uso exagerado de fumaça,
o que é pior também para as abelhas.

4.17 Então não devo fazer uma barba de abelhas também?


Faça, se quiser, mas por sua conta e risco. É perigoso com abelhas
européias e muito mais com africanizadas. Aliás, isso não é apicultura, é
apenas espetáculo.

4.18 Por que as abelhas ficam naquela forma de barba?


A pessoa coloca a rainha de uma colméia numa gaiolinha, pendura-a no
pescoço e sacode as abelhas ao lado. Em seguida, elas se agrupam em
torno da rainha.

5. Prática Básica
5.1 Quais são as principais ferramentas do apicultor?
Na hora do manejo, as ferramentas essenciais são o fumegador, o formão e
o espanador.

5.2 Como é o fumegador?


É um cilindro metálico - a fornalha, acoplado a um fole. Há dois modelos
básicos, o tradicional, usado no mundo inteiro, e um modelo brasileiro,
conhecido como SC-Brasil. O modelo brasileiro é maior e mais apropriado
para se trabalhar com africanizadas, pois essas abelhas requerem mais
fumaça. Em contrapartida, o modelo tradicional geralmente pode ser
utilizado com uma só mão, enquanto que o SC-Brasil precisa de duas mãos
ou, pelo menos, de uma mão e de uma perna (ou barriga).

Diversos apicultores usam o fumegador pendurado numa lateral da caixa, e


aproveitam o "bico de pato" (um espalhador de fumaça) para fumegar o
topo dos quadros usando uma só mão. A desvantagem desse método é que
muita água com alcatrão pinga pelo bico, sujando os quadros e os favos.

5.3 Qual é o combustível ideal para o fumegador?


Há inúmeras fórmulas mirabolantes, geralmente inventadas por gente que
acredita que as abelhas devem ser narcotizadas. Não falta também quem
pense que o fumegador é um incinerador de lixo e jogue ali qualquer
porcaria que esteja à mão. Mas é preciso lembrar que a fumaça entra em
contato e deixa resíduo em toda a colméia, inclusive no mel. O melhor é
usar apenas restos vegetais bem secos, como palha (restos de roçada de
campo, por exemplo) ou maravalha de madeira bruta (restos de
aplainamento de tábuas). Cuidado para não usar restos de compensados ou
aglomerados, inclusive MDF, pois eles são produzidos com colas que, ao
queimarem, podem produzir fumaça ainda mais tóxica do que o normal.

5.4 Como acender o fumegador?


Se o combustível estiver bem seco, não haverá problema. Coloque um
pouco no fundo da fornalha e acenda com fósforo, ou, melhor ainda, com
um daqueles acendedores a gás para fogões. Espere até formar algumas
brasas, ajude um pouco com o fole. Depois vá colocando mais combustível,
pouco a pouco, e acionando o fole até que uma fumaça branca, espessa e
fria saia pela boca do fumegador. Recarregue-o com mais combustível
sempre que a fumaça começar a escurecer um pouco ou sair acompanhada
de fagulhas.

Se o combustível estiver um pouco úmido, uma pequena dose de álcool em


gel resolverá o problema.

5.5 E como reacender o fumegador?


Se sobrar combustível na fornalha de um dia para outro, não tente acender
o fumegador por cima, pois o resultado sempre será ruim. Se o combustível
velho estiver muito carbonizado, jogue-o fora. Se ainda houver uma boa
porção não queimada, despeje-o numa folha de jornal, inicie o fogo do
fundo e recoloque-o aos poucos na fornalha. Depois, complete o nível com
combustível novo.

5.6 Para que serve o formão?


As abelhas tendem a propolisar todas as frestas estreitas da colméia, a
acabam assim colando todas as partes móveis da colméia. Por essa razão, a
ferramenta mais importante do apicultor é o formão, uma barra chata de
aço, dobrada em L, com as extremidades levemente afiadas (mas não
cortantes). Esse formão é usado sempre como alavanca, para levantar a
tampa, separar os quadros e descolar as caixas. Também é muito útil para
raspar restos de cera e de própolis.

5.7 Como é o espanador?


O espanador (ou escova), apesar do nome, parece-se mais com um grande
pente, porque possui apenas uma fileira de cerdas. Essas cerdas devem ser
bem macias, para removerem as abelhas sem machucá-las ou danificar os
favos. Também é importante que as cerdas sejam de cor clara, menos
irritantes para as abelhas.

O espanador deve ser passado de forma a não irritar ou machucar as


abelhas.

5.8 Há outras ferramentas úteis para o manejo? [4]


Uma lâmina afiada (faca, canivete ou estilete) é imprescindível no dia-a-dia
do apicultor.

Um acendedor para o fumegador é necessário. Podem ser fósforos ou


isqueiro, mas o melhor é um acendedor a gás para fogões, daqueles com
uma haste comprida.

Um rolo de fita adesiva larga, de empacotar, é de enorme utilidade para


vedar provisoriamente algumas frestas e fixar alguns componentes.

Um tubinho de tempero (bem limpo) é ótimo para capturar uma rainha em


caso de necessidade.
Há um tipo especial de formão, com uma extremidade em forma de "J", que
funciona muito melhor que o formão convencional na hora de retirar os
quadros.

Uma outra ferramenta, de alguma utilidade, é o pegador (sacador) de


quadros. Trata-se de uma espécie de alicate duplo, usado para retirar e
segurar os quadros que serão examinados, com mínimo risco de danificar o
favo ou machucar as abelhas. Alguns apicultores não prescindem do
sacador, mas outros, depois de algum tempo, acreditam que podem
trabalhar muito bem sem ele. Eu estou no segundo time.

Elásticos ou barbantes podem salvar o dia, caso você se depare com favos
tortos ou quebrados.

Outras ferramentas podem ser importantes, mas de uso muito eventual,


como alicate, martelo, arame, pregos.

5.9 Como fazer para não perder essas ferramentas?


Nada mais fácil do que perder essas ferramentas num apiário. Para evitar
isso, faça o seguinte: vá a uma ferragem e compre dois rolos de fita
isolante, um vermelho e outro amarelo. Coloque uma ou duas fitas de cada
cor em volta das suas ferramentas e nunca mais você as perderá. Se você
for daltônico, escolha cores que você consegue distinguir perfeitamente no
campo, em ambiente claro e quase escuro.

5.10 Com que freqüência devo examinar as colméias?


Depende da época e do tipo de manejo. Uma inspeção rápida pode ser feita
a cada semana (ou duas, ou três), mas talvez não haja nenhum problema
se você esperar um mês ou mais. Revisões completas podem ser feitas
cerca de 2 a 4 vezes por ano.

Se você quiser usar alimentação estimulante antes da florada, o ideal será


fornecê-la com grande freqüência - dia sim, dia não, por exemplo. Se isso
não for possível, procure fornecer uma quantidade maior de xarope em
alimentadores lentos (veja o capítulo 6. Alimentação).

Durante a safra, há duas abordagens antagônicas. A primeira é verificar a


colméia freqüentemente para tentar conter alguma enxameação. No
entanto, o controle de enxameação não é nada trivial nem 100% garantido,
e muito melhor é fazer-se uma prevenção adequada (veja o capítulo 7.
Enxames e Rainhas).

A segunda abordagem, preferível na minha opinião, é mexer o mínimo


possível na colméia, abrindo-a poucas vezes e rapidamente, apenas para
verificar a acumulação de mel e colocar ou retirar melgueiras. Isso evita
perturbações na que podem até significar perda de mel.

De qualquer forma, independentemente da abordagem adotada, é


importante que
As colméias não sejam abertas com temperatura ambiente muito baixa, da
ordem de 10 ºC ou menos. Caso contrário, muitas crias poderão morrer.
5.11 Como é feita uma revisão completa?
Primeiro, ponha fumaça e abra a colméia, como mencionado acima. Se
houver melgueiras, avalie o seu conteúdo retirando um ou dois quadros.
Com o tempo, bastará dar uma olhada superficial e suspendê-la, para
estimar bem a quantidade de mel armazenado. Verifique se há postura na
melgueira. Faça o mesmo com todas as melgueiras e vá retirando-as até
chegar ao ninho, usando um pouco fumaça sempre que necessário. Se
houver mel desoperculado, use a fumaça lentamente, dirigindo-a apenas
para o topo dos quadros. Se estiver ventando, direcione a fumaça para o
lado da colméia que estiver recebendo o vento, diretamente na parede. A
fumaça vai subir e apenas lamber a parte superior dos quadros.

No ninho, retire cada um dos quadros e examine-os Com o tempo, você


será capaz de selecionar apenas alguns quadros bem representativos da
situação do ninho, abreviando esse trabalho. No início, ajuda bastante
remover o quadro mais vazio de uma das extremidades e pô-lo de lado,
para ampliar o espaço de trabalho. Em seguida, faça as verificações e
correções necessárias, recoloque todos os quadros, de preferência com a
mesma orientação frente-fundo original, e recoloque as melgueiras, usando
um pouco de fumaça para esmagar o mínimo de abelhas possível.

Numa revisão de rotina, verificam-se diversos pontos:

 O enxame está bem desenvolvido para a época?


 Há reservas de mel suficientes até a próxima revisão?
 O tamanho do alvado é compatível com a temperatura média da
estação e com o movimento de entrada e saída das abelhas?
 A rainha está presente e a postura é adequada?
 Há realeiras?
 As crias estão se desenvolvendo bem?
 Há espaço suficiente para aumentar a postura?
 Há espaço suficiente para armazenar mais mel?
 Há sinal de doença na colméia?
 Há sinal de ataque de formigas, traças ou outros animais?
 Há favos velhos ou quadros danificados a serem substituídos?
 Há umidade condensada na colméia?
 Há sinais de excesso de calor dentro da colméia?

5.12 As colméias mais fortes devem ser examinadas primeiro?


Não. Em apicultura, muitas vezes a idéia de se fazer primeiro o trabalho
mais complicado é impraticável. A razão disso é que mexer primeiro na
colméia mais difícil pode significar problemas para o manejo de todas as
outras. Isso acontece especialmente em dias desfavoráveis para o manejo,
como os nublados, úmidos e ventosos. Fazendo sempre as revisões mais
simples primeiro garante que, se você tiver de interromper o trabalho, uma
boa parte dele talvez já esteja concluída.

5.13 Por que pode ser necessário interromper o trabalho?


Uma possibilidade é começar a chover. Outra é que a agitação e a
agressividade das abelhas podem atingir um nível alto demais,
atrapalhando muito o manejo e causando um número alto de ferroadas,
além de saque generalizado e mortandade de abelhas. Isso não é comum,
mas é bom acostumar-se com a idéia de que o apicultor nem sempre
consegue fazer no apiário tudo o que foi planejado, especialmente quando a
sua experiência ainda não muito grande.

5.14 Onde ponho as caixas que vão sendo retiradas?


Quando se retira uma caixa da colméia, muitas abelhas que estavam ali
saem (caminhando) para fazer uma investigação do que houve. Quando
essa caixa é posta diretamente no solo, as abelhas que saem podem ser
pisadas pelo apicultor, atacadas por predadores ou, na melhor das
hipóteses, demorar muito para retornar à casa, já que muitas delas são
jovens que nunca voaram.

O que eu faço (e recomendo) é apoiar a caixa sobre a tampa, previamente


largada no solo. A caixa pode ficar apoiada numa lateral menor, isto é, de
tal forma que os quadros fiquem em sentido vertical ("de pé"). Fica melhor
ainda se um canto dessa lateral ficar sobre um ressalto da tampa. Essa
posição é confortável para o apicultor, evita que muitas abelhas saiam da
caixa, evita que o mel escorra e evita que os quadros se inclinem, o que
acontece quando a caixa é apoiada numa das laterais maiores.

Após recolocar as caixas, basta varrer as abelhas que estão sobre a tampa
para dentro da colméia, e a perda de abelhas é mínima.

5.15 Como retirar e examinar os quadros?


Se houver muitas abelhas sobre ele, ponha um pouco de fumaça para elas
se afastarem. Depois, descole as laterais do quadro, usando o formão como
alavanca. Fica mais fácil se um quadro da extremidade tiver sido retirado
antes. A seguir, suspenda um canto do quadro com o formão e segure esse
canto com os dedos ou o quadro inteiro com o sacador de quadros. Depois
solte o outro canto com o formão e retire o quadro.

Se houver muitas abelhas sobre o favo, e você precisar ter uma visão
melhor, remova o excesso com um leve chacoalhar, bem acima do ninho.
Se precisar remover quase todas as abelhas, use seguinte manobra: segure
o quadro por um canto com uma das mãos e, com a outra mão, dê um
golpe seco, de cima para baixo, na mão que está segurando o quadro.
Dependendo da força que você usar, poderão se desprender as abelhas, os
ovos, as larvas e o néctar; muito cuidado, portanto.

Em seguida, segure o quadro pelos cantos e analise a face do favo que está
voltada para você. Se você estiver de costas para o sol, o quadro ficará
mais bem iluminado. Para analisar a face oposta, vire-o de cabeça para
baixo, girando-o com os dedos das duas mãos. Tenha cuidado para não
expor as crias muito tempo ao sol (mais de alguns poucos segundos), pois
elas são extremamente sensíveis.

Tenha muito cuidado também ao recolocar o quadro, para não esmagar


outras abelhas e, principalmente, a rainha.

Quando terminar de recolocar todos os quadros, aperte-os em direção a


uma das extremidades, para que sobre o mínimo de folga entre eles,
dificultando a propolisação das suas laterais.
5.16 Como saber se o enxame está bem desenvolvido?
Principalmente, por comparação com os demais. Mas a experiência ajuda
muito.

5.17 Como saber se há mel suficiente até a próxima revisão?


Depende da temperatura média da época, do fluxo de néctar existente ou
por iniciar, de quando será a próxima revisão e do tamanho do enxame. É
um ponto em que a experiência do apicultor é muito importante para um
bom julgamento.

Se as abelhas estiverem colhendo néctar, esse dado não é tão importante.


Caso contrário, se houver um quadro de ninho com bastante mel ou várias
coroas de mel sobre a área de cria, provavelmente você não precisará se
preocupar por uma ou duas semanas, dependendo do tamanho do enxame.
Na dúvida, sempre alimente a colméia.

5.18 Quais são os sinais de excesso de calor na colméia?


A presença de abelhas paradas no alvado, batendo as asas, significa que
elas estão forçando a ventilação da colméia. Isso é normal, desde que não
sejam muitas abelhas e que o zumbido interno (das que estão ventilando lá
dentro) não seja muito forte.

Um indício forte de excesso de calor é o agrupamento de abelhas do lado


de fora, formando uma "barba" perto do alvado. Embora seja às vezes
entendido (corretamente) como prenúncio de enxameação, o mais provável
é que as abelhas não estejam conseguindo refrigerar o interior da colméia
quando todas elas estão lá dentro. Para resolver esse problema
emergencialmente, podem-se colocar pequenos calços sob a tampa. Para
resolvê-lo melhor, pode-se adotar um telhado maior, de cor clara, ou
mover a colméia para um local mais sombreado. Uma boa alternativa é
usar uma entretampa para ventilação (veja item2.37 O que é uma
entretampa?). Eventualmente, a adição de uma caixa também pode
resolver o problema.

5.19 Por que os favos de cria devem ser substituídos


periodicamente?
Há duas razões principais: Uma é evitar que o favo velho se transforme
num veículo de contaminação, já que ele é sistematicamente exposto a
dejetos das larvas. A outra é impedir que o estreitamente natural do
alvéolo, provocado pelos restos de sucessivos encasulamentos, acabe
influindo no desenvolvimento das crias, resultando em adultos menores.

5.20 Quando os favos devem ser trocados?


A fórmula mais simples é substituir, numa das revisões anuais, aqueles que
estiverem totalmente escuros, de forma que não se possa ver a luz do sol
através dos alvéolos.

Outra recomendação comum é trocar-se cerca de 1/3 dos favos por ano, o
que daria, em média, uma vida útil de 3 anos por favo.
5.21 Quando devem ser colocadas as melgueiras?
No início da safra, quando a movimentação do alvado começar a crescer.
Nesse momento, interrompa a alimentação energética (veja o capítulo 6.
) e, se houver quadros do ninho com "mel" feito a partir do xarope,
remova-os, centrifugue-os e devolva-os vazios à colméia. Isso é necessário
por duas razões: primeiro, se este mel estiver desoperculado, ele pode ser
relocado pelas abelhas para abrir espaço para a postura da rainha, e as
melgueiras recém postas são um ótimo destino. Segundo, se o mel estiver
operculado, ele pode bloquear o ninho, impedindo que a rainha aumente
sua postura. Veja também o capítulo 8. O Mel para maiores
considerações sobre a colocação de melgueiras.

5.22 É melhor fazer o manejo de dia ou à noite?


Isso é uma preferência bastante pessoal do apicultor. Acredito que a
maioria prefira trabalhar à luz do dia, mas há alguns que não concordam.
Quem trabalha à noite afirma que é mais fácil manejar os enxames muito
agressivos, pois as abelhas voam muito pouco. Na minha opinião, o manejo
à noite dificulta muito a inspeção visual, aumenta o risco de acidentes e
causa muito mais mortes de abelhas, pois elas tendem a cobrir a caixa e os
favos, numa atitude de defesa passiva (elas param com o ferrão voltado
para cima, de modo a evitar o contato do "atacante" com a colméia).

A fumaça também parece ser muito menos eficaz à noite. Elas não
retornam rapidamente à colméia quando fumegadas, e permanecem
cobrindo o topo dos quadros e as paredes das caixas. Por esta razão, A
quantidade de abelhas esmagadas na reposição das caixas também é muito
maior. As que voam até o apicultor agarram-se firmemente às suas vestes,
todas tentando ferroar, e só podem ser removidas com o espanador.

Uma vantagem é que o trabalho à noite é quase sempre mais fresco do que
durante o dia.

5.23 Por que as abelhas voam pouco à noite?


Na verdade, elas voam se houver luz visível. O que os apicultores fazem é
usar luz vermelha, que não é visível para as abelhas. Para isso, usam
qualquer fonte de luz comum, como uma lanterna, e cobrem-na com papel
celofane vermelho ou algo similar. Nessas condições, os objetos iluminados
por essa luz não são bem visíveis para as abelhas, especialmente se a lua
for nova ou estiver encoberta. Mesmo assim, elas conseguem fazer alguns
vôos curtos e chegar ao apicultor, que, por essa razão, não pode prescindir
do seu equipamento de proteção.

6. Alimentação
6.1 Como deve ser alimentada a colméia?
Por estranho que pareça, este é um dos assuntos mais polêmicos da
apicultura nacional. Há dúzias de fórmulas, das mais simples às mais
sofisticadas, cada uma defendida com unhas e dentes por seus
simpatizantes. Também há diversas formas de fornecer o alimento e, de
novo, há defensores fervorosos de um ou outro modelo. As próximas
questões esclarecem alguns pontos básicos da alimentação artificial, como
tipos, fórmulas e modos de fornecimento.

6.2 O que é alimentação artificial?


Alimentação artificial é o fornecimento de substâncias nutritivas para as
abelhas. A alimentação pode ser de subsistência, quando não houver
provisões suficientes na colméia para garantir a sua manutenção, ou
estimulante, para induzir o crescimento da colméia antes de uma florada.
Além disso, a alimentação artificial pode ser protéica (para substituir o
pólen) ou energética (para substituir o mel).

6.3 Quando deve ser fornecida a alimentação de subsistência?


Quando não houver reservas suficientes até a próxima florada. Ela
normalmente não é necessária quando o apicultor deixa uma boa
quantidade de mel para as abelhas, mas isso nem sempre é feito, já que,
economicamente, o mel vale muito mais que o açúcar. Além disso, há méis
de cristalização rápida que não podem ser deixados na colméia,
especialmente em climas frios, sob pena de as abelhas não conseguirem
consumi-lo mais tarde.

Após a colheita, o início de uma entressafra longa (mais de dois meses) é


um bom momento para fornecer a alimentação de subsistência. Uma
possibilidade interessante é adiar um pouco o fornecimento, até que o
enxame se reduza naturalmente, inclusive com a expulsão dos zangões.
Nesse momento o xarope pode ser fornecido em quantidade grande o
suficiente para toda a entressafra. Ou, ao contrário, essa alimentação pode
ser fornecida aos poucos, de acordo com a percepção do apicultor.

O fornecimento de uma só vez reduz o trabalho, mas aumenta o risco de


perda de alimento por deterioração, caso as abelhas não o aceitem ou
demorem muito a recolhê-lo. Enxames pequenos, especialmente, têm
dificuldade em esvaziar os alimentadores grandes.

6.4 Como é a alimentação energética de subsistência?


O xarope (substituto do mel) deve ser mais concentrado do que na
alimentação estimulante, para que as abelhas não precisem gastar muita
energia na sua desidratação.

Como xarope, alguns recomendam uma mistura de açúcar refinado comum


em água, num proporção alta, como 2:1 (em peso), por exemplo. Isso
significa 2 kg de açúcar em 1 l de água, ou um xarope com concentração de
açúcar de 67%. Aquecer a água facilita bastante a mistura.

Outra proporção interessante é 1,5:1 (açúcar:água). Ela pode ser obtida


enchendo-se um recipiente até a metade com água e completando-se com
açúcar. Produz um xarope com concentração de 60% de açúcar.

Outros recomendam o uso de açúcar invertido. Outros ainda, especialmente


quem produz mel orgânico, recomendam apenas o fornecimento de mel.
6.5 A alimentação de subsistência não pode ser sólida?
Alguns apicultores fornecem açúcar puro ou cândi às abelhas. Não é a
melhor opção, pois exige que elas dissolvam o alimento antes de consumi-
lo (num período frio isso pode ser muito difícil). Além disso, o açúcar puro
muitas vezes é rejeitado por elas.

Uma alimentação pastosa, mista, energético-protéica, é uma alternativa


possível.

6.6 O que é cândi?


É uma mistura de açúcar com mel. Para prepará-lo, peque uma porção de
açúcar confeiteiro e vá acrescentando mel e amassando até formar uma
massa flexível, que seja o mais seca possível, sem se esfarelar. É um tipo
alimento muito usado em transporte e introdução de rainhas.

6.7 Quando deve ser fornecida a alimentação estimulante?


Cerca de sessenta dias antes de uma florada intensa.

Uma consideração importante sobre a alimentação estimulante é que ela


deve simular um fluxo de néctar na colméia e, portanto, deve ser fornecida
freqüentemente. Nesse aspecto, as recomendações mais comuns para
alimentadores rápidos vão de três a sete vezes por semana. Para
alimentadores lentos, o fornecimento semanal ou ainda mais espaçado
pode ser suficiente.

6.8 Quanto deve ser fornecido de alimentação estimulante?


Depende do tamanho do enxame. Cerca de 800 ml em dias alternados já
dão uma resposta boa, mas o melhor é observar a acumulação do xarope,
permitindo-a, mas não em excesso. Se essa acumulação for muito grande,
vários quadros do ninho ficarão cheios de xarope, e a rainha não poderá
fazer a postura. Essa é uma situação chamada de bloqueio do ninho, e leva
a colméia, quase certamente, à enxameação.

Uma alternativa provavelmente melhor é alimentar as abelhas liberalmente,


removendo os favos repletos de xarope sempre que necessário. Com isso, o
espaço para a rainha estará garantido, ao mesmo tempo em o estímulo é
máximo.

6.9 Como evitar o bloqueio do ninho?


Os quadros cheios de xarope devem ser removidos e substituídos por
outros com favos vazios (em bom estado) ou lâminas de cera alveolada. Os
favos com xarope podem ser distribuídos às colméias fracas, ou
centrifugados, para que o seu conteúdo possa ser devolvido à colméia sob
forma de mais alimento estimulante.

Uma alternativa possível, mas bem menos interessante, é deixar os favos


por um dia a cerca de 100-200 metros do apiário, para que o xarope neles
estocado volte a simular néctar para todas as colméias. Nesse caso, não
apenas as suas colméias, mas todas as da região serão beneficiadas.
6.10 Como é a alimentação estimulante?
O xarope deve ser menos concentrado do que na alimentação de
subsistência, para simular o néctar, que possui, em média, uns 30-35% de
açúcar.

Para obter um xarope com aproximadamente 35% de açúcar, faça uma


mistura na proporção de 4:7,5, por exemplo, 4 kg de açúcar em 7,5 l de
água. Isso dá 11,5 kg de xarope, que ocupam uns 10 litros. Como a
mistura é pouco saturada, ela pode ser feita facilmente com água fria e um
pouco de agitação.

Da mesma forma que na alimentação de subsistência, há quem recomende


o uso de açúcar invertido ou mel, mais diluídos.

6.11 Como calcular as proporções de açúcar e água?


A densidade do açúcar é 1,59, o que significa que cada quilograma contribui
com 0,63 litros num xarope. Com este dado, você pode calcular qualquer
proporção, mas eu vou facilitar-lhe a vida.

Para produzir cerca de 10 litros de xarope (200 ml a mais ou a menos), use


a tabela abaixo. Para volumes diferentes, apenas corrija as quantidades dos
ingredientes na mesma proporção.

Ingredientes Xarope
Água Açúcar Peso Volume Açúcar Equivalente A evaporar
(l) (kg) (kg) (l) (%) em mel (kg) (l)
8,5 2,5 11 10,1 23 3 8
8 3,5 11,5 10,2 30 4,3 7,2
7,5 4 11,5 10 35 4,9 6,6
7 4,5 11,5 9,8 39 5,5 6
6,5 5,5 12 10 46 6,7 5,3
6 6 12 9,8 50 7,3 4,7
5,5 7 12,5 9,9 56 8,5 4
5 8 13 10 62 9,8 3,2
4,5 9 13,5 10,2 67 11 2,5

As colunas de ingredientes referem-se às quantidades a serem misturadas.


O peso do xarope é apenas ilustrativo, pois os alimentadores têm suas
medidas em litros. A coluna "Açúcar (%)" indica a concentração do xarope.
O peso equivalente em mel corresponde ao que sobra do xarope após a sua
desidratação até o patamar de 18%. A coluna "A evaporar" mostra quanta
água deve ser retirada do xarope para que as abelhas possam armazená-lo
com 18% de umidade. A tabela foi ajustada para volumes e pesos de
ingredientes que fossem múltiplos de 0,5.

6.12 O que é açúcar invertido?


É um açúcar comum, sacarose, quebrado ("invertido") em açúcares mais
simples, a frutose e a glicose. Há uma fórmula que se tornou popular no
país, após a divulgação de alguns estudos de Sílvio Lengler, da UFSM.
Trata-se de uma mistura de 5 kg de açúcar comum, 1,7 l de água e 5 g de
ácido tartárico, tudo fervido por 40-50 min em fogo baixo [LEN99]. Eu
tenho algumas reservas em relação a essa fórmula. Primeiro, ela consome
muito tempo e combustível para ser feita. Segundo, há estudos que
atestam que soluções de sacarose são mais atrativas para as abelhas do
que as de frutose e glicose. Terceiro, é sabido que determinada
concentração de HMF em xaropes, acima de 30 ppm, pode ser prejudicial às
abelhas. Não conheço a concentração de HMF no açúcar invertido, mas o
processo de obtenção sugere que ele deve estar presente.

Indagado a respeito disto, Lengler afirmou já estar ciente deste perigo e já


ter corrigido a sua fórmula para que o tempo de fervura fosse, no máximo,
3 minutos. Segundo um pesquisador austríaco, esse tempo limitaria a
formação de HMF a 30 ppm, evitando problemas para as abelhas [LEN03].
Permanece a minha dúvida se, nesse tempo, é possível de fato ocorrer a
inversão de uma quantidade significativa de sacarose, ou se o resultado
será quase idêntico a uma solução comum de sacarose em água.

Por outro lado, o açúcar invertido é mais resistente à fermentação que a


solução se sacarose, e pode ser administrado em volumes maiores sem que
se estrague antes de as abelhas poderem colhê-lo.

6.13 O que HMF?


É uma sigla que corresponde a hidroximetilfurfural, uma substância
produzida pela desidratação da frutose em meio ácido, numa velocidade
que varia diretamente com a temperatura. O mel (e muitos outros produtos
comestíveis) possui HMF, e o seu nível elevado é um indicativo de
superaquecimento (cada 10ºC a mais aumenta a velocidade de produção de
HMF 4,5 vezes), longa estocagem ou falsificação.

6.14 Mel velho pode ser usado na alimentação artificial?


Depende. Se ele for estocado em temperaturas baixas, o nível de HMF deve
permanecer baixo; caso contrário, o mel velho pode até matar o enxame.
Na dúvida, não o utilize.

6.15 Como resolver o problema de fermentação do xarope?


De duas formas: a primeira, quimicamente, acrescentando um preservativo
de alimentos. Por exemplo, sorbato de potássio (1 grama por litro de
xarope) ou benzoato de sódio (1,5 gramas por litro de xarope). O açúcar
invertido também é menos propenso à fermentação.

A segunda forma é deixando que as próprias abelhas cuidem disso, tal


como cuidam do néctar. Para tanto, é preciso fornecer quantidades
modestas de xarope de cada vez, em alimentadores individuais rápidos.

6.16 Deve-se acrescentar sal ao xarope?


Na minha opinião, não há porquê. Se o argumento é deixar o xarope mais
parecido com o mel no seu conteúdo nutritivo, não é a adição que um único
composto mineral que vai fazer alguma diferença. Por outro lado, se a
quantidade de sal for grande, o xarope poderá matar o enxame. Por
exemplo, uma proporção de apenas 0,125% (ou seja, 14 mg de sal em 10
litros de xarope a 30%) já pode causar disenteria e mortalidade nas
abelhas [BAR77].
6.17 Como o xarope é fornecido?
Há vários tipos de alimentadores, coletivos e individuais. Os coletivos
facilitam o fornecimento, mas provocam lutas e até pilhagens entre as
colméias, se o alimentador não estiver a uma distância razoável do apiário.
Também fornecem alimento a todos os insetos da região, além das suas
abelhas. Como se não bastasse, os enxames fortes, que não precisariam de
alimentação, serão os que coletarão mais xarope, em detrimento dos
menores. Alguns apicultores ainda os usam, e até o recomendam, mas eu
não os acho aceitáveis.

Já os alimentadores individuais atendem uma única colméia cada um, e são


muito mais eficientes. Eles podem ser externos ou internos.

6.18 Por que os alimentadores coletivos provocam pilhagem?


Quando uma fonte de alimento é encontrada nas proximidades das
colméias, especialmente em época de carência, há uma boa probabilidade
de as abelhas começarem a pilhar umas às outras. A provável razão disso é
que recursos muito próximos da colméia são comunicados através de uma
dança circular, que não informa distância e direção [WIN03]. As abelhas
que assistem à dança saem depois para fazer uma pesquisa nas imediações
da colméia, e pode ocorrer de algumas acharem uma colméia vizinha bem
provida antes da fonte de alimento comunicada.

Em pouco tempo, principalmente em apiários com colméias próximas,


muitas delas, às vezes todas, tornam-se saqueadas e saqueadoras. Para o
apicultor, é uma situação completamente indesejável, pois a morte de
muitas abelhas, talvez de algum enxame mais fraco, é certa. No caso do
alimentador coletivo, depois de algum tempo, dependendo da resistência
nas colméias, ele pode acabar sendo conhecido por todas as campeiras, e a
pilhagem acabará.

O mesmo problema ocorre com manejos demorados durante a entressafra


e com a devolução de melgueiras após a extração de mel, especialmente
quando deixadas ao ar livre.

6.19 Como são os alimentadores individuais externos?


Os alimentadores de alvado são, em geral, menores e mais sujeitos a
saque, por ficarem mais expostos, mas são mais fáceis de fornecer às
abelhas, pois não exigem a abertura da colméia.

O alimentador Boardman é o mais conhecido, um vidro com tampa furada


que se encaixa e pinga sobre uma plataforma de madeira encaixada no
alvado. As abelhas da colméia têm acesso privilegiado ao xarope, mas
muitos saques ocorrem assim mesmo. Como os furos têm de ser pequenos,
para que o xarope não saia mais rapidamente do que as abelhas podem
colhê-lo, o Boardman acaba sendo um alimentador lento, que assim
favorece ainda mais o saque e a fermentação do xarope. Hoje, existem
plataformas que suportam uma garrafa PET de 2 litros.

Um modelo modificado do Boardman tem um desempenho melhor. Ao


contrário de pingar sobre uma superfície de madeira, ele tem a saída de
xarope mergulhada num cocho raso, como um bebedouro de aves. Isso
evita o escorrimento do xarope e acelera o seu consumo pelas abelhas.

Para mim, o melhor modelo de alimentador de alvado é o cocho. A Apivac,


Associação de Apicultores do Vale do Carangola (MG), comercializa um
desses alimentadores, feito em ABS. Trata-se de um recipiente que fica
pendurado à frente do alvado, preso por um suporte metálico facilmente
adaptável. Sobre a boca do alimentador, corre uma tampa que forma um
túnel de acesso ao alimento. Dentro do cocho, há um flutuador para as
abelhas não se afogarem, mas isso não é suficiente: as paredes devem ser
lixadas internamente, com lixa grossa, para que elas possam subir sem
dificuldade. O cocho admite cerca de 1,5 litro e é esvaziado em poucas
horas por um enxame médio. Quando carregado no final da tarde, ele é
encontrado vazio pela manhã, evitando quase completamente o saque. A
sua recarga é muito rápida, bastando levantar a tampa e despejar o
xarope. Mesmo que haja abelhas lá dentro, elas não se afogarão se o
flutuador estiver presente e as paredes bem lixadas.

6.20 Como são os alimentadores internos?


Há dois tipos principais. Um é o Doolittle, um cocho estreito, que substitui
um quadro da colméia. Não é muito prático porque a sua colocação envolve
manipulação do ninho, o que, além de trabalhoso, pode ser prejudicial às
abelhas quando a temperatura é muito baixa.

O outro modelo é o de cobertura. É um recipiente de mesmas dimensões


que as caixas, apenas mais baixo, e é colocado sobre elas. As abelhas
entram no alimentador para remover o xarope por dentro da colméia, o que
não dá muita margem a saques. É um alimentador rápido pela sua
construção, mas que geralmente aceita volumes grandes de xarope, que
pode fermentar se não for quimicamente tratado. Também é um
alimentador que, freqüentemente, não chama a atenção das abelhas e pode
ser rejeitado. Dependendo da sua construção, também pode provocar
grande mortandade por afogamento.

6.21 E os alimentadores de balde?


Estes podem ser internos ou externos. Trata-se de alternativa barata ao
alimentador de cobertura, e é feito com um recipiente plástico furado, como
um balde de mel de 5 kg. Ele pode ser apoiado numa entretampa furada
(veja o item 2.37 O que é uma entretampa?) e colocado dentro da
colméia, protegido por um ninho vazio, ou fora, devidamente imobilizado
para não voar com o vento.

Para construí-lo, basta fazer alguns furos na tampa com uma agulha
incandescente. Depois, o balde deve ser emborcado sobre os quadros do
ninho (apoiado em sarrafos ou na entretampa). Ao emborcar o balde, é
possível que o xarope escorra por alguns instantes; por esta razão, é
recomendável que ele seja comprimido antes de ser virado (para expulsão
de uma parte do ar) ou que seja virado longe da colméia, para não
encharcar as abelhas nem provocar saques.

Há variações deste modelo, inclusive usando garrafas PET.


6.22 O "mel" produzido com essa alimentação pode ser
consumido?
O que as abelhas produzem com essa alimentação é um produto útil para
elas, mas não é mel. Se for produzido higienicamente, sem aditivos tóxicos,
ele pode ser consumido pelas pessoas, mas o seu sabor pouco lembrará o
de algum mel legítimo. Aliás, esse produto é popularmente chamado de
"mel expresso" e é eventualmente usado para incrementar a produção de
forma fraudulenta.

6.23 Quando deve ser fornecida a alimentação protéica?


Em relação à alimentação protéica (substituição do pólen), geralmente não
se diferencia subsistência de estímulo, exceto em relação à quantidade
fornecida. Durante a entressafra, o consumo protéico normalmente é
menor, pois poucas ou nenhuma cria está sendo gerada. No entanto,
quando o enxame começa a se desenvolver, por estímulo artificial ou
natural, a escassez de pólen pode ser um fator limitante, causando um
grande atraso no aumento populacional. Se não houver fonte de proteína
disponível, nenhum tipo de estimulação à base de xarope funcionará, pois
as abelhas jovens não terão como produzir as substâncias nutritivas para
alimentar as crias e a rainha.

Uma outra situação em que a alimentação protéica é obrigatória ocorre


quando há uma florada de pólen tóxico na região. Um exemplo disso é a
floração do barbatimão e do falso-barbatimão (Stryphnodendron spp. e
Dimorphandra mollis), comum principalmente na região Sudeste [CIN02].
As flores dessas plantas produzem pólen tóxico, que causa alta mortalidade
nas crias da colméia. Nesse caso, o recomendado é que a alimentação
protéica inicie pelo menos 15 dias antes da florada, e seja mantida durante
todo o seu período.

6.24 Como é a alimentação protéica? [4]


Diversas fórmulas já foram testadas, com misturas em proporções variadas
de farinha de soja, de milho e de trigo, levedo de cerveja, pólen, leite em
pó. Atualmente, há duas fórmulas populares disponíveis comercialmente –
em forma de farinha e emforma de pasta.

Ambos têm seus defensores, embora um dos produtos tenha a lactose nda
sua composição. Este açúcar, encontrado no leite, é freqüentemente citado
na literatura com tóxico para as abelhas. Por outro lado, a farinha me
parece ser menos atrativa para a alimentação em pasta.

6.25 Como a alimentação protéica é fornecida? [4]


Em alimentadores internos ou coletivos. Os internos devem ser de
cobertura, de forma que o produto fique o mais próximo possível das crias.
Ração em pasta pode ser fornecida em saco plástico aberto (uma janela
grande, na face superior do saco) e deve ser deixado próximo à área de
cria, diretamente sobre os quadros do ninho ou logo abaixo deles. Para
deixá-lo sobre os quadros, é preciso colocar sobre o ninho um "extensor",
que pode ser um quadro feito com sarrafos de 1 x 2 cm, ou uma
entretampa, ou até uma tela excluidora, dependendo do tipo de moldura
usado, pois normalmente não há espaço suficiente.
Mas uma maneira mais rápida e menos estressante para as abelhas é
fornecê-lo pelo alvado. Para isso, deve-se usar o lado alto do fundo
reversível, ou aumentar a altura das suas paredes com sarrafos, até que a
ração possa ser introduzido pelo alvado. Caso as abelhas depositem
própolis nessa entrada, basta removê-la com a ajuda do formão. Outra
alternativa é levantar a colméia inteira pelo alvado, usando o formão como
alavanca, introduzir o saco de Pólemel, e baixá-la novamente (antes,
porém, deve-se usar um pouco de fumaça para afastar as abelhas do fundo
da colméia e evitar esmagamentos). A desvantagem dessa técnica é que o
alimento pode ficar contaminado por dejetos que caem dos favos sobre ele.

Um detalhe importante é que, se o alimento em pasta for posto longe dos


quadros de cria (num alimentador de cobertura, por exemplo), há uma boa
probabilidade de as abelhas rejeitarem-no. Já a farinha pode ser fornecida
também num alimentador coletivo.

7. Enxames e Rainhas
7.1 Como se movimenta uma colméia para um lugar próximo?
Este pode ser um problema mais complicado do que parece à primeira
vista. Acontece que as abelhas campeiras memorizam a localização da sua
colméia, e quando ela é movida, as abelhas não aprendem imediatamente a
nova localização. Como resultado, muitas campeiras (talvez a grande
maioria), ao saírem da colméia recém movida, acabam voltando ao local
original e perdendo-se.

Para evitar esse problema, há duas soluções eficazes: mover a colméia


para longe, esperar duas semanas, e movê-la de volta ao local definitivo.
Durante esse tempo, pelo menos a maioria das campeiras já morreu ou
esqueceu seus pontos de referência, e não voltará ao local original.

Outra solução é mover a colméia cerca de um metro de cada vez, com a


freqüência possível para o apicultor (1, 2, 3 vezes por semana, etc.) Com
isso, as abelhas nunca chegam a se perder, pois conseguem identificar sem
problemas a sua colméia, se ela estiver muito próxima do local original.
Para usar esse método, um cavalete móvel é muito útil.

Uma outra solução recomendada por alguns é garantir a ventilação da


colméia com uma tela, e fechar completamente o alvado com palha ou
serragem molhada, para que as abelhas percebam a mudança.
Infelizmente, tão freqüente quanto a recomendação dessa técnica são os
relatos do seu insucesso.

Quando a colméia a ser movida para um local próximo tiver sido ocupada
recentemente por um enxame voador, haverá dois momentos bons para
movê-la diretamente para o local definitivo – na primeira noite e por volta
do 30º dia (veja item 3.25 Quando a nova caixa pode ser transferida
para o apiário?).
7.2 O que fazer com as campeiras que voltam ao local de origem?
Quando não há alternativa para a movimentação curta de uma colméia,
pode-se tentar um reaproveitamento das campeiras perdidas. Para isso, é
preciso recolhê-las em um núcleo durante o dia e sacudi-las à tardinha na
colméia deslocada. Há relatos de apicultores que repetiram esse
procedimento por poucos vezes, e as campeiras não retornaram mais ao
local original.

7.3 A partir de que distância as abelhas não voltam mais ao local


original?
Considerando-se a distância de vôo útil de 1,5 km, o transporte da colméia
para além de 3 km não deve produzir um retorno significativo de
campeiras.

7.4 Como se movimenta uma colméia para um lugar distante?


Distâncias grandes, que requerem o uso de um veículo, exigem a fixação
das partes móveis da colméia e uma boa ventilação para as abelhas. A
fixação pode ser feita com sarrafos e pregos ou grampos, de forma que
nenhuma caixa, fundo ou tampa deslize sobre os demais. As melgueiras
devem ser removidas, especialmente se tiverem mel, pois este pode vazar
e afogar as abelhas. Para segurar somente a tampa, um elástico desses de
prender carga em motocicleta (extensor) pode resolver.

A ventilação pode ser proporcionada por uma tela de alvado de escape


invertido, se o tempo total for pequeno (2 a 4 horas, no máximo) e a
temperatura não for muito alta, ou por uma tela plástica fixada no lugar da
tampa. Eu prefiro montar a tela numa moldura e depois pregar a moldura
na caixa. Apicultores de Santa Catarina, que trabalham com polinização de
macieiras, relatam que o uso de escape invertido dispensa completamente
a tela superior, desde que as caixas sejam alinhadas no sentido da
carroceria do caminhão, isto é, com os alvados virados para a frente, de
forma a melhorar a ventilação.

A colméia deve ser fechada para transporte no momento em que o mínimo


de campeiras estiver fora. Isso pode se dar ao anoitecer ou mesmo durante
o dia, com uso da tela de alvado com escape invertido, cerca de 1h30min
após a sua colocação.

As colméias não podem ficar em ambiente quente demais. O vento, durante


o deslocamento, também pode matar as crias e até as adultas. Quadros
com muito mel podem se quebrar e causar o afogamento das abelhas.
Muita vibração e quadros soltos podem causar o seu esmagamento.

Como os movimentos horizontais mais bruscos e freqüentes ocorrem na


direção do deslocamento, por acelerações e freadas, recomenda-se que as
colméias sejam alinhas da mesma forma. Em outras palavras, o lado mais
comprido das colméias deve ficar paralelo à lateral, com o alvado voltado
para a frente ou para os fundos do veículo. Dessa forma, os favos
dificilmente sofrerão o movimento de pêndulo, que pode ser fatal para
muitas abelhas e para a rainha.
7.5 Como se faz a divisão de um enxame?
Há várias técnicas. A idéia básica é, a partir de uma colméia, formar duas
ou três menores. Um critério possível é o do equilíbrio das colméias
resultantes, que é obtido pela divisão aproximadamente justa das
quantidades de cria, pólen e operárias. Os quadros são separados de
acordo com o seu conteúdo e postos em outras caixas. As novas colméias
são depois completadas com outros quadros, com lâmina de cera, favos
vazios ou favos com cria, mel ou pólen de outras colméias. Os seus alvados
devem ser diminuídos ao máximo.

Se uma das colméias for movida para um local próximo, ela deverá ficar
com o mínimo de mel possível, dando preferência ao que estiver
operculado. Isso vai diminuir a possibilidade de saque pelas ex-
companheiras. Após alguns dias, essa colméia (e a outra também, se
necessário) deve receber alimentação, em alimentador interno ou externo
de consumo rápido. Para dificultar a pilhagem, o xarope deve ser fornecido
à noite e em pequenas quantidades. Alimentação protéica também é muito
importante nessa fase.

7.6 O que fazer com a rainha numa divisão?


Uma prática recomendável é capturar a rainha antes de se proceder à
divisão, tanto para protegê-la quanto para reintroduzi-la numa colméia
certa. Quando o enxame é muito grande e a identificação da rainha é muito
difícil, pode-se usar o seguinte método para dividir uma colméia em duas:

1. Se houver melgueiras, deve-se removê-las, cuidando para que a


rainha não esteja nelas. Deixá-las fechadas por enquanto;
2. Tirar metade os quadros do ninho original e transportá-los, sem
abelhas, para o novo ninho;
3. Completar os dois ninhos com novos quadros;
4. Pôr uma tela excluidora sobre o ninho original e o ninho novo sobre a
tela excluidora;
5. Fechar a colméia e aguardar algum tempo (30 minutos).
6. Remover o ninho superior e formar com ele a nova colméia (está
será a colméia sem rainha).
7. Redistribuir as melgueiras e mover a nova colméia ao seu local de
destino. Cuidado neste ponto: o enxame movido pode tornar-se alvo
de pilhagem severa, com as abelhas tentando levar o seu mel de
volta ao local de origem. Uma saída possível é manter as duas
colméias lado a lado, de forma que as campeiras confundam os
alvados.

Na nova colméia, o apicultor pode introduzir uma rainha nova, ou deixá-la


com cria e provisões suficientes para que possa produzir a sua. Caso ele
opte pela produção natural de rainha, e se a separação das duas colméias
resultantes for pequena, a colméia órfã provavelmente ficará melhor no
local original, abastecida por todas as campeiras. A colméia com a rainha
antiga perderá as campeiras, mas terá capacidade quase imediata de
reposição.
7.7 O que fazer se houver saque entre as colméias?
Este problema é especialmente grave no final das safras, quando as
populações estão fortes, mas não há mais néctar para colher. Nesse caso,
um simples manejo mais demorado pode levar todas as colméias a
entrarem em conflito. Isso ocorre porque abelhas de todas as colméias
descobrem as provisões da colméia vítima e avisam as suas parceiras. No
entanto, como a comunicação das abelhas não é muito precisa, as colegas
tentam recolher qualquer possível fonte de mel nas imediações, o que inclui
as colméias que não haviam sido abertas. Como resultado, têm-se todas as
colméias tentando saquear quase todas as demais. Eventualmente, as mais
fracas acabam sucumbindo.

Uma vez iniciado o saque, pará-lo é muito difícil. Quando o enxame é


pequeno e suas provisões são grandes (pode acontecer com colméias sem
rainha há bastante tempo), a destruição do enxame é quase certa. Fechar a
colméia imediatamente e carregá-la para mais de 3 km pode ser a única
saída.

Temporariamente, a pilhagem pode ser interrompida com o uso de escapes


invertidos em todas as demais colméias do apiário, mas essa é uma solução
emergencial, apenas para dar tempo ao apicultor realizar outros
procedimentos. Quando os escapes forem retirados, se tudo permanecer
como antes, o saque recomeçará.

Uma tentativa que pode funcionar para enxames médios ou grandes que
estejam sob ataque é a fumegação pesada. O apicultor deve postar-se ao
lado da colméia e fumegar abundantemente a região frontal ao alvado, sem
deixar a fumaça entrar na colméia. Isso deve ser feito por vários minutos,
sempre tentando repelir as saqueadoras, até que o movimento diminua
bastante. Depois disso, muitas vezes o enxame agredido consegue se
reorganizar e acabar com a pilhagem.

O melhor é sempre evitar a pilhagem, reduzindo o tempo de manejo ao


máximo nas entressafras. Quando isso não for possível (no caso de troca de
rainhas, por exemplo), podem-se colocar escapes invertidos em todas as
colméias, aguardar algum tempo e só depois iniciar o manejo, tornando a
colocar os escapes nas caixas já manipuladas e só retirando todos ao final
do procedimento.

Um dispositivo freqüentemente recomendado na literatura é a tela anti-


pilhagem, que é colocada à frente do alvado para enganar as abelhas
saqueadoras. A entrada é por cima da tela, mas só as moradoras locais, já
acostumadas, se dão conta. As saqueadoras tentem por algum tempo e
depois desistem. Eu não tenho experiência com o uso desta tela e nunca
consegui encontrar algum apicultor que a usasse e tivesse alguma opinião a
respeito.

7.8 Para que serve uma união de enxames? [3]


Enxames são unidos, principalmente em duas ocasiões: por necessidade,
quando um deles está fraco demais ou perdeu a rainha (e a chance de
produzir uma nova), ou para aumento de produção.
Pelo menos em tese, um enxame grande deve produzir mais do que dois
médios. A razão disso é que cada colméia requer um determinado número
de operárias para trabalhos internos, que não varia muito com o aumento
da população. Numa união, é como se todas as operárias ocupadas com o
trabalho interno de uma das colméias fosse liberada para a coleta. É uma
quantidade muito significativa: numa colméia de 15.000 a 30.000 abelhas,
entre 60 e 80% da população (11 a 18 mil indivíduos) cuida dos trabalhos
internos. Numa colméia de 60.000 abelhas essa quantidade se mantém,
mas se torna muito menos significativa percentualmente (20 a 30%)
[AMB92].

7.9 Então é melhor unir o máximo possível de enxames?


Em tese sim, mas é preciso tomar alguns cuidados. Uma união que resulte
num enxame grande demais pode acarretar dois problemas: dificuldade de
manejo para o apicultor e aumento do risco de enxameação (pela
desagregação for falta de feromônio de rainha em quantidade suficiente).
Na prática, talvez o melhor seja unir cada 3 ou 4 enxames pequenos, e
cada 2 médios.

7.10 Qual é o melhor momento para fazer-se a união? [3]


Em caso de necessidade, a qualquer momento. Para aumento da produção,
o melhor é no início de uma grande florada.

Uniões durante a entressafra só devem ser feitas para salvar algum


enxame sem rainha ou pequeno demais. Os enxames muito pequenos às
vezes demoram demais a se desenvolver, mesmo quando bem
alimentados. Provavelmente, a pequena quantidade de operárias seja um
fator limitante para o cuidado e o aquecimento da cria, impedindo uma
postura abundante da rainha, ou inviabilizando o seu desenvolvimento. Isso
acontece muitas vezes com enxames resultantes de divisões de outros; no
entanto, enxames capturados (de enxameações naturais) muitas vezes não
apresentam a mesma dificuldade de desenvolvimento, mesmo quando
pequenos. É possível que essa diferença seja explicável pelo fato de que as
enxameações naturais priorizam o abandono das abelhas mais jovens e,
portanto, mais aptas a cuidar das crias.

Fora essas duas situações (enxames muito pequenos ou sem rainha), não
há nenhuma vantagem em se fazer uniões na entressafra. Ao contrário,
quanto mais enxames houver, maior será o número de rainhas no apiário e
maior será a quantidade de cria disponível no início da próxima safra. Só
então, quando a postura de todas as rainhas tiver sido estimulada com
alimentação energética e protéica, e houver bastante néctar disponível,
podem-se unir todos os enxames pequenos e médios e preservar os que
conseguiram crescer o suficiente para garantir uma boa colheita.

7.11 Como unir os enxames sem diminuir o número de colméias?


Durante o período de safra, um apiário menor e mais produtivo é mais
vantajoso sob os aspectos de rendimento e mão-de-obra empregada. No
entanto, é importante que o apicultor consiga repor pelo menos o mesmo
número de enxames que foram subtraídos do apiário pelas uniões. Para
isso, há duas alternativas.
Primeiro, a divisão ao final da safra. Todas as colméias fortes podem ser
divididas, de forma a manter a lotação original do apiário. Nesse momento,
podem ser adquiridas boas rainhas para os novos enxames. No entanto, é
preciso ficar atento para o fato que no final da safra, freqüentemente é
difícil encontrar rainhas à venda, especialmente se na sua região a safra é
um pouco atrasada em relação às demais. Por outro lado, divisões de
enxames que não sejam muito grandes podem resultar em frustração. Isso
ocorrerá se os enxames resultantes forem muito pequenos, de modo que
possam abandonar a colméia ou demorarem demais a se recuperar, mesmo
sendo alimentados abundantemente,

Outra forma, na minha opinião muito melhor, é compensar as perdas das


uniões com capturas de enxames, instalados na natureza ou com caixas-
isca. Isso é preferível porque, ao mesmo tempo em que preserva a força de
todos os seus enxames, ainda remove enxames da natureza que
posteriormente fariam concorrência aos seus. Além disso, é comum
conseguir-se capturas durante a safra, num período de maior
disponibilidade para aquisição de rainhas. Outra razão é que enxames
capturados em caixas-isca freqüentemente se desenvolvem muito melhor e
mais rapidamente do que aqueles produzidos por divisão.

Na prática, podem-se combinar as duas formas acima, quando as capturas


não ocorrerem em quantidade suficiente. Trabalhando dessa forma,
teremos um apiário do tipo "sanfona", com mais colméias na entressafra e
menos colméias na safra.

7.12 Qual é o roteiro de um apiário "sanfona"?


 No início da safra (florada grande e duradoura), unir os enxames
segundo o critério de tamanho: 2 médios, 3 ou 4 fracos, tentando
equilibrar a força dos enxames resultantes e preservar as rainhas
melhores e/ou mais jovens.
 Também no início da safra, preparar e distribuir as caixas-isca para
as capturas.
 À medida que as capturas forem ocorrendo, as novas colméias
podem ser colocadas ao lado das produtivas, em suporte ou cavalete
duplo. Isso facilitará bastante uma eventual união no futuro.
 Aos poucos, as colméias capturadas poderão ter as suas rainhas
substituídas por outras adquiridas de um bom produtor.
 No final da safra, após a última colheita, é hora de fazer as divisões
(apenas as possíveis e necessárias), substituir as rainhas do restante
das colméias novas e providenciar alimentação para todas as
colméias que precisarem. (Note que apenas as colméias novas
recebem rainhas novas). Muito cuidado com o manejo neste
momento: é o período crítico para pilhagem das abelhas (veja o item
7.7 O que fazer se houver saque entre as colméias?).
 Durante a entressafra, as colméias devem ser mantidas bem
alimentadas. Dois meses antes da nova safra, as colméias (pelo
menos as menores) devem receber alimentação estimulante,
energética e protéica.
 No início da próxima safra, recomeça o ciclo.
7.13 Mas, afinal, como se faz uma união?
A união é um procedimento relativamente simples:

 Primeiro, abra a colméia com a rainha mais antiga ou mais fraca. Se


houver melgueiras, ponha-as de lado, fechadas e com o mínimo de
abelhas dentro. Cuidado para a rainha não ficar numa delas.
 Elimine a rainha e feche a colméia.
 Faça o mesmo em todas as colméias com rainhas antigas ou fracas.
 Mais para o final da tarde, reabra estas colméias e cubra-as com uma
folha de jornal. Alguns apicultores preferem usar um sanduíche de
jornal e mel, mas eu não vejo vantagem. Pelo contrário, mel com
tinta de jornal não parece muito apropriado para as abelhas.
 Em seguida, sobre cada uma destas colméias orfanadas, coloque
uma colméia que possui rainha nova, e, sobre esta, as melgueiras
retiradas no início.
 Aguarde uma semana e faça um rearranjo nos ninhos, de forma a
deixá-los prontos para a safra.

Quando o apicultor trabalha rotineiramente com união de enxames,


suportes ou cavaletes duplos facilitam muito o trabalho, já que as colméias
unidas já estarão lado a lado. Além disso, evitam a perda de campeiras,
pois as da colméia deslocada entrarão automaticamente na colméia unida.

7.14 Com quantos ninhos deve ficar uma colméia?


Tratando-se de ninho Langstroth normal, com altura de 24 cm, e
considerando o uso de melgueiras para a colocação de mel (quem só usa
ninho e sobreninho não se preocupa com esse problema), há duas
correntes de pensamento. Uma delas prega o uso de dois ninhos. Os
argumentos a favor desta idéia incluem um espaço amplo para a rainha e
um controle de enxameação mais simples, pela reversão dos ninhos
(passando o de cima para baixo).

A outra corrente recomenda o uso de apenas um ninho. A idéia aqui é


simplificar o manejo, usando uma caixa a menos. Ao mesmo tempo, a
probabilidade de as operárias depositarem mel nas melgueiras durante um
fluxo de néctar não muito grande, especialmente quando se usa tela
excluidora, parece ser maior quando apenas um ninho é usado.

A minha opção é por um único ninho. A idéia de a rainha precisar de dois


ninhos inteiros para a postura é discutível. Considere, por exemplo, uma
excelente rainha, que chegue à média de postura de 2.500 ovos por dia
durante a safra. Se cada favo de ninho receber 5 mil ovos em média (cada
um possui 7 mil alvéolos), o máximo possível de cria aberta e fechada da
colméia ocupará apenas dez quadros (porque o ciclo médio de
desenvolvimento das africanizadas é de 20 dias), ou seja, um único ninho.
Na prática, situações como esta são bastante raras, e dificilmente uma
colméia chega a dez quadros de cria por si só.

Por outro lado, quando o manejo é cuidadoso, com troca freqüente de


rainha e alimentação estimulante, ou quando a florada é intensa e longa, o
enxame pode se desenvolver muito. Neste caso, a intensa atividade
durante a safra pode provocar a ocupação de vários favos do ninho com
mel e pólen, forçando a postura da rainha em caixas superiores (ou a
enxameação, caso não haja espaço disponível). Embora isso dê a muitos
apicultores a falsa impressão de uma postura excepcional, a conclusão é a
mesma para as duas interpretações: se a rainha for confinada a um único
ninho (por uma tela excluidora), a probabilidade de enxameação aumenta
muito.

Assim, quando se usa um só ninho, é importante não colocar a tela


excluidora diretamente sobre ele. Os apicultores que não usam a tela
freqüentemente tem cria na primeira melgueira, e passam a considerá-la
como parte do ninho (pelo menos os quadros com cria, já que os demais
podem ser colhidos normalmente). Quem usa a tela, pode colocá-la acima
da primeira melgueira, com razoável segurança de que não faltará espaço
para a postura.

7.15 O que fazer com um ninho bloqueado por mel?


Algumas vezes, as próprias abelhas tratam de transferir às melgueiras o
mel ali armazenado, se houver espaço disponível e, especialmente, se a
rainha não puder usar os favos logo acima do ninho, pela presença de tela
excluidora ou favos de mel operculados. Também por essa razão, é
importante que o apicultor remova os favos que estiverem cheios de
alimentação artificial no início da safra, ou ela pode acabar nas melgueiras
colocadas posteriormente.

De qualquer forma, embora não seja aconselhável perturbar as abelhas


durante a safra, o apicultor pode aliviar o bloqueio por mel de um ninho.
Para isso, os favos devem ser removidos, centrifugados e devolvidos à
colméia, de preferência um a cada 3 dias ou mais. Isso abre espaço para a
rainha e é preferível à simples troca de um favo com mel por um quadro
com cera alveolada, pois as abelhas iniciam a deposição de néctar nos
alvéolos logo que eles começam a ser puxados, antes que a rainha possa
efetuar a postura. Contrariamente, quando é fornecido um favo puxado, a
rainha pode usá-lo imediatamente, e garantir o seu espaço (não significa
que vá fazê-lo de fato, mas as chances são maiores). Se muitos favos
puxados forem fornecidos de uma só vez, a rainha possivelmente não terá
tempo de apossar-se de todos antes que a deposição de néctar inicie.

Uma outra técnica interessante é a reversão de caixas. Uma vez que a


rainha esteja fazendo a maior parte da postura na caixa superior, esta pode
ser trocada de lugar com o ninho (mesmo sendo uma melgueira). Neste
caso, porém, é preciso verificar se o ninho possui espaço para postura, e
não apenas mel operculado, o que funcionaria como uma forte barreira
para a rainha voltar a usá-lo.

7.16 Como reforçar uma colméia com cria sem uni-la a outra?
É preciso retirar quadros com cria de algumas colméias e colocá-los na
colméia necessitada. Alguns apicultores, ao invés de apenas estimular os
enxames ou uni-los, adotam a tática de manter colméias criadeiras e
colméias produtivas. As colméias produtivas recebem cria das outras,
aumentando rapidamente a sua população e, dessa forma, a sua
produtividade.
7.17 Como é uma colméia criadeira?
É uma colméia da qual não se obtém nada a não ser crias. Ela deve ter uma
boa rainha e receber farta alimentação energética e protéica, inclusive
durante a safra. Nessas condições, ela é capaz de gerar pelo menos dois
quadros completos de cria por semana (cerca de 12 a 14 mil crias). Quando
a cria está madura, prestes a nascer, uma parte é transferida para outro
enxame (produtor), e outra parte é deixada na colméia criadeira para
reposição das abelhas que forem morrendo. A cria aberta não deve ser
transferida, para não sobrecarregar a colméia produtiva com mais trabalho.

7.18 Como evitar a enxameação?[2]


Não existe método garantido. Há diversos deles propostos na literatura,
alguns bastante complicados, quase todos exigindo verificação muito
freqüente da colméia para a destruição de realeiras e ampliação do espaço
de postura e armazenagem de mel. Às vezes, parece preferível ter algumas
enxameações no apiário do que usar um desses métodos propostos.

Uma boa prevenção me parece o único caminho aceitável contra a


enxameação. A troca anual de rainhas é um procedimento que ajuda a
evitá-la, além de contribuir para uma maior produtividade do enxame. A
manutenção de espaço de sobra na colméia, tanto para a postura quanto
para a armazenagem de mel, desde o início da safra, também é uma boa
prática. Também o são os manejos rápidos e infreqüentes e a manutenção
das colméias com boa ventilação e em ambiente sombreado (ou com
telhados amplos, de cor clara). Quando todos esses elementos estiverem
presentes, a enxameação ainda será possível, mas ela provavelmente
ocorrerá mais tarde, permitindo que o enxame armazene mel suficiente
para ser colhido pelo apicultor.

7.19 O que fazer se houver realeiras no enxame? [2]


Basicamente, há duas razões para haver realeiras no enxame: morte da
rainha ou enxameação. No primeiro caso, as realeiras devem ser
preservadas; no segundo, elas podem ser removidas se a rainha velha
ainda está presente.

A inspeção dos favos pode ajudar a identificar a causa das realeiras. Muitas
vezes (não sempre), um número grande de realeiras, localizadas nas
bordas dos favos, são indícios de enxameação. Por oposição, poucas
realeiras, localizadas nas faces dos favos, indicam reposição de rainha
morta.

A esses sinais, deve-se acrescentar uma análise da cria. Rainhas prestes a


enxamear param a postura por poucos dias. Portanto, realeiras fechadas
com crias jovens podem indicar enxameação. Já realeiras fechadas e
somente crias operculadas pode ser sinal de reposição de rainha.

De qualquer forma, é importante notar que a eliminação das realeiras na


ausência da rainha velha (morta ou já enxameada) pode ser fatal para o
enxame. O ideal, portanto, é que o apicultor sempre se certifique da
presença da rainha antes de remover as realeiras.
7.20 O que fazer com as realeiras removidas? [2]
Elas podem ser destruídas ou, se forem procedentes de um bom enxame e
estiverem operculadas, podem ser aproveitadas em outras colméias ou
núcleos.

Se a decisão for pela destruição, as que estiverem desoperculadas poderão


ser guardadas num recipiente limpo para que a geléia real seja retirada e
consumida, (nem que seja para matar a curiosidade dos familiares e
amigos).

7.21 Como aproveitar as realeiras em outras colméias? [2]


Realeiras retiradas de um enxame com boas características podem ser
introduzidas em colméias previamente orfanadas ou núcleos criados para
tal. No entanto, há um momento mais adequado para isso, que é por volta
do décimo dia de construção da realeira, quando ela está fechada e a
incubação ainda levará cerca de dois dias para se completar. Como o
apicultor não pode estimar a idade de uma realeira "achada", o método não
é muito garantido.

Por essa razão, a opção por núcleos pode ser mais interessante: se a
introdução da realeira não der certo, o prejuízo com a perda de um núcleo
é muito menor do que com a perda de uma colméia.

Para fazer um núcleo, pegue dois ou três quadros de cria em diferentes


estágios e mais dois ou três quadros de provisões, todos com abelhas
aderentes. Esses quadros podem ser procedentes de colônias diferentes,
mas nenhum deles pode vir com a rainha. Os quadros serão postos numa
caixa pequena (com volume de meio ninho) ou mesmo num ninho inteiro,
dividido ao meio por uma tábua separadora.

Para fazer a introdução da realeira, tanto numa colméia orfanada quanto


num núcleo, recorte-a cuidadosamente do quadro da colméia-mãe e fixe-a
entre as barras superiores de dois quadros da caixa de destino, com o
máximo cuidado para não danificar a realeira. Depois, feche o núcleo e não
mexa nele por cerca de duas semanas. Dependendo das condições
climáticas, durante esse tempo a princesa já deverá ter nascido e
acasalado.

Antigamente, era recomendada a introdução da realeira num protetor do


tipo "West", uma gaiolinha no formato de um cone de mola. Hoje, ele é
considerado dispensável.

7.22 Por que a introdução de uma realeira pode não dar certo? [2]
Vários motivos podem impedir que de uma realeira resulte uma rainha
fértil. O primeiro é pela inviabilidade da pupa, já que ela pode estar morta
dentro da realeira, ou ter sido lesada durante a manipulação. Por esta
razão, introduzir pelo menos duas realeiras em cada núcleo ou colméia
pode ser uma boa idéia.

Outro motivo é a falta de zangões na região. Após uma entressafra


relativamente longa, a probabilidade de haver zangões em alguma colméia
próxima é muito pequena. Nesse caso, a princesa pode nascer saudável,
mas não encontrar seus pares para acasalar.

Da mesma forma, condições climáticas muito adversas podem retardar


bastante os vôos nupciais ou ocasionarem a morte da princesa.

7.23 Como se acha a rainha? [4]


Com sorte ou muita paciência. O método principal é remover cada quadro e
verificar cuidadosamente as duas faces. Lembre-se que a rainha tentará
esconder-se no ponto mais escuro, num canto, talvez por baixo das
operárias. Olhe algumas vezes as duas faces, não desista logo. Se achar
que ela não está mesmo ali, devolva o quadro à colméia (ou, melhor ainda,
ponha-o num ninho vazio, previamente colocado ao lado) e passe para o
próximo quadro.

Um método mais drástico, mas de ótimo resultado, é peneirar as abelhas.


Primeiro, retire a tampa da colméia e coloque-a num local próximo, bem
apoiada. Sobre ela, coloque uma tela excluidora e depois o ninho com a
rainha velha (sem o fundo). No local do ninho antigo, coloque um ninho
novo, vazio. Retire quadro por quadro do ninho velho e procure pela rainha.
Se achá-la, está terminada a procura, apenas termine de transferir todos os
quadros e abelhas para o ninho novo. Se não achá-la no quadro, sacuda-o
e leve-o sem abelhas para o ninho novo. Repita a operação com todos os
favos. No final, transfira o ninho velho (agora sem quadros) junto com a
tela excluidora para cima do ninho novo e aplique um pouco de fumaça
para as abelhas descerem. Quando todas tiverem descido, sobrarão apenas
os zangões e a rainha sobre a tela.

Outro método que às vezes dá resultado é pôr bastante fumaça no alvado,


antes de abrir a colméia. Com isso, há uma boa chance de que a rainha
afaste-se dele o máximo possível, e talvez você a encontre no lado de baixo
da tampa, assim que abrir a colméia. Naturalmente, trata-se de um método
condenável pelo próprio abuso de fumaça (veja item 4.10 Por que a
fumaça é indesejável?) e ele não funcionará se houver uma tela excluidora.
Também é especialmente danoso se houver melgueiras, pois o mel pode
ser contaminado pelo excesso de fumaça, e a rainha pode se esconder
numa melgueira, ao invés de subir até a tampa.

7.24 Durante as revisões é preciso sempre enxergar a rainha?


Não. A presença da rainha pode ser percebida pela presença de ovos.
Mesmo quando a postura cessa completamente na entressafra, o apicultor
experiente pode perceber a presença da rainha pelo comportamento mais
pacífico (menos agitado, para ser mais exato) das operárias. Na verdade,
há muito poucas ocasiões em que realmente é necessário achar a rainha.

7.25 Quando se deve substituir a rainha? [2]


A melhor época de troca é dois a três meses antes da próxima safra, mas
isso nem sempre é possível, já que muitos criadores de rainhas também
passam por uma entressafra de produção. Se isso ocorrer, vale a pena
procurar por produtores de outras regiões do país, já que a diversidade
climática e as safras e entressafras são bastante distintas no Brasil.
Junto com a consideração de antecedência da próxima safra, outra que
pode ser útil é o final da safra corrente. Como o fim de safra é uma ocasião
de grande agitação na colméia, pela grande quantidade de abelhas
presentes e pelo final do fluxo de néctar, muitas vezes é preferível esperar
algum tempo (um mês, mais ou menos) para efetuar a troca da rainha.
Assim, as populações serão menores, facilitando a manipulação das
colméias e a procura pela rainha antiga.

Por outro lado, se o apicultor quiser fazer divisões das colméias, o ideal é
aproveitar o momento de população máxima, que ocorre no final da safra.
Embora a divisão não seja o método ideal para multiplicação de enxames,
ele facilita grandemente a introdução de rainhas novas (veja o item
7.6).

7.26 Com que freqüência a rainha deve ser substituída? [2]


Uma recomendação comum é que ela seja trocada anualmente. A razão
disso é que uma rainha jovem é mais produtiva e menos propensa a
enxamear. Há quem troque as rainhas a cada seis meses e a cada dois
anos ou mais, mas a periodicidade anual me parece ser a ideal,
considerados os aspectos práticos e econômicos.

Num estudo citado em [SAN93], foi medida a produção de 36 colméias,


metade delas com rainhas de um ano, metade com rainhas de dois anos.
As colméias com rainhas mais jovens produziram quase 40% a mais de mel
do que as mais velhas – 141 kg contra 102 kg, respectivamente.

7.27 Como substituir uma rainha?


De duas formas: adquirindo uma rainha de um fornecedor e introduzindo-a
na colméia ou forçando as abelhas a produzirem uma nova. Para forçar as
abelhas a produzir uma rainha, basta eliminar a antiga e deixar na colméia
pelo menos um quadro com ovos e cria nova. Deixe a colméia fechada por
7 a 10 dias e depois verifique a presença de realeiras. Se não houver
nenhuma fechada ou em desenvolvimento, forneça mais um quadro com
cria nova ao enxame. Se falhar de novo, una o enxame a outro antes que
ele se torne zanganeiro. Essa técnica de ser usada apenas quando houver
zangões nas colméias, para garantir a fecundação da princesa.

Para adquirir uma rainha, entre em contato com um fornecedor com boas
referências. Se não conhecer nenhum, pergunte em algum grupo de
discussão. Alguns fornecedores recomendam a eliminação da rainha antiga
com 24 a 48 horas de antecedência, para que as operárias percebam a sua
ausência e aceitem melhor a nova. Outros, no entanto, não vêem utilidade
nisso e recomendam a introdução da rainha nova no mesmo momento da
eliminação da antiga, o que simplifica bastante a operação. Depois da
introdução, a colméia deve permanecer fechada por uma semana, pelo
menos.

7.28 Como as rainhas são vendidas? [2]


Salvo solicitação diferente, elas são vendidas fecundadas, testadas (já em
postura), e marcadas na cor do ano. São enviadas pelo correio numa gaiola
de transporte, junto com algumas operárias acompanhantes e uma porção
de cândi.
Essa gaiola pode ser usada para se fazer a introdução, embora muitos
manuais recomendem o uso de gaiolas de introdução específicas.

7.29 Como é uma gaiola de introdução? [2]


O modelo mais simples é um rolinho de tela metálica (ou um daqueles bobs
de cabelo), fechado com madeira numa ponta e dois pedaços de jornal na
outra, presos com um elástico. Na madeira, põem-se dois preguinhos, para
pendurar o rolo entre dois quadros do ninho (que devem ser afastados um
pouco um do outro). O jornal será roído aos poucos pelas operárias, dando
tempo a que elas se conheçam antes da liberação definitiva da rainha.

Uma gaiola mais sofisticada é a Müller, que possui um ou dois túneis a


serem preenchidos com cândi. Um túnel longo (às vezes o único) serve de
saída para a rainha, assim que as abelhas removem todo o cândi. O túnel
pequeno tem um estreitamento que não permite a saída da rainha, mas dá
acesso mais rápido ao interior da gaiola para algumas operárias de cada
vez. Supostamente, é uma gaiola com aceitação mais garantida da nova
rainha (eu nunca percebi diferença), e especialmente recomendada no caso
da introdução de uma rainha européia numa colméia africanizada.

A própria gaiola de transporte é o meio mais simples para fazer a


introdução. De acordo com vários autores, as acompanhantes devem ser
retiradas para a introdução. No entanto, diversos apicultores (inclusive eu)
já testaram com sucesso a introdução da rainha junto com as
acompanhantes na gaiola de transporte, o que representa uma boa
economia de trabalho.

Quem prefere remover as acompanhantes só pode usar a gaiola de


transporte se ela tiver malha larga, que permita que as abelhas da colméia
possam alimentar a rainha através dos furos. O buraco por onde saíram as
acompanhantes deve ser fechado com uma tampa (batoque), enquanto que
o buraco que fica do lado do cândi deve ser liberado (cuidado para não
esquecer dele, ou a rainha ficará presa).

7.30 Como as acompanhantes são retiradas da gaiola de


transporte?
O melhor é fazer isso num ambiente fechado, a prova de abelhas. Assim, se
alguma rainha sair voando, ela poderá ser recapturada.

Uma maneira relativamente eficiente é tirar a tampa da gaiola e sacudi-la


com cuidado dentro de um saco plástico. Quando a rainha sair, segure-a
gentilmente numa dobra do saco e sacuda o resto das acompanhantes.
Depois, induza a rainha a entrar na gaiola de introdução.

7.31 Como a gaiola deve ser colocada na colméia? [2]


Uma recomendação comum é que ela seja pendurada entre dois quadros de
cria, com cuidado para não obstruir os orifícios de ventilação e acesso ao
cândi. Eu não gosto dessa forma porque ela exige a retirada (temporária)
de um quadro do ninho ou o sacrifício de uma parte das crias, pela
proximidade dos seus alvéolos com a gaiola.
A alternativa é deixar a gaiola deitada sobre as barras superiores dos
quadros. Também aqui é preciso garantir que as demais abelhas terão
acesso suficiente à tela, para alimentá-la (caso as abelhas acompanhantes
tenham sido retiradas), e ao cândi, para libertá-la. Também é preciso
providenciar um extensor para o ninho, de forma que a gaiola não seja
esmagada pela tampa ou pela primeira melgueira (veja comentário sobre
extensores no item 6.25). Alternativamente, a gaiola pode ser colocada no
fundo da colméia, com a tela para cima, se houver espaço.

7.32 O que é "cor do ano"?


É a cor da tinta usada para pintar o tórax da rainha, para identificar o seu
ano de nascimento (último dígito):

1 e 6 - branca
2 e 7 - amarela
3 e 8 - vermelha
4 e 9 - verde
5 e 0 - azul

É difícil imaginar uma utilidade real para isso. Talvez seja bom para algum
apicultor com muitas colméias, que troque apenas uma parte das rainhas a
cada ano e não registre quais colméias receberam rainhas novas. Situação
meio rara, eu imagino. Na prática, a vantagem mesmo é que uma rainha
pintada é mais fácil de ser encontrada do que uma não pintada.

7.33 Como as rainhas são produzidas para venda?


A produção de rainhas para venda é um campo bastante específico da
apicultura, cheio de minúcias e conduzido por uma pequena parte dos
apicultores. Apenas para dar uma idéia do processo (ou de um deles), aqui
vão os detalhes básicos.

Primeiro, o apicultor seleciona as colméias que fornecerão as larvas


segundo seus critérios preferidos - produtividade, mansidão,
comportamento higiênico, tolerância a doenças, baixa tendência à
enxameação, entre outros. Das colméias selecionadas, são extraídas larvas
jovens, que são "enxertadas" em cúpulas. Essas cúpulas podem ser de
plástico ou cera, e são fixadas em grupos (20, 30, 40, ...) num quadro
modificado. Este quadro é colocado em seguida numa colméia forte, que
pode ter sido previamente orfanada ou não, dependendo do método
escolhido. Essa colméia, se alimentada abundantemente, conseguirá
garantir o desenvolvimento de todas, ou quase todas as larvas enxertadas.
Após cerca de dez dias do enxerto, as realeiras são distribuídas a núcleos
(mini-colméias) previamente orfanados, onde as princesas nascerão, farão
seus vôos nupciais e iniciarão a postura, para somente depois serem
vendidas.

7.34 Quanto custa uma rainha?


Varia bastante de acordo com o fornecedor, mas fica entre 1 e 2 kg de mel,
em média.
7.35 O que fazer se a rainha morrer?
Uma solução é adquirir outra rainha e tentar uma nova introdução. Outra
possibilidade é deixar as próprias abelhas produzirem a sua rainha. Neste
caso, deve haver um quadro com ovos e larvas jovens disponível, além de
alimento suficiente (especialmente pólen ou um substituto).

7.36 O que fazer se o enxame ficar zanganeiro? [2]


Se a colméia não aceitar outra rainha ou não conseguir produzir uma nova,
ela poderá tornar-se zanganeira. É sempre melhor intervir antes que isso
aconteça, mas caso essa situação ocorra, há algumas tentativas que podem
ser feitas. A introdução de uma nova rainha freqüentemente falha, mas
pode ser tentada se houver disponibilidade de rainha.

Uma técnica possivelmente útil para enxames zanganeiros que ainda


estejam fortes é sacudir todos os favos a uma boa distância do local
original da colméia, para eliminar as poedeiras. Supostamente, por estarem
mais pesadas e talvez desorientadas por dedicarem-se apenas à postura,
elas não voltariam para a colméia. Depois, a colméia é remontada no local
original, sem os favos de cria. Assim, apenas com as operárias normais, o
enxame tem uma probabilidade maior de aceitar a rainha nova.

Outra idéia é a troca de lugar de uma colméia zanganeira com outra


normal, forte. Nesse caso, é preciso remover os favos zanganeiros e
acrescentar favos com postura boa e jovem, para que as operárias não
zanganeiras, inclusive as da colméia normal que estarão entrando,
produzam uma nova rainha.

No entanto, antes de se experimentar alguma forma de recuperação do


enxame zanganeiro, é preciso avaliar a sua viabilidade. Enxames nessa
situação, quando são encontrados, freqüentemente apresentam um número
muito pequeno de operárias, muitas delas poedeiras, e não justificam
esforços maiores na sua preservação individual. Além disso, nenhum desses
métodos é garantido, o que valoriza ainda mais a ações preventivas para
que a colméia não chegue a essa situação.

A opção, então, é a união da colméia zanganeira com uma normal, com a


eliminação dos favos que estiverem cheios de ovos das operárias, para que
não nasçam mais zangões. Mesmo que o número de campeiras da colméia
zanganeira não seja muito grande, ao menos as provisões de mel, pólen e
favos não serão perdidas.

7.37 O que fazer se o enxame morrer?


Se o enxame morrer ou abandonar a colméia, sobrará uma porção de favos
cheios de crias e alimento. Em pouco tempo, estará tudo em processo de
decomposição, atraindo uma porção de traças, formigas e forídeos (um tipo
de mosca, muito pequena e rápida), que aproveitarão para ali depositar
seus ovos e transformar tudo num cenário de filme de terror.

Nessa situação, há pouco a fazer. Remova a caixa logo. Lave e derreta os


favos menos comprometidos. É possível derreter todos os favos, mas o
processo será trabalhoso e, para os mais sensíveis, verdadeiramente
nojento. Se você não se importar em ficar coando teias cheias de fezes e
vermes cozidos, jogue tudo num latão com água quente. Caso contrário,
enterre ou queime os favos em pior estado.

Depois, limpe bem as caixas, os quadros e os demais equipamentos


atingidos.

8. O Mel e a Colheita
8.1 O que é o mel?
Segundo o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
(DIPOA), do Ministério da Agricultura, mel é "o produto alimentício
produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das
secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de
insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que
as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas
próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colméia".

Em outras palavras, é uma substância produzida pelas abelhas a partir de


secreções de plantas (o néctar) ou de determinados insetos (o
pseudonéctar) e da adição de algumas substâncias por elas mesmas
produzidas (enzimas, por exemplo), desidratada e armazenada nos favos
da colméia.

8.2 O que é o néctar?


Néctar é uma solução de açúcares (principalmente sacarose, glicose e
frutose) em água em proporção que varia de 3 a 87%, embora grande
parte dos néctares esteja na faixa de 30-40%. Ele contém ainda diversas
outras substâncias complexas, em pequenas quantidades, que determinam
o seu aroma, sabor e características nutritivas (e tóxicas, em alguns casos).
O néctar é produzido no nectário, um órgão presente em muitas plantas,
freqüentemente (mas não sempre) nas suas flores.

8.3 O néctar pode ser produzido fora das flores?


Sim, nos chamados nectários extraflorais. Enquanto os nectários florais
ajudam na reprodução das plantas, atraindo insetos e outros animais que
acabam acidentalmente polinizando as flores, acredita-se que os nectários
extraflorais ajudem a proteger as plantas. Por exemplo, uma planta
rasteira, quando carregada de formigas coletoras de néctar, tem menor
probabilidade de ser consumida por algum animal herbívoro que passe por
perto.

8.4 O que é melato?


Melato, também chamado de pseudonéctar, é uma substância doce
produzido por alguns insetos que vivem em plantas, como cochonilhas e
pulgões. Esses insetos sugam a seiva elaborada das plantas em busca de
açúcar e quanto o tem em abundância, excretam o excesso. No Brasil, a
norma vigente considera melato também o néctar extrafloral, embora os
textos clássicos tendam a diferenciar uma coisa de outra.
O mel de melato é normalmente mais escuro e menos ácido do que o mel
de néctar, e possui menos frutose e glicose e mais maltose e outros
açúcares complexos. Em alguns lugares, especialmente na Europa, o mel
de melato é muito valorizado; em outros, porém, ele é considerado de
segunda linha.

8.5 Quando o mel está pronto para ser colhido?


Assim que o favo for operculado, o mel estará "maduro" para ser colhido.
Antes disso, ele é chamado de mel "verde", significando que a sua umidade
ainda está muito alta. Como a operação de colheita é trabalhosa, os
apicultores muitas vezes preferem esperar o final da safra para fazê-la de
uma única vez, mas nada impede que o mel seja colhido aos poucos.

Aliás, a permanência do mel na colméia por longo tempo pode levar à sua
reidratação, pois o mel é um produto altamente higroscópico, isto é, ele
tende a absorver água rapidamente quando exposto a um ambiente úmido.
Esse fenômeno pode acontecer mesmo com mel totalmente operculado,
pois a cera é permeável à umidade.

8.6 Por que a umidade é ruim para o mel?


Um alto percentual de umidade favorece a fermentação do mel,
inutilizando-o para o consumo.

8.7 Qual é o percentual de umidade seguro para o mel?


Um percentual de 17% é tido como muito seguro [CRA83]. Até 19%, o mel
é razoavelmente seguro, a partir daí o risco de fermentação começa a ser
significativo. O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel, do
MAPA/SDA/DIPOA, admite umidade máxima de 20%. As diretrizes do IBD
(Instituto Biodinâmico) para mel orgânico admitem, no máximo, 18% de
umidade.

8.8 Como é medida a umidade do mel?


Com um instrumento chamado refratômetro. No entanto, esse controle
geralmente é feito apenas por grandes compradores (entrepostos,
exportadores) e não pelos próprios apicultores.

8.9 Como retirar umidade do mel?


Há desumidificadores disponíveis no mercado, mas eles são destinados a
grandes produtores ou entrepostos. Para pequenas quantidades de mel,
alguns apicultores recomendam a manutenção das melgueiras num
ambiente seco por um dia ou dois antes do seu processamento.

Para remover umidade do ambiente, pode-se usar um desumidificador


doméstico ou, se a temperatura for baixa, até um aquecedor de banheiro,
destes com resistência elétrica e ventilador, pode ser muito eficiente. Um
higrômetro comum pode ser usado para medir a umidade do ambiente. A
tabela abaixo, extraída de [CRA83], mostra os valores de equilíbrio de
umidade, quando o mel é deixado exposto por tempo suficiente (URA =
umidade relativa do ar, UM = umidade do mel).

URA (%) UM (%)


50 15,9
55 16,8
60 18,3
65 20,9
70 24,2
75 28,3
80 33,1

O tempo de chegada ao ponto de equilíbrio depende muito da superfície do


mel que está exposta e da sua agitação. Quanto maior for a superfície,
mais rapidamente esse equilíbrio será atingido. Por outro lado, se o mel
estiver em repouso e a umidade do ar for muito baixa, a desidratação
rápida da sua superfície pode formar uma crosta isolante, o que atrasará
bastante a continuação do processo.

Uma suspeita (desconheço algum estudo que a confirme ou negue) é que a


centrifugação do mel, se realizada num ambiente seco, pode ajudar a
remover parte da sua umidade, em razão da exposição de uma superfície
grande (milhões de gotas, escorrimento pela parede da centrífuga) a uma
ventilação forçada (produzida pelo rotor da centrífuga).

8.10 Em que condições o mel pode ser colhido? [2]


Normalmente, são colhidas as melgueiras que possuem todos ou quase
todos os favos totalmente operculados. Favos desoperculados contém “mel
verde”, isto é, mel que ainda não atingiu o nível de umidade ideal (ao redor
de 18%). Como um nível alto de umidade está associado a um grande risco
de fermentação, a colheita de favos desoperculados deve ser evitada, pelo
menos em quantidade significativa.

Uma boa idéia é preparar as melgueiras e redistribuir os quadros na revisão


anterior à colheita, de forma a já deixar as melgueiras prontas no topo das
colméias. Dessas melgueiras, procura-se remover o máximo possível de
abelhas, para elas chegarem vazias ao local de processamento. As
melgueiras são então empilhadas, fixadas e transportadas.

8.11 Com que freqüência o mel deve ser colhido? [2]


O mais comum é fazer-se uma colheita de melgueiras cheias, tão logo elas
estejam em número significativo no apiário. Se a florada continuar, outras
colheitas podem ser necessárias.

No entanto, há uma corrente que prega que, quanto mais freqüente for a
retirada do mel, mais mel será produzido. Nesse caso, o ideal seria colher
com freqüência apenas os favos totalmente operculados, devolvendo-os
vazios logo em seguida. A lógica por trás dessa idéia é que, percebendo a
falta de mel, mais abelhas se dediquem à coleta de néctar, tornando a
colméia mais produtiva neste aspecto. Não há dúvida que aumenta muito o
trabalho, pois a colheita e a extração envolvem uma porção de
procedimentos de preparação e conclusão, que teriam de ser repetidos
muitas vezes nessa técnica.

Além disso, um número excessivo de colheitas pode prejudicar o


desempenho da colméia, pelo excesso de estresse induzido. Um estudo
canadense, conduzido por Tibor Szabo e citado em [SAN93], investigou o
impacto de três variáveis na qualidade e na quantidade do mel produzido: a
idade da rainha, o número de melgueiras colocadas e a freqüência de
retirada do mel. No que diz respeito à freqüência de colheita, o estudo, que
foi realizado em 36 colméias, obteve a produção de 142 kg com duas
colheitas, 116 kg com quatro colheitas e 106 kg com uma colheita. Por este
resultado, pode-se presumir que duas colheitas por safra é o número ideal.

8.12 Quantas melgueiras devem ser colocadas no início da safra?


[2]
Também aqui há alguma polêmica. Grande parte dos apicultores
recomenda a colocação progressiva das melgueiras, adicionando a seguinte
apenas depois de alguns quadros da atual já estarem cheios. Um dos
motivos seria evitar um desequilíbrio térmico da colméia com o aumento
súbito e elevado de espaço vazio.

Outros apicultores defendem que as melgueiras, em número suficiente para


acumular uns 30-50 kg de mel, devem ser colocadas todas de uma só vez,
mas com um detalhe importante: todos os quadros devem ter favos
puxados, e não cera alveolada. Isso evitaria em parte o desequilíbrio
térmico e facilitaria a imediata deposição de néctar, ao mesmo tempo em
que estimularia as abelhas a trabalhar mais, pela percepção de tantos favos
vazios [AMB92]. No caso de melgueiras com cera alveolada, o
empilhamento de mais de uma não traz nenhum benefício.

Na pesquisa mencionada no item 8.11 Com que freqüência o mel deve


ser colhido? [2], o número de melgueiras adicionadas no início da safra não
teve influência significativa na produção. No entanto, o experimento usou
muitas melgueiras empilhadas por colméia, da ordem de cinco a quinze, e é
possível que o número de melgueiras empilhadas não faça diferença
somente a partir de determinado patamar. Por outro lado, o mesmo estudo
concluiu que um número maior de melgueiras estava associado a uma
umidade menor do mel colhido, um resultado de grande interesse para o
apicultor.

Assim, a opção pela colocação de um grande número de melgueiras, com


favos puxados, no início da safra, tem a minha total simpatia. E ela é bem
ilustrada pela recomendação "empilhe as melgueiras no início da safra e vá
pescar", atribuída ao pesquisador Tibor Szabo, do Canadá. Um outro estudo
conduzido por ele chegou à conclusão que manejos freqüentes na colméia
durante a safra podem acarretar a perda (não-acúmulo, na verdade) de até
3,8 kg de mel, devido às perturbações causadas. Como esse estudo foi
efetuado com européias, pode-se imaginar que talvez o impacto nas
africanizadas seja ainda maior, dado o tempo de recuperação muito maior
destas.

8.13 Onde deve ser colocada uma nova melgueira?


Aqui também há discussão. Parte dos apicultores acredita que uma nova
melgueira deve ser colocada logo acima do ninho (e abaixo das já
existentes), para diminuir o trânsito desde o recebimento do néctar até a
sua armazenagem.
Já outros entendem que o resultado dessa técnica não compensa o trabalho
de remoção das melgueiras existentes para a colocação da nova. E, além
disso, uma melgueira vazia logo acima do ninho em plena safra, pode
estimular a rainha a pôr ovos ali, caso não haja tela excluidora [AMB92].

8.14 Como colocar melgueiras com 8 ou 9 quadros?


A idéia de se usar melgueiras com 8 ou 9 quadros ao invés de 10 permite
um melhor aproveitamento do espaço da caixa, economia de quadros e a
produção de favos mais profundos, o que facilita muito a desoperculação,
embora eles sejam mais frágeis e sujeitos a quebras e esmagamentos
durante o transporte (veja item 2.9).

Para usar essa técnica, o melhor é começar com a produção de 10 favos


normais, a partir de lâminas de cera alveolada. Se forem usados menos
quadros com lâminas, eles não podem ser espaçados além do normal, ou as
abelhas construirão favos intermediários, entre as lâminas. Alguns
apicultores iniciam com nove quadros agrupados e vão separando-os à
medida que os favos vão sendo puxados, mas isso não funciona direito,
porque as abelhas podem finalizar os favos centrais antes mesmo de
começar a puxar os da extremidade.

Depois da primeira centrifugação, os quadros já podem ser devolvidos em


número menor nas melgueiras. As abelhas então apenas depositarão mel e
estenderão os alvéolos até atingir o espaço normal entre dois favos de mel
(6 a 9 mm).

8.15 Como as abelhas são retiradas das melgueiras?


A maneira mais simples é pela varredura dos quadros. Cada um deles é
sacudido e depois varrido, de forma que as abelhas aderentes caiam dentro
ou próximo da colméia. Depois o favo é levado para uma caixa auxiliar, que
fica a maior parte do tempo fechada na parte superior e inferior. Esse
método é demorado, trabalhoso e muito estressante para as abelhas.

Em outros países, é comum o uso de substâncias repelentes que são


colocadas logo abaixo da tampa e forçam as abelhas a se deslocarem para
baixo, permitindo a remoção de melgueiras inteiras. Aqui no Brasil, eu
nunca soube que isto fosse utilizado.

Outra forma bastante usada lá fora para remover as abelhas é por meio de
um soprador, que é muito mais rápido e eficiente que a vassourinha. Nunca
vi nenhum específico a venda por aqui, mas já soube de alguns apicultores
que usaram algumas improvisações: a saída de um aspirador de pó, um
soprador de folhas ou um compressor de ar.

A técnica que eu prefiro é a que emprega a tábua de escape. Essa tábua


deve ser introduzida logo abaixo das melgueiras a serem colhidas, com 48
horas de antecedência. Por essa tábua, as abelhas saem da melgueira e
dificilmente conseguem voltar, o que transforma a colheita num verdadeiro
passeio. A tábua de escape deve ser a que possui um buraco grande do
lado de cima e uma tela montada sobre sarrafos (em triângulo, geralmente)
do lado de baixo. É muito fácil fazê-la, procure na Internet (é conhecida
também como "Québec board"). Evite, porém, o infame "escape-abelha",
um dispositivo metálico que funciona (muito mal) como uma válvula de
abelhas.

Essa técnica tem a desvantagem de exigir duas viagens ao apiário, e


dificilmente pode ser empregada por quem possui muitas colméias. Mas é,
sem dúvida a mais confortável para abelhas e apicultores. Um detalhe
importante é que a tábua de escape não pode ficar muitos dias na colméia,
ou as abelhas acabarão conseguindo achar o caminho de volta à melgueira.
A tábua de escape também é menos eficaz quando há mel desoperculado
nas melgueiras e, muito especialmente, cria aberta ou fechada.

8.16 Como as melgueiras devem ser transportadas?


Essa é uma preocupação importante, tanto em relação à segurança das
pessoas, quanto à integridade dos favos. Melgueiras cheias são muito
pesadas e deslizam facilmente umas sobre as outras. Para evitar esse
problema, você pode utilizar dois pedaços de cantoneiras metálicas
(alumínio é melhor) em cantos opostos da pilha, e amarrá-las em pelo
menos dois pontos. As pilhas amarradas devem a resistir aos solavancos,
curvas e freadas.

Lembre-se que um acidente com melgueiras não significa apenas mel


perdido. A chegada de uma nuvem de abelhas em poucos minutos pode
transformar qualquer lugar num ambiente assustador. Por isso, as
melgueiras devem ser transportadas, sempre que possível, diretamente do
apiário a um lugar inacessível às abelhas. Caso aconteça um acidente,
procure lavar rapidamente o mel e remova o que for possível para um lugar
fechado. Mesmo melgueiras em bom estado não devem ser deixadas ao ar
livre por muito tempo.

Quando o caminho for muito ruim, é preciso considerar também a


possibilidade de quebra dos favos, especialmente quando eles são usados
em quantidade inferior à máxima (8 ou 9 na Langstroth). Para diminuir o
risco de quebra, alinhe as melgueiras, de forma que a sua lateral maior
fique no mesmo sentido que o veículo. Isso evitará o movimento de
pêndulo dos quadros nas freadas e arrancadas.

8.17 Como é feita a desoperculação dos favos?


O método manual é com faca e garfo. A faca deve ser do tipo "serrote de
pão", com um serrilhado bem largo e afiado. O quadro é mantido quase na
vertical, apoiado numa lateral pequena, e a faca é passada logo abaixo da
cobertura, de forma a remover as tampas sem prejudicar demais os
alvéolos, para que o favo possa ser reaproveitado. Essa operação pode ser
feita numa mesa desoperculadora ou mesmo sobre um recipiente largo,
como uma bacia, que recolha a cera retirada e o mel que escorre. Quando a
temperatura ambiente está alta demais, porém, a cera dos favos pode
amolecer, e a faca não a cortará direito.

Alguns apicultores usam uma faca especial de desoperculação que é


aquecida eletricamente, o que ajuda a cortar a cera. Outros usam uma faca
metálica comum aquecida em água quente. Nesse caso, é preciso secá-la
antes de cortar o favo, para não adicionar água ao mel. As duas técnicas
têm críticos ruidosos: a faca aquecida eletricamente elevaria demais a
temperatura do mel com que entrasse em contato. A faca aquecida em
água quente esfria rapidamente e ainda aumenta a sujeira do ambiente,
distribuindo de pingos de mel e água por todo lado. Normalmente, o serrote
de pão funciona tão bem, que não consigo descobrir nenhuma vantagem
em usar essas geringonças.

Como a faca normalmente não é suficiente para fazer um trabalho completo


(a não ser com favos gordos e perfeitos), o passo seguinte é o acabamento.
Para isso, o quadro deve deitado (com as faces na horizontal), apoiado na
mesa desoperculadora ou num recipiente que recolha o mel que escorre.
Utiliza-se então o garfo desoperculador nas duas faces, introduzido-o por
baixo da cobertura e levantado com cuidado para não ferir muito os
alvéolos.

Há algumas outras ferramentas de desoperculação, como um rolete cheio


de pontas, mas não são muito populares. Há também desoperculadores
motorizados, com escovas ou lâminas que removem os opérculos, mas eles
normalmente se destinam a grandes produtores ou entrepostos.

8.18 O que é uma mesa desoperculadora?


Basicamente, é um tanque com um apoio para os quadros, um fundo
inclinado para facilitar o escorrimento do mel e uma saída, por onde o mel
passa para ser filtrado. Há modelos com telas que aparam a cera removida
e já fazem uma pré-filtragem do mel.

8.19 Quanto custa uma mesa desoperculadora?


Uma pequena, para 20 quadros, em inox, custa aproximadamente o mesmo
que 40 kg de mel (no varejo). A esse preço talvez precise ser adicionado o
de uma torneira de corte rápido, dependendo do modelo da mesa e do
esquema de trabalho do apicultor na extração. Uma torneira dessas, em
latão, custa cerca de 5 kg, e, em inox, cerca de 13 kg.

8.20 O que é uma torneira de corte rápido?


É uma torneira em forma de tubo, com uma tampa que fecha com um
movimento de guilhotina. Ela é chamada assim porque interrompe o fluxo
de mel imediatamente, evitando fios e pingos.

8.21 Como é feita a centrifugação dos quadros?


Os quadros são colocados numa centrífuga, na posição vertical. Eles ficam
apoiados no "cesto" da centrífuga, que gira junto com o eixo. Inicialmente,
a velocidade da centrífuga deve ser pequena, pois os favos estão pesados
de mel e podem romper-se com facilidade. No decorrer da centrifugação, o
mel vai sendo extraído, os favos vão ficando mais leves e a velocidade pode
ser aumentada gradualmente, até que os respingos de mel na parede
interna da centrífuga cessem.

Numa centrífuga radial, o processo é exatamente assim, mas numa


centrífuga facial ele é muito mais crítico e envolve pelo menos uma fase a
mais, a reversão dos quadros.
8.22 O que são centrífugas radial e facial?
Os nomes se referem à posição em que os quadros são colocados no cesto.
Na centrífuga radial, eles ficam alinhados com o raio, ou seja, quando
vistos de cima, os quadros lembram fatias de um bolo redondo. Na facial,
os favos ficam com uma face voltada para a parede da centrífuga e a outra
para o eixo. Na posição facial, a centrifugação só consegue remover o mel
da face que está voltada para a parede, e por isso o quadro deve ser
virado, pelo menos uma vez, para que o resto do mel seja extraído.

Na centrífuga radial, a reversão não precisa ser feita. Embora nela haja
também uma face privilegiada de cada favo, a inclinação natural dos
alvéolos garante que ambas as faces serão igualmente esgotadas.

A centrífuga facial requer um cuidado maior na operação, pois os favos


sofrem uma força perpendicular sobre sua face, que é muito frágil.

8.23 Como centrifugar favos quebrados?


Os favos quebrados devem ser desoperculados do jeito que for possível e
depois amarrados ao quadro. Essa amarração pode ser feita com fio de
nylon ou de arame fino. O fio deve ser amarrado a uma extremidade do
quadro e depois enrolado sobre ele em ida e volta, formando assim uma
espécie de rede de proteção ao favo.

Com uma boa amarração, o favo geralmente poderá ser centrifugado sem
problemas. Em caso de dúvida, deixe-o para o final e faça uma
centrifugação só dos quebrados, mais lenta e cuidadosa.

8.24 Por que a centrífuga vibra?


A centrifuga vibra quando o seu centro de massa não coincide com o eixo
de rotação. Em outras palavras, quando o cesto está desequilibrado, com
mais peso de um lado do que de outro. Quando o desequilíbrio é grande, a
centrífuga pode até se mover ("dançar"), se não estiver com os pés fixados
no chão.

Para evitar a vibração ou diminuí-la muito, basta prestar atenção ao


carregar a centrífuga, colocando quadros de peso semelhante em posições
exatamente opostas. É claro que isso só é possível quando a capacidade de
quadros da centrífuga é par, o que, felizmente, é a configuração mais
comum.

Outra possibilidade é carregar a centrífuga de qualquer jeito e, antes de


começar a girá-la, suspender um pouco um dos cantos. Se a distribuição de
peso estiver desequilibrada, o cesto vai girar até encontrar uma posição
preferencial. Se isso ocorrer, basta redistribuir os quadros até que o cesto
não tenda mais a ficar numa determinada posição quando o canto for
erguido.

8.25 O que move a centrífuga?


Há centrífugas manuais, movidas por uma manivela, e elétricas, movidas
por um motor. As motorizadas podem ter controle de velocidade manual ou
automático.
8.26 Quanto custa uma centrífuga?
Tomando o preço do mel no varejo como parâmetro, uma centrífuga radial
manual em inox para 8 quadros custa cerca de 50 kg, para 12 quadros, uns
65 kg, e para 16 quadros, uns 75 kg.

Centrífugas motorizadas em inox para 12 quadros custam cerca de 160 kg,


e para 20 quadros, uns 230 kg, aproximadamente.

Esses preços não incluem a torneira de corte rápido.

8.27 A centrifugação dos favos é demorada?


Depende principalmente da temperatura ambiente. Grosso modo, a 30 ºC,
o mel flui três vezes mais rápido do que a 20 ºC, e dez vezes mais rápido
do que a 15 ºC. Também por essa razão, vale a pena aquecer o ambiente
antes do processamento do mel. No entanto, é preciso notar que a
desoperculação manual é dificultada quando a temperatura está alta.

Um teor de umidade baixo, por sua vez, aumenta a viscosidade do mel e


dificulta o seu fluxo.

Quando o favo centrifugado tem alvéolos de zangão, o tempo de extração


diminui bastante, pela facilidade maior de escorrimento do mel.

8.28 Como extrair o mel sem a centrífuga?


Sem uma centrífuga, o processamento do mel complica-se bastante. Nesse
caso, normalmente há três alternativas para o favo: deixar o mel escorrer,
espremê-lo ou guardá-lo inteiro (ou em pedaços).

Deixar o mel escorrer é o procedimento ideal, porque permite o


reaproveitamento posterior do favo. No entanto, só pode ser feito em
recipientes grandes (os favos devem deixados com uma face voltada para
baixo, e depois a outra). Também é um procedimento demorado, e o mel
pode acabar absorvendo umidade do meio por higroscopia. Aumentar a
temperatura do ambiente e desumidificá-lo (com um aquecedor de
banheiro, por exemplo) vai acelerar o processo e diminuir o risco. Mesmo
assim, só é uma fórmula viável para uma colheita muito pequena.

Espremer o favo é uma maneira perfeita de inutilizá-lo para as abelhas e


obter um mel cheio de impurezas. No entanto, se for a única solução
possível, tente fazê-lo da forma mais higiênica possível.

A terceira alternativa, favos inteiros, pode ser preferível ao seu


esmagamento. Infelizmente, ela só é possível se o quadro não tiver sido
aramado. Assim, se você não possui centrífuga, não conhece ninguém que
possua e não está pensando em adquirir uma, é bom prever esse problema
antes de preparar e colocar as melgueiras. Nesse caso, a melhor opção é
adquirir formas especiais e adaptá-las nos quadros das melgueiras. Outra
saída, é usar quadros inteiros sem arame (veja o item 8.33 É possível
produzir mel em favo?).
8.29 O que fazer com as melgueiras após a extração?
Elas devem ser devolvidas às abelhas, que limparão todos os resíduos de
mel e deixarão os favos prontos para serem usados novamente ou
guardados até a próxima safra.

Há duas formas de devolver as melgueiras: empilhando-as em zig-zag a


uns 100 metros do apiário, ou devolvendo-as às colméias. A primeira forma
resulta em muitas brigas, mortes e, talvez, pilhagem. Também pode
facilitar a transmissão de doenças entre as colméias. Além disso, não
apenas abelhas, mas diversos outros insetos aparecem para comer o mel
ou depositar ovos nos favos.

A segunda forma é mais trabalhosa e exige mais cuidado, mas dá um


resultado muito melhor. Para isso, a devolução deve ser feita em horário
calmo das abelhas (final da tarde, noite ou amanhecer), com as caixas bem
limpas por fora, para não estimular os saques.

Uma alternativa interessante é devolver todas as melgueiras a umas poucas


colméias, de forma a minimizar a perturbação no apiário. Esse
procedimento é especialmente recomendável para a última colheita da
safra.

8.30 O que é feito do mel após a centrifugação?


Primeiro, o mel deve ser passado por uma peneira fina. A seguir, o ideal é
deixá-lo decantando por alguns dias e só depois embalá-lo. Naturalmente, a
segunda etapa só é possível com decantador.

8.31 O que é um decantador?


É um tanque com tampa e torneira. O mel é deixado nele por alguns dias
(uma semana, por exemplo), para que as impurezas que sobraram da
filtragem se depositem no fundo ou subam à superfície (junto com as
bolhas de ar). Depois desse período, o mel é passado para as embalagens
através da torneira, que deve ser de corte rápido. Como essa torneira se
localiza um pouco acima do fundo, o mel que passa por ela é o mais puro
possível, exceto bem no final, é claro.

8.32 Quanto custa um decantador?


Um para 100 kg custa cerca de 40 kg de mel, mais a torneira.

8.33 É possível produzir mel em favo?


É claro que sim. Podem-se usar fôrmas especialmente feitas para serem
encaixadas nos quadros de melgueira - geralmente três por quadro. No
centro dessas formas é colocado um pedaço de cera alveolada, que será
puxado, enchido e operculado normalmente pelas abelhas. Após a colheita,
basta desencaixar as fôrmas e embalá-las. É um processo muito mais
simples e limpo que a centrifugação, mas possui um público alvo bastante
restrito. No preço final do produto deve ser considerada também a cera que
foi produzida e estará sendo vendida junto.

Alguns apicultores, na falta de fôrmas, usam quadros comuns, sem arames.


Após a colheita, retiram o favo do quadro, cortando-o pelas beiradas,
dividem o favo em três ou mais pedaços, deixam-nos escorrer por algum
tempo e depois embalam-nos. Não fica com uma apresentação tão boa
quanto os favos enformados.

8.34 Como o mel deve ser armazenado?


Em recipientes próprios para produtos alimentícios, hermeticamente
fechados. Em relação à temperatura de armazenagem, o ideal é que ela
esteja abaixo de 11 ºC, pois nessa faixa a probabilidade de fermentação é
baixa e a formação de HMF é muito lenta, assim como a destruição das
enzimas presentes no mel.

A faixa ideal de temperatura para a cristalização do mel é de 10 a 18 ºC,


especialmente, 14 ºC.

A faixa ideal de temperatura para a fermentação do mel é de 11 a 21 ºC.

A partir de 21 ºC a produção de HMF se acelera, junto com o escurecimento


do mel. Cada 10 ºC a mais de temperatura aumentam a velocidade de
produção de HMF em cerca de 4,5 vezes. Por exemplo, um aumento que
leva 100 dias para ocorrer a 30 ºC, leva apenas 20 dias a 40 ºC, 4 dias a
50 ºC e 1 dia a 60 ºC [CRA83].

8.35 O HMF é prejudicial à saúde humana?


Não na proporção encontrada no mel. A sua presença, acima de
determinado nível, é apenas um indicativo de má qualidade do mel, por
adulteração, superaquecimento ou longa estocagem.

8.36 As enzimas são benéficas à saúde humana?


Não há evidências disso, embora muitos apicultores refiram-se a elas como
grandes vantagens do mel. As enzimas são responsáveis pela
transformação de substâncias doces colhidas na natureza em mel, e a sua
ausência também é um indicativo de má qualidade do produto.

8.37 Como o mel é adulterado?


Ele pode ser misturado a outras substâncias doces, como açúcar invertido,
por exemplo. Um outro tipo de adulteração é feito com o fornecimento de
xarope às abelhas e colheita do que as abelhas estocam, como se fosse
mel. Em alguns casos, isso é vendido como "mel expresso", o que, na
minha opinião já embute uma tentativa de engodo (pois não é mel),
embora seja sutilmente diferenciada da denominação simples de "mel".

8.38 Há um modo simples de descobrir se o mel é adulterado?


Não. Quando a adulteração é grosseira, qualquer pessoa com razoável
experiência de consumo de mel pode suspeitar da sua qualidade, mas não
acredite em testes populares, como o do palito de fósforo.

A melhor forma de não adquirir mel adulterado é encontrar um fornecedor


confiável. Para o apicultor, é importante não apenas produzir da maneira
correta, mas informar muito bem seus consumidores, de forma a conquistar
a sua confiança e aumentar a sua capacidade de discernimento.
8.39 É possível identificar a origem floral de um mel? [3]
No caso de méis monoflorais, há alguns parâmetros pré-definidos, que
variam conforme a espécie de origem. Várias análises são necessárias, em
conjunto, para a comprovação da condição de monofloral de um mel. Por
exemplo, análise de cor, análise de contagem e identificação dos grãos de
pólen presentes (análise polínica ou melissopalinológica), análise da
condutividade (cujo resultado depende da quantidade de minerais
presentes no mel), análise do espectro de açúcares (a proporção de glicose,
frutose, maltose, etc.).

No caso de méis multiflorais, no entanto, a identificação precisa das fontes


é muito difícil. Uma determinada cor pode resultar de inúmeras misturas
diferentes de néctar, assim como a condutividade e o espectro de açúcares.
Já a análise polínica é, por natureza, pouco confiável. Muitas plantas que
produzem néctar em abundância não têm o seu pólen coletado pelas
abelhas (nem acidentalmente), enquanto outras possibilitam uma
contaminação pesada do néctar. Além disso, outras contaminações
polínicas podem ocorrer dentro da própria colméia, pela manipulação do
néctar e do pólen pelas abelhas, ou mesmo fora dela, provocadas pelo
apicultor durante a colheita e extração do mel.

8.40 Por que o mel cristaliza?


O mel é uma solução supersaturada de açúcar, o que significa que há mais
açúcar dissolvido na água do normalmente seria possível manter-se. Isso
faz da solução uma mistura instável, e ela, ocasionalmente, pode retornar à
estabilidade através da cristalização. Isto ocorre com a perda de água da
água por parte da glicose, que se transforma em monoidrato de glicose e
toma a forma de cristal.

Entretanto, nem todo mel cristaliza. Como o açúcar responsável pela


cristalização é a glicose, a relação entre a sua quantidade e a de água no
mel é que determina se o mel cristalizará ou não. Por exemplo, de acordo
com um estudo citado em [WHI92], uma relação glicose/água de 1,58 (por
exemplo, um mel com 17% de umidade e 27% de glicose) não cristalizará,
enquanto outro, com relação de 1,98, provavelmente cristalizará até a
metade do recipiente. Uma relação de 2,16 deve provocar uma cristalização
total e mole, enquanto outra, de 2,24, deve provocar uma cristalização
total e dura.

8.41 Como ocorre a cristalização?


A cristalização, além da relação glicose/água, depende da presença de
"núcleos" para iniciar-se. Os núcleos podem ser impurezas microscópicas,
grãos de pólen, partículas de cera, bolhas de ar ou cristais incipientes. O
processo, após se desencadear, prossegue até que o ponto de equilíbrio da
solução seja atingido ou até que o mel seja exposto a uma temperatura
imprópria à cristalização.

Quando a proporção de glicose no mel é baixa, os cristais depositam-se no


fundo do recipiente, formando um agrupamento mais sólido e grosseiro. Na
superfície, forma-se uma mistura mais rica em frutose e água, que é muito
mais propensa à fermentação que a forma líquida original. Por essa razão,
uma cristalização grosseira e parcial do mel está freqüentemente associada
a um início de fermentação. Já quando a proporção de glicose é alta, a
cristalização forma uma espécie de rede, imobilizando os outros
componentes do mel e levando a mistura a um estado semi-sólido, com
uma consistência mais homogênea. Nesse caso, como não há separação de
uma parte mais líquida, o risco de fermentação não cresce.

A velocidade de cristalização depende da quantidade de núcleos existentes,


e por isso, um mel que tenha sido perfeitamente filtrado e previamente
aquecido (para que até os menores cristais sejam desfeitos) demorará
muito mais a cristalizar. Além disso, a velocidade depende também da
temperatura de armazenagem do mel. Temperaturas abaixo de 10 ºC e
acima de 21 ºC inibem ou retardam bastante a cristalização. A temperatura
de 14 ºC é a ideal para a cristalização.

8.42 Como descristalizar o mel?


A descristalização do mel deve ser feita com o aumento da temperatura.
Quanto mais alta for a temperatura, mais rápido será a descristalização.
Altas temperaturas, porém, destroem muitas propriedades do mel, e devem
ser rigorosamente evitadas. Industrialmente, o mel é aquecido por pouco
tempo a temperaturas entre 60 e 70 ºC, aproximadamente, para inativar os
fermentos existentes (e evitar uma futura fermentação), para expelir
pequenas bolhas de ar e derreter os cristais microscópicos, que
posteriormente serviriam de núcleos para a cristalização, e para permitir o
bombeamento do mel e a sua filtragem sob pressão.

No uso doméstico, porém, recomenda-se que o derretimento do mel


cristalizado seja feito numa temperatura mais baixa (cerca de 40 ºC), em
banho-maria, por exemplo, com agitação freqüente.

De qualquer forma, melhor que superaquecer o mel ou descristalizá-lo, é


transformá-lo em mel cremoso, que facilita o seu consumo de todas as
formas possíveis.

8.43 O que é mel cremoso?


É um mel que foi induzido a uma cristalização fina e homogênea. Essa
indução é puramente mecânica, a baixa temperatura e sem adição de
nenhuma substância, o que preserva todas as qualidades do mel. O mel
cremoso possui a consistência que o nome indica e o aspecto parecido com
o do doce de leite, embora mais denso.

O mel cremoso é muito fácil de ser manuseado com colher e espátula, pois
escorre lentamente, não despedaça pães e bolos e dissolve-se facilmente
em líquidos. Ele também é mais estável que o mel comum e não forma
cristalizações parciais e grosseiras.

8.44 Como se produz mel cremoso?


Há várias receitas disponíveis na Internet e em livros de apicultura. Eu
adotei com sucesso uma receita dinamarquesa. Ela inclui uma etapa de
superaquecimento do mel para remoção de bolhas e derretimento de
cristais que eu não sigo, nem sinto falta. A versão simplificada que uso é a
seguinte:
1. Induzir um início de cristalização num pote de mel. Para isso, o ideal
é deixar o mel descansando a uma temperatura de 14 ºC. Não sendo
possível, tente o mais próximo disso - colocar o mel no refrigerador e
retirá-lo diversas vezes, pode ser uma boa alternativa. Depois,
espera-se que apareçam os primeiros cristais visíveis (isso pode levar
de dias a meses). Quanto maior a relação glicose/água, mais fina e
mais rápida será a cristalização.

2. Depois de aparecerem os primeiros cristais, deve-se bater o mel com


uma batedeira quatro vezes por dia, durante 15 minutos, com os
batedores de bolo (aqueles em forma de mola). Para isso, eu ligo a
batedeira a um temporizador (facilmente encontrado em lojas de
eletrônica), e fixo-a sobre a tampa do pote. As hastes dos batedores
passam por pequenos furos, previamente feitos na tampa.

3. Em dois dias, mais ou menos, o mel adquire uma aparência de


xampu. Neste momento, ele deve ser passado para os potes
definitivos. Esses potes, então, devem ser deixados em repouso
numa temperatura o mais próxima possível de 14 °C. Em uma
semana ou duas, o mel já terá atingido a consistência definitiva.

4. Após a produção do primeiro mel cremoso, todos os demais podem


ser feitos a partir de pequenas porções dele como "semente". Para
isso, basta misturar cerca de 10% de mel cremoso ao mel líquido e
iniciar o processo a partir do item 2 acima.

8.45 Quem comprará mel cremoso?


No Brasil, a ignorância sobre o mel é apavorante, e chega a haver regiões
em que ele só pode ser vendido líquido, em garrafas, pois o mel cristalizado
é considerado adulterado ou impróprio para alimentação. Por enquanto, o
mel cremoso é raro e, não duvido, de pequena aceitação no mercado. Para
produzi-lo e vendê-lo, a única alternativa é propaganda e boa informação,
especialmente no ponto de venda. Sem isso, a probabilidade de que as
pessoas achem que você pôs farinha no mel ou qualquer outra bobagem,
pode apostar, é muito grande.

8.46 Qual é a densidade do mel?


A densidade do mel, a 20ºC, com 18% de umidade, é cerca de 1,42. Isso
significa que, nessas condições, 1 litro de mel pesa 1,42 quilos, em média.

8.47 Mel cura a gripe? [1]


Não, mel não cura gripe. Ele também não cura câncer nem é bom para a
tosse. Há muita pesquisa sobre as propriedades terapêuticas do mel, e
alguns indícios mais concretos de que ele pode auxiliar no tratamento de
úlceras, ferimentos e queimaduras, em razão da sua atividade
antimicrobiana.

Algumas substâncias antioxidantes também estão presentes no mel, e


alguns estudos sugerem que ele pode trazer alguns benefícios à saúde pela
proteção das células ao ataque dos chamados radicais livres [SCH03]. As
conclusões ainda não são definitivas e esse respeito, mas alguns resultados
são realmente promissores.
De resto, há muito mais folclore em relação ao emprego medicinal do mel
do que evidências obtidas em estudos científicos. É claro que se você for
suscetível ao efeito placebo, poderá imaginar alguma melhora da sua
doença se tiver bastante fé. Faça o teste: na próxima vez em que estiver
gripado prepare a seguinte receita:

3 colheres de chá de mel


1 colher de chá de manteiga sem sal
1 ou 2 tampas de conhaque ou outro destilado

Esquente por alguns segundos no microondas ou em banho-maria e


misture bem. Beba quente e vá dormir. Não cura nada, mas é tão
bom...

Atenção: não tente fazer isso se você tem qualquer um dos


ingredientes proibido na sua dieta.

8.48 A quantas bananas equivale 1 kg de mel?


Alguns autores fazem comparações desse tipo, mas elas não têm o menor
sentido à luz do que se sabe hoje sobre nutrição. Quando o mel é
comparado favoravelmente com outros alimentos, geralmente o critério
adotado é o da quantidade de energia fornecida por peso. Por esse critério
simplista, um consumidor poderia, com justiça, concluir que é muito mais
vantajoso adoçar o leite com açúcar comum, que possui 4 kcal/g (contra
3,04 kcal/g do mel), ou que é muito mais interessante passar manteiga (9
kcal/g) no pão ao invés de mel.

Na verdade, o alto teor calórico do mel mais depõe contra o seu consumo
do que a favor. Quando se mencionam propriedades nutritivas,
micronutrientes são muito importantes do que a energia fornecida pelo
alimento.

8.49 E o mel não é cheio de vitaminas e minerais?


Sim, de fato o mel possui algumas vitaminas e diversos minerais, mas em
quantidades muito pequenas. Só para dar uma idéia, se alguém quisesse
suprir 30% da ingestão diária recomendada de qualquer vitamina ou
mineral presente no mel, teria de comer entre 1 e 6 kg por dia, o que seria
um completo despropósito.

8.50 Mas então, para que comer mel?


Por que as pessoas comem manteiga ou bebem café? Pelas suas
propriedades medicinais? Pelas suas características nutritivas? É claro que
não. É porque são produtos acessíveis, de sabor agradável e que se
harmonizam com diversos outros alimentos. Como eles, o mel é um
produto delicioso e ainda mais versátil.

Mas o mel não é e nunca será considerado um alimento básico. É um


alimento complementar, e, como tal, excepcional. Na minha opinião, não há
porque perder tempo com fantasias e exageros a respeito do mel. Alguns
autores fazem comparações esdrúxulas e divulgam o mel como remédio.
Depois, lamuriam-se quando a população o consome com a mesma
freqüência que o chá de losna.

Em certos aspectos, o mel é muito semelhante ao vinho. Ambos possuem


infinitos sabores possíveis, e cada safra de cada região produz exemplares
únicos. Assim, em cada pote, ou em cada garrafa, há uma surpresa, e
quase sempre muito agradável.

Infelizmente, muitas pessoas acham caro um pote de mel que levará um ou


dois meses para ser consumido das mais diversas e deliciosas formas. No
entanto, pagam o mesmo valor por uma garrafa de vinho, que será bebida
em uma única refeição. Mesmo reconhecendo todas as diferenças entre os
produtos e seus respectivos apreciadores, acho que esse fato indica um
certo desequilíbrio de comportamento. E uma razão importante é o enorme
desconhecimento da origem e das características do mel por parte da
população. O mesmo não acontece com o vinho, que é muito melhor
divulgado no Brasil do que o mel.

8.51 Diabéticos podem comer mel?


O mel é fundamentalmente uma mistura de carboidratos, e como tal deve
ser tratado pelo diabético. Não há evidências de que o mel seja mais ou
menos seguro para os diabéticos, e o seu eventual consumo deve ser
combinado com o médico e considerado com a mesma cautela dispensada
aos demais carboidratos.

8.52 Bebês podem comer mel?


Bebês de até um ano de idade não devem comer mel. A razão disso é que o
mel pode conter esporos da bactéria que causa o botulismo (Clostridium
botulinum), que podem germinar e se desenvolver no aparelho digestivo
dos bebês. A contaminação do mel pode ocorrer na natureza, e a
observação cuidadosa dos aspectos sanitários na colheita, extração e
envase não é garantia de que o mel está livre de esporos.

A freqüência de contaminação é baixa (menos de 5% das amostras no


Canadá, por exemplo [BAR99]). No entanto, o botulismo é uma doença
grave, que até mesmo causar a morte, e esse fato justifica plenamente a
ausência de mel na dieta dos bebês [SAN92].

8.53 Qual é o consumo de mel no Brasil?


Esse é um dado bastante incerto. Encontra-se em livros, revistas e Internet
valores que variam de dez vezes - 70 a 700 gramas por pessoa e por ano.
Quem trabalha com dados oficiais tende a divulgar valores menores, talvez
porque grande parte da produção não seja registrada. Muitos apicultores
produzem apenas para consumo próprio e da família ou amigos. Talvez
uma pesquisa por amostragem pudesse dar uma idéia bastante realística da
situação nacional, mas não consta que uma estatística assim já tenha sido
produzida.

8.54 Qual é a produção de mel no Brasil?


Uma estimativa encontrada freqüentemente é 35-40 mil toneladas em
2002.
8.55 Qual é a produção de mel por colméia no Brasil?
A média histórica considerada é de um pouco menos de 20 quilos de mel
por colméia por ano. Uma pesquisa informal, realizada no grupo de
discussão da Apacame, em 2003, revelou uma produtividade média de 22,3
kg/colméia no ano de 2002, em 37 apiários de diversas regiões do país.

Um manejo bem feito ajuda bastante a obter-se uma produtividade maior,


mas a flora apícola disponível, provavelmente, é o fator decisivo. Há relatos
de produtores com médias de 50-60 kg/colméia/ano, ou até mais.
Descartados possíveis exageros e folclores, é muito provável que sejam de
apicultores que migram as suas caixas uma ou mais vezes por ano ou têm
à sua disposição um pasto apícola excepcional, como florestas de eucalipto,
por exemplo.

8.56 O que é mel orgânico?


É um mel produzido segundo normas específicas que, ao menos
supostamente, qualificam-no como um produto isento de contaminações
químicas e biológicas indesejáveis.

8.57 Como se produz mel orgânico?


Para produzir um mel que possa receber o título de "orgânico", o apicultor
deve passar por um processo de certificação. Isso é feito por algumas
empresas nacionais (como o IBD) e estrangeiras (como a IMO). Elas
enviam inspetores que analisam tecnicamente as condições do apiário e
sugerem adequações para a conversão do apiário convencional em
orgânico. Atendidas suficientemente todas as exigências, e passado certo
período de carência (funcionando como orgânico), a empresa certificará o
apiário. Essa certificação dá ao apicultor o direito de usar um selo especial
(próprio de cada empresa certificadora) no seu produto, identificando-o
como orgânico perante os consumidores.

Para garantia da manutenção da qualidade, a empresa certificadora repete


a inspeção pelo menos uma vez por ano, com ou sem aviso prévio.

8.58 Quais são os critérios exigidos para o mel orgânico?


No site do IBD pode-se baixar os seus critérios de certificação orgânica.
Para a apicultura, há diversas exigências, como a proibição do uso de
pesticidas no apiário e imediações, obrigatoriedade de aquisição de insumos
de outras empresas certificadas, proibição de lavouras de manejo
convencional num raio de 3 km do apiário, critérios para alimentação
artificial e extração do mel, proibição de determinados medicamentos e
outros. Em especial, como para todos os produtos orgânicos, é importante
a manutenção de registros de manejo, produção e identificação dos lotes, a
fim de garantir a rastreabilidade do produto.

Alguns dos critérios são exóticos ou inexplicáveis, como a permissão de


acrescentar "chá de camomila" e "sal" à alimentação artificial das abelhas.
Mas isso não surpreende tanto quanto qualificar a presença de HMF como
"acidez" do mel, o que também é feito. Um dos critérios é virtualmente
impraticável: o raio de 3 km sem lavouras convencionais (isso dá uma área
de quase 3 mil hectares). O que ocorre, por relatos de apicultores
certificados, é que este critério é basicamente decorativo, não sendo
cobrado com o rigor que o texto sugere e em que alguns consumidores
provavelmente crêem.

Para o consumidor, o mel certificado tem um apelo de garantia que o


convencional não possui. Essa garantia está longe de ser absoluta, pois há
infinitas oportunidades de fraude no processo, mas parece certo que entre
dois méis desconhecidos, aquele que for certificado terá uma probabilidade
maior de ser isento de impurezas e contaminações indesejáveis.

8.59 O que é hidromel?


É uma bebida alcoólica fermentada, provavelmente das mais antigas na
história da civilização. É feito a partir de uma mistura de mel e água, com a
possível adição de fermentos e substâncias que favorecem o seu
desenvolvimento. Na Internet, pode-se achar inúmeras receitas de
hidromel, bem como em muitos livros, como [CRA83].

9. Outros Produtos
Pólen

9.1 O que é o pólen?


É a célula reprodutiva masculina das plantas floríferas. Ele é produzido
pelas anteras e deve alcançar o estigma da flor (a porção terminal do seu
órgão reprodutivo feminino, o gineceu) para que ocorra a fecundação e a
posterior formação de sementes. Este processo é chamado de polinização,
e ele ocorre muitas vezes com a ajuda de agentes externos, como o vento,
a chuva e animais que se alimentam do pólen ou do néctar, como as
abelhas. Em comparação com o néctar, o número de espécies que produz
pólen é muito maior.

9.2 Como as abelhas ajudam na polinização?


Quando a abelha pousa numa flor, para colher néctar ou pólen, grãos de
pólen ficam presos nos seus pêlos. Em razão do movimento da abelha, os
grãos podem ser levados ao estigma da mesma flor ou de outra. Essa ação
da abelha é involuntária, e a polinização, um resultado acidental.

9.3 Como o pólen é armazenado pelas abelhas?


As bolotas de pólen trazidas pelas campeiras são empilhadas nos alvéolos
logo acima da área de cria. Ao pólen, são adicionadas algumas secreções
glandulares e uma fina cobertura de mel, formando o alimento básico das
larvas e abelhas jovens (chamado por alguns de "pão de abelha").

9.4 Como o apicultor coleta o pólen?


O que é coletado, na verdade, são as bolotas trazidas pelas campeiras, não
o que é depositado nos alvéolos. Para essa coleta, empregam-se
armadilhas, chamadas de caça-pólen.

Basicamente, o caça-pólen é constituído por uma grade e uma gaveta. As


abelhas passam apertadas pela grade e acabam perdendo a bolota de
pólen, que cai dentro da gaveta. As abelhas não têm acesso à gaveta, que
é protegida por uma tela mais fina.

Há dois modelos básicos de caça-pólen, o de alvado e o interno. O de


alvado é colocado na frente da entrada da colméia, tem uma capacidade
menor e deve, portanto, ser esvaziado mais freqüentemente. O interno é
posicionado entre o fundo da colméia e o ninho e tem uma capacidade
maior.

9.5 Por quanto tempo o caça-pólen pode ser deixado na colméia?


É preciso considerar que o pólen é um produto de extremo valor para as
abelhas. Sem ele, não é possível alimentar as larvas mais velhas e as
abelhas jovens que, por sua vez, dependem dele para produzir as secreções
hipofaringeanas e mandibulares que alimentam as larvas jovens e a rainha.
Some-se a isso o fato de as abelhas não estocarem pólen em grandes
quantidades, como fazem com o mel, e se terá uma limitação muito forte
para o tempo de permanência do caça-pólen na colméia. E essa limitação é
tanto maior quanto mais eficiente for o caça-pólen.

Um estudo realizado em Botucatu (SP) [FUN98], identificou uma redução


de cerca de 10% na área de cria de operárias e de 4% na área de cria de
zangões, quando um caça-pólen era utilizado num esquema com
alternância de sete dias (sete dias com, sete dias sem), em comparação
com colméias de controle (sem caça-pólen). O estudo foi realizado nos
meses de agosto a dezembro de 1996, e cada colméia produziu, em média,
1,5 kg de pólen em quatro meses.

É claro que diferentes resultados serão obtidos em épocas e locais


diferentes. O importante é que o apicultor interessado em produzir pólen
observe atentamente a resposta dos enxames e, a partir daí, desenvolva
um esquema que garanta ao mesmo tempo uma boa produtividade e uma
boa manutenção do enxame.

9.6 Como é o beneficiamento do pólen?


Inicialmente, caso o pólen não possa ser secado imediatamente, ele deve
ser congelado. A etapa de secagem é a mais importante. O pólen possui de
18 a 25% de umidade, um nível que deve ser reduzido até cerca de 3%,
para impedir o desenvolvimento de fungos e fermentos. A limpeza do
pólen, manual ou mecanizada também é muito importante. Por fim, a
armazenagem deve ser feita em recipiente hermeticamente fechado, para
que não haja nenhuma contaminação.

9.7 É possível produzir mel e pólen na mesma colméia?


Sim, mas nenhum dos produtos de forma otimizada. Quando um produto
falta na colméia, um número maior de abelhas passa a buscá-lo na
natureza. Ao usar-se o caça-pólen, muitas abelhas provavelmente deixarão
de colher néctar para colher pólen, o que resultará numa produção do mel
inferior à capacidade do enxame em condições normais. O mesmo acontece
com a produção de própolis.
9.8 O pólen é um alimento completo para os humanos?
Não, ele é deficiente em algumas vitaminas, por exemplo. Também possui
uma porção relativamente alta de matéria indigerível por humanos, a
celulose.

Apesar disso, o pólen pode ser considerado um excelente alimento. Para


manter o mesmo raciocínio apresentado em relação ao mel, se alguém
quiser suprir 30% da sua necessidade diária de algumas vitaminas e
minerais, precisará consumir de 6 a 100 g de pólen. Quem ingerir 100 g de
pólen estará, em média, consumindo 246 kcal e 24 g de proteínas. Em 100
g de carne bovina há 385 kcal e 23 g de proteína. No caso de frango frito,
100 g correspondem a 165 kcal e 25 g de proteína. O pólen, porém supera
esses alimentos amplamente no conteúdo de vitaminas e minerais.

9.9 O pólen pode ser consumido por qualquer pessoa?


A princípio sim, mas estudos identificaram que 12 a 33% das pessoas
experimentaram algum tipo de problema ao ingerir pólen, especialmente no
que se refere às funções gastrintestinais. Na dúvida, inicie comendo
quantidades bem pequenas e observe o resultado.

9.10 Para que o pólen pode ser usado como remédio?


O pólen também é freqüentemente apresentado como panacéia universal, o
que obviamente não é. No entanto, há alguns efeitos já estudados e bem
documentados do pólen. O principal é o seu efeito sobre a prostatite.
Diversos estudos identificaram redução da inflamação, do desconforto e da
patologia de pacientes que sofriam de inflamação prostática benigna. Em
qualquer caso, porém, procure sempre um médico antes de adotar qualquer
tratamento.

Um dos problemas do pólen em relação ao seu uso terapêutico é que, como


ele raramente tem origem monofloral, cada amostra possui sua composição
química particular. Por essa razão, a variabilidade quantitativa de seus
componentes é muito grande, chegando à ordem de 500% ou até mais.
Isso dificulta a prescrição de uma dosagem terapêutica específica.

Própolis

9.11 O que é a própolis?


Própolis é uma substância resinosa, coletada pelas abelhas em uma grande
variedade de plantas, especialmente em brotos de árvores. Dentro da
colméia, essa substância é manipulada pelas abelhas e misturada a um
pouco de cera a fim de adquirir propriedades mecânicas adequadas ao seu
futuro uso. Tal como o pólen e o mel, a própolis é uma substância de
composição variável, por provir das plantas disponíveis na região de cada
colméia. No entanto, essa variabilidade não é tão grande quanto se poderia
esperar; alguns estudos mostram uma razoável similaridade entre amostras
de origens bastante diferentes.

9.12 Para que as abelhas utilizam a própolis?


Para vedar frestas que permitam a entrada de frio ou inimigos naturais,
para "envernizar" o interior da colméia e assim repelir outros insetos e
inibir o desenvolvimento de alguns microrganismos, para recobrir corpos
estranhos que não possam ser retirados da colméia, como animais mortos,
para impermeabilizar a colméia e para reforçar partes frágeis da colméia,
entre outros.

9.13 Como o apicultor coleta a própolis?


Para produzir própolis, o apicultor cria frestas na colméia ou insere algum
elemento que induza as abelhas a cobri-lo de própolis. Uma maneira
simples é levantar a tampa por meio de pequenos calços. Outra é introduzir
uma tela plástica abaixo da tampa. Há ainda dispositivos especiais, de
maior facilidade de uso e rendimento. Entre os dispositivos disponíveis, há
vários que usam melgueiras com paredes externas especiais, que permitem
a abertura progressiva de frestas, por meio de barras ou janelas
deslizantes. Um exemplo desse tipo é modelo Pirassununga [CON98].

9.14 É possível produzir mel e própolis na mesma colméia?


Sim, mas nenhum dos produtos de forma otimizada (veja item 9.7 É
possível produzir mel e pólen na mesma colméia?). A despeito disso, o
coletor Pirassununga, acima mencionado, foi desenvolvido exatamente para
proporcionar a produção dupla nas melgueiras - própolis nas laterais e mel
no centro.

9.15 Por quanto tempo pode ser mantido o coletor de própolis?


Por tempo indeterminado, desde que o enxame esteja suficientemente
alimentado e forte. Segundo [CON98], um enxame forte leva cerca de 30
dias para produzir 600 gramas de própolis, mas isso, é claro, varia muito
com o tipo de flora local, as condições do enxame e a sua tendência mais
ou menos propolisadora.

9.16 Como a própolis é beneficiada?


Primeiro, deve ser feita a limpeza manual da própolis, para eliminação de
lascas de madeira (oriundas da raspagem), pedaços de abelhas e resíduos
vegetais. Em seguida, ela deve ser classificada segundo o padrão de
mercado vigente. Uma classificação simplificada, apresentada em [ESP02],
é a seguinte: de primeira qualidade, própolis em grandes flocos ou tiras; de
segunda, própolis granulada; de terceira, própolis pulverizada.

9.17 Como a própolis é armazenada?


Algumas substâncias presentes na própolis evaporam-se ou degradam-se
com facilidade. Por isso, é importante que a própolis seja armazenada em
recipientes hermeticamente fechados, como vidros e plásticos atóxicos.
Após embalada, a própolis deve sofrer um resfriamento intenso (um dia no
freezer, por exemplo), a fim de esterilizar possíveis ovos de traça. Depois
disso, os recipientes devem ser guardados em local fresco, seco e escuro,
sem necessidade de refrigeração [ESP02].

9.18 Como a própolis é comercializada pelo apicultor?


Bruta ou sob a forma de extrato alcoólico ou aquoso.
9.19 Quais são as propriedades da própolis?
A própolis possui diversas propriedades terapêuticas e biológicas, muitas
delas já bem estudadas e compreendidas. Por exemplo, ela apresenta
atividades antibiótica, anti-inflamatória, anestésica, antioxidante e
cicatrizante, entre outras.

9.20 Qual é a dosagem de própolis a ser usada em cada caso?


Naturalmente, aquela que for indicada por um profissional de saúde
habilitado.

Embora ocorra com alguma freqüência, não acho aceitável que apicultores,
pelo simples fato de recolherem própolis ou outros produtos, arroguem-se o
direito de preparar drogas e prescrevê-las aos seus clientes como se
fossem farmacêuticos e médicos. Embora essa atitude possa parecer
perfeitamente natural às pessoas inclinadas à automedicação e aos
tratamentos caseiros, ela não me parece compatível com a postura ética
que se esperaria de um apicultor sério. E mais do que isso, temo que ela
prejudique também a apicultura em si, ao associá-la, injusta e
erroneamente, a uma forma de curandeirismo.

Cera

9.21 O que é a cera?


Cera é uma substância produzida pelas glândulas cerígenas das operárias
com idade em torno de 14 dias. Para produzir a cera, as abelhas convertem
o açúcar consumido sob forma de mel, num processo de baixa eficiência -
cerca de 8 kg de mel precisam ser consumidos para a produção de 1 kg de
cera.

9.22 Qual é a cor da cera?


Branca, como pode ser visto nos favos recém produzidos. A cor amarela ou
marrom de alguns favos resulta da impregnação da cera com própolis,
resíduos de pólen e outras impurezas. Os favos de cria antigos têm uma cor
ainda mais escura, por conta dos restos de casulo e dejetos deixados pelas
larvas.

9.23 Para que as abelhas usam a cera?


Para construir os favos e para misturar à própolis, a fim de obter uma
substância com melhores propriedades mecânicas.

9.24 Quanta cera há numa colméia?


Cada favo de ninho completo possui cerca de 100 g de cera. Para cada kg
de mel maduro, operculado, são gastos 55 g de cera.

9.25 Qual é a vantagem de se fornecer cera à colônia?


Pelos dados acima, uma melgueira com 11 kg de mel possui uns 600 g de
cera. Para produzir 600 g de cera, as abelhas devem consumir cerca de 5
kg de mel. Em outras palavras, se um enxame produz uma melgueira cheia
sem receber nenhuma cera, o mesmo enxame produzirá quase uma
melgueira e meia (uns 40% a mais, na verdade) se lhe forem fornecidos
favos inteiros e vazios. Se lhe forem fornecidas lâminas alveoladas, a perda
de mel será menor, mas ainda assim significativa. Por essa razão, alguns
apicultores incluem os favos de melgueira entre os bens mais valiosos do
apiário, e tratam-nos com extremo cuidado.

9.26 Como preservar os favos de forma natural?


Essa é uma questão ainda não muito bem resolvida na apicultura. Favos
são delicados, ocupam muito espaço e são muito atrativos para roedores e
insetos, particularmente as traças de cera. Os favos mais sujeitos a ataques
são os usados para cria e para pólen; os usados apenas com mel são bem
menos suscetíveis. Favos de ninho, porém, raramente são armazenados,
apenas substituídos e derretidos.

Em relação aos quadros de melgueira (entendido como aqueles usados


apenas para mel), uma recomendação básica é que eles sejam devolvidos
às abelhas após a extração, para que elas removam todos os resíduos de
mel e deixem-nos suficientemente secos para a posterior armazenagem.
Dependendo das condições climáticas (sem excesso de frio e umidade), as
melgueiras podem ser deixadas nos enxames mais fortes, que se
encarregarão de protegê-los contra as traças.

Se as melgueiras tiverem de ser removidas, a melhor medida para evitar a


infestação por traças de cera é o tratamento térmico. O congelamento de
favos por 4,5 horas a -7 ºC ou por 2 horas a -15 ºC mata todos os estágios
da traça de cera. Note que esse tempo deve ser contado a partir do
momento em que os favos atingiram essas temperaturas, e não do
momento em que eles foram colocados no freezer. Na prática, o melhor é
deixar os favos no freezer por 24 horas. Depois, os favos devem ser
guardados em ambiente seco e isolado, para que não ocorram novas
infestações. Se as próprias melgueiras forem usadas para armazenagem
dos favos, o ideal é que elas também sejam congeladas, pois elas também
podem conter ovos de traças, especialmente as muito propolisadas.
Cuidado com a manipulação dos favos logo após o congelamento, pois eles
se tornam extremamente frágeis e quebradiços.

Uma alternativa para a armazenagem é fazê-la em ambiente arejado e bem


iluminado (mas sem exposição ao sol). Lembre-se de que, se os favos
estiverem afastados uns dos outros, todas as faces receberão uma
iluminação melhor. Essas condições são muito desfavoráveis ao
desenvolvimento das larvas, e os favos acabam sendo rejeitados pelas
traças. Se, adicionalmente, os favos puderem ser isolados do ambiente por
telas mosquiteiras (num armário de tela, por exemplo), tanto melhor.

Quando nada disso for possível, deve-se, pelo menos, empilhar as caixas
com algum isolante entre elas, como folhas de jornal. Isso evitará que uma
infestação numa caixa se propague às outras.

9.27 Há produtos químicos seguros para a preservação de favos?


[3]
O Bacillus thuringiensis, uma bactéria fatal para lepidópteros, como a traça
de cera, pode ser utilizado para preservação dos quadros. Ele é
explicitamente permitido na apicultura orgânica. No Brasil, uma variedade
do B. thuringiensis é vendida sob o nome comercial de Dipel, e empregada
para a pulverização da soja. Num estudo realizado na Universidade Federal
de Lavras [BRI04], o Dipel exerceu um controle eficiente da lagarta, tanto
por pulverização quanto por imersão dos quadros, usando soluções do
produto em água em várias proporções (9,43 g de Dipel para100 ml de
água, por exemplo).

Já em relação a produtos químicos para preservação de favos, mantenho


aqui a minha posição de evitá-los sempre que possível. A título de
informação, porém, vão aqui algumas informações sobre o
paradiclorobenzeno (PDB). Trata-se de uma substância muito empregada,
no Brasil, como desodorizante de vasos sanitários e repelentes de traças
domésticas. O PDB é aprovado para uso em muitos países desenvolvidos,
mas aqui no Brasil é muito pouco usado e visto com desconfiança pela
maioria dos apicultores. É um contaminante importante da cera em outros
países, e é terminantemente proibido na apicultura orgânica.

O PDB só pode ser usado em favos limpos, sem resíduos de mel ou pólen.
Ele é usado numa proporção de 100 g para cada pilha de 5 ninhos ou 8
melgueiras. O PDB sublima (passa do estado sólido para o gasoso), e o seu
gás mata a traça em todos os estágios, exceto os ovos. Por essa razão, ele
deve ser reaplicado periodicamente. Como o gás é mais pesado que o ar, o
PDB deve ser colocado sobre a caixa de cima, logo abaixo da tampa, e
todas as frestas devem ser fechadas. O gás pode contaminar a cera, e por
isso os favos precisam ser arejados por alguns dias antes de retornarem às
colméias.

Atenção: nunca use naftalina para preservar equipamento apícola. Ela deixa
mais resíduos na cera, e há diversas referências na literatura sobre a sua
toxidade para as abelhas.

9.28 Como se produz cera?


Quantidades relativamente pequenas são produzidas a partir do
derretimento dos favos velhos que foram substituídos e também dos
opérculos que resultaram da extração do mel.

Se o objetivo principal for a produção de cera, as colônias deverão ser


alimentadas abundantemente com xarope, a fim de estimular a produção
dos favos. Por exemplo, considere a produção de uma melgueira cheia de
mel operculado, a partir de dez quadros que tenham apenas uma pequena
tira de cera alveolada para orientação inicial das abelhas. Neste caso, é
preciso fornecer à colônia cerca de 15 litros (= 19 kg) de xarope, na
proporção de 12,6 kg de açúcar para 6,4 litros de água. Posteriormente,
esses favos serão centrifugados e derretidos, resultando,
aproximadamente, em 11 kg de "mel" mais 600 g de cera. Esse "mel"
extraído será então diluído e devolvido às abelhas como xarope, para a
produção de mais cera.

Já a cera produzida pode ser derretida, a fim de ser vendida bruta ou


processada. Um processamento possível, extremamente importante para a
apicultura, é a laminação e estampagem da cera, para produção de lâminas
alveoladas.

Outra utilidade possível para esse método é a produção de favos completos,


para uso na safra de mel.
9.29 A produção de cera é rentável?
Parece não haver muita gente produzindo cera, talvez pela quantidade de
trabalho necessário, mas ela pode ser rentável, sim. Um quilo de cera
laminada pode valer mais de 20 kg de açúcar, mas precisa de apenas 6,5
kg (o equivalente aproximado de 8 kg de mel) para ser produzida. E o
melhor é que ela depende apenas de alimentação artificial, não de floradas.
Chuvas não atrapalham, porque toda a atividade é interna, mas o frio pode
inibir a produção de cera.

9.30 Como se derretem favos de mel? [3]


Um equipamento relativamente eficiente para derreter favos de mel limpos
e opérculos é o derretedor solar, que pode ser comprado ou feito em casa.
Para isso, basta fazer uma caixa de madeira rasa, com tampa de vidro
duplo (procure esquemas de construção na Internet). No fundo, pode ser
improvisada uma bandeja para recolher a cera derretida (um funileiro
poderá fazê-la com chapa galvanizada). Os quadros ficam apoiados sobre a
bandeja, um pouco acima do fundo. A caixa deve ser posicionada inclinada,
sempre com a tampa de vidro diretamente voltada para o sol. O calor do
sol eleva a temperatura dentro da caixa a mais de 80 ºC, bem acima do
ponto de fusão da cera.

Quando o volume de cera é maior, um derretedor a vapor pode ser uma


boa solução. Um modelo compacto bastante usado é o que emprega um
tonel de 200 litros. Esse tonel é dividido ao meio, ficando a "caldeira" na
parte de baixo e os favos a serem derretidos na parte de cima. A sua
descrição textual não é simples, mas a montagem pode ser feita por
qualquer serralheiro, e podem-se encontrar esquemas na Internet.

Os pedaços de cera obtidos por estas formas de derretimento podem ser


novamente derretidos para formarem um bloco - o mesmo vale para
pedaços de favos e opérculos, se o apicultor não tiver os equipamentos
referidos acima. Para tanto, basta colocá-los num recipiente com água
quente, mexer um pouco até o derretimento completo e depois deixar a
mistura esfriar. Como a densidade da cera (0,95) é menor do que a da
água, ela ficará na superfície e, ao se solidificar, formará um bloco
flutuante. Porém, é preciso tomar cuidado com o recipiente usado - se
houver algum estreitamento na sua boca, o bloco de cera não poderá sair
inteiro. Depois de retirado o bloco, deve-se raspar o seu fundo para
remover as eventuais impurezas que restaram.

Favos com mel fermentado devem ser lavados antes, ou a cera poderá
absorver o odor durante o derretimento.

9.31 Que tipo de recipiente deve ser usado para derreter a cera?
[3]
Conforme [BOG04], recipientes de aço comum, zinco e cobre não devem
ser usados, para não escurecerem a cera. Materiais que contenham chumbo
também não devem ser empregados para não contaminar a cera. O aço
inox, também aqui, é o material mais indicado.
9.32 Como se derretem favos de cria? [3]
Os favos de cria têm restos de casulos nos alvéolos, que são tecidos pelas
larvas antes do seu fechamento. Além disso, têm uma cera impregnada por
impurezas e, por isso, mais escura.

Qualquer uma das formas acima mencionadas pode ser usada para derreter
favos de cria, mas a cera precisa ser filtrada enquanto estiver derretida a
fim de que as impurezas mais grosseiras sejam separadas. Quando a cera
for derretida em água quente, a mistura pode ser passada por uma peneira
para outro recipiente. Para tanto, um pedaço de tela metálica fina ou um
saco de aniagem funcionam muito bem. No caso do derretedor solar, os
quadros devem ficar sobre uma tela que retenha os casulos das crias (o
que diminui a eficiência desse equipamento e aumenta o tempo do
processo). No derretedor a vapor, normalmente já há uma tela para
filtragem das impurezas.

9.33 Como purificar a cera? [3]


Qualquer filtragem da cera em equipamento caseiro dificilmente conseguirá
limpar a cera convenientemente. Quando for derretida em água quente, o
processo pode melhorar bastante se a cera filtrada for mantida líquida pelo
maior tempo possível. A razão disso é que, líquida e em repouso, a cera
sofre um processo de decantação em que os detritos mais pesados
afundam e os mais leves flutuam. Assim que o bloco de cera esfria, a maior
parte das impurezas pode então ser facilmente raspada da sua superfície.

Quem prefere números mais exatos, pode tomar como ideal a permanência
da cera derretida em água a 75-80 ºC por 8 horas, no mínimo [BOG04].
Quando isso não for possível, é recomendável que, pelo menos, o
resfriamento da cera seja atrasado o máximo possível, envolvendo o
recipiente com material isolante (panos, jornal) e deixando-o no ambiente
mais aquecido que houver.

9.34 Há meios químicos para processar a cera? [3]


Certamente, e a literatura registra alguns, como o uso de água oxigenada
para o branqueamento da cera. Eles podem ser utilizados industrialmente e
até em ambiente doméstico. No entanto, devido ao perigo de contaminação
da cera, parece-me que o melhor é evitá-los sempre que possível.

Uma questão importante é o derretimento da cera em água dura (com


excesso de minerais). Neste caso, pode ser produzida uma emulsão de
água e cera. Para evitar o problema, em primeiro lugar, a temperatura da
água deve ser mantida abaixo de 90 ºC. Uma alternativa é acrescentar 2-3
gramas de ácido oxálico para 1 kg de cera e 1 litro de água [BOG04] (o
ácido se ligará ao cálcio e evitará a formação da emulsão, além de ajudar a
clarear a cera).

9.35 Como se retira a cera dos quadros sem arrebentar os


arames?
O melhor jeito é deixar os quadros ao sol por algum tempo. Em seguida,
usar uma espátula com delicadeza para remover os favos. É um bom
momento para raspar a própolis acumulada, que também estará amolecida
pelo calor.
9.36 O que fazer com a cera derretida?
Ela pode ser usada em troca por lâminas alveoladas. Dependendo da
qualidade da cera derretida, os produtores de lâminas atribuem-lhe um
valor bastante variável, entregando entre 60 e 85% do peso da cera bruta
em lâminas.

9.37 Qual é a temperatura de fusão da cera?


Entre 62 e 64 ºC. A partir de 50 ºC, no entanto, a cera já amolece
significativamente, e a resistência mecânica de um favo diminui muito.

Geléia Real

9.38 O que é geléia real?


É uma substância produzida pelas operárias jovens para alimentação da
rainha, desde o estágio de larva. Essa substância inclui secreções
mandibulares e hipofaringeanas das abelhas.

Embora o alimento das crias jovens também seja freqüentemente chamado


de geléia real, ele é diferente, possuindo uma proporção muito menor de
secreção mandibular. Por essa razão, a geléia real contém algumas
substâncias, como o ácido pantotênico e a biopterina, em quantidades
muito maiores que a comida de cria.

9.39 Quantos anos a mais vou viver se comer geléia real?


Se comer apenas geléia real, provavelmente você vai viver quase 3 mil
anos. A conta é simples: uma rainha, que só se alimenta de geléia real,
pode chegar a viver 5 anos, ou 40 vezes a média de uma operária.
Portanto, se você tomar a nossa média de vida como 70 anos, e multiplicá-
la por 40...

Calma, é só uma brincadeira. A rainha de fato vive mais, mas há um


problema básico nessa conta. A comparação feita é entre a expectativa de
vida máxima da rainha com a média das operárias. Operárias podem viver
muito mais do que isso se forem mantidas presas e alimentadas. No
hemisfério norte, por exemplo, algumas colméias passam seis meses semi-
enterradas na neve, e não sofrem baixas significativas se estiverem
saudáveis e tiverem alimento suficiente (ou seja, nas mesmas condições da
rainha).

Além disso nada garante que os mesmos efeitos causados nas rainhas pela
geléia real também ocorram em mamíferos. Aliás, muitos deles é melhor
mesmo que não ocorram - imagino que ninguém esteja atrás de ovários
hipertrofiados, por exemplo. Na apicultura, como de resto em outras áreas
de conhecimento, não é raro encontrarem-se argumentações baseadas em
analogias estapafúrdias como esta.

9.40 Mas a geléia real é um bom alimento?


A geléia real possui uma composição variada, com carboidratos, proteínas,
gorduras, algumas dessas com uma composição molecular bastante
peculiar. Também possui algumas vitaminas e minerais (quase todos em
quantidades menores do que no pólen), além de outras substâncias
(esteróides, fenóis, etc.).

Diversas pesquisas atribuem benefícios variados à ingestão de geléia real,


mas estudos mais elaborados, com protocolos de duplo-cego, ainda podem
ser necessários para se chegar a um grau aceitável de certeza [SCH92a].

Segundo [MUR02], no entanto, já há evidências de que a geléia real pode


ser eficiente como estimulante ou para tratamento distúrbios neurológicos,
endócrinos, digestivos e hematopoiéticos (formadores de células
sangüíneas).

9.41 Em que mais a geléia real pode ser usada?


A geléia real possui propriedades cosméticas e antimicrobianas que são
aproveitadas largamente na indústria de cosméticos, especialmente sob a
forma de cremes tópicos.

9.42 Quanto vale a geléia real?


Varia muito, mas uma relação possível é a de um quilo de geléia real para
40-45 kg de mel.

9.43 Como se produz geléia real?


Da mesma forma que se produz rainhas, mas com a interrupção do
processo. Basicamente, é feita a orfanação de um enxame forte, seguida do
enxerto de larvas de 12 a 36 horas num quadro com cúpulas artificiais, que
é introduzido na colméia. Três dias depois, o quadro é recolhido, as larvas
descartadas e a geléia real retirada. Cada cúpula fornece entre 200 e 300
mg de geléia.

9.44 Como a geléia real é armazenada?


Protegida da luz, em ambiente refrigerado, inclusive congelada. Ela
também pode ser desidratada (por liofilização).

Veneno

9.45 O que é o veneno?


O veneno, ou apitoxina, é um produto sintetizado pelas glândulas de
veneno das operárias e da rainha. É basicamente composto por uma ampla
mistura de enzimas, proteínas e outras moléculas menores.

9.46 Quanto veneno possui uma abelha?


Operárias em fase de guarda ou forrageamento possuem entre 100 e 150
microgramas (milionésimos de grama). Rainhas possuem, em média, 700
microgramas.

9.47 Como o veneno atua?


Ele é injetado pelas abelhas, com o auxílio do ferrão, nos seus predadores
(reais ou presumidos). Algumas de suas substâncias causam dor, enquanto
outras provocam uma reação alérgica de intensidade variável, que depende
do porte e da sensibilidade da vítima.
9.48 Como evitar uma reação alérgica ao veneno?
Evitando abelhas. Fora isso, um médico pode prescrever-lhe medicamentos
antialérgicos para serem usados após as ferroadas e diminuir a reação, ou
submetê-lo a uma dessensibilização. Mas isso, normalmente, só é feito em
caso de sintomas mais graves do que simples reações locais.

9.49 Como se extrai o veneno das abelhas?


Por meio de um equipamento composto por uma tela metálica e uma
membrana. A tela metálica é carregada eletricamente, o que provoca um
pequeno choque nas abelhas e leva-as a ferroar a membrana e depositar ali
o veneno. A membrana cede o suficiente para que o ferrão não seja
arrancado, evitando assim a morte da abelha.

Pela pequena quantidade de veneno de cada abelha, o rendimento é muito


baixo - um grama é obtido a partir de 100.000 ferroadas. E o processo de
estimulação acaba estressando muito o enxame, que se torna
hiperagressivo. Por essas razões, o valor do veneno é muito alto.

9.50 Quanto vale o veneno?


De 35-55 dólares por grama no mercado internacional, o mesmo que 3 a 5
gramas de ouro.

9.51 Para que serve o veneno?


O veneno ainda é objeto de muito pesquisa no mundo inteiro. O seu uso
nos tratamentos de dessensibilização é prática corrente. Diversas pesquisas
também apontam para uma possível utilidade no tratamento de artrite
reumatóide, uma doença degenerativa das articulações, muitas vezes
acompanhada por dor intensa.

10. Flora Apícola


10.1 O que é considerado flora apícola?
Um conjunto de plantas de interesse para as abelhas. Normalmente, essas
plantas são classificadas como nectaríferas ou poliníferas, mas as boas
produtoras de própolis também podem ser incluídas. Outras plantas que
devem integrar a flora apícola são aquelas que não se enquadram
propriamente em nenhum dos tipos acima, mas são hospedeiras habituais
de insetos que produzem um pseudonéctar (melato) que é colhido pelas
abelhas e transformado em mel.

10.2 Como saber qual é a flora apícola de uma região?


Impossível dizer sem examiná-la. Cada região possui sua vegetação
própria, plantada ou nativa, adaptada às condições de solo, clima, topologia
e ecologia. Uma região distante poucas dezenas de quilômetros de outra
pode ter flora apícola predominante bastante diferente.

Para conhecer as plantas principais, pode-se perguntar a um apicultor


experiente da região, ou observar cuidadosamente a atividade das abelhas
por um ou dois anos.
10.3 O que é o calendário apícola?
No que diz respeito à flora, o calendário determina os ciclos de floração da
região por espécie. Em geral, muitas plantas florescem ao mesmo tempo,
criando períodos de abundância de alimento que podem resultar em
colheita para o apicultor. Esses períodos são chamados de safras. Em
contrapartida, os períodos em que a quantidade de alimento disponível para
as abelhas é escassa ou nula são chamados de entressafras.

No Brasil, o número de safras e os seus períodos de ocorrência são


bastante variáveis. Duas safras por ano, uma maior e outra menor ocorrem
em muitas regiões.

10.4 Como descobrir o calendário apícola de uma região?


Da mesma forma que a flora apícola - perguntando ou observando. Aqui
também, grandes variações podem existir entre regiões próximas,
especialmente se a diferença de altitude entre elas for significativa. Os
livros, por exemplo, definem a época de floração numa faixa ampla, de
dois, três ou mais meses. Um leitor desavisado pode imaginar que a
floração se estende por todo esse intervalo, mas, na verdade, este é
apenas o período provável da sua ocorrência.

Aliás, a mesma região pode apresentar variações significativas no seu


calendário apícola, de um ano para outro, por conta de fenômenos
climáticos. O que se consegue, na verdade, é apenas uma média, mas que
já é muito importante para o apicultor.

10.5 Por que o calendário apícola é importante?


Porque ele determina grande parte do manejo. Alimentação artificial, troca
de rainhas e substituição de quadros, por exemplo, são atividades típicas
da entressafra, e todos guardam uma relação temporal importante com a
safra.

10.6 Quanto dura em média uma florada?


Depende muito da espécie e do tipo de plantio. A família Myrtaceae (dos
eucaliptos) floresce por um ou dois meses, às vezes mais. A Asteraceae
(assa-peixes, vassouras, carquejas) também tem uma florada longa, e uma
espécie sucede a outra, cobrindo um período longo. A Brassicaceae (canola,
nabo, couve) pode florescer por mais de dois meses. A Rutaceae (citros)
tem uma floração curta, de cerca de duas semanas. Muitas outras espécies,
talvez a maioria, têm uma floração relativamente curta, de alguns dias a
duas semanas.

10.7 Floradas curtas são inúteis para as abelhas?


Depende do momento de ocorrência. Uma florada curta, mesmo com bom
volume de néctar e concentração de açúcar, não pode ser aproveitada pelas
abelhas enquanto o enxame ainda não se desenvolveu o suficiente. Essa é
a principal razão do sucesso dos apicultores que estimulam corretamente as
suas abelhas com alimento na entressafra: elas conseguem aproveitar bem
as primeiras floradas.
Depois de o enxame estar bem desenvolvido, naturalmente ou por
intervenção do apicultor, qualquer florada que seja atrativa para as abelhas
é útil.

10.8 Quais são as melhores plantas apícolas?


Essa é uma das perguntas mais feitas na apicultura. Há uma variedade
enorme de plantas apícolas, mas há também um problema básico: plantas
de excelente desempenho numa região podem se tornar más produtoras
em outra. Por essa razão, diversos estudos chegam a conclusões
aparentemente incompatíveis ou mesmo conflitantes.

Na prática, é preciso recorrer a informações de inúmeras fontes e extrair


delas algum consenso sobre espécies mais úteis.

10.9 A flora apícola de uma região pode ser melhorada?


Sim. O plantio de espécies melíferas que tenham bom desempenho numa
região pode resultar em grande melhora da flora apícola. Uma abordagem
recomendada é o plantio de espécies arbóreas perenes, consorciadas com
espécies herbáceas ou arbustivas anuais, para ganho a curto, médio e
longo prazos.

A questão econômica, porém, não é tão clara. Por exemplo, alguns estudos
identificaram espécies com altos potenciais melíferos, da ordem de 200 a
1.000 quilos por hectare. Mas este é um potencial teórico, calculado a partir
de estimativas do número médio de flores por hectare durante uma safra e
do volume e da concentração média de açúcar do néctar produzido por
cada flor. Não custa lembrar que, para que este néctar seja recolhido, é
preciso haver condições climáticas adequadas. Também, muitas vezes há
uma enorme variação no desempenho das plantas de um ano para outro. E
como se não bastassem essas incertezas, nada impede que um pasto
apícola cuidadosamente cultivado seja aproveitado entusiasticamente por
todos os demais enxames da região, sejam eles naturais ou alojados em
colméias de outros apicultores.

Uma alternativa indiscutivelmente boa do ponto de vista econômico, é o


aproveitamento das culturas comerciais, especialmente as voltadas para a
produção de frutas, como os citros, ou grãos, como o girassol ou a canola.

10.10 Como saber o que deve ser plantado?


Este é um tema delicado, do ponto de vista ecológico. Muitos ecologistas
recomendam que apenas as espécies nativas (ou exóticas há muito
aclimatadas) sejam plantadas, a fim de evitar um possível desequilíbrio
ecológico. É uma posição cautelosa, mas a multiplicação artificial e maciça
de uma espécie nativa também pode causar algum desequilíbrio. Isso é
especialmente importante em grandes vazios demográficos e áreas de
preservação ambiental, onde uma planta invasora poderá se alastrar
livremente antes que o seu dano seja percebido.

Uma lista de espécies locais de interesse apícola pode ser obtida com os
apicultores mais experientes da região, especialmente os mais inclinados
para este assunto (não são muitos, infelizmente). Naturalmente, a região
considerada não precisa se restringir às vizinhanças do apiário; ela pode
compreender, por exemplo, os estados geograficamente próximos.

E uma boa alternativa sempre será uma seleção pessoal do apicultor, a


partir da observação cuidadosa e muita leitura.

10.11 Que critérios definem uma boa planta nectarífera?


Basicamente, três: quantidade, qualidade e disponibilidade do néctar
produzido. No que diz respeito a néctar floral, os fatores levados em
consideração são, principalmente, os seguintes:

 Duração da floração;
 Confiabilidade (previsibilidade) da floração;
 Volume de néctar produzido por planta;
 Concentração de açúcar do néctar;
 Acessibilidade da abelha ao nectário;
 Qualidade do mel produzido, consideradas as suas
propriedades organolépticas (aroma, sabor, textura, aspecto,
etc.).

Há autores que também incluem a abundância regional como um critério


para qualificação de planta nectarífera. Na minha opinião, isso é um
equívoco, pois confunde a avaliação individual de cada planta com a sua
participação relativa no conjunto da flora apícola regional, que são pontos
bem diferentes.

Alguns desses fatores não são mensuráveis senão em laboratório, mas são
percebidos pelo nível de atratividade que as flores exercem nas abelhas e
pela produção destas.

Ou seja, de forma mais simples, uma boa nectarífera é aquela que floresce
intensamente, todos os anos (ou sempre que plantado), atrai muitas
abelhas e dá um mel saboroso.

10.12 Há plantas de floração imprevisível?


Sim. Muitas espécies perenes apresentam grandes variações de um ano
para outro. É o mesmo processo que ocorre com as frutíferas, para as
quais, sem manejo adequado (raleio dos frutos), os anos de abundância
precedem os de escassez. Os eucaliptos, por exemplo, reconhecidos
mundialmente como uma excelente fonte de néctar e pólen, são
notoriamente pouco confiáveis. A espécie robusta, muito difundida no Brasil
e responsável por colheitas abundantes na região sul, é uma das mais
confiáveis, com florações fortes e repetidas.

10.13 Que critérios definem uma boa planta polinífera?


A flora polinífera é muito mais abundante do que a nectarífera, e, talvez por
esta razão, receba menos atenção. É comum encontrar-se plantas
qualificadas como boas produtoras de pólen, mas não estimativas de
produtividade por espécie, por exemplo.

Do ponto de vista da necessidade alimentar das larvas de abelha, porém,


sabe-se que há polens muito melhores que outros. O primeiro dado
importante é que o total de proteína no pólen deve ser igual ou superior a
20%, mas ele, por si só, não significa muito. Um estudo realizado por
DeGroot em 1953 determinou as quantidades mínimas de 10 aminoácidos
que devem estar presentes na proteína do pólen para que as larvas possam
aproveitá-la integralmente. Por exemplo, a proteína presente num pólen
deve conter no mínimo 4% do aminoácido isoleucina. Se tiver apenas 3%,
segundo DeGroot, as larvas só conseguirão digerir 3/4 da proteína total.
Nesse caso, se o volume total de proteína for de 24% e todos os demais
aminoácidos estiverem dentro do mínimo necessário, a proteína digerível
para as larvas será de apenas 18%, o que é um valor insuficiente.

Um exemplo desta situação é o que ocorre com a alfafa, que provoca um


enfraquecimento do enxame pela intensa colheita de néctar sem um o
pólen de qualidade suficiente para manter as crias [STA96]. Já o pólen da
Corymbia (ex-Eucalyptus) maculata é tido como um dos melhores polens
para as abelhas na Austrália. Sementes dessa árvore são facilmente
encontráveis no Brasil, por exemplo, no site do IPEF (http://www.ipef.br).

10.14 Que critérios definem uma boa planta propolífera?


Menos informações ainda se têm sobre plantas propolíferas. Uma referência
freqüente à Baccharis dracunculifolia (vassoura, alecrim) afirma que ela
produz a própolis verde, um tipo especialmente procurado e valorizado
pelos compradores internacionais.

10.15 Como identificar uma planta?


Uma vez que se tenha observado uma planta de interesse, o primeiro passo
é fazer uma pesquisa como os moradores locais para descobrir o seu nome
popular. Com o nome popular, pode-se descobrir a espécie com uma
simples consulta à Internet (via Google - http://www.google.com.br - ou
outro buscador). Não é garantido, pois o mesmo nome popular às vezes é
usado para inúmeras espécies completamente diferentes.

Não conseguindo o nome popular, pode-se recorrer a herbários de


universidades ou Jardins Botânicos. Biólogos que fazem trabalho de campo,
como os que trabalham na preparação de relatórios de impacto ambiental
(RIMAs), têm vasto conhecimento sobre a vegetação regional, e podem
ajudar.

Uma alternativa é a pesquisa bibliográfica própria. Os livros de Harri


Lorenzi, do Instituto Plantarum (http://www.plantarum.com.br), por
exemplo, são abrangentes, e as espécies são muito bem descritas e
fotografadas. Em especial, veja [LOR00] e [LOR02].

11. Inimigos
11.1 Quais são os inimigos das abelhas? [3]
Há vários. Microorganismos causadores de doenças de cria e de adultos,
parasitas internos, externos e sociais, substâncias tóxicas, predadores e
outras pragas (referências em [ESP02], [GON02], [PER03], [SAM98],
[SAN99], [SHI92], [WIE87]).
No que diz respeito ao Brasil e às abelhas africanizadas, os principais
problemas são as substâncias tóxicas e o vandalismo ou roubo. Em relação
às doenças e parasitas em geral, as africanizadas apresentam uma
resistência maior que as européias. Em parte, essa resistência tem origem
orgânica, como no caso da característica SMR (de Suppress Mite
Reproduction), freqüentemente encontrada nas africanizadas, que impede a
reprodução da varroa nos alvéolos de cria. No caso das doenças, a maior
resistência das africanizadas provavelmente se deve a um comportamento
higiênico mais desenvolvido, que as leva a remover os cadáveres mais
rapidamente e com maior eficiência, diminuindo assim a chance de
alastramento da infecção.

Ao mesmo tempo, essas abelhas têm forte tendência de abandonar


completamente o ninho quando enfrentam algum tipo de perturbação mais
forte, deixando para trás todos os organismos indesejados. Esse tipo de
comportamento ajuda no controle de parasitas, que chegam a devastar
fortes colônias de européias, mas raramente fazem o mesmo com
africanizadas.

Nos países que criam abelhas européias, três pragas são responsáveis pela
maior parte dos prejuízos: a podridão americana, a varroa e o besouro da
colméia.

Na África, os criadores de Apis mellifera scutellata têm sofrido nos últimos


anos com um caso grave de parasitismo social da A.m. capensis [GON02].

11.2 Como são classificados esses inimigos?


Há varias classificações possíveis. Uma delas, muito citada, é por fase da
vida da abelha em que ela é atingida. Por exemplo, as principais doenças
de cria são as seguintes:

 Podridão européia (ou CPE - Cria Pútrida Européia)


 Podridão americana (ou CPA - Cria Pútrida Americana)
 Cria ensacada
 Cria ensacada brasileira
 Cria giz

Já as principais doenças de adultos são estas:

 Nosemose
 Disenteria
 Envenenamento
 Fome e frio

E há também os parasitas e outras pragas:

 Varroa
 Acarapis woodi (doença chamada de acariose)
 Aethina tumida (besouro da colméia)
 Apis mellifera capensis
 Traças de cera
 Formigas
11.3 Podridão européia?
Agente: bactéria Melissococcus pluton.

Sintomas: larvas mortas, amareladas ou marrons. Cheiro ácido forte.


Favo de cria com poucos alvéolos operculados em meio a muitos vazios
ou com larvas mortas.

Contágio: as abelhas adultas contaminam as larvas ao alimentá-las.

Prejuízo: significativo, quando a colônia não tem alimento suficiente.

Ocorrência no Brasil: relativamente comum.

Controle: uma alimentação abundante, energética e protéica,


geralmente resolve o problema. Se ele persistir, uma opção é substituir a
rainha para tentar mudar o perfil de tolerância à doença da colônia.

Observação: essa doença pode ser tratada com Terramicina, mas essa
não é a melhor escolha (veja o item 11.20 Por que não tratar as
doenças com remédios? abaixo)

11.4 Podridão americana?


Agente: bactéria Paenibacillus larvae

Sintomas: crias operculadas (pré-pupa/pupa) mortas, opérculos


perfurados. Larvas marrons que, quando esmagadas com um palito,
adquirem uma consistência viscosa e provocam a criação de um "fio" no
momento em que o palito é removido.

Contágio: fácil, através de mel e pólen contaminados com os esporos


da bactéria. A transmissão se dá por pilhagem de colônias infectadas,
transferência de favos de alimento pelo apicultor e até mel extraído que
é recolhido pelas abelhas (essa forma proporciona a "importação" da
doença de outros países, junto com méis contaminados).

Prejuízo: muito grande, podendo devastar apiários.

Ocorrência no Brasil: ainda não detectada.

Controle: colméias suspeitas devem ser imediatamente isoladas e ter


uma amostra enviada a análise de laboratório. Como esta doença ainda
não foi identificada no Brasil, não existe uma diretriz nacional sobre o
que fazer se o resultado for positivo. O melhor talvez seja adotar o
critério mais radical, usado por diversos países, que é o da destruição
completa das abelhas e de todas as partes da colméia. Para isso, remova
primeiro todos os quadros e queime-os durante o dia. À noite, feche a
colméia e mate as abelhas com um inseticida. Essa parte é
especialmente difícil para o apicultor, mas ele deve lembrar que a
sobrevivência de todos os demais enxames está em jogo. No dia
seguinte, queime as caixas, fundo, tampa e as abelhas mortas. O fogo é
necessário porque os esporos do P. larvae suportam temperaturas de até
150 ºC. Alguns países e estados americanos admitem a esterilização do
equipamento ao invés da sua destruição, mas os meios não são
facilmente encontráveis no Brasil ou são muito perigosos (irradiação beta
e gama, mergulho em parafina a 160 ºC, fervura em solução de soda
cáustica).

11.5 Cria ensacada?


Agente: vírus (SBV, de Sacbrood Virus, sem nome científico)

Sintomas: crias parcialmente operculadas em meio a outras totalmente


operculadas ou já emergidas. Pré-pupas mortas, com cor variando do
amarelo ao marrom-escuro, especialmente com a extremidade da
cabeça mais escura que o resto do corpo. Indivíduos mortos podem ser
facilmente removidos dos alvéolos, mas, quando agarrados por uma
pinça, tomam a forma de um saquinho (daí o nome).

Contágio: provavelmente através das abelhas adultas, ao alimentar as


larvas.

Prejuízo: pouco significativo, podendo passar despercebido em


enxames fortes.

Ocorrência no Brasil: desconhecida (veja item 11.6 Cria ensacada


brasileira?).

Controle: a manutenção de enxames fortes, com bastante alimento é


suficiente.

11.6 Cria ensacada brasileira?


Agente: pólen do barbatimão (Stryphnodendron spp.)

Sintomas: similares aos da cria ensacada (descritos acima)

Contágio: pelas abelhas adultas, ao alimentar as larvas com o pólen.

Prejuízo: grande, com enfraquecimento ou morte de muitos ou todos os


enxames do apiário.

Ocorrência no Brasil: muito freqüente na região Sudeste. Possível em


outras regiões onde exista esta planta.

Controle: alimentação com suplemento protéico pelo menos 15 dias


antes do início da florada do barbatimão. Manutenção dessa alimentação
durante todo o período da florada.

11.7 Cria giz?


Agente: fungo Ascosphaera apis

Sintomas: larvas rígidas, aparentando mumificação. Podem ser


facilmente removidas do favo com uma sacudida.

Contágio: pelas abelhas adultas, ao alimentar as larvas com pólen


contaminado com o fungo.
Prejuízo: moderado em enxames mais suscetíveis.

Ocorrência no Brasil: já detectado, mas ainda não relevante.

Controle: manutenção de enxame forte e substituição freqüente da


rainha.

11.8 Nosemose?
Agente: protozoário Nosema apis

Sintomas: abelhas incapazes de voar, desorientadas no chão da


colméia, com tremores, com asas em posição anormal e abdômen
inchado.

Contágio: pelas fezes das abelhas adultas contaminadas, quando


depositadas dentro da colméia (por impossibilidade de realizar os vôos
higiênicos).

Prejuízo: grande em climas temperados, pequeno nos demais.

Ocorrência no Brasil: existente, mas atualmente pouco relevante.

Controle: manutenção de enxame forte e substituição freqüente da


rainha. Esterilização eventual dos equipamentos por imersão em água
quente.

11.9 Disenteria?
Agente: más condições alimentares e sanitárias

Sintomas: presença de matéria fecal marrom ou amarelada na colméia,


abelhas com movimentos lerdos e abdomens inchados. Mortandade de
abelhas.

Causas: alimento fermentado, alimento com impurezas (como as


presentes no açúcar mascavo e melado de cana), alimento com alto teor
de HMF (mel velho, açúcar invertido), excesso de umidade na colméia.

Prejuízo: de pequeno a muito grande, podendo acabar com o enxame.

Ocorrência no Brasil: geral.

Controle: eliminação das causas.

11.10 Envenenamento?
Agente: inseticidas

Sintomas: mortandade súbita de adultas dentro da colméia ou redução


drástica do enxame (mortandade no campo).
Causas: aplicação de inseticidas em culturas vegetais no raio de ação
das abelhas. Fungicidas e herbicidas normalmente não matam as
abelhas, ainda que possam deixar resíduos nos produtos coletados.

Prejuízo: Muito grande, podendo devastar o apiário.

Ocorrência no Brasil: geral.

Controle: escolha prévia do local do apiário, conhecimento prévio da


rotina de pulverização das culturas vizinhas, remoção das colméias antes
das pulverizações, alimentação abundante durante e após as
pulverizações.

11.11 Fome e frio?


Agente: falta de alimento energético

Sintomas: Morte ou forte redução do enxame, com abelhas adultas


mortas dentro dos alvéolos, as cabeças voltadas para o fundo.

Causas: falta de alimento energético (mel, néctar, xarope),


especialmente na entressafra e em clima frio, quando o consumo de mel
é aumentado para a geração de calor. É importante salientar que
qualquer enxame normal só morrerá de frio se não tiver mel suficiente a
disposição.

Prejuízo: Grande, com possível perda do enxame.

Ocorrência no Brasil: principalmente nas regiões frias (Sul) ou


naquelas em que as entressafras são severas e longas.

Controle: Alimentação artificial com xarope ou mel deixado na colméia


em quantidade suficiente para a entressafra.

11.12 Varroa?
Agente: ácaros Varroa destructor e Varroa jacobsoni (talvez outros)

Sintomas: presença de muitas larvas (especialmente de zangões) com


ácaros - vistos a olho nu como pontos marrons, do tamanho de uma
cabeça de alfinete. Os ácaros estão presentes nos adultos também, mas
não são tão facilmente identificáveis.
Um teste simples de ser feito é o seguinte: recolher uma porção de
abelhas adultas (500-1000 abelhas) num vidro, adicionar água e sabão
líquido a 4% (ou álcool etílico ou isopropílico a 70%) e agitar bem.
Depois, coar as abelhas e verificar a presença de varroas no líquido.

Prejuízo: muito grande em climas temperados e abelhas européias,


menor em climas tropicais e abelhas africanizadas.

Ocorrência no Brasil: existente, mas ainda não especialmente


relevante. Exige observação.
Controle: manutenção de enxames fortes, bem alimentados.
Substituição da rainha em caso de infestação acentuada. O controle
químico, com fluvalinato, é permitido e usado em outros países, mas não
disponível nem recomendado por grande parte dos apicultores no Brasil.

Observação: existe um inseto (Braula coeca) que é praticamente


inofensivo às abelhas, mas muito parecido com a varroa. Ele se aloja no
tórax das operárias e da rainha, às vezes em grupos. Uma diferença
perceptível é que ele possui 3 pares de patas, que se estendem para o
lado do corpo, enquanto que a varroa, um aracnídeo, possui 4 pares,
que se estendem para frente.

11.13 Acariose?
Agente: ácaro Acarapis woodi

Sintomas: imprecisos, muito semelhantes aos de outras doenças:


enxame anormalmente reduzido, abelhas arrastando-se com asas
desconjuntadas. A confirmação só pode ser feita em laboratório.

Prejuízo: grande, se não tratado.

Ocorrência no Brasil: existente, mas atualmente irrelevante.

Controle: manutenção de enxames fortes, bem alimentados, com


rainha nova.

11.14 Besouro da colméia?


Agente: coleóptero Aethina tumida

Descrição: fêmeas adultas deste besouro são atraídas pelo mel e


podem entrar na colméia ou pôr ovos em favos expostos ao ar livre. As
larvas, de pouco mais de 1 cm, alimentam-se de mel e de crias vivas,
infestando qualquer tipo de favo. O mel, fermentado pelas fezes das
larvas, é repudiado pelas abelhas. Poucos indivíduos adultos podem
causar pesadas infestações.

Prejuízo: muito grande na América do Norte, com exterminação de


enxames. Na África, esse besouro raramente cria problemas para os
enxames de Apis mellifera scutellata, embora a sua convivência seja
comum.

Ocorrência no Brasil: ainda não encontrado.

Controle: difícil. Verificação cuidadosa e pronta eliminação de favos


infectados. Manutenção de enxames fortes. Prevenção por exposição
mínima dos favos durante o manejo e colheita de mel.

11.15 Apis mellifera capensis?


Agente: abelha A.m. capensis

Descrição: operárias da abelha capensis invadem colméias de A.m.


scutellata (só dela) e passam a competir com a rainha, pondo ovos e
produzindo feromônio de rainha. Esta acaba morrendo, atacada pelas
invasoras ou vítima de desnutrição por falta de atendimento das suas
operárias. Os ovos postos pelas capensis, apesar de não fecundados,
produzem novas fêmeas poedeiras, o que acaba desorganizando a
colméia de tal modo a inviabilizá-la.

Prejuízo: muito grande na África do Sul, com grande exterminação de


enxames.

Ocorrência no Brasil: ainda não identificada.

Controle: muito difícil. Prevenção por isolamento das duas espécies.

11.16 Traças de cera?


Agente: Galleria mellonella (traça maior) e Achroia grisella (traça
menor)

Descrição: indivíduos adultos põem ovos no interior da colméia ou em


favos guardados, especialmente os mais escuros. As larvas alimentam-se
de cera e formam túneis cheios de fezes e fios de seda nos favos, que se
tornam inaproveitáveis para as abelhas. Em infestações pesadas, as
larvas chegam a destruir a madeira dos quadros e das caixas.

Prejuízo: insignificante ou inexistente em enxames médios e fortes;


importante em enxames fracos. Possivelmente grande em favos
armazenados.

Ocorrência no Brasil: geral.

Controle: manutenção de enxames fortes. Enxames fracos devem ser


protegidos por redução do alvado e vedação das frestas das colméias.
Favos escuros (especialmente os de ninho) devem ser derretidos tão
logo sejam retirados da colméia. Favos claros devem ser guardados,
preferencialmente, em ambiente claro, seco e arejado. O congelamento
dos favos a -15 ºC por 2 horas destrói todas as fases das traças (ovos,
larvas e adultos).

Observação: em alguns países o paradiclorobenzeno (PDB) é uma


substância química aprovada para controle da traça em favos
armazenados. No Brasil, recomenda-se sempre evitar procedimentos que
possam deixar resíduos indesejáveis na colméia e nos seus produtos.

11.17 Formigas?
Agente: diversas espécies de formigas

Descrição: as formigas costumam atacar repentinamente e causar


grandes danos, devorando as crias, o mel, o pólen e provocando um
grande estresse na colméia.

Prejuízo: destruição dos favos e abandono dos enxames.

Ocorrência no Brasil: geral.


Controle: manutenção da colméia em posição elevada em relação ao
solo. Uso de cavaletes com proteção contra formigas, como lã ou estopa
embebida em óleo, arandelas com óleo, cúpulas invertidas (de garrafas
PET, por exemplo). Limpeza do terreno e combate das formigas
predadoras nas imediações do apiário.

11.18 Como se pode confirmar uma suspeita de doença?


Enviando uma amostra de favo, crias e/ou adultas para análise num
laboratório. Isso especialmente necessário no caso de suspeita de podridão
americana, que é a doença apícola mais importante.

11.19 A quem e como se deve enviar as amostras?


Antes de enviar amostras a algum lugar, entre em contato com alguma
autoridade ligada à área de sanidade apícola. Por exemplo, existe o Comitê
Científico Consultivo em Sanidade Apícola - CCCSA, instituído pela Portaria
nº 09, de 18 de fevereiro de 2003, da Secretaria de Defesa Agropecuária,
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Seus
membros podem ser contatados pelos seguintes e-mails (para formar os
endereços, junte as palavras em negrito com o caráter "@" entre elas):

Aroni Sattler (UFRGS/Porto Alegre/RS) - aronisattler em yahoo.com.br


Dejair Message (UFV/Viçosa/MG) - dmessage em mail.ufv.br
David de Jong (USP/Ribeirão Preto/SP) - ddjong em fmrp.usp.br
Dulce Schuch (MAPA/Porto Alegre/RS) dmtschuch em yahoo.com

11.20 Por que não tratar as doenças com remédios?


Medicamentos sempre oferecem o risco de, se mal usados, contribuírem
para a seleção de cepas resistentes dos organismos que estão sendo
combatidos. Além disso, eles contaminam os produtos da colméia e não
têm sido necessários no Brasil. A maior resistência da abelha africanizada
em relação à européia permite que muitas doenças sejam tratadas com a
simples adoção de medidas sanitárias simples e/ou substituição da rainha -
e conseqüente alteração do perfil genético da colméia em cerca de dois
meses. Essa alteração genética é uma tentativa de criar um enxame com
resistência orgânica maior ou comportamento higiênico mais apurado, o
que é perfeitamente possível com a aquisição de rainhas africanizadas
selecionadas.

Dessa forma, busca-se um melhoramento genético com a extinção das


características ruins em relação às doenças. O retorno deste procedimento
é um gasto menor em manejo e nulo em remédios, mas, principalmente, o
privilégio de se recolher produtos absolutamente naturais, sem
contaminantes químicos de nenhuma espécie.

11.21 Como evitar o roubo e o vandalismo?


Esse é um problema difícil. Por representar um perigo a pessoas e animais,
o apiário necessariamente deve ser localizado a uma certa distância de
casas e galpões, o que o torna um alvo fácil para ações criminosas. Há
muito pouco o que fazer sem investir muito.
A primeira tentativa é ocultar da melhor forma possível o apiário da vista de
populares. O uso de cores discretas nas colméias, telhados e suportes pode
ajudar.

Alguns apicultores sugerem adotar equipamentos especiais, como fundos


(chãos) de colméias com furos grandes, ou tampas integradas com telhados
pesados. A idéia é que as colméias não possam ser carregadas sem que as
abelhas ataquem os ladrões. Isso pode funcionar na primeira vez, mas
dificilmente dará resultado numa segunda tentativa.

A montagem de armadilhas nas imediações do apiário é defendida por


alguns, mas é preciso considerar muito bem as possíveis conseqüências.
Armadilhas que causem dano físico ao invasor podem motivar a
responsabilização criminal do apicultor. Armadilhas que apenas assustem
ou que provoquem ruídos altos ou ativem sirenes talvez possam ser
usadas.

Não há local 100% seguro, mas o conhecimento e uma boa relação com os
vizinhos também ajudam. Um pouco de mel presenteado na colheita pode
angariar aliados vigilantes.

12. Sobre o texto


12.1 A quem se destina esse texto?
Ao escrever as perguntas e respostas eu tive sempre em mente a figura
típica do iniciante, com muita vontade de aprender e quase nenhum
conhecimento. Mas em todo o texto, eu evitei dar apenas as respostas
fáceis, as soluções únicas ou somente os entendimentos mais populares.

Embora não tenha me aprofundado nos assuntos, já que algumas


perguntas precisariam ser respondidas por um curso ou por um livro
inteiro, muitas respostas mencionaram vários enfoques diferentes. Isso me
faz supor que mesmo apicultores experientes possam encontrar algumas
novidades neste texto, se decidirem gastar algumas horas na sua leitura.

12.2 Em que o autor se baseou para escrever este texto?


Três livros formam a base teórica e conceitual deste texto. O primeiro é
"The Hive and the Honey Bee", editado por Joe Graham em 1992. Este livro
foi originalmente escrito por Lorenzo Langstroth em 1853, para divulgar ao
mundo a sua descoberta do espaço abelha e as experiências com as
colméias de quadros móveis, que mudariam a apicultura para sempre.
Langstroth publicou algumas revisões do seu livro até 1885, quando confiou
a continuação do seu trabalho à família Dadant. Diversas revisões foram
publicadas desde então, e, em 1946, foi editada a primeira versão com
múltiplos autores. Novas edições continuam a ser publicadas de tempos em
tempos, as últimas em 1963, 1975 e 1992, sempre escritas por diversos
autores.

A última edição foi escrita por 33 especialistas e traz uma visão atual e
abrangente da apicultura, embora pouco profunda em muitos pontos,
notadamente nas questões práticas e na apicultura com africanizadas. Para
fazer referências a este livro, eu optei por citar os autores dos capítulos,
que são independentes, e não o livro inteiro.

O segundo livro base é "O Livro do Mel", de Eva Crane (1980), publicado
pela editora Nobel em 1985 (2ª edição). O título resume perfeitamente o
livro - são poucas as informações, técnicas ou históricas, que não se pode
encontrar nele.

O terceiro livro é "A Biologia da Abelha", de Mark Winston (1987), publicado


pela editora Magister em 2003. Apesar da defasagem entre a publicação do
original e a da tradução, este é um livro atual e extremamente
interessante. A sua publicação ocorreu durante a redação deste texto, e foi
responsável por uma ampliação significativa no seu conteúdo.

Afora esses livros, várias publicações foram imprescindíveis em algumas


respostas. Todas elas estão referenciadas no capítulo 13. Referências).

A parte prática foi principalmente baseada na minha experiência pessoal.


Eu crio abelhas desde 1987, sempre poucas colméias (menos que doze).
Embora alguns apicultores meçam a experiência pelo número de colméias
manejadas, eu sou de opinião que menos colméias possibilitam um trabalho
mais cuidadoso.

Não obstante, a minha experiência particular foi consideravelmente


enriquecida pelas discussões que acompanho e participo na Internet desde
1999, especialmente no Plenário Apacame (http://www.apacame.org.br/).
Ao longo dos anos, milhares de mensagens têm sido trocadas, muitas delas
com informações, dicas e relatos de grande interesse.

12.3 Por que há tão poucas citações nas respostas?


A minha intenção não foi fazer um trabalho acadêmico, justificando cada
afirmativa feita. Eu coloquei referências (abreviadas) nas respostas apenas
quando imaginei que o que estava sendo escrito poderia provocar alguma
incredulidade ou contrariedade no leitor. Naturalmente, a minha capacidade
de julgamento é limitada, e eu posso ter feito muito mais afirmações
polêmicas do que suponho. De qualquer forma, se for necessário, acredito
que eu possa fornecer uma ou mais referências confiáveis para a maior
parte do que está escrito, pelo menos.

12.4 O que é considerada uma "referência confiável"?


Basicamente, a referência que eu considero ideal consiste num texto que se
aprofunda na investigação de um tema, ou se apóia num estudo com o
mesmo princípio. É o tipo de texto que divulga as conclusões favoráveis e
desfavoráveis ao desejo do autor com o mesmo destaque, que sustenta
essas conclusões com a cautela e as ressalvas necessárias e que esclarece
as prováveis falhas e limitações dos estudos que as suportam.

Nenhum desses textos é correto por definição, uma vez que a ciência,
felizmente, não segue uma doutrina dogmática. Mas eles devem ser
suficientemente claros e honestos para permitir comprovação ou
contestação nos mesmos termos.
12.5 Por que há tão poucos livros brasileiros na bibliografia?
Infelizmente, não há muitos livros sobre apicultura sendo escritos ou
revisados no Brasil, e grande parte do que existe já está bastante defasado.
Além disso, muita coisa escrita no passado, ainda que extremamente
importante na sua época, tinha às vezes um enfoque mais motivacional do
que técnico, freqüentemente valendo-se de aspectos emocionais ou
religiosos para fundamentar alguns assuntos. Como você pode perceber
pela leitura deste texto, eu prefiro uma abordagem mais científica.

A atual geração de pesquisadores brasileiros é competente e produtiva,


como atestam os inúmeros artigos publicados em congressos e revistas
nacionais e estrangeiros. Infelizmente, a produção científica não tem se
traduzido na edição de livros, seja por carência de incentivo material, seja
por falta de uma cultura nesse sentido. A meu ver, só as peculiares
condições brasileiras já justificariam a produção de várias obras de peso.

12.6 Quem colaborou na redação deste texto?


Afora os autores citados, inúmeras pessoas colaboraram, ainda que
inadvertidamente. Os apicultores e pesquisadores que emitem suas
opiniões no grupo da Apacame me ajudaram muito a conhecer novas
técnicas e conceitos, e formar opinião sobre muitos assuntos. Como o
volume de informações é extenso e caótico, não me atrevi a mencioná-los
nominalmente, sob pena de cometer esquecimentos imperdoáveis. Mas
muitos foram importantes e, ao ler este texto, certamente reconhecerão
suas próprias dicas.

Uma menção especial, porém, deve ser feita a Silvio Wiltuschnig. Ao saber
que eu estava preparando este documento, ofereceu-se para criar o
logotipo e efetivamente o fez, com grande talento. O seu belo trabalho
encontra-se no início deste documento.

12.7 Você repassou dicas sem testá-las?


Em alguns casos, sim. Mas sempre tentei deixar bem claro no texto o grau
de confiança que elas me inspiram. As técnicas que eu testei e aprovei (de
minha autoria ou de outrem) foram explicitamente recomendadas. As que
me pareceram sensatas e possivelmente úteis, mas não chegaram a ser
testadas, foram simplesmente mencionadas ou sugeridas como idéia.

Algumas vezes também me referi de forma neutra a práticas comuns,


apenas para deixá-las registradas, por não possuir elementos para um
julgamento mais qualificado. Também contestei algumas práticas, sempre
tentando deixar claro o que não funcionou nas minhas experiências ou que
tipo de ressalva hipotética eu tenha a respeito.

12.8 Por que não há nada sobre...?


A apicultura é um assunto vasto. Um dos livros em que me baseei para
escrever este texto possui 1.300 páginas e, sob alguns aspectos, é bastante
incompleto. O que está exposto neste texto é uma parte ínfima da
apicultura, embora os assuntos tratados, a meu ver, sejam de interesse
freqüente dos apicultores e iniciantes. Isso não quer dizer que novas
perguntas não possam ser acrescentadas, à medida que me ocorrerem ou
que forem sugeridas por leitores. Um texto publicado na Internet tem
exatamente essa vantagem: pode ser atualizado a qualquer instante, ao
contrário de um trabalho impresso.

Alguns temas, porém foram deixados de lado de propósito ou tratados mais


superficialmente do que se poderia esperar. O primeiro é a apiterapia, que
eu considero um assunto separado da apicultura (embora muitos pensem
diferentemente).

Outro é a flora apícola, que é apresentada aqui quase que de forma


puramente conceitual, sem as tabelas de plantas que alguns leitores talvez
desejassem. Como foi mencionado naquele capítulo, não existe uma fonte
de dados suficientemente confiável e abrangente sobre esse tema no Brasil,
embora haja iniciativas pessoais ou locais, que podem ser encontradas na
Internet e em boa parte dos livros citados na bibliografia.

Já o negócio apícola foi praticamente ignorado. Essa área pode ser de


grande interesse a um iniciante, mas ela tem algumas características
especiais: é muito variável, ainda não está bem normatizada e as
informações sobre ela são escassas e imprecisas.

12.9 Os valores expressos em kg de mel não estão errados?


Se ainda não estão errados, provavelmente o estarão no futuro. A intenção
foi apenas dar uma idéia do valor dos bens apícolas em comparação ao seu
principal produto. A relação que utilizei foi baseada em preços vigentes em
2003, de algumas lojas que anunciam na Internet. Não há nenhuma ligação
direta entre os preços dos equipamentos e o do mel. É verdade que quando
o mel está bem valorizado, a demanda pelos equipamentos tende a
aumentar, e o seu preço também, mas essa relação é indireta e não
necessariamente linear.

12.10 Por que não há figuras neste texto?


Eu não tentei fazer um manual de apicultura, apenas um texto de fácil
acesso, especialmente para os iniciantes. É o tipo de texto popularizado na
Internet pelo acrônimo FAQ (de Frequently Asked Questions). Incluir
imagens nele significaria perder um tempo enorme, obtendo-as
pessoalmente ou negociando o direito de reprodução das que estivessem
disponíveis, e isso sempre esteve fora dos planos.

12.11 Então terei de ler outros livros também?


Sem dúvida nenhuma. Este texto, como foi mencionado em outros
capítulos, não substitui nenhum um bom livro de apicultura. Tampouco é
substituto de um bom curso teórico-prático. É apenas uma leitura inicial,
complementar, ou uma fonte de consulta eventual para apicultores de
todos os níveis.

12.12 É melhor imprimir este texto ou acessá-lo na Internet?


Se você desejar fazer uma leitura completa, a versão impressa
provavelmente será mais confortável. No entanto, consultas eventuais
poderão ser feitas na Internet com a grande vantagem da atualização. Só
durante o período de redação deste texto, houve respostas reescritas três
ou quatro vezes, por conta de novos dados a que eu tinha acesso.
12.13 Quais são as condições de uso deste texto?
Basicamente, as que estão previstas na Lei 9.610/98, que rege os direitos
autorais (http://www.mct.gov.br/legis/leis/9610_98.htm).

Adicionalmente, você pode distribuir este texto livremente, desde que para
fins puramente educacionais e, em nenhuma hipótese, comerciais. A
distribuição do texto, se ocorrer, deve garantir a sua originalidade e
integralidade (o texto deve estar completo e não pode ser modificado).
Preferencialmente, ele deve ser divulgado pelo endereço do site (http://...).

Não é permitido manter cópias parciais ou totais deste texto em outros


sites.

Você pode citar esse texto livremente e reproduzir pequenos trechos


(alguns parágrafos, por exemplo) em um trabalho, desde que a origem e o
autor sejam claramente mencionados.

Se houver qualquer dúvida em relação ao uso deste texto, por favor entre
em contato comigo.

12.14 Como contatar o autor?


Sobre questões relacionadas à apicultura, é mais interessantes fazê-las ao
Plenário Apacame (veja item 12.2 Em que o autor se baseou para
escrever este texto?). Assim, se eu não tiver tempo ou não estiver
disponível para discuti-las, é muito provável que você encontre outros
apicultores interessados no assunto.

Mensagens privadas podem ser enviadas a jbacampos, em yahoo.com.br


(para formar o endereço de e-mail junte as duas expressões em negrito por
um "@").

Deixo de antemão meus agradecimentos por quaisquer comentários ou


sugestões que me sejam enviados, sabendo que, eventualmente, não
conseguirei fazê-los pessoalmente.

12.15 Por que os e-mails não são escritos normalmente neste


texto?
Porque há programas que varrem as páginas da Internet em busca de
endereços do tipo "alguem@algumlugar". Uma vez encontrados, estes
endereços são anexados a uma lista e vendidos para empresas que fazem
propaganda pela Internet - os spammers.

12.16 O que significam os números entre colchetes? [2]


As numerações à direita das perguntas informam em qual data o item foi
atualizado pela última vez. Na pergunta deste item, por exemplo, o número
[2] indica que essa resposta foi atualizada pela última vez na versão de
14/05/2004. No início este documento há um índice (“Histórico de
Atualizações”), onde o número de cada versão está associado à sua data de
publicação.

Esse sistema foi adotado para facilitar a identificação das últimas alterações
do texto. Um leitor que acesse este documento esporadicamente pode
pesquisar quais foram as atualizações feitas desde a última vez em que ele
foi lido. Para isso, basta mandar localizar as ocorrências de cada um dos
números que lhe interessam. No Internet Explorer, por exemplo, basta
teclar Ctrl-F, digitar o número da versão entre colchetes, e seguir clicando
no botão “Localizar” para achar todas as atualizações desta versão.

Como esse sistema só foi implantado em 30/04/2004, a versão base foi


considerada a de 15/04/2004. Nenhuma pergunta da versão base é
numerada, enquanto todas as perguntas que sofreram atualização ou foram
incluídas desde então têm o seu número de versão (entenda-se como
atualização uma alteração importante no seu conteúdo; meras correções
gramaticais ou ajustes de forma não se enquadram como atualização).

Entre a publicação inicial, em 20/01/2004, e a publicação da versão base,


inúmeras atualizações foram publicadas, mas elas não ficaram registradas.

12.17 Há “merchandising” neste texto?


Não. Eu evitei, sempre que possível, mencionar marcas ou nomes
comerciais. Com isso, deixei de me referir a bons fabricantes e
fornecedores de produtos e equipamentos, que podem ser facilmente
descobertos nos grupos de discussão sobre apicultura. Isso não significa
que o site não possa ser patrocinado no futuro. Mas, caso venha a ocorrer,
qualquer propaganda será claramente identificada como tal e totalmente
independente do texto.

12.18 Como achar um assunto neste texto?


Se você quiser usar os índices de assunto (no início) ou de perguntas (no
final), pode simplesmente clicar sobre um item para vê-lo mostrado na tela.
Para retornar ao índice, clique no botão “Voltar” (seta para esquerda) do
seu navegador.

Se não quiser usar os índices, você pode usar a função de procura do seu
navegador. Por exemplo, no caso do Internet Explorer, aperte a
combinação de teclas <Ctrl-F> para abrir a janela “Localizar”. Nela, digite a
palavra desejada e depois clique no botão “Localizar próxima”.

12.19 Devo acreditar piamente em tudo que está escrito aqui?


Obviamente, não. Embora eu tenha feito o máximo esforço para expor aqui
informações e opiniões corretas e equilibradas, estou pronto a modificar
qualquer uma delas tão logo seja convencido do contrário, com dados e
argumentos melhores do que aqueles a que tive acesso originalmente. O
conhecimento, felizmente, evolui, e muita coisa escrita aqui pode se tornar
obsoleta de um dia para o outro. Conseqüentemente, não ofereço nenhum
tipo de garantia sobre qualquer coisa que tenha sido escrita neste texto.

Assim, sugiro que todas as dicas, informações e opiniões deste texto (e de


todos os outros) sejam sempre analisadas com um ceticismo positivo,
aquela desconfiança saudável que leva as pessoas a verificarem os dados
em outras fontes, a refazerem experiências, a levantarem dúvidas,
raciocinarem, contestarem e argumentarem. É o que eu normalmente faço
e o que mais recomendo a todos.
12.20 Tudo parece muito complicado. Devo desistir da apicultura?
Ainda não. Se você leu todo esse material sem ter experiência prévia, é
normal que a quantidade de informações o tenha assustado um pouco. No
entanto, lembre-se que inúmeras gerações de apicultores criaram abelhas
em caixas comuns de madeira e cestos de palha sem que qualquer dos
conceitos e técnicas abordados aqui fossem conhecidos. E, sim, eles
colheram mel.

Portanto, se o seu objetivo é apenas se divertir um pouco e tirar algum mel


para a família, nem de longe imagine que vai precisar usar todas as
informações deste texto. Antes de desistir da idéia de se tornar um
apicultor, faça uma última tentativa: procure um bom curso teórico-prático
e comprove pessoalmente que os prazeres da apicultura sempre superam
as suas dificuldades.

13. Referências citadas

[AMB92] AMBROSE, J.T. Management for Honey Production. In: GRAHAM, J.M. (ed.)
The Hive and the Honey Bee. Hamilton: Dadant & Sons, 1992.

[ARM01] ARMSTRONG, W.P. Mitosis Compared with Meiosis. Disponível em


http://waynesword.palomar.edu/lmexer2a.htm.

[BAR77] BARKER, R.J. Considerations in Selecting Sugars for Feeding to


Honey Bees. Disponível em
http://www.beesource.com/pov/usda/abjfeb1977.htm.

[BAR99] BARRETT, S; KROGER, M (eds.) Fact Sheet on From Health Canada:


Honey and Infant Botulism. Disponível em
http://www.nutriwatch.org/06FST/honey.html.

[BOG04] BOGDANOV, S. Beeswax: Quality and Importance for Beekeeping. In: XV


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[BRI04] BRIGHENTI, C.F. et al. Eficiência do Bacillus thuringiensis var. kurstaki no


Controle de Galleria mellonella. In: XV Congresso Brasileiro de Apicultura,
2004, Natal. Anais... CBA, 2004.

[CIN02] CINTRA, P. et al. Toxicidade do Barbatimão para as Abelhas. Mensagem


Doce, nº 66, mai/2002. São Paulo:Apacame.

[CON98] CONCEIÇÃO, C.E Coletor de própolis Pirassununga. Mensagem Doce,


nº 49, nov/1998. São Paulo:Apacame.

[CRA83] CRANE, E. O Livro do Mel. São Paulo: Nobel, 1983.

[CUS01] CUSHMAN, D.A. Bee Space. Disponível em


http://website.lineone.net/~dave.cushman/bsp.html, 2001.

[ESP02] ESPÍNDOLA, E.A et al. Curso Profissionalizante de Apicultura.


Florianópolis: Epagri, 2002.
[FIS02] FISCHER, J. Blowin' Smoke. Disponível em
http://www.beeculture.com/beeculture/months/02aug/02aug2.htm, 2002.

[FUN98] FUNARI, S.R.C.; ROCHA, H.C.; SFORCIN, J.M. Coleta de Pólen e


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[LEN03] LENGLER, S. Comunicação pessoal, jul/03.

[LOR00] LORENZI, H. Plantas Daninhas do Brasil. Nova Odessa: Instituto


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[LOR02] LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Nova Odessa: Instituto Plantarum,


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[MUR02] MURADIAN, L.B.A. Qualidades Nutritivas dos Produtos das Abelhas. In: XIV
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[SCH92] SCHMIDT, J.O. Allergy to Venomous Insects. In: GRAHAM, J.M. (ed.) The
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[SCH92a] SCHMIDT, J.O.; BUCHMANN, S.L. Other Products of the Hive. In: GRAHAM,
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[SHI92] SHIMANUKI, H. et al. Diseases and Pests of Honey Bees. In: GRAHAM, J.M.
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[SOA97] SOARES, A.E. Caixas Iscas e Enxameação em Abelhas Africanizadas.


Disponível em http://rgm.fmrp.usp.br/beescience/simp2.htm, 1997.

[SOU92] SOUTHWICK, E.E. Physiology and Social Physiology of the Honey Bee. In:
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[VIS03] VISSCHER, P.K.; VETTER, R.S.; CAMAZINE, S. Removing Bee Stings.


Disponível em http://bees.ucr.edu/stings.html, 2003.

[WHI92] WHITE JR., J.W. Honey. In: GRAHAM, J.M. (ed.) The Hive and the Honey
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[WIE87] WIESE, H. Nova Apicultura. Porto Alegre: Livraria e Editora Agropecuária,


1987.

[WIN03] WINSTON, M.L. A Biologia da Abelha. Porto Alegre: Magister, 2003.

14. Índice geral


1. A Abelha 1
1.1 Que abelhas são criadas no Brasil? 1
1.2 O que significa esse nome científico? 1
1.3 Que raças de abelhas existem? 2
1.4 Que raças existem no Brasil? 2
1.5 Como essas abelhas chegaram aqui? 2
1.6 As abelhas africanizadas são mais agressivas? 2
1.7 Quando um ataque de abelhas pode ser fatal? 2
1.8 A apicultura pode ser considerada uma atividade perigosa? 3
1.9 Quantas vezes uma abelha pode ferroar? 3
1.10 A rainha ferroa? E os zangões? 3
1.11 Afinal, por que as abelhas ferroam? 3
1.12 As abelhas são criaturas boas? 3
1.13 Como as abelhas não planejam, se elas guardam mel para o inverno? 3
1.14 O que as abelhas reconhecem como ameaça? 3
1.15 O que são as castas de abelhas? 4
1.16 O que diferencia a rainha das operárias? 4
1.17 E o que é uma princesa? 4
1.18 Como é a fecundação da rainha? 4
1.19 Como podem os zangões nascer de ovos não fertilizados? 4
1.20 Qual é a função dos zangões? 5
1.21 Como identificar um zangão? 5
1.22 Zangões são sempre “puros”? [1] 5
1.23 Os zangões irmãos são idênticos? [1] 5
1.24 Qual é a função da rainha? 5
1.25 Quantos ovos a rainha põe por dia? 5
1.26 O que acontece quando a rainha morre? 5
1.27 E se não houver uma larva jovem? 5
1.28 O que é uma colméia zanganeira? 6
1.29 Por que as abelhas começam a pôr ovos? 6
1.30 Como saber se uma colméia está sem rainha?[2] 6
1.31 Como saber se uma colméia está zanganeira? 6
1.32 Em quanto tempo uma colméia fica zanganeira? 6
1.33 Como identificar a rainha? 7
1.34 Qual é a função das operárias? 7
1.35 Qual é a relação entre a idade das abelhas e as tarefas executadas? 7
1.36 Quanto tempo vive uma abelha? 7
1.37 Quantas abelhas vivem numa colméia? 7
1.38 Quando as abelhas pilham as colméias vizinhas? 8
1.39 Como as abelhas se comunicam? 8
1.40 E a dança das abelhas? 8
1.41 Como elas fazem quando o sol não está visível? [4] 9
1.42 Como elas informam uma posição atrás de um obstáculo? 9
1.43 A que velocidade voa uma abelha? 9
1.44 Quanto tempo uma abelha leva para nascer? 9
1.45 O que as abelhas comem? 9
1.46 Como os enxames se reproduzem? 9
1.47 O que acontece com a colméia que perdeu um enxame? [2] 10
1.48 Por que as abelhas abandonam a colméia? 10
1.49 Por que as abelhas às vezes matam a sua rainha? 10
1.50 Como as abelhas lidam com as variações de temperatura? 11
1.51 Por que o apicultor põe fumaça nas abelhas? [4] 11
1.52 A fumaça não estressa as abelhas? 11
1.53 Quanto pesa uma abelha? 11
1.54 Como a abelha coleta néctar? 12
1.55 Quanto néctar a abelha pode transportar? 12
1.56 A que distância uma abelha voa para colher néctar? 12
1.57 Como a abelha coleta pólen? 12
1.58 Como a abelha coleta própolis? 12
1.59 Como a abelha coleta água? 12
1.60 O que estimula as abelhas para a colheita? 12
1.61 Onde as abelhas guardam esses produtos? 13
1.62 Como as abelhas produzem cera? 13
1.63 Quanto mel deve ser ingerido para a produção de 1 kg de cera? [4] 13
1.64 Que abelha devo criar, européia ou africanizada? 13

2. A Colméia 14
2.1 O que é uma colméia? 14
2.2 Como é uma colméia? 14
2.3 De que outros materiais podem ser feitas as colméias? 14
2.4 Qual é o melhor tipo de colméia? 14
2.5 O que são ninhos e melgueiras? 15
2.6 O que é melhor, melgueiras ou sobreninhos? 15
2.7 Não há uma alternativa intermediária? 15
2.8 Quanto pesam uma melgueira e um sobreninho? 15
2.9 Afinal, quantos quadros devem ser usados, 8, 9 ou 10? 16
2.10 O que são espaçadores Hoffmann? 16
2.11 Como as abelhas sabem onde devem colocar cada produto? 16
2.12 O que é uma tela excluidora? 16
2.13 Por que alguns apicultores não usam a tela excluidora? 16
2.14 Por que as abelhas constroem seus favos exatamente dentro dos quadros? 17
2.15 Por que as abelhas preenchem alguns espaços com cera e outros com própolis? 17
2.16 O que é o espaço-abelha? 17
2.17 Quais são os outros espaços importantes? 17
2.18 O que é cera alveolada? 17
2.19 Como a cera alveolada é fixada nos quadros? 17
2.20 É melhor soldar a lâmina encostada na barra superior? 18
2.21 Como se solda cera com corrente elétrica? 18
2.22 Que fonte é essa? 18
2.23 Que arame é melhor? 19
2.24 O arame não encrava na madeira dos quadros? 19
2.25 Quadros plásticos não são preferíveis? 19
2.26 Do que são feitos os favos? 19
2.27 Como os favos são produzidos? 19
2.28 Por que o alvéolo é hexagonal? 19
2.29 Qual é o tamanho do alvéolo? 20
2.30 Quantos alvéolos há num favo? 20
2.31 Existe cera alveolada para zangões? [4] 20
2.32 Que cor tem o favo? 20
2.33 Por que o mel não escorre do favo? 20
2.34 Como é o fundo da colméia? 20
2.35 Que tamanho tem o alvado? 20
2.36 Como é a tampa da colméia? 20
2.37 O que é uma entretampa? 21
2.38 Que outros equipamentos podem compor a colméia? 21
2.39 Como se protege a colméia contra a intempérie? 21
2.40 Como pode ser feito o telhado da colméia? 21
2.41 Como se pinta uma colméia? 22
2.42 Onde fica apoiada a colméia? [4] 22

3. O Apiário 22
3.1 Com quantas colméias devo iniciar um apiário? 22
3.2 Como eu acho um bom curso de apicultura? 22
3.3 Mas, afinal, com quantas colméias geralmente se inicia um apiário? 23
3.4 Onde o apiário deve ser localizado? 23
3.5 A que distância de casas um apiário pode estar? 23
3.6 A que distância de flores e água deve ficar o apiário? 24
3.7 Que distância entre apiários deve ser respeitada? 24
3.8 Até quantas colméias posso ter num apiário? 24
3.9 E se a produção cair porque o meu vizinho instalou um apiário? 24
3.10 A que distância deve ficar uma colméia da outra? 25
3.11 Que outras considerações são necessárias no planejamento do apiário? 25
3.12 Para que lado devem ficar virados os alvados? 25
3.13 Como limpar o apiário? 26
3.14 Posso criar animais perto do apiário? 26
3.15 Posso fazer as minhas colméias? 26
3.16 Quanto custa uma colméia? 26
3.17 Quantas melgueiras por colméia devo comprar? 26
3.18 Preciso comprar colméias de reserva? 27
3.19 Como povoar o apiário? 27
3.20 Como é uma caixa-isca? 27
3.21 Não é melhor usar colméias vazias para atrair enxames? 27
3.22 Por que usar o Cymbopogon citratus? 27
3.23 Quando colocar e tirar as caixas-isca? 27
3.24 Quando o enxame pode ser transferido para a colméia definitiva? 28
3.25 Quando a nova caixa pode ser transferida para o apiário? 28
3.26 Como capturar enxames alojados? 28
3.27 Como manter informações sobre o apiário? [3] 29

4. Proteção 29
4.1 Como se proteger durante o manejo? 29
4.2 Como deve ser a vestimenta do apicultor? 29
4.3 Como vestir todo esse equipamento? 30
4.4 Não se morre de calor? 30
4.5 Mas as abelhas não entram pelas frestas? [4] 30
4.6 O que eu faço se entrarem abelhas na máscara? 30
4.7 Como se proteger contra enxames muito agressivos? 31
4.8 A fumaça tonteia as abelhas? 31
4.9 Como usar a fumaça? 31
4.10 Por que a fumaça é indesejável? 31
4.11 Quanto tempo devo esperar para abrir a caixa após pôr fumaça? 31
4.12 Como posso me livrar das abelhas que me perseguem? 32
4.13 O que fazer quando eu levar uma ferroada? 32
4.14 Por que devo retirar o ferrão rapidamente e sem usar os dedos? 32
4.15 Como é que alguns apicultores trabalham sem proteção? 33
4.16 Então, por que há gente que trabalha sem máscara? 33
4.17 Então não devo fazer uma barba de abelhas também? 33
4.18 Por que as abelhas ficam naquela forma de barba? 33

5. Prática Básica 33
5.1 Quais são as principais ferramentas do apicultor? 33
5.2 Como é o fumegador? 33
5.3 Qual é o combustível ideal para o fumegador? 34
5.4 Como acender o fumegador? 34
5.5 E como reacender o fumegador? 34
5.6 Para que serve o formão? 34
5.7 Como é o espanador? 34
5.8 Há outras ferramentas úteis para o manejo? [4] 34
5.9 Como fazer para não perder essas ferramentas? 35
5.10 Com que freqüência devo examinar as colméias? 35
5.11 Como é feita uma revisão completa? 35
5.12 As colméias mais fortes devem ser examinadas primeiro? 36
5.13 Por que pode ser necessário interromper o trabalho? 36
5.14 Onde ponho as caixas que vão sendo retiradas? 36
5.15 Como retirar e examinar os quadros? 37
5.16 Como saber se o enxame está bem desenvolvido? 37
5.17 Como saber se há mel suficiente até a próxima revisão? 37
5.18 Quais são os sinais de excesso de calor na colméia? 37
5.19 Por que os favos de cria devem ser substituídos periodicamente? 38
5.20 Quando os favos devem ser trocados? 38
5.21 Quando devem ser colocadas as melgueiras? 38
5.22 É melhor fazer o manejo de dia ou à noite? 38
5.23 Por que as abelhas voam pouco à noite? 38

6. Alimentação 39
6.1 Como deve ser alimentada a colméia? 39
6.2 O que é alimentação artificial? 39
6.3 Quando deve ser fornecida a alimentação de subsistência? 39
6.4 Como é a alimentação energética de subsistência? 39
6.5 A alimentação de subsistência não pode ser sólida? 40
6.6 O que é cândi? 40
6.7 Quando deve ser fornecida a alimentação estimulante? 40
6.8 Quanto deve ser fornecido de alimentação estimulante? 40
6.9 Como evitar o bloqueio do ninho? 40
6.10 Como é a alimentação estimulante? 40
6.11 Como calcular as proporções de açúcar e água? 41
6.12 O que é açúcar invertido? 41
6.13 O que HMF? 41
6.14 Mel velho pode ser usado na alimentação artificial? 42
6.15 Como resolver o problema de fermentação do xarope? 42
6.16 Deve-se acrescentar sal ao xarope? 42
6.17 Como o xarope é fornecido? 42
6.18 Por que os alimentadores coletivos provocam pilhagem? 42
6.19 Como são os alimentadores individuais externos? 43
6.20 Como são os alimentadores internos? 43
6.21 E os alimentadores de balde? 43
6.22 O "mel" produzido com essa alimentação pode ser consumido? 44
6.23 Quando deve ser fornecida a alimentação protéica? 44
6.24 Como é a alimentação protéica? [4] 44
6.25 Como a alimentação protéica é fornecida? [4] 44

7. Enxames e Rainhas 45
7.1 Como se movimenta uma colméia para um lugar próximo? 45
7.2 O que fazer com as campeiras que voltam ao local de origem? 45
7.3 A partir de que distância as abelhas não voltam mais ao local original? 45
7.4 Como se movimenta uma colméia para um lugar distante? 45
7.5 Como se faz a divisão de um enxame? 46
7.6 O que fazer com a rainha numa divisão? 46
7.7 O que fazer se houver saque entre as colméias? 47
7.8 Para que serve uma união de enxames? [3] 47
7.9 Então é melhor unir o máximo possível de enxames? 48
7.10 Qual é o melhor momento para fazer-se a união? [3] 48
7.11 Como unir os enxames sem diminuir o número de colméias? 48
7.12 Qual é o roteiro de um apiário "sanfona"? 49
7.13 Mas, afinal, como se faz uma união? 49
7.14 Com quantos ninhos deve ficar uma colméia? 49
7.15 O que fazer com um ninho bloqueado por mel? 50
7.16 Como reforçar uma colméia com cria sem uni-la a outra? 51
7.17 Como é uma colméia criadeira? 51
7.18 Como evitar a enxameação?[2] 51
7.19 O que fazer se houver realeiras no enxame? [2] 51
7.20 O que fazer com as realeiras removidas? [2] 52
7.21 Como aproveitar as realeiras em outras colméias? [2] 52
7.22 Por que a introdução de uma realeira pode não dar certo? [2] 52
7.23 Como se acha a rainha? [4] 52
7.24 Durante as revisões é preciso sempre enxergar a rainha? 53
7.25 Quando se deve substituir a rainha? [2] 53
7.26 Com que freqüência a rainha deve ser substituída? [2] 53
7.27 Como substituir uma rainha? 54
7.28 Como as rainhas são vendidas? [2] 54
7.29 Como é uma gaiola de introdução? [2] 54
7.30 Como as acompanhantes são retiradas da gaiola de transporte? 55
7.31 Como a gaiola deve ser colocada na colméia? [2] 55
7.32 O que é "cor do ano"? 55
7.33 Como as rainhas são produzidas para venda? 55
7.34 Quanto custa uma rainha? 56
7.35 O que fazer se a rainha morrer? 56
7.36 O que fazer se o enxame ficar zanganeiro? [2] 56
7.37 O que fazer se o enxame morrer? 56

8. O Mel e a Colheita 57
8.1 O que é o mel? 57
8.2 O que é o néctar? 57
8.3 O néctar pode ser produzido fora das flores? 57
8.4 O que é melato? 57
8.5 Quando o mel está pronto para ser colhido? 57
8.6 Por que a umidade é ruim para o mel? 58
8.7 Qual é o percentual de umidade seguro para o mel? 58
8.8 Como é medida a umidade do mel? 58
8.9 Como retirar umidade do mel? 58
8.10 Em que condições o mel pode ser colhido? [2] 58
8.11 Com que freqüência o mel deve ser colhido? [2] 59
8.12 Quantas melgueiras devem ser colocadas no início da safra? [2] 59
8.13 Onde deve ser colocada uma nova melgueira? 60
8.14 Como colocar melgueiras com 8 ou 9 quadros? 60
8.15 Como as abelhas são retiradas das melgueiras? 60
8.16 Como as melgueiras devem ser transportadas? 61
8.17 Como é feita a desoperculação dos favos? 61
8.18 O que é uma mesa desoperculadora? 62
8.19 Quanto custa uma mesa desoperculadora? 62
8.20 O que é uma torneira de corte rápido? 62
8.21 Como é feita a centrifugação dos quadros? 62
8.22 O que são centrífugas radial e facial? 62
8.23 Como centrifugar favos quebrados? 62
8.24 Por que a centrífuga vibra? 63
8.25 O que move a centrífuga? 63
8.26 Quanto custa uma centrífuga? 63
8.27 A centrifugação dos favos é demorada? 63
8.28 Como extrair o mel sem a centrífuga? 63
8.29 O que fazer com as melgueiras após a extração? 64
8.30 O que é feito do mel após a centrifugação? 64
8.31 O que é um decantador? 64
8.32 Quanto custa um decantador? 64
8.33 É possível produzir mel em favo? 64
8.34 Como o mel deve ser armazenado? 65
8.35 O HMF é prejudicial à saúde humana? 65
8.36 As enzimas são benéficas à saúde humana? 65
8.37 Como o mel é adulterado? 65
8.38 Há um modo simples de descobrir se o mel é adulterado? 65
8.39 É possível identificar a origem floral de um mel? [3] 65
8.40 Por que o mel cristaliza? 66
8.41 Como ocorre a cristalização? 66
8.42 Como descristalizar o mel? 66
8.43 O que é mel cremoso? 67
8.44 Como se produz mel cremoso? 67
8.45 Quem comprará mel cremoso? 67
8.46 Qual é a densidade do mel? 68
8.47 Mel cura a gripe? [1] 68
8.48 A quantas bananas equivale 1 kg de mel? 68
8.49 E o mel não é cheio de vitaminas e minerais? 68
8.50 Mas então, para que comer mel? 68
8.51 Diabéticos podem comer mel? 69
8.52 Bebês podem comer mel? 69
8.53 Qual é o consumo de mel no Brasil? 69
8.54 Qual é a produção de mel no Brasil? 69
8.55 Qual é a produção de mel por colméia no Brasil? 69
8.56 O que é mel orgânico? 70
8.57 Como se produz mel orgânico? 70
8.58 Quais são os critérios exigidos para o mel orgânico? 70
8.59 O que é hidromel? 70

9. Outros Produtos 70
9.1 O que é o pólen? 71
9.2 Como as abelhas ajudam na polinização? 71
9.3 Como o pólen é armazenado pelas abelhas? 71
9.4 Como o apicultor coleta o pólen? 71
9.5 Por quanto tempo o caça-pólen pode ser deixado na colméia? 71
9.6 Como é o beneficiamento do pólen? 72
9.7 É possível produzir mel e pólen na mesma colméia? 72
9.8 O pólen é um alimento completo para os humanos? 72
9.9 O pólen pode ser consumido por qualquer pessoa? 72
9.10 Para que o pólen pode ser usado como remédio? 72
9.11 O que é a própolis? 72
9.12 Para que as abelhas utilizam a própolis? 73
9.13 Como o apicultor coleta a própolis? 73
9.14 É possível produzir mel e própolis na mesma colméia? 73
9.15 Por quanto tempo pode ser mantido o coletor de própolis? 73
9.16 Como a própolis é beneficiada? 73
9.17 Como a própolis é armazenada? 73
9.18 Como a própolis é comercializada pelo apicultor? 73
9.19 Quais são as propriedades da própolis? 73
9.20 Qual é a dosagem de própolis a ser usada em cada caso? 74
9.21 O que é a cera? 74
9.22 Qual é a cor da cera? 74
9.23 Para que as abelhas usam a cera? 74
9.24 Quanta cera há numa colméia? 74
9.25 Qual é a vantagem de se fornecer cera à colônia? 74
9.26 Como preservar os favos de forma natural? 74
9.27 Há produtos químicos seguros para a preservação de favos? [3] 75
9.28 Como se produz cera? 76
9.29 A produção de cera é rentável? 76
9.30 Como se derretem favos de mel? [3] 76
9.31 Que tipo de recipiente deve ser usado para derreter a cera? [3] 77
9.32 Como se derretem favos de cria? [3] 77
9.33 Como purificar a cera? [3] 77
9.34 Há meios químicos para processar a cera? [3] 77
9.35 Como se retira a cera dos quadros sem arrebentar os arames? 77
9.36 O que fazer com a cera derretida? 78
9.37 Qual é a temperatura de fusão da cera? 78
9.38 O que é geléia real? 78
9.39 Quantos anos a mais vou viver se comer geléia real? 78
9.40 Mas a geléia real é um bom alimento? 78
9.41 Em que mais a geléia real pode ser usada? 79
9.42 Quanto vale a geléia real? 79
9.43 Como se produz geléia real? 79
9.44 Como a geléia real é armazenada? 79
9.45 O que é o veneno? 79
9.46 Quanto veneno possui uma abelha? 79
9.47 Como o veneno atua? 79
9.48 Como evitar uma reação alérgica ao veneno? 79
9.49 Como se extrai o veneno das abelhas? 79
9.50 Quanto vale o veneno? 80
9.51 Para que serve o veneno? 80

10. Flora Apícola 80


10.1 O que é considerado flora apícola? 80
10.2 Como saber qual é a flora apícola de uma região? 80
10.3 O que é o calendário apícola? 80
10.4 Como descobrir o calendário apícola de uma região? 80
10.5 Por que o calendário apícola é importante? 81
10.6 Quanto dura em média uma florada? 81
10.7 Floradas curtas são inúteis para as abelhas? 81
10.8 Quais são as melhores plantas apícolas? 81
10.9 A flora apícola de uma região pode ser melhorada? 81
10.10 Como saber o que deve ser plantado?............................................................................. 81
10.11 Que critérios definem uma boa planta nectarífera?............................................................ 82
10.12 Há plantas de floração imprevisível?............................................................................... 82
10.13 Que critérios definem uma boa planta polinífera?.............................................................. 82
10.14 Que critérios definem uma boa planta propolífera?............................................................ 83
10.15 Como identificar uma planta?......................................................................................... 83

11. Inimigos 83
11.1 Quais são os inimigos das abelhas? [3] 83
11.2 Como são classificados esses inimigos? 84
11.3 Podridão européia? 84
11.4 Podridão americana? 85
11.5 Cria ensacada? 85
11.6 Cria ensacada brasileira? 85
11.7 Cria giz? 86
11.8 Nosemose? 86
11.9 Disenteria? 86
11.10 Envenenamento?......................................................................................................... 86
11.11 Fome e frio?................................................................................................................ 87
11.12 Varroa?...................................................................................................................... 87
11.13 Acariose?.................................................................................................................... 88
11.14 Besouro da colméia?..................................................................................................... 88
11.15 Apis mellifera capensis?................................................................................................ 88
11.16 Traças de cera?........................................................................................................... 88
11.17 Formigas?................................................................................................................... 89
11.18 Como se pode confirmar uma suspeita de doença?............................................................ 89
11.19 A quem e como se deve enviar as amostras?................................................................... 89
11.20 Por que não tratar as doenças com remédios?.................................................................. 89
11.21 Como evitar o roubo e o vandalismo?.............................................................................. 90

12. Sobre o texto 90


12.1 A quem se destina esse texto? 90
12.2 Em que o autor se baseou para escrever este texto? 90
12.3 Por que há tão poucas citações nas respostas? 91
12.4 O que é considerada uma "referência confiável"? 91
12.5 Por que há tão poucos livros brasileiros na bibliografia? 92
12.6 Quem colaborou na redação deste texto? 92
12.7 Você repassou dicas sem testá-las? 92
12.8 Por que não há nada sobre...? 92
12.9 Os valores expressos em kg de mel não estão errados? 93
12.10 Por que não há figuras neste texto?................................................................................ 93
12.11 Então terei de ler outros livros também?......................................................................... 93
12.12 É melhor imprimir este texto ou acessá-lo na Internet? ...................................................... 93
12.13 Quais são as condições de uso deste texto?..................................................................... 93
12.14 Como contatar o autor?................................................................................................. 94
12.15 Por que os e-mails não são escritos normalmente neste texto? ........................................... 94
12.16 O que significam os números entre colchetes? [2]............................................................. 94
12.17 Há “merchandising” neste texto?.................................................................................... 94
12.18 Como achar um assunto neste texto?.............................................................................. 94
12.19 Devo acreditar piamente em tudo que está escrito aqui?.................................................... 95
12.20 Tudo parece muito complicado. Devo desistir da apicultura? ............................................... 95

13. Referências citadas 95


14. Índice geral 97

Copyright Ó 2004 João Batista de Abreu Campos

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