Você está na página 1de 13

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/317006486

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA DE APOIO AO ENSINO


PRESENCIAL: RELATO DE EXPERIENCIA NO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Conference Paper · October 2015

CITATIONS READS

0 461

8 authors, including:

Rogerio Saad Vaz


Faculdades Pequeno Príncipe
59 PUBLICATIONS   167 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Toxoplasma gondii atypical/unusual strians genomics and proteomics View project

https://www.researchgate.net/publication/317006486_AMBIENTE_VIRTUAL_DE_APRENDIZAGEM_COMO_FERRAMENTA_DE_APOIO_AO_ENSINO_PRESENCIAL_RELATO_DE_EXPERIENCIA_NO_TRABALHO_DE_CONCLUSAO_DE_CURSO
View project

All content following this page was uploaded by Rogerio Saad Vaz on 18 May 2017.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA DE
APOIO AO ENSINO PRESENCIAL: RELATO DE EXPERIENCIA NO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Gabriela Eyng Possolli1 - FPP


Gabriel Lincoln do Nascimento2 - FPP
Raquel Garcia de Lima3 - FPP
Rogério Saad Vaz4 - FPP

Grupo de Trabalho: Comunicação e Tecnologia


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

AVAs (ambiente virtual de aprendizagem) são softwares utilizados para armazenamento e


administração dos conteúdos de cursos online, e também cursos presenciais. Eles organizam
também outros processos de capacitação, e que como instrumento de avaliação de cursos de
graduação na área da saúde. Relato de Experiências: Este relato de experiência se baseia em
observações realizadas durante o processo de planejamento e aplicação do AVA Eureka para
a organização do cronograma e orientações da disciplina de TCC. Foram coletados
depoimentos de docentes durante este processo (junho e agosto de 2014) e na conclusão da
disciplina (dezembro de 2014). Os acadêmicos forneceram dados por meio de um instrumento
misto (quanti-quali). Análise de Resultados: a) Experiência Docentes: O relato de cinco
professores orientadores da disciplina de TCC, indicou um ganho pedagógico significativo na
experiência de uso do AVA. Um ponto de destaque foi a utilização das ferramentas de
comunicação da plataforma. A comunicação, mediada pelo AVA, inclui mensagens de
orientação e troca de arquivos parciais e finais, tanto entre docentes-discentes quanto entre os
docentes-docentes; b) Experiência Discentes: O AVA contribuiu possibilitando a
comunicação com os professores de maneira mais organizada (62,9%). Os roteiros que
organizavam as datas do TCC e fornecem diretrizes, facilitam a construção (70,3%). Ainda na
primeira opção foram selecionadas opções quanto à confiabilidade e segurança do sistema em
contatar os professores para possíveis dúvidas e envio de versões do TCC com 51,8% de
incidência e com 11,1% a última opção contemplava os alunos que não consideraram o uso do
AVA como um diferencial processo de aprendizagem ao marcar a alternativa de

1
Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenadora de Educação a Distância na
Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). E-mail: gabriela.possolli@fpp.edu.br
2
Acadêmico do segundo ano de Psicologia da Faculdades Pequeno Príncipe. Bolsista de Iniciação Científica
pela Fundação Araucária.
3
Acadêmica do segundo ano de Psicologia da Faculdades Pequeno Príncipe. Colaboradora da coordenadoria de
Educação a Distancia. E-mail: raquel.lima@fpp.edu.br.
4
Doutor em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Coordenador do Curso de Biomedicina na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). E-mail: rogerio.vaz@fpp.edu.br

ISSN 2176-1396
28339

“Considerando a utilização do AVA para estruturar o cronograma e as entregas de TCC.


Conclui-se a partir dos resultados analisados que há uma necessidade de otimização e
promoção de uma discussão institucional mais aprofundada sobre o tema aos demais cursos,
além do aprofundamento de estudos qualitativos e quantitativos sobre o assunto. Também
devem ser constituídas capacitações específicas tanto para corpo docente e discente, de forma
a garantir a aplicação adequada desta ferramenta em processos de administração e
desempenho didático-pedagógicos

Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso.


Tecnologias Educacionais

Introdução

Atualmente as tecnologias de informação e comunicação inserem-se, nas mais


diferentes áreas da atuação humana e a Educação não é exceção. Uma das formas com que as
TICs se inseriram no meio educacional é pela educação a distância, que avançou o
desenvolvimento de novas ferramentas e práticas, dentre estas ferramentas encontam-se os
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs, ou Learning Management Systems, LMS ou
ainda Virtual Learning Environment, VLE).
AVAs são softwares utilizados para armazenamento e administração dos conteúdos de
cursos online ou de cursos presenciais. Eles organizam também outros processos de
capacitação, por exemplo, formações continuadas e cursos de extensão. Estes conteúdos
incluem principalmente cadastros de usuários, catálogos e cronogramas de cursos (ROSINI,
2013). Possolli (2012) explica que para softwares, mesmo que educacionais, poderem ser
denominados AVAs é necessário que estes apresentem funcionalidades básicas, sendo estas:

Controle de Acesso (definição de usuário, senha e perfil de acesso); Organização do


Ambiente com menus e ferramentas agrupadas por categorias; Controle de tempo
para as atividades; Comunicação síncrona e assíncrona; Espaço privativo conforme
o tipo de acesso de cada usuário; Materiais didáticos e recursos multimídia
atualizados e adequados; Apoio online (tutoria); Avaliação e auto-avaliação. (p.79)

A experiência relatada neste trabalho se deu meio da utilização de um Ambiente


Virtual de Aprendizagem para administrar conteúdos e orientações no processo de construção
de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de acadêmicos do sétimo e oitavo períodos de um
curso de Biomedicina de uma instituição filantrópica de Curitiba. A plataforma utilizada foi o
Ambiente de Aprendizagem Eureka, desenvolvido pelo Laboratório de Mídias Interativas da
PUCPR (LEITE e TORRES, 2006).
28340

A partir da decisão pedagógica e de gestão de uso do AVA Eureka para organizar a


disciplina de TCC, desenvolveu-se um plano, indicando as áreas/ferramentas do AVA que
seriam utilizadas, estas foram: Edital; Correio; Pasta da Sala (repositório de conteúdos),
Links, Plano de Trabalho (inclusão de roteiros, modelos e entregas). Cada uma dessas
ferramentas contemplavam utilizações específicas para as orientações e registros do progresso
dos discentes. A ferramenta correio, por exemplo, possibilitou o armazenamento de
mensagens enviadas e recebidas, o envio de mensagens diretas para vários destinatários
(orientadores, alunos e gestores) e anexo de arquivos (versões e complementos ao trabalho
desenvolvido pelos acadêmicos).
Este relato de experiência se baseia em observações realizadas durante o processo de
planejamento e aplicação do AVA Eureka para a organização do cronograma e orientações da
disciplina de TCC. Foram coletados depoimentos de docentes durante este processo (junho e
agosto de 2014) e na conclusão da disciplina (dezembro de 2014). Os acadêmicos forneceram
dados por meio de um instrumento misto (quanti-quali). Os dados foram analisados a partir
das categorias levantadas para a apresentação e análise de dados.

Referencial Teórico

Ao se consolidar e ser incorporada em diversos contextos de relacionamento, uma


nova tecnologia gera na sociedade transformações significativas nos campos físico, psíquico,
socioeconômico e cultural. Desde os primórdios das civilizações humanas é possível perceber
como as tecnologias foram sendo produzidas e como alteraram os modos de vida. A evolução
da humanidade sempre foi acompanhada pelo desenvolvimento tecnológico, “desde as
civilizações orais, e depois as civilizações escritas, o surgimento dos telégrafos visuais, a
criação da imprensa, a propagação do livro e dos jornais, a eletricidade que possibilitou a
geração de outras inovações (telefone, rádio, televisão, etc), os satélites, computadores e
novas mídias como a Internet” (POSSOLLI, 2012, p.72). Em um análise abrangente pode-se
notar que a evolução das tecnologias é a “evolução do pensar humano, num esforço para criar
formas de vencer obstáculos, sendo o tempo e o espaço as dificuldades mais prementes de
serem vencidas” (LIMA, 2001, p.2).
A revolução comunicacional e informacional introduzida pelas tecnologias digitais
influencia os variados aspectos do cotidiano, com a inserção de contextos virtuais, como
círculos eletrônicos de relacionamentos interpessoais e da possibilidade de “navegar” pelo
28341

mundo, tornando a realidade e cada vez mais próxima da ideia do que Castells (2000) chama
de aldeia global. “Com o surgimento da rede digital e do ciberespaço no último quinto do
século XX, é que seria explicitada a centralidade ontológica da virtualização e do virtual
como um traço ineliminável da práxis humanosocial” (ALVES, 2002, p.13).
“O ciberespaço provoca uma mudança no esquema clássico da comunicação (emissor-
meio-receptor), pois dá ao meio o caráter híbrido de emissor-receptor que interage com os
usuários, levando a comunicação para a esfera do infoterritório” (POSSOLLI, 2012, p.74). A
partir dos avanços educacionais no contexto do ciberespaço e da ampliação da utilização da
internet criaram-se as condições propícias para o surgimento dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagens (AVAs).
Esses ambientes são softwares disponibilizados online que facilitam a interação entre a
equipe pedagógica e os aprendizes em ações educativas mediadas por tecnologias digitais,
simulando “ambientes presencias de aprendizagem com o uso das TICs” (ARAÚJO JUNIOR;
MARQUESI, 2009, p.358). Um ambiente virtual de aprendizagem pode ser definido como
um portal que congrega ferramentas de software que viabilizam a comunicação
multidirecional, permitindo interações individuais e coletivas entre os participantes no
processo educativo. Nesses ambientes os recursos da internet são reunidos, mediante o
conceito de convergência de mídias, como ferramentas pedagógicas facilitadoras do processo
de inovação pedagógica.
Na última década cresceu significativamente a quantidade de IES que passaram a
adotar AVAs para mediação pedagógica, tanto para a viabilização da modalidade
semipresencial quanto para apoio às ações que ocorrem presencialmente, buscando extrapolar
e complementar o tempo e espaço de sala de aula. Com base em estudos sobre a utilização de
AVAs em IES, Schelemmer (2005) listou alguns benefícios da sua utilização do ponto de
vistas da IES, dos docentes e dos discentes que foram organizados em forma de quadro:

Quadro 1 – Benefícios da utilização de AVAs na educação superior


IES Docentes Discentes
- Atendimento a um - Fornece suporte à vários estilos de - Proporciona um fácil acesso à
variado espectro de aprendizagem: cooperativa, orientada informação, pois não depende de
público; por discussão, centrada no sujeito, por espaço e nem de tempo fixos. Os
- Amplia espaços projetos, por desafios/problemas/casos; alunos ficam livres para estudar no
destinados à Educação, - Permite o desenvolvimento de práticas seu próprio ritmo, a partir de
podendo ser usado para a pedagógicas inter e transdisciplinares; qualquer lugar;
constituição de - Possibilita disseminar informações - Aprendizado pode ocorrer 24 h por
comunidades virtuais como para um grande número de pessoas, sem dia, sete dias por semana, 365 dias
apoio ao ensino presencial limites de amplitude geográfica e por ano;
e também para EAD; fornecendo um registro das ações; - Possibilita compartilhamento de
28342

- Possibilita reduzir custos - Veicula materiais tornando possível a informações e produção de


relacionados a atualização, armazenamento e conhecimento de forma coletiva,
deslocamentos físicos e compartilhamento instantâneo; para ampliar experiências e
infraestrutura física; - A concepção didático-pedagógica dos estimular a colaboração;
- Novo contexto de AVAs possibilita visualizar - Os alunos, sozinhos ou em grupo,
interação e vincu-lação possibilidades de uso e conduz a uma podem ter acompanha-mento
institucional com gestores, maior interação; personalizado e adequado às suas
professores e alunos. - Permite a personalização de uma necessidades.
comunidade de acordo com suas - Possibilidade de conexão na hora
necessidades e características. que julgar mais propicia, com a
- Ao criar uma comunidade, o disponibilidade de poder escolher
organizador pode escolher dentre assuntos e opções mais
opções oferecidas as que melhor convenientes.
atendam aos objetivos da comunidade.
Fonte: elaboração própria com base em Schelemmer (2005).

Ferramentas de presença cognitiva permitem que o AVA seja utilizado para o


desenvolvimento de suporte a atividades cognitivas que possibilitam aprofundamento do
conhecimento e aprendizagem. (ARAUJO JUNIOR; MARQUESI, 2009). Moore (2007, p. 321)
citando um estudo muito conhecido de Rogers sobre a adoção de inovações, pontua que uma nova
ideia ou nova prática tem mais possibilidade de se alcançar aderência quando é percebida
enquanto vantagem em comparação com a situação anterior; sendo compatível com as
necessidades e valores daqueles que a adotam; apoio, simplicidade e facilidade para compreensão;
possibilidade de ser testada e experimentada antes que um compromisso seja assumido.

Educandos e educadores enfrentam certas dificuldades no que se refere à


implementação de processos mediados por TICs. As principais dificuldades que os
educandos enfrentam se referem à questões de autonomia, colaboração e autoria.
Com relação aos professores e tutores há uma tendência que deve ser evitada, que é
buscar reproduzir as práticas presenciais para os AVAs como que se as atividades
fossem meramente instrucionais. É preciso aplicar uma metodologia própria para
EAD com base no perfil do educando que se deseja formar e com base na proposta
pedagógica. Os profissionais da instituição devem ser capacitados adequadamente e
é preciso lutar contra a descrença que alguns agentes tem quanto às possibilidades
pedagógicas dos AVAs. Professores, tutores e alunos devem estar em constante
processo de formação tecno-pedagógica. (POSSOLLI, 2012, p.77).

É importante notar que a inclusão de novas ferramentas ou metodologias implica em


mudanças no relacionamento e no fazer pedagógico, o que implica em superar e transpor
resistências. No caso relatado nesse artigo, existiram inseguranças e resistências no início,
porém essas foram superadas por meio da capacitação dos professores e da adesão dos alunos.
O TCC é um momento tenso para os alunos, de grandes expectativas e que conclui um ciclo
de estudos que fecha a formação profissional inicial. Nesse sentido, a utilização do AVA,
como será detalhado na apresentação e análise dos resultados, representou um novo canal para
28343

comunicação e registro das produções, mantendo os alunos mais motivados e gerando um


senso de pertencimento ao grupo para além do contato com o orientador, gerando uma
comunidade de apoio e trocas.

Apresentação e Análise dos Resultados

A experiência docente

Durante a utilização do AVA para orientações e organização da disciplina de TCC, os


docentes foram convidados a se manifestar em respeito da experiência, indicando pontos que
se destacavam na utilização do sistema em comparação à não utilização do sistema (a
experiência da disciplina sem o AVA ocorreu nos anos anteriores em que a disciplina de TCC
era organizada e orientada sem o auxilio de TICs).
O relato de cinco professores orientadores da disciplina de TCC, indicou um ganho
pedagógico significativo na experiência de uso do AVA. Um ponto de destaque foi a utilização
das ferramentas de comunicação da plataforma. A comunicação, mediada pelo AVA, inclui
mensagens de orientação e troca de arquivos parciais e finais, tanto entre docentes-discentes
quanto entre os docentes-docentes. Um docente relatou que a comunicação com a
coordenadoria do curso foi facilitada com o uso da ferramenta. Na comunicação entre
orientador e orientando os professores indicaram que o sistema traz tranquilidade visto que eles
podem se apoiar no registro online para comprovar a ocorrência de orientações, visto que as
informações arquivadas são de fácil acesso para ambos docentes, discentes e gestores
institucionais. A troca de documentos parciais e finais, que outrora ocorreria em meio impresso,
ocorreu de forma digitalizada em arquivos. Os professores indicam que esse fato (aliado ao uso
da internet) facilitou desde a verificação de plágios durante as orientações até as correções e
trocas de mensagens. Os docentes pontuaram ainda a digitalização do processo tornando
desnecessária a entrega de documentos impressos, contribuindo para a diminuição do consumo
de papel, evitando ainda extravios e dificuldades de controle de versões dos trabalhos.
Os professores também se manifestaram indicando que por se tratar de um sistema
informatizado e uma nova tecnologia, se faz necessário o aprendizado e aprofundamento
quanto as ferramentas disponibilizadas pelo sistema. Um professor destacou que “Acredito
que ainda não tenhamos utilizados todas as ferramentas disponíveis, pois precisamos um
pouco mais de intimidade com o programa, embora esteja muito claro“, outro professor que
também colaborou com essa questão indicou as ferramentas proporcionadas pela plataforma
28344

se tornam “um grande aliado para a comunicação e aprendizado de todos“. Observa-se que
mesmo com o conhecimento em construção sobre o AVA os professores têm certeza a
respeito dos potenciais do sistema e do ganho na utilização das ferramentas do AVA para a
disciplina de TCC e outras práticas acadêmicas.

A Experiência Discente

Os alunos também se manifestaram sobre a experiência de utilização do AVA para a


construção do TCC no curso de Biomedicina. Eles foram convidados a descreverem vivência
por meio de um instrumento encaminhado por e-mail no final do processo (dez/2014). Na
primeira questão, eram oferecidas ao aluno quatro opções de resposta (questão com
possibilidade de marcar várias opções) que buscavam os destaques da vivência que tiveram
com o uso do AVA ao longo do processo de produção do TCC. Dentre as opções estavam: O
AVA contribuiu possibilitando a comunicação com os professores de maneira mais
organizada (62,9%). Os roteiros que organizavam as datas do TCC e fornecem diretrizes,
facilitam a construção (70,3%). Ainda na primeira opção foram selecionadas opções quanto à
confiabilidade e segurança do sistema em contatar os professores para possíveis dúvidas e
envio de versões do TCC com 51,8% de incidência e com 11,1% a última opção contemplava
os alunos que não consideraram o uso do AVA como um diferencial processo de
aprendizagem ao marcar a alternativa de “Considerando a utilização do AVA para estruturar o
cronograma e as entregas de TCC, bem como a interação via correio com coordenação e
orientadores. Procure detalhar as vantagens de utilizar o AVA e também o que acredita que
poderia mudar na forma como o AVA foi utilizado.”
Os acadêmicos tiveram também uma experiência de apresentação, em pequenos
grupos, dos resultados parciais de seus TCCs. Estas pré-apresentações contaram com a
participação de outros acadêmicos e de um professor mediador. A respeito dessa experiência,
registrada e enunciada pelo AVA, eles foram convidados a descrever como foi a vivência. 22
respostas (85%) descreveram a experiência de forma positiva, indicando como a pré-
apresentação elevou o nível de confiança para a apresentação final, além de possibilitar que os
acadêmicos recebessem sugestões do que poderia ser corrigido ou melhorado em seus
trabalhos. O restante (15%) indicou pontos que não consideraram positivos da pré-
apresentação, como: ter sido cansativo preparar esta apresentação devido a organização do
28345

tempo que teve de ser congruente com os horários de estágios; a falta de conhecimentos dos
componentes do grupo sobre o tema não gerou sugestões satisfatórias ou pontuais.
Ao abordar sobre como essa apresentação influenciou na finalização de seus trabalhos,
além de reforçarem as relevâncias das opiniões e dicas que receberam, os acadêmicos
adicionaram que chegaram a “uma melhor estruturação“, tendo incentivo para confecção de
apresentações de slides e organização do cronograma de maneira mais eficiente. Duas
respostas (8%) declararam que a apresentação não influenciou na finalização dos TCCs.
Na questão relativa à comparação do processo de orientação e produção dos TCCs
com a utilização de AVA e sem a utilização de AVAs, as respostas foram classificadas em
três categorias: respostas positivas em relação à utilização do AVA, respostas imparciais
(apontaram em sua análise aspectos “positivos“ e “negativos“) e respostas negativas (onde as
orientações e organização do TCC sem a utilização do AVA se sobressai ao processo com
AVA). Foram 16 contribuições (64%) na categoria de respostas positivas. A análise dessas
respostas apontou como principal vantagem (13 respostas das 16) a organização de
cronograma e roteiro para o TCC indicando como estes se tornam mais claros e acessíveis na
plataforma AVA. Outros aspectos onde a utilização do AVA se sobressai à forma tradicional
de orientação e organização de TCC, segundo os acadêmicos, são: a plataforma de
comunicação que não mistura mensagens pessoais e mensagens da instituição de ensino
(como ocorreria no e-mail pessoal), a comunicação facilitada com os orientadores,
coordenadores de curso e com o coordenador de curso (visto que todos os envolvidos estão no
mesmo ambiente, sendo possível apenas selecionar o nome dos interessados nas mensagens
para comunicar-se, além da realização de chats e fóruns); gera segurança de entrega dos
trabalhos parciais (eles indicam que de outra forma as entregas parciais seriam feitas com
protocolamento na secretaria da faculdade ou por e-mails — segundo eles uma ferramenta
não segura de entrega, além disso as devolutivas do orientador também ficam registradas).
Cinco respostas (20%) foram adicionadas à categoria de respostas imparciais, estas
indicaram potencialidades em relação a utilização do AVA e também questões indiferentes,
concluindo que um procedimento não apresenta vantagem ou desvantagem em relação ao
outro. Eles indicaram que a organização de datas, caso não fosse utilizado AVA, teria
ocorrido por e-mail, sendo que a utilização do AVA nesse ponto não apresenta vantagem
sobre a forma sem AVA. Uma resposta foi adicionada como imparcial por indicar vantagens
tanto da utilização do AVA quanto da não utilização: “Sem o AVA a comunicação, pelo
28346

menos entre eu e a minha orientadora, ocorreria de forma recíproca e objetiva. Mas acredito
que o sistema permitiu uma maior organização de informações e avisos a serem repassados.
As respostas categorizadas como negativas (4 respostas), indicam que a não utilização
se sobressai a utilização do AVA, são elas: “o sistema é difícil e instável“, “ferramenta
confusa“, além de indicarem que os professores e orientadores não teriam conhecimento da
utilização “correta“ da plataforma. Segundo Possolli e Zibetti (2014) estratégias para a
capacitação docentes têm relevância visto que “um dos desafios postos para que ações a
distância via TICs se efetivem nos cursos de gradução é a inclusão digital“ (p.212), a carência
da inclusão digital dos docentes limita o aproveitamento do uso de ferramentas presentes no
AVA. Devido a não frequência de acesso as informações de datas e entregas se tornam não-
constantes e “passam despercebidas”. Em relação à qual forma de utilização era melhor uma
resposta indicou: “Melhor sem a utilização, visto que a ferramenta é confusa e os professores
de TCC ainda não sabem utilizá-la de modo correto. O material de apoio fica em local
complicado de se encontrar e organizar”
Na quarta questão, os acadêmicos deveriam apontar vantagens e o que mudar a
respeito da ferramenta. Em relação às vantagens, questões referentes ao calendário e a
informações (orientações gerais e específicas para o desenvolvimento do TCC) foram
apontadas como importantes para a organização dos próprios alunos na construção do
trabalho. Aspectos como a padronização de um lugar próprio para o envio dos arquivos
parciais e finais e estipulação de uma data limite, também gerou comentários como vantagem
da utilização do AVA (em relação ao método presencial), a subtração de 20% da nota após a
data limite, também obteve sucesso para os alunos no método de ensino de EAD. Diferentes
modos de trocas de informações, um só ambiente de comunicação, redução de custos,
facilitação de interações e ampliação de possibilidades de aprendizagem significativa também
são vantagens da utilização AVA. (POSSOLLI, 2012).
O uso de várias mídias, possibilitado pelo AVA também é uma vantagem significativa,
segundo Fahy (2004, apud PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2007) estas vantagens incluem a
promoção do desenvolvimento de habilidades, a formação de conceitos e faculta a individualidade
— o estudante pode administrar seu tempo. Outra questão importante neste processo, seria o
feedback do orientador para os alunos em atividades desenvolvidas, o que estimula
significativamente resultados a partir das metas estabelecidas (ABREU-e-LIMA; ALVES, 2011).
28347

Na opção descritiva “O que mudar” alguns acadêmicos indicaram que mudanças no


layout seriam bem-vindas, não indicando o que mudar objetivamente. Um dos participantes
escreveu que o AVA poderia ter mais instruções e guias de uso, porém no ano de 2015 foram
elaborados alguns guias como: 1- Guia de Orientações para utilização do AVA FPP: Perfil:
moderador (professores e tutores); 2- Guia de Orientações para utilização do AVA FPP:
Apoio Presencial; 3- Guia de Orientações para uso do AVA FPP: Perfil: Participante (alunos).

Considerações Finais

Desse modo, é imperativo que se reconheça a relevância estratégica do uso apropriado


dos AVAs em cursos superiores a distância, preocupando-se com a capacitação dos recursos
humanos envolvidos, a fim de que a tecnologia escolhida não torne-se uma barreira
principalmente para os alunos. De acordo com Palloff e Pratt (apud KENSKI, 2008)
ambientes virtuais de aprendizagem surgem da necessidade de atender certas condições
objetivas como as seguintes: - Centralizar metas a alcançar; e organizar objetivos comuns a
todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem; - Estabelecer um ambiente com
igualdade de participação para todos os membros; - Construir ferramentas que possibilitem
que os professores assumam a função de orientadores e animadores de uma comunidade de
aprendizagem colaborativa; - Criar conhecimentos e forma ativa e significativa segundo os
temas de interesse da comunidade.
Existem três tipos de integração virtual possíveis entre os participantes de uma
comunidade de aprendizagem (COPPETTI, GOMES, 2009): Interação, Cooperação e
Colaboração on-line. Na Interação usuários de diferentes regiões geográficas atuam
partilhando informações e manipulando objetos no ambiente. Para que seja possível a
Cooperação foi criado um sistema (groupware) que suporta grupos e pessoas engajadas em
uma tarefa comum (ou um ideal), onde é permitido às pessoas verem, ouvirem e enviarem
mensagens umas às outras, ao mesmo tempo ou em tempos diferentes. Colaboração pressupõe
a realização de tarefas coletivas, a tarefa de um complementa a de outros. Cada membro é
responsável pelo desenvolvimento do grupo com quem está conectado. "Cada um é o centro",
não existe um detentor permanente do saber, mas circulação de informações e trocas. (p.3).
Considerando a utilização do AVA para estruturar o cronograma e as entregas de TCC.
Conclui-se a partir dos resultados analisados que há uma necessidade de otimização e
promoção de uma discussão institucional mais aprofundada sobre o tema aos demais cursos,
28348

além do aprofundamento de estudos qualitativos e quantitativos sobre o assunto. Também


devem ser constituídas capacitações específicas tanto para corpo docente e discente, de forma
a garantir a aplicação adequada desta ferramenta em processos de administração e
desempenho didático-pedagógicos.
Uma das necessidades apontadas neste estudo seria investigar mais minuciosamente
quais formas de educação e treinamento para o corpo docente e discente com abrangência
institucional, o desenvolvimento de processos de feedback dos orientadores para os alunos,
assim como, estabelecer o que é necessário para administrar melhor o tempo de trabalho em
tutoria virtual, assim como protocolos para avaliar longitudinalmente o desempenho
acadêmico. De qualquer forma, a experiência vivenciada ao longo do período de
desenvolvimento dos TCCs foi proveitoso, tanto para o corpo docente, como para o discente,
e os resultados observados na defesa oral e escrita foram excepcionalmente melhores dos que
observados em períodos anteriores, antes da introdução do AVA. Todos esses elementos são
fundamentais e demandam estratégias, organização pessoal dos envolvidos e, especialmente,
compromisso com o processo educacional.

REFERÊNCIAS

ALVES, G. Ciberespaço como virtualização em rede: a Internet como objetivação espectral do


capital. Marília: UNESP, 2002.

ABREU-E-LIMA, D. M. de and ALVES, M. N. O feedback e sua importância no processo de


tutoria a distância. Pro-Posições [online]. 2011, vol.22, n.2, pp. 189-205. ISSN 0103-7307.

ARAUJO JR, C. F. de; MARQUESI, S.C. Atividades em ambientes virtuais de aprendizagem:


parâmetros de qualidade. In: LITTO, Frederic Michael; FORMIGA, Manuel Marcos M. (orgs.).
Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009, cap. 50, p.
358-368.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura; v.1.


3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

COPPETTI, L. M. S. L. de. GOMES, L. da S. Participação e interação em um ambiente


virtual de aprendizagem. Disponível em: www.uniritter.edu.br/eventos/.../
Leny%20da%20Silva%20Gomes.pdf. Publicado em: 10/07/2009.KENSKI, 2008.

KENSKI, V. M. Educação e tecnologia: O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus,


2008.

LEITE, C. L. K.; TORRES, P. L. Educação a Distância e o Projeto DP MATICE. In: VI


Educere - Congresso Nacional de Educação, p. 2921-2929. PUCPR: Curitiba, 2006. Disponível
28349

em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-260-TC.pdf>.
Acesso em 12 mar. 2015.

LIMA, K. M. de. Determinismo Tecnológico. XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação.


Campo Grande: UMESP, 2001.

MOORE, M. G., KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo:
Thomson Learning, 2007. 398p.

PEREIRA, A. T. C., Schmitt, V., & Dias, M. R. A. C. Ambientes virtuais de aprendizagem:


AVA-Ambientes Virtuais de Aprendizagem em Diferentes Contextos. Rio de Janeiro: Editora
Ciência Moderna Ltda. 2007.

POSSOLLI, G. E. Políticas de Educação Superior a distância e os pressupostos para


formação de professores. Tese apresentada ao programa de pós-graduação em educação (PPGE)
para obtenção do título de doutorado. Curitiba, UFPR, 2012. 235p.

POSSOLLI, G. E.; ZIBETTI, R. G. M. Recursos midiáticos aplicados à formação profissional:


educação a distância na área da saúde. Revista de Estudos da Comunicação, Curitiba, v. 15, n. 37,
maio/ago. 2014, p. 202-221. Disponível em:
<http://www2.pucpr.br/reol/index.php/comunicacao?dd1=14581&dd2=6934&dd3=pt_BR&dd99
=pdf>, acesso em 1-jul-2015.

ROSINI, A. M. As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a distância. 2.ed. São


Paulo: Cengage Learning, 2013.

SCHELEMMER, E. Ambiente virtual de aprendizagem (AVA): uma proposta para a sociedade


em rede na cultura da aprendizagem. IN: VALENTINI, Carla Beatris; SOARES, Eliana Maria do
Sacramento. Aprendizagem em Ambientes Virtuais: compartilhando ideias e construindo
cenários. Caxias do Sul: EDUCs, 2005.

View publication stats

Você também pode gostar