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Igreja Batista Peniel

Congregação do Novo Horizonte


Estudos para a Organização em Igreja

Estudo 1 – Quando Teria Surgido a Igreja de Cristo?

Não há na Bíblia um texto que mostre a organização da Igreja como nós a conhecemos hoje. Daí a
pergunta: quando ela teria surgido?
E. G. Robinson diz que “em Mateus 18.17 ekklesia (igreja) não é usado no sentido técnico. A igreja é
um prolongamento da sinagoga judaica, não obstante seu método e administração sejam diferentes. Houve
pouca ou nenhuma organização no início. Cristo mesmo não organizou a igreja. Isto foi feito pelos apóstolos
após o Pentecostes. Contudo o germe já existia antes. Três pessoas podem constituir uma Igreja e podem
administrar as ordenanças”.
Quando a Igreja teria sido organizada? Teria sido quando o colégio apostólico estava constituído? Ou
quando Cristo convocou os primeiros discípulos? Teria sido no Pentecostes?
Fisher destaca três períodos na vida da igreja:
1) O pré-natal: neste a Igreja tem a presença corporal de Cristo;
2) O da infância: quando a Igreja ainda está vivendo como que sob a tutela de Cristo, mas preparando-se
para ter uma vida independente;
3) O da maturidade: a Igreja já tem o seu corpo de doutrinas, já possui oficiais e se mostra apta para
dirigir-se.
A igreja foi edificada com elementos formais e vitais. O batismo, a ceia e a organização visível eram os
elementos formais, e a vida regenerada e o culto e esforços sociais eram os elementos vitais.

A Origem do Termo Igreja


O termo Igreja vem do grego ekklesia, que se referia a uma assembléia do povo regularmente
convocada para algum lugar público com o objetivo de deliberar sobre alguma coisa (At 19.32,39,41). Esta
palavra foi usada pelos escritores neotestamentários porque expressa a noção de convocação que se
enquadra com a finalidade da Igreja de Cristo.
Ekklesia significa “congregação, assembléia”. De fato, se quisermos fazer uma comparação, a Igreja é
como uma assembléia convocada para fora do mundo a fim de constituir o Corpo de Cristo.
É bem verdade que, após serem chamados para fora (Jo 17.14-16), os membros da Igreja são enviados
ao mundo a fim de proclamar as virtudes d’Aquele que os chamou (Jo 17.17-18).
Nos Evangelhos, só há 3 referências à Igreja (Mt 16.18; 18.17 [2 vezes]). Aparece 114 vezes no Novo
Testamento, sendo que 95 vezes é usada como igreja no sentido de um grupo de crentes. E 14 vezes é usada
como Igreja no seu sentido universal.
A igreja, para efeito de estudo, pode ser definida em termos de Organismo e Organização. Como
Organismo, a Igreja é o Corpo místico de Cristo, do qual Ele é a cabeça e os crentes os membros (1 Co 12.12-
13). Na qualidade de Organização, a então “igreja local”, é um grupo de crentes reunidos com o propósito de
obedecer aos princípios e preceitos da Palavra de Deus (At 2.41-42; 16.5) e também observar as ordenanças
de Cristo (Batismo e Ceia).
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Definição: A igreja local é a comunidade autônoma de crentes em Cristo unida entre si por laços de fé, amor e
amizade e caracterizada pelo ensino da sã doutrina, pela observância das ordenanças de Cristo e pela
aplicação da disciplina bíblica.

O Reino e as Igrejas
O Reino sempre existiu antes da Igreja. O Reino é invisível, e consiste no domínio de Cristo na vida de
seus súditos. Mas por ser invisível o reino não deixa de ser espiritual, pessoal e social.
1) A igreja começou com Cristo, o Reino começou muito antes;
2) O Reino inclui todos os filhos de Deus, a Igreja se confina aos crentes no Cristo histórico;
3) O Reino, hoje, é invisível, a igreja é visível;
4) O Reino não tem um caráter orgânico, a igreja é um organismo local.
A Igreja e Seus Nomes
As igrejas receberam nomes de acordo com o lugar em que estavam localizadas. Desta maneira
encontramos referência à igreja de Antioquia (At 13.1; 14.26; 15.3), de Jerusalém (At 8.1; 11.12; 15.4), de
Cencréia, que ficava num subúrbio de Corinto (Rm 16.1), de Éfeso (At 20.17), Esmirna (Ap 2.8), dentre outras.

A Organização das Igrejas


As igrejas eram organizadas segundo os princípios expostos no Novo Testamento. Elas eram
organizadas para funcionarem como agências do Reino de Deus.
Muitas igrejas foram organizadas em casas particulares, como sempre existiu uma igreja na casa de
Áquila e Priscila (Rm 16.5). Paulo envia saudações, escrevendo aos Colossenses, a Ninfas e à igreja que está
em sua casa (Cl 4.15). Escrevendo a Filemom ele faz também referência à igreja que se reúne em sua casa (Fl
2).

O Propósito da Igreja
O propósito da Igreja se divide em dois aspectos:
a) Propósito Imediato: Esse aspecto do propósito da Igreja envolve o testemunho que ela deve dar a este
mundo acerca da verdade, seja por meio da Evangelização direta ou da vida de cada membro (1 Pe 2.9). A
evangelização é objetiva, dinâmica, e à Igreja compete evangelizar o mundo (Mt 28-18-19).
A evangelização começa na localidade onde está a igreja, logo depois se estende mais no país e, em
seguida, atinge outras partes do mundo (At 1.8). Deve ser feita pessoalmente, ou de dois em dois (Mc 6.7; Lc
10.1), ou em equipes e campanhas (At 2.1-41).
b) O Propósito Final: Neste aspecto a igreja cumpre o propósito eterno de Deus para a História, ou seja, a
Sua glória. Por meio da Igreja, Deus será eternamente glorificado (Ef 1.6, 12, 14; 2.6-7).

Próximo Estudo – O que é uma Igreja Batista?

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Estudo 2 – O que é uma Igreja Batista?

Introdução
Somos um povo que vem de longe, com muitos nomes, de muitas perseguições, de muitas lutas, mas
construindo uma bela história de fé, de doutrina e de princípios. Somos o povo da Bíblia, a Palavra Infalível e
Eterna de Deus. Cremos em Deus Pai, santo, justo, criador, e sustentador de todas as coisas. Cremos no Deus
Filho Jesus Cristo, Salvador e Senhor de nossas vidas e almas e no Deus Espírito Santo, o Consolador que nos
guia em tudo quanto Jesus ensinou.
Com o nome de Batista existimos desde 1612, quando Thomas Helwys de volta da Holanda, onde se
refugiara da perseguição do Rei James I da Inglaterra, organizou com os que voltaram com ele, uma igreja em
Spitalfields, arredores de Londres.

Então, o que é uma Igreja Batista?


1. É uma congregação local (Mt 18.17; At 5.11; 20.17-28), composta de membros regenerados e batizados
que, voluntariamente, se reúnem, sob as leis de Cristo, e procuram estender o Reino de Deus não só em suas
vidas, mas nas de outros.
2. Cristo é o cabeça e seu único chefe supremo.
3. Em matéria de fé e prática a igreja se subordina, unicamente, às Santas Escrituras (2 Tm 1.13; Gl 6.16; At
17.11).
4. Uma igreja é absolutamente livre e independente, não se sujeitando hierarquicamente, ou de qual quer
outra forma, a nenhuma organização denominacional.
5. Uma igreja batista é completamente competente para dirigir seus próprios atos e ações de acordo com os
ensinos de Cristo (At 2.41,42).

Algumas Doutrinas Distintivas dos Batistas


1. O Senhorio de Cristo
Os batistas crêem que Jesus Cristo é o Senhor e tem plena autoridade nos céus e na terra. Os batistas
não se fundamentam em credos, embora reconheça neles valor, mas se fundamentam na absoluta autoridade
de Cristo, que é o cabeça da Igreja (Fl 2.10-11).
2. A Autoridade e a Suficiência da Palavra de Deus
Os batistas aceitam a Bíblia como sua única regra de fé e de prática. Nós não apelamos a qualquer
autoridade eclesiástica em matéria de doutrina ou prática, mas unicamente fazemos a pergunta escriturística
“Que diz a Escritura?” (Rm 4.3).
3. A Competência de Cada Alma
Crêem os batistas que cada pessoa é competente, apta para aproximar-se de Deus, não necessitando
de intermediários humanos, pois a Bíblia diz que “só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo,
homem” (1 Tm 2.5). Ele é competente, sob a orientação do Espírito Santo,para formular a própria resposta à
chamada divina ao evangelho de Cristo, para a comunhão com Deus, para crescer na graça e conhecimento de
nosso Senhor (2 Pe 3.18).
Esta doutrina condena o batismo infantil, a crença por procuração, etc. e se coaduna com a Bíblia que
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diz: “cada um dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.12).


4. A Igreja se Compõe de Membros Convertidos
O requisito essencial é a regeneração. O Novo Testamento ensina-nos que os membros das primitivas
igrejas ouviam as boas novas, arrependeram-se dos seus pecados, de bom grado aceitaram a Palavra de Deus,
foram batizados e se tornaram membros da igreja, pois “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles
que se haviam de salvar” (At 2.47). Toda pessoa deve reconciliar-se com Deus mediante o arrependimento de
seus pecados e a fé pessoal no Senhor Jesus Cristo.
5. A Igreja é uma Pura Democracia
Todos os membros de uma igreja batista têm os mesmos privilégios, os mesmos direitos e as mesmas
responsabilidades. A igreja é que julga os seus próprios atos, estando sujeita unicamente a Cristo. A igreja é de
estrutura congregacional, e utiliza o processo democrático para as decisões de assuntos administrativos,
considerando o Espírito Santo como guia sempre presente, que lhe capacita para levar avante a missão de
Cristo (At 1.8).
6. O Simbolismo das Ordenanças
O Batismo e a Ceia não são sacramentos, mas apenas ordenanças. Estas ordenanças não conferem
atos de graça. Assim como o batismo simboliza o começo da vida cristã, a inauguração pública, a ceia
simboliza a sua continuação. O Batismo é um ato simbólico significando a passagem do crente da vida anterior
cheia de pecados, para uma vida nova (Rm 6.4).
7. O Batismo é Administrado Só a Crentes
O batismo só é administrado àquelas pessoas que nasceram de novo. De acordo com a Bíblia só eram
batizados os que criam e confessavam os seus pecados (At 8.14). Os batistas crêem que a fé surge antes do
batismo, e não o batismo antes da fé. Não há regeneração ou salvação no ato do batismo propriamente dito.
8. A Imersão é a Forma mais Adequada de Batismo
Os batistas não são intransigentes, mas são coerentes com o que a Bíblia ensina. E muitos são os
exemplos escriturísticos sobre a imersão. Jesus foi batizado em água (Mt 3.16). O eunuco foi batizado em
água (At 8.38). Além dos exemplos citados temos ainda o argumento do simbolismo. O batismo simboliza
morte e ressurreição (Rm 6.4-5). Esse simbolismo vê-se melhor na imersão.
9. A Ceia do Senhor
A Ceia é um ato simbólico, um memorial de acordo com o que Cristo disse e de acordo com o que se
acha em 1 Co 11.25: “Fazei isso em memória de mim”, ato que participam todos os crentes. De modo algum
ela é eucaristia ou sacramento. Os batistas não crêem que o pão e o vinho sejam literalmente transformados
no corpo e sangue de Cristo (transubstanciação), mas a cerimônia focaliza unicamente a presença
transformadora do divino Mestre em Espírito.
Ao celebrarmos a Ceia estamos nos lembrando do amor e da morte vicária de Cristo no Calvário ao
mesmo que podemos renovar-Lhe nosso amor e lealdade. A observância da Ceia é ocasião de auto-exame,
reavivamento e ações de graças dos membros da igreja.
10. Perseverança e Preservação
Os batistas crêem que os crentes verdadeiros perseverarão, pois estão guardados pelo poder de Deus
e sabem “em quem tem crido e estão certos de que Ele é poderoso para guardar o seu depósito até o dia
final” (2 Tm 1.12).
Mesmo que alguns sejam tentados e caiam no pecado nele não permanecerão, pois nenhuma força ou
circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus (Mt 24.13; Rm 8.35-39). Os
crentes estão guardados pelo poder de Deus (Jo 3.16,36; Jo 10.28,29; 1 Jo 2.19).
11. Absoluta Liberdade Religiosa
Os batistas crêem que todos os homens devem ser livres para seguir sua consciência em matéria de
religião, e que a autoridade civil ou política não tem o direito de traçar normas para a vida religiosa dos
cidadãos. Esta liberdade é mais que tolerância, porque a simples tolerância leva a cogitar sobre quem é que
tem direito de tolerar a outrem.
Essa liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado- nem pelo
Estado, nem por qualquer outro grupo religioso – é um direito outorgado por Deus.
Próximo Estudo – Maneiras e Requisitos para ser Membro de uma Igreja Batista
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Estudo 3 – Maneiras e Requisitos para ser Membro de uma Igreja Batista
Há 4 maneiras de se tornar membro de uma igreja batista: Batismo, Transferência, Reconciliação, e
Aclamação.
1. Batismo
Os que se tornam membros mediante o batismo são geralmente crentes novos, pessoas que
conheceram a Cristo em data recente. É recomendável que esses irmãos, antes de serem batizados,
freqüentem uma classe preparatória e, somente ao final de um período que pode durar meses ou até anos,
façam profissão de fé diante da assembléia e sejam batizados, passando a integrar o rol de membros.
Neste ponto deve-se frisar que o único batismo válido, à luz da Escritura, é o realizado por imersão.
Outras formas de batismo não têm o condão de tornar alguém parte integrante do rol de membros de uma
igreja batista.
Três são os requisitos que qualquer pessoa precisa preencher para ingressar numa igreja batista:
a) Requisito Espiritual
O candidato deve dar provas de que, realmente, é regenerado pelo poder de Deus. Ele precisa estar
convertido e não somente convencido. A mensagem de João e a de Cristo era “arrependei-vos” (Mt 3.1),
mudai-vos de mente, de pensar.
b) Requisito Social
É preciso que o candidato à membresia ou a membro da igreja se apresente perante esta mostrando-
se desejoso de ingressar no seu rol. Após o exame, que será feito publicamente, concernente à sua crença, à
sua fé, a igreja decidirá sobre sua aceitação ou não. Todo homem é livre para pertencer ou não à igreja, como
a igreja é livre para aceitar ou rejeitar qualquer candidato ao batismo.
Na aceitação de um novo membro exige-se unanimidade. Se houver um voto contrário não será aceito.
Se o oponente à aceitação do candidato não tiver razões para impugnar a entrada do candidato a membro da
igreja, este poderá desprezar o seu voto e aceitar o candidato, não deixando, porém, de exortar o oponente
quanto à sua atitude.
c) Requisito Formal
Os batistas não são ritualistas. Têm apenas duas ordenanças. Se elas podem ser consideradas como
ritos, então o novo convertido, para filiar-se à igreja, precisa preencher o requisito ritual ou formal, isto é,
precisa submeter-se ao batismo como o foi Jesus (Mt 3.13-17).

2. Carta de Transferência
A Carta de Transferência é o método mais comum pelo qual alguém é recebido como membro.
Emprega-se esse método quando um crente que faz parte de uma determinada igreja manifesta o desejo de
ser membro de outra igreja da mesma denominação. São as igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira que
geralmente adotam essa prática.
Entre elas, uma determinada igreja reunida em assembléia, depois de aprovação em culto
administrativo, pede à igreja de onde procede o candidato, sua carta de transferência. Em seguida, a igreja
solicitada, também após aprovação da assembléia, envia a carta requerida, declarando que o pedido foi
deferido. No momento em que essa carta é formalmente lida diante da igreja solicitante reunida em
assembléia, o candidato passa a integrar o seu rol de membros. A Carta regula o intercâmbio de membros
entre as igrejas. Entre as igrejas da Convenção, quando o candidato à membresia provém de outra
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denominação, o documento que algumas vezes é solicitado é a carta de referência.

3. Por Reconciliação
Aceita-se por reconciliação quando se verifica que, de fato, a pessoa excluída está plenamente
restaurada e que não há nada que a impeça de voltar à comunhão. A aceitação de alguém mediante pedido
de reconciliação deve ser precedida de muito cuidado. Do contrário, corre-se o risco de dar oportunidade para
que pessoas rebeldes, expulsas de suas igrejas, se refugiem atrás de outras paredes trazendo consigo práticas
horríveis de pecados, os quais depressa contaminarão a igreja descuidada (1 Co 5.6), causando prejuízos,
tristezas, sofrimentos e vergonha para todos.
4. Por Aclamação
É o meio de aceitação de um novo membro pela simples aprovação da assembléia, sem necessidade
de realizar nenhuma outra formalidade. Ocorre principalmente quando o crente recém-chegado já foi
corretamente batizado em outra igreja, mas a sua carta de transferência se extraviou, ou ele vem de outra
denominação, caso este em que, muitas vezes, não há troca de cartas.
Depois de conhecer por algum tempo o candidato a membro, a igreja, dando crédito ao testemunho
dele de conversão e batismo, aprova sua inclusão em seu rol de membros. Essa medida deverá ser registrada
em ata, e a partir desse momento a pessoa passa a ser membro da igreja. O recebimento de membros por
aclamação é método raro. Só se aplica em ocasiões especialíssimas.

Desligamento de Membros

1. Por exclusão – A exclusão demonstra que a igreja zela pelo seu corpo e tem uma disciplina bíblica.
O desligamento de natureza meramente administrativa é um procedimento muito simples. Por ele, o
nome de um membro da igreja é tirado do rol de maneira imediata, logo após a aprovação da igreja em
assembléia. É usado quando um membro de determinada igreja local filia-se a outra, de diferente
denominação, ou quando um membro confessa que nunca foi de fato crente em Cristo, ou ainda quando
abandona a comunhão com os irmãos por ter-se mudado para local distante e incerto, tornando o contato
difícil, sem deixar elementos que justifiquem a tomada de medidas disciplinares.
A exclusão por razões disciplinares é a forma mais dolorosa de desligamento de um membro. Só se
aplica nos casos de pecado obstinado, quando todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas.
Mais detalhes veremos quando estudarmos sobre disciplina.
2. Por morte – Ao morrer o crente deixa de pertencer à igreja militante aqui na Terra e vai incorporar-se à
igreja celestial.
3. Por transferência
Quando um membro de determinada igreja manifesta o desejo de pertencer a outra igreja da mesma
denominação, o instrumento pelo qual se realiza essa mudança é a carta de transferência. O interessado
dirige o pedido à igreja a que quer pertencer e essa formaliza o pedido à igreja de onde o crente procede. Se
em culto administrativo o pedido for aprovado, a igreja solicitada emite uma carta à igreja solicitante
concedendo a transferência.
No momento em que a assembléia aprova a concessão da carta, o membro interessado na
transferência deixa de pertencer ao rol da igreja solicitada. Para tanto, basta que este aprove a concessão da
carta em assembléia. Todo processo de transferência mediante carta deve ser registrado em ata.
Próximo Estudo – Forma de Governo e Direitos e Deveres da Igreja e dos Seus Membros

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Estudo 4 – Forma de Governo e Direitos e Deveres da Igreja e dos Seus Membros


O que a Igreja deve aos Membros
1. Amor – Todos devem se amar mutuamente (Jo 15.12).
2. Oração – Devem os crentes se aplicar à oração intercessória (At 2.42; 1 Ts 5.17; 1 Tm 2.1).
3. Instrução – A igreja foi constituída para ensinar e doutrinar (At 2.42; 1 Tm 3.16-17).
4. Fortalecimento e compreensão – Cada crente está sujeito a falhas. Por isso, a igreja deve tratar o irmão com
brandura e ajudá-lo a fortalecer-se na fé (At 2.44; 1 Pe 3.18; Cl 2.6-7; 1 Ts 3.11-12).
5. Auxílio nas doenças e nas dificuldades financeiras, etc. (At 2.45; 18.27).
6. Manter os laços da fraternidade e desenvolver os laços da unidade (Rm 12.18; 14.9; Ef 4.3; 1 Ts 5.13).

O que um Membro deve a Sua Igreja


Entre as responsabilidades e deveres do crente para com a sua igreja, destacamos os seguintes:
1. Lealdade – Deve ser leal à igreja e não deixar de cooperar com seus trabalhos (Fp 1.3-5; Hb 13.16).
2. Generosidade – Deve ser um contribuinte generoso, deve ir além do dízimo (1 Co 8.19-20; 2 Co 9.10-11;).
3. Serviço – Deve ser laborioso e infatigável, pois está empenhado na realização do maior serviço deste mundo
(1 Pe 4.10-11; Ef 4.11-12).
4. Amor – Eis a chave do sucesso da vida do crente e da igreja. Impulsionado pelo legítimo amor o crente terá
uma igreja poderosa (1 Pe 1.22; Rm 12.10).
5. Oração – Deve manter uma vida de oração em favor da igreja, dos perdidos e de si próprio (Tg 5.16).

Formas de Governo
Durante os séculos surgiram várias formas de governo de uma igreja, mas todas elas carecem de base
bíblica. Vejamos cada uma delas:
1. O Tipo Monárquico – Este é o tipo seguido pela Igreja Romana. Aceita como seu chefe supremo o Papa que,
de acordo com este sistema, é infalível.
2. O Tipo Episcopal – Este é o tipo do governo adotado por várias denominações. O bispo, com seus auxiliares,
gerem os negócios. Um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. O argumento em favor do sistema
episcopal na Oe que este se encontre no Novo Testamento, mas que é resultado natural do desenvolvimento
da igreja iniciado no Novo Testamento, não sendo por este proibido. Um teólogo escreveu que “nenhuma
ordem de bispos diocesanos aparece no Novo Testamento”.
3. O Tipo Presbiteriano – Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um conselho. O pastor da
igreja é um dos presbíteros, com a mesma autoridade dos outros presbíteros no conselho. Esse conselho tem
autoridade para dirigir a igreja local. Entretanto, os membros do conselho são também membros de um
presbitério que tem autoridade sobre diversas igrejas locais em uma região.
4. O Tipo Oligárquico – Um grupo pequeno, uma elite, manobra toda a congregação. Os membros não se
pronunciam sobre os assuntos que cabem a todos discutir.
4. O Tipo Congregacional – Os batistas adotam a forma de governo congregacional, que é a mais encontrada
na Bíblia. Ninguém é chefe, ninguém manda. À congregação cabe o direito de gerir os seus negócios dentro da
pura democracia. Em suas relações para com Deus a igreja é uma teocracia. Em suas relações para com seus
membros é uma democracia. São os crentes que decidem em assembléias, respeitam a decisão da maioria e
aceitam a decisão da igreja como a ação final.
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Funções Congregacionais da Igreja


A igreja como uma congregação aceita e elimina membros de sua comunhão através do voto. Em 2 Co
2.6-7 temos uma prova de como a igreja executava a sua disciplina. Pelo voto da maioria foi excluído um
membro da comunhão. Com sabedoria, Paulo, verificando que o excluído se arrependera, exorta a igreja a
perdoar-lhe a ofensa e a restaurá-lo.
É a igreja que decide. Não é um grupo. É a congregação reunida que vota, decide e julga. A igreja é o
juiz de seus membros. Não há nenhuma outra corte de apelação. Ela é a última.
Quando os apóstolos sugeriram aos crentes que escolhessem homens para cuidarem da obra de
beneficência, eles procederam como lhes foi sugerido e escolheram, pelo voto, os sete homens que ficaram
conhecidos como os primeiros diáconos (At 6.2-5).
As Funções de Governo
Na igreja existem as três funções: legislativa, executiva e judicial.
- A função legislativa nas igrejas compete só a Cristo. Seus ensinos estão contidos no Novo Testamento. É ele
o único capaz de legislar para suas igrejas.
- A função executiva é exercida pelo ministro que, investido pela autoridade que a igreja lhe outorgou, com a
imposição das mãos, realiza todos os atos oficiais e preside os trabalhos em geral. Quando a igreja toma
deliberações congregacionais ela está também exercendo a autoridade executiva.
- À igreja compete a função judicial. É ela quem admite e demite membros, quem julga as faltas dos membros
e quem reconcilia aqueles que se restauram. Toda autoridade judicial compete somente a ela.

Próximo Estudo – Disciplina Eclesiástica Bíblica

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Estudo 5 – Disciplina Eclesiástica Bíblica


1. Nos tempos apostólicos a disciplina eclesiástica era rígida. Haja vista os casos de Ananias e Safira e do
incestuoso de Corinto, além de outros (At 5.1-11; 2 Co 2.2-8).
2. Três são as leis que devem orientar a vida dos discípulos:
a) a lei do amor;
b) a lei da confissão das faltas;
c) a lei do perdão.
O mestre exortou-nos que devíamos amar uns aos outros (Jo 8.34), que devíamos confessar nossas
faltas antes de querermos prestar-lhe culto (Mt 5.24-25) e que perdoássemos aos que nos ofendessem (Lc
17.3-4).
3. Há duas espécies de ofensas:
a) Ofensas privadas;
b) Ofensas públicas.
As ofensas privadas devem ser tratadas de acordo com o que Jesus disse em Mt 5.23-24; 18.15-17.
4. Quanto às ofensas públicas o modo de tratá-las se encontra em 1 Co 5.3-5 e em 2 Ts 3.6. O incestuoso de
Corinto não poderia ficar na igreja participando da comunhão. Isso seria uma aberração. Deixar um membro
no seio da igreja que cometeu tal ofensa pública seria comprometer o seu caráter. Por isso, Paulo deu essa
recomendação. E só assim poderia ser mantida a pureza da igreja. Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo
exorta-os.
A exclusão tem por objetivo limpar o ambiente eclesiástico e de encaminhar o ofensor à reflexão para
o arrependimento.

O Valor da Disciplina
A disciplina visa a manter a Igreja dentro da pureza apostólica. Sem disciplina ela vai se tornando, dia a
dia, corrompida. Há muitas igrejas que não exercem disciplina em seus membros. Há uma grande frouxidão.
Resultado: a vida espiritual cai. Se não cuidar, estará fadada a receber a mesma repreensão que sofreu a
igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22). Em muitas igrejas Jesus já está do lado de fora batendo à porta e dizendo o
que disse no v. 20 do mesmo texto.

Tipos de Disciplina
Disciplina é uma palavra que se origina do latim e significa “ação de se instruir, ensino”. A função da
disciplina é ensinar. Uma igreja disciplinada é uma igreja instruída, educada, ensinada.

1. A Disciplina Formativa – o novo convertido entra para a igreja como uma criança entra para a escola.
Precisa de tudo: apoio, cuidado, instrução e amor. Os crentes recebem a disciplina formativa através das
pregações, exortações, dos estudos bíblicos, Escola Bíblica Dominical, etc. Esta disciplina tem a finalidade de
formar o caráter e a consciência dos crentes. Pecam as igreja que não propiciam esse tipo de disciplina para
seus membros.
2. A Disciplina Corretiva – Todos são sujeitos a falhas. Quando alguém incide em algum erro ou em alguma
falha deve ser corrigido. Paulo expõe esta obrigação nestas palavras: “Irmãos, se alguém for surpreendido
nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas
também tentado” (Gl 6.1).
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Ao aplicar a disciplina corretiva, a igreja deve fazê-lo com mansidão e brandura. Alguns crentes quando
compõem uma comissão para falar com um irmão faltoso, ao invés de ganhá-lo, de restaurá-lo, o afastam
mais da igreja. É que o espírito com que vão tratar com o faltoso é de superioridade e, às vezes, meio
farisaico.
Há muitos pecados que devem ser corrigidos. Alguns não parecem de grande dano e, no entanto,
causam grande embaraço à obra do Senhor. Um deles é a avareza (Ef 5.35; Cl 3.5), bem como a maledicência
(Tg 3.1-11), dentre muitos outros.
3. A Disciplina Cirúrgica – os médicos amputam as partes do corpo que o estão prejudicando. É melhor perdê-
las que deixar o corpo todo ficar deteriorado. O mesmo ocorre com a igreja. Ela é um corpo, e se um membro
está sendo um perigo para a sua saúde espiritual, deve ser cortado. Quando os pecados trazem escândalo e
ofensas públicas à moral a igreja não deve fazer rodeios, criar subterfúgios. Excluir é o caminho. Aplicando a
disciplina a igreja demonstra que ama o irmão e não pactua com o pecado.
É importante frisar que esse tipo de disciplina só se aplica nos casos de pecado obstinado, quando
todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas. Desse modo, ninguém na igreja de Deus será
excluído por adultério, formicação, ou outra razão, mas sim a prática obstinada desses pecados ou de
qualquer outro pecado. Portanto, é a obstinação a única causa de exclusão. Só a postura rebelde, orgulhosa e
teimosa levará a igreja a agir dessa forma (1 Co 5.6,7).
O processo que culmina na aplicação da disciplina cirúrgica é lento. Baseia-se em Mateus 18.15-17.
Nesse texto aprendemos que ao tomarmos conhecimento de pecado na vida de um irmão é necessário
admoestá-lo individualmente. Se a postura desse irmão não for de arrependimento, deve-se levar mais dois
ou três até ele a fim de que o admoestem. Se o trabalho do grupo for infrutífero, o caso deve ser levado à
igreja, para que todos os irmãos se ponham em busca do pecador impenitente, tentando convencê-lo da
necessidade do arrependimento. Se também nessa etapa do processo o arrependimento não ocorrer,
procede-se à exclusão em assembléia. Esse ato corresponde ao “entregar a Satanás” de que Paulo fala em 1
Coríntios 5.5 e 1 Timóteo 1.20.
Depois de tal ato realizado pela igreja, espera-se que experimentando as mais terríveis agruras
espirituais, ele se arrependa e se volte humildemente para Cristo e sua igreja, suplicando-lhes o perdão e a
acolhida.
Em seu livreto “Disciplina Bíblica na Igreja”, Daniel E. Wray diz que a necessidade e o propósito da
disciplina são demonstradas através de seis particualridades:
- Glorificar a Deus por meio da obediência às Suas instruções (Mt 18.15-17).
- Recuperar os ofensores (2 Ts 3.15).
- Manter a pureza da igreja e sua adoração (1 Co 5.6-8).
- Exigir a integridade e a honra de Cristo e da doutrina que Ele ensinou (2 Co 2.9,17).
- Impedir outros de caírem também em pecado (1 tm 5.20).
- Evitar darmos causa a Deus para Ele próprio voltar-se contra uma igreja local (Ap 2.14-25).

Como Devem os Crentes Relacionar-se com o Membro Excluído por Razões Disciplinares?
O ensino neo-testamentário mostra que a disciplina consiste em abandono e afastamento. O membro
excluído, conforme o ensino de Jesus e de Paulo, deve ser cortado da nossa esfera de relacionamento e dos
nossos círculos de amizade (Mt 18.17; Rm 16.17; 1 Co 5.11; 2 Ts 3.6). Por isso, na igreja de Deus, quando
alguém chega ao extremo de ser excluído por razões disciplinares, todos os irmãos são orientados a se afastar
dele.
Espera-se que, ao sentir a perda da comunhão com a igreja, o pecador rebelde, que não pôde ser
levado ao arrependimento pelas constantes e pacientes admoestações de todos, o seja pela disciplina. O
irmão que não segue essa orientação e continua a relacionar-se normalmente com o excluído frustra o
propósito da disciplina e torna-se empecilho para a recuperação do ofensor, uma vez que abranda o gosto
amargo da medida, além de demonstrar completo desrespeito às orientações bíblicas e às decisões da igreja. 15

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Estudo 6 – Que é o Culto?


O culto é a resposta do homem à revelação de Deus; é honra, reverência e louvor que a criatura dedica
à divindade..
O culto é tão antigo quanto o homem. Vemo-lo praticado no Éden. Caim e Abel dão-nos exemplo dos
dois tipos de adoradores. Estes dois tipos ainda existem. Os profetas falaram muito sobre o culto formalista,
daqueles que cultuavam a Deus só de lábios. A mulher samaritana perguntou a Jesus onde era lugar em que
se devia adorar a Deus, mostrando a tendência de muitos a ligarem a adoração a lugares, marcas, tradições.
Mas Deus é imensurável. Não tem fronteiras (Jo 4.23).

O que o Culto Oferece ao Indivíduo


1. Coloca-o em relação pessoal com Deus.
2. Concede-lhe instrução e luz para o viver cotidiano.
3. Concede-lhe oportunidade de purificação da consciência.
4. Provê estímulos morais e desafios para a vida.
5. Retempera a fé, aumenta a esperança e estimula o amor.
6. Coloca-o em comunhão com os irmãos.

Quais são as Partes Principais do Culto


1. Os hinos e cânticos
Que seria do culto sem os hinos? Seria como um corpo sem vida. Os hinos dão vitalidade ao culto, pois
através deles o adorador pode expressar seus sentimentos de louvor e gratidão a Deus. Os hinos refletem
nossa convicção, nossa esperança, nossa fé e o nosso amor. Paulo e Silas “cantavam hinos a Deus”, no
cárcere, até “perto da meia-noite” (At 16.25).
Na última ceia (Mt 26.30), nosso Senhor e os discípulos cantaram. Paulo comenta em Ef 5.11 que os
crentes deviam falar “uns aos outros em salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao
Senhor em vosso coração”. Há outra recomendação feita por Paulo em Cl. 3.16.
A prática do louvor na igreja de Deus deve assumir um estilo moderado. É aceitável o uso de
instrumentos de percussão sem, contudo, deixar que os cânticos percam o caráter solene e majestoso,
próprios do culto devido ao nosso Deus. Dentro da igreja verdadeira, nos momentos de louvor, não reinam
desordens, gritarias, nem manifestações de histeria ou de descontrole emocional.
Aliás, a bíblia mostra que os homens que estiveram realmente diante do Deus verdadeiro não sentiram
nenhuma vontade de pular, rir, dançar nem de gritar. Ao contrário, esses homens foram tocados por
sentimentos de profundo temor, reverência e contrição (Gn 28.16,17; Jó 42.5,6; Is 6.1-5; Ez 1.28; Mt 17.1-6;
Ap 1.17). Por isso, na igreja de Deus, o louvor, como cada momento do culto realizado na presença do Senhor,
é marcado por decência e ordem (1 Co 14.40), isso porque a preocupação de cada crente é de adorar a Deus
“de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.28,29).
2. A Leitura da Bíblia
A leitura da bíblia deve ocupar um lugar de destaque no culto público. Todos os crentes devem estar
com suas Bíblias para poderem acompanhar a leitura do texto escolhido. Deve se adotar práticas de leitura
onde todos os crentes participem, como a leitura responsiva.
Os judeus liam muito, no culto público, a Palavra de Deus. Quando Jesus foi à sinagoga lhe deram o
rolo para ler. E o texto em que leu era do profeta Isaías. O salmista expressava o seu desejo de conhecer mais
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e mais a Palavra de Deus (Sl 119.18,97,140).

3. A Oração
A oração é a respiração da alma. Ela é a janela da alma pela qual vemos e falamos com Deus. O Antigo
Testamento é um repositório de imenso de orações. A oração deve ocupar um lugar de destaque no culto,
pois é o momento quando a alma se descobre perante o Criador e Lhe invoca as bênçãos.
Muitas são as orações que encontramos no Novo Testamento. Jesus deixou-nos belos modelos de
oração e de como orar. Guardemos, com Tiago, que a “oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”
(Tg 5.16).
Quanto à classificação, a oração pode ser:
a) De adoração;
b) De louvor;
c) De súplica;
d) De intercessão, etc.
Quanto ao propósito a oração deve incluir:
a) Adoração;
b) Confissão;
c) Agradecimento;
d) Súplica;
e) Submissão.
4. A Pregação
O Dr. Manoel Avelino de Souza, em seu livro O Pastor, declara: “A função principal e por excelência do
pregador é entregar a mensagem. A pregação do Evangelho, ou o sermão, deve ocupar o lugar supremo da
sua vida, dos seus propósitos, dos seus interesses, das suas ocupações, dos seus estudos e esforços. Tudo o
que está ligado à sua vida submete-se à sua função de pregar”.
A Igreja deve ter em mente que o que causa mudanças na vida do homem é a Palavra de Deus, por
isso, deve se dar à exposição das Escrituras o lugar central no culto. Paulo diz que é o evangelho “é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e que as Escrituras, inspiradas por Deus, são úteis
“para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). O próprio Jesus
reconhecia isso, tinha a Palavra como chave central para a transformação do homem (Jo 17.17).
A mensagem é a parte central do culto. Que responsabilidade é a do pregador! Ele é o transmissor das
verdades do eterno Deus.

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Estudo 7 – Tipos de Ceia

No meio evangélico tradicional, três são as condutas adotadas pelos pastores no que diz respeito à
participação da Ceia do Senhor:
a) Ceia restrita: Este tipo é o mais comum entre todos, do qual só podem participar os membros de igrejas da
mesma denominação. Os pastores que adotam esse procedimento geralmente dizem, antes da distribuição
dos elementos, que só é permitida a participação da Ceia de pessoas que pertençam a uma igreja “da mesma
fé e ordem”.
b) Ceia ultra-restrita: Neste tipo, só podem participar os membros da igreja local, ou seja, a igreja em que a
ceia é ministrada. Esse critério é bem mais raro do que o mencionado anteriormente.
c) Ceia aberta: Esta é oferecida a todos os crentes, independentemente da denominação a que pertençam.
Esse é o critério correto, devendo ser adotado em todas as igrejas genuinamente bíblicas.

A Palavra de Deus não oferece nenhum respaldo para a adoção da Ceia restrita nem da ultra-restrita.
Segundo o ensino de Paulo, para participar da Ceia do Senhor basta ser um crente de vida reta (1 Co 11.27),
ou como dizemos em Peniel, deve ser uma pessoa que “está em Cristo”. Além do mais, o texto de 1 Coríntios
11 diz que é o próprio participante quem deve avaliar se preenche ou não esse requisito em sua vida (1 Co
11.28). Se não o fizer, correrá o risco de comer e beber “juízo para si” (1 Co 11.29).
Na Ceia, o homem deve avaliar-se a si mesmo e não os outros. E se tiver de proibir alguém de comer e
beber, que proíba a si mesmo se depois de auto-avaliar-se, perceber que corre o risco de comer e beber
indignamente.

Quais são as Concepções a respeito da presença de Cristo na Ceia?


a) Transubstanciação: Esta é a concepção adotada pela igreja católica, onde as substâncias do pão e do vinho
– o que de fato são – transformam-se respectivamente na carne e no sangue de Cristo no momento em que o
sacerdote oficiante consagra os elementos. O pão e o vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de
Cristo. Quando isso acontece, segundo a doutrina católica, concede-se graça aos presentes. Além disso, toda
vez que se celebra a missa, o sacrifício de Cristo é repetido (em algum sentido), e a igreja católica é cautelosa
em afirmar que se trata de um sacrifício real, embora não corresponda ao sacrifício que Cristo fez na cruz.

b) Consubstanciação: Esta é a concepção da igreja luterana, em que o corpo e o sangue de Cristo estão
presentes “em, com e sob” o pão e o vinho. Não que o pão e o vinho tornem-se corpo e sangue de Cristo, mas
que agora temos o corpo e o sangue, além do pão e do vinho. Lutero afirma que, pela participação no
sacramento, a pessoa recebe benefício real – perdão de pecados e confirmação da fé. E esse processo da
presença de Cristo não é uma conseqüência dos atos do sacerdote, mas uma conseqüência do poder de
Cristo.

c) Presença Espiritual: Esta é a concepção das igrejas reformadas, especialmente a presbiteriana, em que
Cristo está presente na Ceia do Senhor, mas não em forma física ou corpórea. Antes, sua presença no
sacramento é espiritual ou dinâmica. Os verdadeiros comungantes são espiritualmente nutridos quando o
Espírito Santo lhes dá uma relação mais estreita com a pessoa de Cristo. O efeito do sacramento depende em
grande parte da fé e da receptividade do participante.

d) Memorial: Jesus instituiu a Ceia pouco antes de Sua paixão (1 Co 11.23-26). Cada elemento tem um
significado: o pão partido simboliza o corpo de Cristo que foi ferido por nós; o vinho é símbolo do Seu sangue
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que foi vertido em nosso favor. A ceia do Senhor é, em essência, uma comemoração da morte de Cristo. O
valor desta ordenança está simplesmente em receber pela fé os benefícios da morte de Cristo. Assim, o efeito
da Ceia do Senhor não é diferente em natureza, digamos, do efeito de um sermão.
É bom dizer que, ao contrário do que ensinam alguns, a Ceia do Senhor não pode ser considerada um
ritual que tem o propósito e o poder de conferir ao participante graças especiais ou purificação de pecados
(estes devem ser purificados mediante a confissão e o arrependimento, antes da participação da Ceia [1 Jo
1.9]).

Na visão estabelecida de conformidade com a Bíblia, o propósito da Ceia é tríplice:


1º Comemoração: Recordar o sacrifício de Cristo na cruz por nós, de maneira que tal recordação nos induza
ao arrependimento e à santidade (1 Co 11.24-25, em que há ênfase na expressão “Em memória de mim”);
2º Comunhão: Estreitar os laços de comunhão entre os crentes em Cristo (1 Co 10.16,17; 11.33);
3º Comunicação: Anunciar a morte do Senhor até o dia em que Ele voltar (1 Co 11.26).

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Estudo 8 – A Relação da Igreja com os Órgãos Denominacionais, Outras Denominações e o Estado, e os


Oficiais da Igreja

A Relação da Igreja Local e as Associações, Convenções


Os batistas crêem que a igreja local deve ser livre para fazer aquilo que considera o melhor sob a
orientação do Espírito Santo, com o propósito de cumprir a comissão de Cristo. Cultivando a maior
camaradagem entre os crentes e desenvolvendo programas além de suas possibilidades locais, a igreja é livre
para associar-se com outras igrejas de objetivos semelhantes.
Por isso, os batistas se reúnem em associações, convenções estaduais e nacionais, culminando na
Aliança Batista Mundial. Mas a igreja local permanece soberana.
Abaixo traçamos alguns princípios importantes para a nossa compreensão a respeito deste assunto:
1. A Associação Batista Serramar, a Convenção Batista Fluminense, a Convenção Batista Brasileira e seus
órgãos (Junta de Missões Nacionais, Junta de Missões Mundiais, Ordem dos Pastores...) são formadas de
indivíduos e não de grupos de igrejas.
2. Todas estas organizações são iguais em pé de igualdade. Não há controle de uma sobre as outras. A
Associação Serramar é tão soberana como a Convenção Fluminense e ambas têm os direitos iguais.
3. É o espírito de cooperação que leva os batistas a criarem as citadas organizações.
4. A Igreja não delega nenhum poder a nenhum de seus membros quando em Associação ou Convenção ou
em outra entidade para falar em seu nome. A igreja envia mensageiros a tais reuniões. As resoluções tomadas
pelo organismo não obrigam a Igreja a aceitá-las.

A Relação entre Igrejas Batistas e Outras Denominações


1. Os batistas defendem a liberdade de consciência. Defendem esse direito para todos.
2. Os batistas reconhecem que há campos e esferas da obra do Senhor em que podem cooperar juntos.
3. Os batistas não aceitam convites para filiação a qualquer organização que vise a união das denominações.
Os batistas são contrários ao Ecumenismo, por causa de seus princípios que têm sido mantidos através dos
séculos.
4. Crêem os batistas que cada igreja é independente e autônoma, completamente competente para dirigir
seus próprios negócios em conformidade com os ensinos das Escrituras.

A Igreja e o Estado
Os batistas crêem que todos os homens devem ser livres para seguir sua consciência em matéria de
religião, e que a autoridade civil ou política não tem o direito de traçar normas para a vida religiosa dos
cidadãos (Dn 3.15-18; Lc 20.25; At 4.9-20; 5.29). O Estado não tem competência para afirmar ao cidadão em
que ponto sua religião está certa ou errada, por isso, a Igreja e o Estado devem estar separados por serem
diferentes a sua natureza e, objetivos e funções.
Quando os homens procuram controlar as igrejas com objetivos políticos, a vida espiritual das igrejas
está ameaçada, e quando uma igreja usa o Estado para impor seus credos, comete violência contra a
dignidade da criatura humana, proporcionada pelo Criador. Alguns princípios norteadores a respeito deste
assunto:
1. A Igreja é essencialmente separada do Estado por causa do seu caráter espiritual (Mt 22.21; Rm 13.1-7).
2. Reconhecemos, contudo, que cada membro deve respeitar as autoridades constituídas (Rm 13.1-7; 1 Tm
2.1-3). Somente em casos em que envolve a consciência pode o crente deixar de realizar as ordens do Estado.
3. Os batistas são defensores da separação da Igreja e Estado. A ordem de Cristo é: ”Daí a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21; Lc 20.25).
4. O Cristão, como cidadão de duas pátrias, deve zelar para que seja um cidadão exemplar aqui na terra
também (Hb 13.14).
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Os Oficiais da Igreja
Os oficiais bíblicos de uma igreja batista são: pastor e diáconos.
O pastor é ordenado por uma igreja, após ser examinado por um Concílio, para servir ao Ministério da
Palavra. Sua investidura é vitalícia, ao menos que a igreja que o ordenou lhe casse as prerrogativas, em
virtude de faltas graves (heresia, apostasia, pecados públicos...).
O diácono é escolhido pela igreja para o “Ministério da benevolência”. Sua área de ação se limita à sua
igreja, ao passo que a do pastor se estende por toda a Denominação.
O Pastor
O texto de Atos 20.17-28 é bem claro: “Atendei...por todo o rebanho (ofício pastoral) sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes (exercer o pastorado) a igreja de Deus”. Escrevendo a
Timóteo, Paulo acentua que a consagração de um pastor é feita pela imposição das mãos do “presbitério” (1
Tm 4.14).
O pastor, de acordo com os termos que o designam (presbítero, bispo, pastor), tem a função de
aconselhar, administrar, liderar, e de apascentar, cuidar, pastorear com ternura, renúncia e amor.
Os Diáconos
Apesar de não conter nenhuma vez a palavra “diácono”, o texto de Atos 6.1-6 é comumente aceito
como o trecho bíblico que narra as origens do diaconato. Nesse texto os homens ali escolhidos tinham como
função o atendimento das necessidades de pessoas carentes. Eram diáconos no sentido literal da palavra
(doulos: servo, agente, auxiliar, pessoa que presta serviço como cristão). Mais tarde o termo passou a ser
designativo de uma classe de oficiais da igreja (Fp 1.1).
É digno de nota que no desenvolvimento dessas funções sociais os primeiros “diáconos” deveriam ser
homens que preenchessem três requisitos básicos (At 6.3):
a) Os diáconos devem ser moralmente equipados (ter boa reputação).
b) Os diáconos devem ser espiritualmente equipados (ser cheio do Espírito Santo – Ef 5.18).
c) Os diáconos devem ser mentalmente equipados (ser cheio de sabedoria – At 6.9,10).
Pelo fato de serem responsáveis desde o princípio por facilitar o trabalho dos ministros da Palavra, as
funções dos diáconos se ampliaram com o passar do tempo à medida que as responsabilidades dos ministros
se tornavam mais numerosas. Hoje, suas funções se resumem nas seguintes atribuições:
1. Cuidar dos necessitados.
2. Participar dos processos disciplinares.
3. Funcionar como grupo de conselheiros para o pastor.
4. Zelar pela decência e ordem na igreja.
5. Resolver problemas de natureza econômico-administrativa.
Evidentemente, existem outros requisitos que exigir dos candidatos ao exercício do múnus diaconal.
Esses requisitos estão arrolados em 1 Timóteo 3.8-12.

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