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Não há na Bíblia um texto que mostre a organização da Igreja como nós a conhecemos hoje. Daí a
pergunta: quando ela teria surgido?
E. G. Robinson diz que “em Mateus 18.17 ekklesia (igreja) não é usado no sentido técnico. A igreja é
um prolongamento da sinagoga judaica, não obstante seu método e administração sejam diferentes. Houve
pouca ou nenhuma organização no início. Cristo mesmo não organizou a igreja. Isto foi feito pelos apóstolos
após o Pentecostes. Contudo o germe já existia antes. Três pessoas podem constituir uma Igreja e podem
administrar as ordenanças”.
Quando a Igreja teria sido organizada? Teria sido quando o colégio apostólico estava constituído? Ou
quando Cristo convocou os primeiros discípulos? Teria sido no Pentecostes?
Fisher destaca três períodos na vida da igreja:
1) O pré-natal: neste a Igreja tem a presença corporal de Cristo;
2) O da infância: quando a Igreja ainda está vivendo como que sob a tutela de Cristo, mas preparando-se
para ter uma vida independente;
3) O da maturidade: a Igreja já tem o seu corpo de doutrinas, já possui oficiais e se mostra apta para
dirigir-se.
A igreja foi edificada com elementos formais e vitais. O batismo, a ceia e a organização visível eram os
elementos formais, e a vida regenerada e o culto e esforços sociais eram os elementos vitais.
Definição: A igreja local é a comunidade autônoma de crentes em Cristo unida entre si por laços de fé, amor e
amizade e caracterizada pelo ensino da sã doutrina, pela observância das ordenanças de Cristo e pela
aplicação da disciplina bíblica.
O Reino e as Igrejas
O Reino sempre existiu antes da Igreja. O Reino é invisível, e consiste no domínio de Cristo na vida de
seus súditos. Mas por ser invisível o reino não deixa de ser espiritual, pessoal e social.
1) A igreja começou com Cristo, o Reino começou muito antes;
2) O Reino inclui todos os filhos de Deus, a Igreja se confina aos crentes no Cristo histórico;
3) O Reino, hoje, é invisível, a igreja é visível;
4) O Reino não tem um caráter orgânico, a igreja é um organismo local.
A Igreja e Seus Nomes
As igrejas receberam nomes de acordo com o lugar em que estavam localizadas. Desta maneira
encontramos referência à igreja de Antioquia (At 13.1; 14.26; 15.3), de Jerusalém (At 8.1; 11.12; 15.4), de
Cencréia, que ficava num subúrbio de Corinto (Rm 16.1), de Éfeso (At 20.17), Esmirna (Ap 2.8), dentre outras.
O Propósito da Igreja
O propósito da Igreja se divide em dois aspectos:
a) Propósito Imediato: Esse aspecto do propósito da Igreja envolve o testemunho que ela deve dar a este
mundo acerca da verdade, seja por meio da Evangelização direta ou da vida de cada membro (1 Pe 2.9). A
evangelização é objetiva, dinâmica, e à Igreja compete evangelizar o mundo (Mt 28-18-19).
A evangelização começa na localidade onde está a igreja, logo depois se estende mais no país e, em
seguida, atinge outras partes do mundo (At 1.8). Deve ser feita pessoalmente, ou de dois em dois (Mc 6.7; Lc
10.1), ou em equipes e campanhas (At 2.1-41).
b) O Propósito Final: Neste aspecto a igreja cumpre o propósito eterno de Deus para a História, ou seja, a
Sua glória. Por meio da Igreja, Deus será eternamente glorificado (Ef 1.6, 12, 14; 2.6-7).
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Introdução
Somos um povo que vem de longe, com muitos nomes, de muitas perseguições, de muitas lutas, mas
construindo uma bela história de fé, de doutrina e de princípios. Somos o povo da Bíblia, a Palavra Infalível e
Eterna de Deus. Cremos em Deus Pai, santo, justo, criador, e sustentador de todas as coisas. Cremos no Deus
Filho Jesus Cristo, Salvador e Senhor de nossas vidas e almas e no Deus Espírito Santo, o Consolador que nos
guia em tudo quanto Jesus ensinou.
Com o nome de Batista existimos desde 1612, quando Thomas Helwys de volta da Holanda, onde se
refugiara da perseguição do Rei James I da Inglaterra, organizou com os que voltaram com ele, uma igreja em
Spitalfields, arredores de Londres.
2. Carta de Transferência
A Carta de Transferência é o método mais comum pelo qual alguém é recebido como membro.
Emprega-se esse método quando um crente que faz parte de uma determinada igreja manifesta o desejo de
ser membro de outra igreja da mesma denominação. São as igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira que
geralmente adotam essa prática.
Entre elas, uma determinada igreja reunida em assembléia, depois de aprovação em culto
administrativo, pede à igreja de onde procede o candidato, sua carta de transferência. Em seguida, a igreja
solicitada, também após aprovação da assembléia, envia a carta requerida, declarando que o pedido foi
deferido. No momento em que essa carta é formalmente lida diante da igreja solicitante reunida em
assembléia, o candidato passa a integrar o seu rol de membros. A Carta regula o intercâmbio de membros
entre as igrejas. Entre as igrejas da Convenção, quando o candidato à membresia provém de outra
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3. Por Reconciliação
Aceita-se por reconciliação quando se verifica que, de fato, a pessoa excluída está plenamente
restaurada e que não há nada que a impeça de voltar à comunhão. A aceitação de alguém mediante pedido
de reconciliação deve ser precedida de muito cuidado. Do contrário, corre-se o risco de dar oportunidade para
que pessoas rebeldes, expulsas de suas igrejas, se refugiem atrás de outras paredes trazendo consigo práticas
horríveis de pecados, os quais depressa contaminarão a igreja descuidada (1 Co 5.6), causando prejuízos,
tristezas, sofrimentos e vergonha para todos.
4. Por Aclamação
É o meio de aceitação de um novo membro pela simples aprovação da assembléia, sem necessidade
de realizar nenhuma outra formalidade. Ocorre principalmente quando o crente recém-chegado já foi
corretamente batizado em outra igreja, mas a sua carta de transferência se extraviou, ou ele vem de outra
denominação, caso este em que, muitas vezes, não há troca de cartas.
Depois de conhecer por algum tempo o candidato a membro, a igreja, dando crédito ao testemunho
dele de conversão e batismo, aprova sua inclusão em seu rol de membros. Essa medida deverá ser registrada
em ata, e a partir desse momento a pessoa passa a ser membro da igreja. O recebimento de membros por
aclamação é método raro. Só se aplica em ocasiões especialíssimas.
Desligamento de Membros
1. Por exclusão – A exclusão demonstra que a igreja zela pelo seu corpo e tem uma disciplina bíblica.
O desligamento de natureza meramente administrativa é um procedimento muito simples. Por ele, o
nome de um membro da igreja é tirado do rol de maneira imediata, logo após a aprovação da igreja em
assembléia. É usado quando um membro de determinada igreja local filia-se a outra, de diferente
denominação, ou quando um membro confessa que nunca foi de fato crente em Cristo, ou ainda quando
abandona a comunhão com os irmãos por ter-se mudado para local distante e incerto, tornando o contato
difícil, sem deixar elementos que justifiquem a tomada de medidas disciplinares.
A exclusão por razões disciplinares é a forma mais dolorosa de desligamento de um membro. Só se
aplica nos casos de pecado obstinado, quando todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas.
Mais detalhes veremos quando estudarmos sobre disciplina.
2. Por morte – Ao morrer o crente deixa de pertencer à igreja militante aqui na Terra e vai incorporar-se à
igreja celestial.
3. Por transferência
Quando um membro de determinada igreja manifesta o desejo de pertencer a outra igreja da mesma
denominação, o instrumento pelo qual se realiza essa mudança é a carta de transferência. O interessado
dirige o pedido à igreja a que quer pertencer e essa formaliza o pedido à igreja de onde o crente procede. Se
em culto administrativo o pedido for aprovado, a igreja solicitada emite uma carta à igreja solicitante
concedendo a transferência.
No momento em que a assembléia aprova a concessão da carta, o membro interessado na
transferência deixa de pertencer ao rol da igreja solicitada. Para tanto, basta que este aprove a concessão da
carta em assembléia. Todo processo de transferência mediante carta deve ser registrado em ata.
Próximo Estudo – Forma de Governo e Direitos e Deveres da Igreja e dos Seus Membros
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Formas de Governo
Durante os séculos surgiram várias formas de governo de uma igreja, mas todas elas carecem de base
bíblica. Vejamos cada uma delas:
1. O Tipo Monárquico – Este é o tipo seguido pela Igreja Romana. Aceita como seu chefe supremo o Papa que,
de acordo com este sistema, é infalível.
2. O Tipo Episcopal – Este é o tipo do governo adotado por várias denominações. O bispo, com seus auxiliares,
gerem os negócios. Um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. O argumento em favor do sistema
episcopal na Oe que este se encontre no Novo Testamento, mas que é resultado natural do desenvolvimento
da igreja iniciado no Novo Testamento, não sendo por este proibido. Um teólogo escreveu que “nenhuma
ordem de bispos diocesanos aparece no Novo Testamento”.
3. O Tipo Presbiteriano – Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um conselho. O pastor da
igreja é um dos presbíteros, com a mesma autoridade dos outros presbíteros no conselho. Esse conselho tem
autoridade para dirigir a igreja local. Entretanto, os membros do conselho são também membros de um
presbitério que tem autoridade sobre diversas igrejas locais em uma região.
4. O Tipo Oligárquico – Um grupo pequeno, uma elite, manobra toda a congregação. Os membros não se
pronunciam sobre os assuntos que cabem a todos discutir.
4. O Tipo Congregacional – Os batistas adotam a forma de governo congregacional, que é a mais encontrada
na Bíblia. Ninguém é chefe, ninguém manda. À congregação cabe o direito de gerir os seus negócios dentro da
pura democracia. Em suas relações para com Deus a igreja é uma teocracia. Em suas relações para com seus
membros é uma democracia. São os crentes que decidem em assembléias, respeitam a decisão da maioria e
aceitam a decisão da igreja como a ação final.
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O Valor da Disciplina
A disciplina visa a manter a Igreja dentro da pureza apostólica. Sem disciplina ela vai se tornando, dia a
dia, corrompida. Há muitas igrejas que não exercem disciplina em seus membros. Há uma grande frouxidão.
Resultado: a vida espiritual cai. Se não cuidar, estará fadada a receber a mesma repreensão que sofreu a
igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22). Em muitas igrejas Jesus já está do lado de fora batendo à porta e dizendo o
que disse no v. 20 do mesmo texto.
Tipos de Disciplina
Disciplina é uma palavra que se origina do latim e significa “ação de se instruir, ensino”. A função da
disciplina é ensinar. Uma igreja disciplinada é uma igreja instruída, educada, ensinada.
1. A Disciplina Formativa – o novo convertido entra para a igreja como uma criança entra para a escola.
Precisa de tudo: apoio, cuidado, instrução e amor. Os crentes recebem a disciplina formativa através das
pregações, exortações, dos estudos bíblicos, Escola Bíblica Dominical, etc. Esta disciplina tem a finalidade de
formar o caráter e a consciência dos crentes. Pecam as igreja que não propiciam esse tipo de disciplina para
seus membros.
2. A Disciplina Corretiva – Todos são sujeitos a falhas. Quando alguém incide em algum erro ou em alguma
falha deve ser corrigido. Paulo expõe esta obrigação nestas palavras: “Irmãos, se alguém for surpreendido
nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas
também tentado” (Gl 6.1).
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Ao aplicar a disciplina corretiva, a igreja deve fazê-lo com mansidão e brandura. Alguns crentes quando
compõem uma comissão para falar com um irmão faltoso, ao invés de ganhá-lo, de restaurá-lo, o afastam
mais da igreja. É que o espírito com que vão tratar com o faltoso é de superioridade e, às vezes, meio
farisaico.
Há muitos pecados que devem ser corrigidos. Alguns não parecem de grande dano e, no entanto,
causam grande embaraço à obra do Senhor. Um deles é a avareza (Ef 5.35; Cl 3.5), bem como a maledicência
(Tg 3.1-11), dentre muitos outros.
3. A Disciplina Cirúrgica – os médicos amputam as partes do corpo que o estão prejudicando. É melhor perdê-
las que deixar o corpo todo ficar deteriorado. O mesmo ocorre com a igreja. Ela é um corpo, e se um membro
está sendo um perigo para a sua saúde espiritual, deve ser cortado. Quando os pecados trazem escândalo e
ofensas públicas à moral a igreja não deve fazer rodeios, criar subterfúgios. Excluir é o caminho. Aplicando a
disciplina a igreja demonstra que ama o irmão e não pactua com o pecado.
É importante frisar que esse tipo de disciplina só se aplica nos casos de pecado obstinado, quando
todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas. Desse modo, ninguém na igreja de Deus será
excluído por adultério, formicação, ou outra razão, mas sim a prática obstinada desses pecados ou de
qualquer outro pecado. Portanto, é a obstinação a única causa de exclusão. Só a postura rebelde, orgulhosa e
teimosa levará a igreja a agir dessa forma (1 Co 5.6,7).
O processo que culmina na aplicação da disciplina cirúrgica é lento. Baseia-se em Mateus 18.15-17.
Nesse texto aprendemos que ao tomarmos conhecimento de pecado na vida de um irmão é necessário
admoestá-lo individualmente. Se a postura desse irmão não for de arrependimento, deve-se levar mais dois
ou três até ele a fim de que o admoestem. Se o trabalho do grupo for infrutífero, o caso deve ser levado à
igreja, para que todos os irmãos se ponham em busca do pecador impenitente, tentando convencê-lo da
necessidade do arrependimento. Se também nessa etapa do processo o arrependimento não ocorrer,
procede-se à exclusão em assembléia. Esse ato corresponde ao “entregar a Satanás” de que Paulo fala em 1
Coríntios 5.5 e 1 Timóteo 1.20.
Depois de tal ato realizado pela igreja, espera-se que experimentando as mais terríveis agruras
espirituais, ele se arrependa e se volte humildemente para Cristo e sua igreja, suplicando-lhes o perdão e a
acolhida.
Em seu livreto “Disciplina Bíblica na Igreja”, Daniel E. Wray diz que a necessidade e o propósito da
disciplina são demonstradas através de seis particualridades:
- Glorificar a Deus por meio da obediência às Suas instruções (Mt 18.15-17).
- Recuperar os ofensores (2 Ts 3.15).
- Manter a pureza da igreja e sua adoração (1 Co 5.6-8).
- Exigir a integridade e a honra de Cristo e da doutrina que Ele ensinou (2 Co 2.9,17).
- Impedir outros de caírem também em pecado (1 tm 5.20).
- Evitar darmos causa a Deus para Ele próprio voltar-se contra uma igreja local (Ap 2.14-25).
Como Devem os Crentes Relacionar-se com o Membro Excluído por Razões Disciplinares?
O ensino neo-testamentário mostra que a disciplina consiste em abandono e afastamento. O membro
excluído, conforme o ensino de Jesus e de Paulo, deve ser cortado da nossa esfera de relacionamento e dos
nossos círculos de amizade (Mt 18.17; Rm 16.17; 1 Co 5.11; 2 Ts 3.6). Por isso, na igreja de Deus, quando
alguém chega ao extremo de ser excluído por razões disciplinares, todos os irmãos são orientados a se afastar
dele.
Espera-se que, ao sentir a perda da comunhão com a igreja, o pecador rebelde, que não pôde ser
levado ao arrependimento pelas constantes e pacientes admoestações de todos, o seja pela disciplina. O
irmão que não segue essa orientação e continua a relacionar-se normalmente com o excluído frustra o
propósito da disciplina e torna-se empecilho para a recuperação do ofensor, uma vez que abranda o gosto
amargo da medida, além de demonstrar completo desrespeito às orientações bíblicas e às decisões da igreja. 15
3. A Oração
A oração é a respiração da alma. Ela é a janela da alma pela qual vemos e falamos com Deus. O Antigo
Testamento é um repositório de imenso de orações. A oração deve ocupar um lugar de destaque no culto,
pois é o momento quando a alma se descobre perante o Criador e Lhe invoca as bênçãos.
Muitas são as orações que encontramos no Novo Testamento. Jesus deixou-nos belos modelos de
oração e de como orar. Guardemos, com Tiago, que a “oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”
(Tg 5.16).
Quanto à classificação, a oração pode ser:
a) De adoração;
b) De louvor;
c) De súplica;
d) De intercessão, etc.
Quanto ao propósito a oração deve incluir:
a) Adoração;
b) Confissão;
c) Agradecimento;
d) Súplica;
e) Submissão.
4. A Pregação
O Dr. Manoel Avelino de Souza, em seu livro O Pastor, declara: “A função principal e por excelência do
pregador é entregar a mensagem. A pregação do Evangelho, ou o sermão, deve ocupar o lugar supremo da
sua vida, dos seus propósitos, dos seus interesses, das suas ocupações, dos seus estudos e esforços. Tudo o
que está ligado à sua vida submete-se à sua função de pregar”.
A Igreja deve ter em mente que o que causa mudanças na vida do homem é a Palavra de Deus, por
isso, deve se dar à exposição das Escrituras o lugar central no culto. Paulo diz que é o evangelho “é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e que as Escrituras, inspiradas por Deus, são úteis
“para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). O próprio Jesus
reconhecia isso, tinha a Palavra como chave central para a transformação do homem (Jo 17.17).
A mensagem é a parte central do culto. Que responsabilidade é a do pregador! Ele é o transmissor das
verdades do eterno Deus.
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No meio evangélico tradicional, três são as condutas adotadas pelos pastores no que diz respeito à
participação da Ceia do Senhor:
a) Ceia restrita: Este tipo é o mais comum entre todos, do qual só podem participar os membros de igrejas da
mesma denominação. Os pastores que adotam esse procedimento geralmente dizem, antes da distribuição
dos elementos, que só é permitida a participação da Ceia de pessoas que pertençam a uma igreja “da mesma
fé e ordem”.
b) Ceia ultra-restrita: Neste tipo, só podem participar os membros da igreja local, ou seja, a igreja em que a
ceia é ministrada. Esse critério é bem mais raro do que o mencionado anteriormente.
c) Ceia aberta: Esta é oferecida a todos os crentes, independentemente da denominação a que pertençam.
Esse é o critério correto, devendo ser adotado em todas as igrejas genuinamente bíblicas.
A Palavra de Deus não oferece nenhum respaldo para a adoção da Ceia restrita nem da ultra-restrita.
Segundo o ensino de Paulo, para participar da Ceia do Senhor basta ser um crente de vida reta (1 Co 11.27),
ou como dizemos em Peniel, deve ser uma pessoa que “está em Cristo”. Além do mais, o texto de 1 Coríntios
11 diz que é o próprio participante quem deve avaliar se preenche ou não esse requisito em sua vida (1 Co
11.28). Se não o fizer, correrá o risco de comer e beber “juízo para si” (1 Co 11.29).
Na Ceia, o homem deve avaliar-se a si mesmo e não os outros. E se tiver de proibir alguém de comer e
beber, que proíba a si mesmo se depois de auto-avaliar-se, perceber que corre o risco de comer e beber
indignamente.
b) Consubstanciação: Esta é a concepção da igreja luterana, em que o corpo e o sangue de Cristo estão
presentes “em, com e sob” o pão e o vinho. Não que o pão e o vinho tornem-se corpo e sangue de Cristo, mas
que agora temos o corpo e o sangue, além do pão e do vinho. Lutero afirma que, pela participação no
sacramento, a pessoa recebe benefício real – perdão de pecados e confirmação da fé. E esse processo da
presença de Cristo não é uma conseqüência dos atos do sacerdote, mas uma conseqüência do poder de
Cristo.
c) Presença Espiritual: Esta é a concepção das igrejas reformadas, especialmente a presbiteriana, em que
Cristo está presente na Ceia do Senhor, mas não em forma física ou corpórea. Antes, sua presença no
sacramento é espiritual ou dinâmica. Os verdadeiros comungantes são espiritualmente nutridos quando o
Espírito Santo lhes dá uma relação mais estreita com a pessoa de Cristo. O efeito do sacramento depende em
grande parte da fé e da receptividade do participante.
d) Memorial: Jesus instituiu a Ceia pouco antes de Sua paixão (1 Co 11.23-26). Cada elemento tem um
significado: o pão partido simboliza o corpo de Cristo que foi ferido por nós; o vinho é símbolo do Seu sangue
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que foi vertido em nosso favor. A ceia do Senhor é, em essência, uma comemoração da morte de Cristo. O
valor desta ordenança está simplesmente em receber pela fé os benefícios da morte de Cristo. Assim, o efeito
da Ceia do Senhor não é diferente em natureza, digamos, do efeito de um sermão.
É bom dizer que, ao contrário do que ensinam alguns, a Ceia do Senhor não pode ser considerada um
ritual que tem o propósito e o poder de conferir ao participante graças especiais ou purificação de pecados
(estes devem ser purificados mediante a confissão e o arrependimento, antes da participação da Ceia [1 Jo
1.9]).
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A Igreja e o Estado
Os batistas crêem que todos os homens devem ser livres para seguir sua consciência em matéria de
religião, e que a autoridade civil ou política não tem o direito de traçar normas para a vida religiosa dos
cidadãos (Dn 3.15-18; Lc 20.25; At 4.9-20; 5.29). O Estado não tem competência para afirmar ao cidadão em
que ponto sua religião está certa ou errada, por isso, a Igreja e o Estado devem estar separados por serem
diferentes a sua natureza e, objetivos e funções.
Quando os homens procuram controlar as igrejas com objetivos políticos, a vida espiritual das igrejas
está ameaçada, e quando uma igreja usa o Estado para impor seus credos, comete violência contra a
dignidade da criatura humana, proporcionada pelo Criador. Alguns princípios norteadores a respeito deste
assunto:
1. A Igreja é essencialmente separada do Estado por causa do seu caráter espiritual (Mt 22.21; Rm 13.1-7).
2. Reconhecemos, contudo, que cada membro deve respeitar as autoridades constituídas (Rm 13.1-7; 1 Tm
2.1-3). Somente em casos em que envolve a consciência pode o crente deixar de realizar as ordens do Estado.
3. Os batistas são defensores da separação da Igreja e Estado. A ordem de Cristo é: ”Daí a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21; Lc 20.25).
4. O Cristão, como cidadão de duas pátrias, deve zelar para que seja um cidadão exemplar aqui na terra
também (Hb 13.14).
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Os Oficiais da Igreja
Os oficiais bíblicos de uma igreja batista são: pastor e diáconos.
O pastor é ordenado por uma igreja, após ser examinado por um Concílio, para servir ao Ministério da
Palavra. Sua investidura é vitalícia, ao menos que a igreja que o ordenou lhe casse as prerrogativas, em
virtude de faltas graves (heresia, apostasia, pecados públicos...).
O diácono é escolhido pela igreja para o “Ministério da benevolência”. Sua área de ação se limita à sua
igreja, ao passo que a do pastor se estende por toda a Denominação.
O Pastor
O texto de Atos 20.17-28 é bem claro: “Atendei...por todo o rebanho (ofício pastoral) sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes (exercer o pastorado) a igreja de Deus”. Escrevendo a
Timóteo, Paulo acentua que a consagração de um pastor é feita pela imposição das mãos do “presbitério” (1
Tm 4.14).
O pastor, de acordo com os termos que o designam (presbítero, bispo, pastor), tem a função de
aconselhar, administrar, liderar, e de apascentar, cuidar, pastorear com ternura, renúncia e amor.
Os Diáconos
Apesar de não conter nenhuma vez a palavra “diácono”, o texto de Atos 6.1-6 é comumente aceito
como o trecho bíblico que narra as origens do diaconato. Nesse texto os homens ali escolhidos tinham como
função o atendimento das necessidades de pessoas carentes. Eram diáconos no sentido literal da palavra
(doulos: servo, agente, auxiliar, pessoa que presta serviço como cristão). Mais tarde o termo passou a ser
designativo de uma classe de oficiais da igreja (Fp 1.1).
É digno de nota que no desenvolvimento dessas funções sociais os primeiros “diáconos” deveriam ser
homens que preenchessem três requisitos básicos (At 6.3):
a) Os diáconos devem ser moralmente equipados (ter boa reputação).
b) Os diáconos devem ser espiritualmente equipados (ser cheio do Espírito Santo – Ef 5.18).
c) Os diáconos devem ser mentalmente equipados (ser cheio de sabedoria – At 6.9,10).
Pelo fato de serem responsáveis desde o princípio por facilitar o trabalho dos ministros da Palavra, as
funções dos diáconos se ampliaram com o passar do tempo à medida que as responsabilidades dos ministros
se tornavam mais numerosas. Hoje, suas funções se resumem nas seguintes atribuições:
1. Cuidar dos necessitados.
2. Participar dos processos disciplinares.
3. Funcionar como grupo de conselheiros para o pastor.
4. Zelar pela decência e ordem na igreja.
5. Resolver problemas de natureza econômico-administrativa.
Evidentemente, existem outros requisitos que exigir dos candidatos ao exercício do múnus diaconal.
Esses requisitos estão arrolados em 1 Timóteo 3.8-12.
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