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1. Introdução
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Globalização e Soberania
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Globalização e Soberania
2. Globalização
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Globalização e Soberania
3. Soberania
O termo “soberania” era utilizado na Idade Média de uma forma distinta da que
foi interpretada no século XVI. A noção de soberano, que qualificava a pessoa do rei,
passa, na Idade Moderna, a caracterizar o Estado moderno, apresentando um novo
significado.
Durante o século XVII abre-se a fase de Estado comercial ou económico, onde
se afirma uma entidade económica autónoma, com um mercado livre interior que se
relaciona com o exterior através de fronteiras aduaneiras, mas que também é a fase
onde, nas relações internacionais, se establece o princípio do livre acesso às fontes de
matéria-prima (Teixeira, 2000: 59).
Já no século XVIII na Inglaterra, aparece o desenvolvimento do Estado Liberal,
onde a afirmação do poder político fica subordinado ao direito e à Contituição, sendo
reconhecidos os direitos jurídicos objectivos e as pretensões jurídicas subjectivas dos
cidadãos. É a fase da consolidação do Estado de Direito como regulação interna dos
poderes do Estado soberano. Só nos séculos XIX e XX se pode falar do Estado nacional
como comunidade popular nacional, com uma origem e memória comuns (Teixeira,
2000: 60).
Com a contínua mutação no panorama internacional, surgem constantemente
novas ameaças “qualitativa e quantitativamente diferentes dos desafios convencionais e
tradicionais dos séculos anteriores, em especial do Séc. XX” (Fernandes, 2014: 68).
Como nos ensina Fernandes, após o término da Guerra Fria e a subsequente
alteração no carácter dos conflitos internacionais, “o debate sobre a responsabilidade
internacional assume novos contornos. Os meios tradicionais de resolução de conflitos,
como as forças de paz, as organizações não governamentais de assistencia humanitária e
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Segundo Costa e Silva, o conceito de soberania passa, nos dias actuais, “por uma
completa transformação. Em razão da sua marcada natureza política, das implicações
económicas que lhe são incidentes, das mudanças e dos processos históricos que hoje
gravam, sobremaneira, as ordens interna e externa dos Estados, tornou-se um conceito
jurídico de conteúdo indeterminado, sujeito às circunstâncias políticas do momento
histórico, em suma, uma das noções mais obscuras e mais polémicas no âmbito do
Direito Público e da Ciência Política” (Costa, 2004: 64).
São vários os acontecimentos na política internacional que colocam o princípio
da soberania dos Estados e a sua legitimidade como um assunto de crescente relevância
e discussão em tempos não muito distantes da nossa história.
Em qualquer dos casos, “é a soberania – quer como princípio a limitar em
função de outros valores, quer como objectivo que se persegue – que tem estado no
centro da agenda” (Costa, 2004: 64).
O problema da soberania tem também vindo a ser particularmente discutido por
um conjunto de autores comprometidos com uma visão normativa sobre a política
internacional, no campo do direito internacional, da teoria política e das relações
internacionais.
A soberania, também apresenta duas faces: a interna e a externa. A soberania
interna é a que confere ao poder do Estado a supremacia sobre qualquer outro poder
social existente em seu território. O governo é o responsável pela aplicação do bem
comum a todo o povo, ao passo que os outros poderes sociais representam certa parcela
de pessoas, certa categoria de gentes. Ora, nada mais natural que o interesse da
coletividade se sobreponha o de um grupo. Assim, o termo soberania significa que o
poder do Estado é o mais alto existente dentro do seu território. É chamada, também,
autonomia.
Por outro lado, a soberania externa designa a igualdade entre os Estados, sendo
também chamada independência. a soberania é una, indivisível, inalienável e
imprescritível. É una pois dentro do Estado só vigora um poder soberano, que sobrepõe-
se aos demais. É indivisível pois é o mesmo poder que se aplica a todos os fatos
ocorridos dentro do Estado. É inalienável, uma vez que desaparece aquele que a detém
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quando fica sem ela. E, finalmente, é imprescritível, pois um poder superior não seria
superior se tivesse prazo certo de duração.
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Podemos afirmar que a soberania está em crise, muito por culpa da globalização
decorrente. A globalização “esvaziou” os Estados, enfraquecendo a sua autonomia e
soberania, uma vez que não têm capacidade para contrapor os ditames da economia
global, nem de proteger a comunidade do seu território. Os processos econômicos,
ambientais e políticos regionais e globais redefinem profundamente o conteúdo das
decisões nacionais. Como afirma Fernandes, “problemas como os da economia, do
ambiente, são problemas que actualmente superam muitas vezes as competências dos
Estados, e os fenómenos globais, parecem querer simbolizar o fim das fronteiras,
obrigando os Estados a novas fermas de inter-relacionamento” (Fernandes, 2014: 70).
A questão ambiental passa a ocupar a agenda do Estado na medida em que as
consequências dessas questões são globais, entre as quais se destaca a diminuição da
biodiversidade. Entendida como um problema transfronteiriço, cujo combate definirá o
futuro da humanidade, o reconhecimento da extensão do problema e do seu caráter
coletivo fez com que o Estado atuasse diretamente na solução da questão. Consoante
nos diz Teixeira, “os movimentos ecológicos são um perturbador irritante para Estados
permissivos e para industrias antiquadas, se bem que a sua acção contribua para a
inovação tecnológica e para a modernização económica” (Teixeira, 2000: 20).
Desta feita, o Estado, para responder aos novos padrões mundialmente
implantados, abdica de algumas funções e avoca outras, consolidando a sua autoridade e
seu poder soberano.
Assiste-se portanto ao declínio do Estado nação, em que o enfraquecimento do
Estado nacional dá-se de duas formas: voluntariamente, quando o Estado delega
competências deliberadamente a instâncias supranacionais, fortalecendo organismos
mundiais, e/ou de forma involuntária, decorrente do próprio processo de globalização.
Aceitar a soberania como poder ilimitado e absoluto do Estado no seu território é
não vislumbrar as mudanças sofridas pelo conceito para adaptar-se à realidade jurídica e
social.
Em sentido diametralmente oposto, o Estado permanece soberano, sem ser
omnipotente na base territorial. Ele é fortalecido pelos processos de internacionalização,
uma vez que é o Estado nacional, em última análise, que detém o monopólio das
normas, sem as quais os poderosos fatores externos perdem eficácia (Cambraia, 2015).
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5. Conclusão
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Desde os tempos mais remotos o poder tem suas bases no saber. A difusão deste,
a um número cada vez maior de pessoas, impõe a que se repense as estruturas de poder
existentes.
Assim, a soberania, que sempre esteve associada à noção de territorialidade, vê-
se à mercê de uma nova dinâmica. Uma dinâmica em que o controlo territorial se torna
mais difícil em muitos aspectos.
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6. Bibliografia
Sites Consultados:
www.conceito.de
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