Você está na página 1de 3

Ela estava sentada na mesa, se concetrava na fumaça, nas suas formas e também nas suas

ideias. Ela tinha ideias poucas incomadas, e no seu intímo se sentia culpada por isso, jurava a
Deus que não fazia por mal pensar do jeito que pensava. Ela confessava que tentava de tudo. Era
nesse se sentir mal que estava pensando, de enganar a sí, achando que copiando as outras
pessoas, e se sentindo feliz, é por que teria se encontrado. Mas a verdade é que no fundo sabia
que não adiantava nada disso, pois não dá para copiar sentimentos, suspeitava que nem mesmo
podia imaginá-los.

Na mesa tinha um saleiro e um copo vazio de uma água com gás que tinha pedido, estava se
sentido meio tonta, talvez fosse pelas conclusões que estava tomando sobre os rumos da sua
vida, olhava o seus 28 anos e pensava consigo o quanto não era nada. No passado nem tristeza e
nem mesmo muitas alegrias, vultos de um passado que se fosse esquecido teria impacto quase
zero sobre a sua vida, ela não achava que tenha tido uma infância tão ruim, alguns traumas,
pensava ela, era normal, quem não tem traumas? Mas nada do que podia se vangloriar. Na sua
adolescência sim tinha algumas coisas mais impactantes que formaram o seu caráter e sua
forma de pensar, contudo era tudo consumido pelas cinzas dos cigarros que fumava no quarto
dos seus amigos que no fim, depois de alguns anos nem mesmo lembrava as vozes e os nomes.
Gostava deles e ainda os chamavam de amigos, mas isso porquê, dizia ela, era que nada pode se
deixar, mesmo que não os via ou mesmo que esquecidos no tempo da sua história.
Mexeu o pé e bateu na mesa, o que fez por virar o copo. Nesse momento veio a resolução de
que era hora de ir embora, mesmo sabendo que ninguém a estava esperando, mas tentava se
manter sensata com a vida. Não tinha carro e poucas moedas no bolso, era meio tarde e olhava
para si nos reflexos do vidro do bar e pensava o quanto se arriscava nas noites escuras. Levantou
e saiu, acendeu ali o seu cigarro abaixou a cabeça para não destrair os seus pensamentos com
os medos da noite .

Maria Luíza era o seu nome, a sua mãe era grande devota da Virgem Maria e Luíza era um nome
qualquer que pra ela soava bem. Nasceu numa cidade de tamanho médio, tinha 100 mil
habitantes, cidade onde se encontrava o que se encontra em qualquer cidade do Brasil dos anos
90 e 2000, corruptos, santos e bebâdos.
Morava em um apartamento de dois cômodos alugado no suburbios de são paulo, não era bem
uma favela, mas bem, ninguém se acharia muita coisa morando ali, se ninguém perguntasse
faria questão de não dizer onde era e assim até mesmo para os amantes que encontrava jogados
por ai, para esses até o nome se possível mentiria. Quem entrasse no apartamento quase kitnet
já olhava uma certa tentativa de fazer o lugar agradável, tinha um sofá uma tv velha que nunca
era ligada, uma pia com alguns copos sujos e um fogão. Tinha uma foto ao lado da TV de uma
criança com um sorriso tímido no rosto, cabelo escuro encaracolado nas pontas e de um
castanho escuro, seus olhos eram pretos como a noite mais escura. Era ela com os seus 7 anos,
agora era mulher de uma beleza média, com a diferença de que o timido sorriso fora substituído
por um sorriso de uma mulher que não é mais inocente. Era um brasileira nata (considerando as
suas formas corporais mais conhecidas no mundo), uma mistura de tudo e mais um pouco,
descendente de europeus, africanos e índios, o que para ela não fazia muita diferença, já que as
histórias de família sempre foram escondidas dela. Então pouco importava se era neta ou
bisneta de alguém nessa altura da vida, quando era criança até tinha alguma curiosidade,
também isso deve porque não conhecia o seu pai. Estudou numa escola pública brasileira, mas
mesmo com todas as dificuldades encontradas se tornou uma estudante exemplar, sempre se
esforçava com os deveres de casa e procurava sempre matar a sua curiosidades sobre os fatos
históricos da humanidade, pois isso sim era uma coisa que a impressionava, a humanidade. Ela
se admirava por fazer parte de uma espécime tão inteligente e tão desafiadora, ficava intrigada
do quão longe a ciência podia levar os homens e também barbarizada com o mau uso que ela
podia causar, chorou por dias quando ficou sabendo dos horrores da segunda guerra mundial,
odiou os homens por isso nessa época, pois toda vez que ouvia a palavra humanidade já vinha
em sua mente os campos de concentração nazistas com as crianças em fila, com fome, tiradas o
seios da suas famílias, ela não podia crer nisso. Mas também com os relatos da guerra descobriu
o quanto que mesmo no maior sofrimento, uma vida já sem prepósito ou esperança surgia ao
menos a vontade de dar aos outros aquilo que já perdido, o amor.

Tinha perdido o seu emprego a pouco tempo, era uma secretária de um escritório de advocacia,
o que a deu um conhecimento básico sobre como se procedia de frente com as autoridades
corruptas desse país. O que no futuro iria a ajudar muito para os desafios que ela se propunha a
enfrentar.

A viagem marcada

Chegou em casa, no chão estava uma carta que não esperava, era uma carta simples que
olhando não se podia tirar nenhuma conclusão do que podia se tratar

·0 O que será que é isso?

Abriu devagar e mais devagar lia o conteúdo

“Para Maria Luísa,

Não é possível o perdão quando não há paz

Não é possível o querer sem vontade

Não é possível achar sem perder

Eu fugi porquê tinha medo, fugi porquê achava que não era capaz. Não tive coragem enquanto
estive vivo, porém agora morto não posso nem ser covarde, já que fui sepultado e devo delegar
esse sofrimento, que é inerentemente dado aos vivos.

Vi você nascer e lhe tive em meus braços, contudo foram as minhas pernas que sentiram o peso
e por tal me fizeram correr das responsabilidades de uma paternidade, que julgo não saber se
seria boa ou ruim. Mas o tempo me fizeram pesar o arrependimento, e na atitude desesperada
de dizer que te amo escrevo essa carta, para lhe pedir desculpas. O perdão sei que meus ouvidos
não terão a chance de ouvir, não sei se se me procura, mas se estiver ao menos eu que lhe dar a
paz e alguma certeza na vida, mesmo que não seja aquilo que talvez estivesse procurado.
Você nasceu em meus braços, eu tinha os meus 23 anos de idade e estava cheio de sonhos e
muito energia para realiza-los. Mas conheci a sua mãe, linda como você sabe que ela é, todos os
traços, a serenidade, a calma e a confiança que todos os homens procuram em um homem. Me
apaixonei, e como foi difícil leva-lá para sair, meu deus do ceu, como foi difícil beija-lá. Os meus
plano com ela era fazer somente com que fosse feliz

Você também pode gostar