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MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO CURSO FORMAÇÃO SOLDADO.

10 DICAS SOBRE DEDILHADOS


POR DANIEL PYNKUS

DICA 01: QUANDO UM BURRO FALA O OUTRO ABAIXA A ORELHA


Pensa naquele pessoal que trabalha na bolsa de valores que todo mundo
fala ao mesmo tempo ou aqueles vendedores no trem anunciando seus produtos
todos juntos, loucura né!?
É muito desagradável quando estamos tentando falar algo e outra pessoa
começa a falar ao mesmo tempo, nesse cenário surgiu essa advertência que
quase todos já ouvimos quando crianças “Quando um burro fala o outro abaixa
a orelha”, tá mais o que isso tem a ver com dedilhar!?
Um dos elementos da música é a melodia, e dentro de uma música podemos
ter várias melodias acontecendo ao mesmo tempo, porém existe a melodia
principal que é feita pelo cantor(a) ou algum instrumentista solando, essa
melodia é a parte de maior destaque da canção e a maneira que o músico lida
com ela enquanto toca diz muito sobre ele.
Podemos criar vários dedilhados no decorrer da música porem é essencial
entender quando é o momento certo para ornamentarmos a canção com os
dedilhados, não devemos dedilhar como se não houvesse um amanhã mesmo
que você tenha muitas ideias para isso não use tudo que sabe pois isso pode
prejudicar a melodia principal e acabar gerando uma sonoridade muito poluída
e cansativa de ouvir.
Assim como nós paramos pra respirar enquanto falamos, na música a
melodia principal também tem suas pausas pra respiração e esses momentos de
descanso da melodia principal se tornam ideal para enfeitarmos a música com
os dedilhados, ou seja quando a melodia principal está “falando” nos tecladistas
“abaixamos as orelhas” e usamos acordes mais prolongados com alguns poucos
ornamentos que não atrapalhem a melodia principal, agora quando ela para pra
respirar ai sim é nosso momento de misturar criatividade com conhecimento e
fazer belos dedilhados.

DICA 02: MIRE E ATIRE


Alguns alunos já me perguntaram: Professor em qual nota eu devo começar
meu dedilhado? Respondi que mais importante do que a nota que vai começar
seu dedilhado é a nota que vai fechar seu dedilhado.
As notas que forma a tríade são chamadas de notas harmônicas, pois fazem
parte da estrutura do acorde e quando pensamos em dedilhar essas notas são
basicamente o ponto de partida e de chegada de um dedilhado, lembrar que isso

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não é uma regra para 100% dos dedilhados, mas para quem está começando
nesse universo pode pensar assim que vai dar certo.
Suponhamos que estamos tocando no tom de Dó Maior e temos os acordes
C e F do primeiro acorde para o segundo eu posso começar meu dedilhado de
qualquer uma das 3 notas da tríade de C, ou seja podemos começar de Dó, Mi
ou Sol e caminhar pelas outras notas da escala até o momento de parar o
dedilhado, mas em qual nota devemos parar? Isso vai depender do acorde que
está sendo tocado no momento final do dedilhado, se tiver saindo de C pra F na
hora parar podemos fechar o dedilhado em uma das notas da tríade de F, ou
seja, temos Fá, Lá ou Dó para terminar nosso dedilhado.
É simples, basta começar de uma nota harmônica e terminar em outra nota
harmônica, isso te dá muitas possibilidades na hora de criar, é um conceito que
traz uma direção certa pois você saberá onde começar e terminar um dedilhado.

DICA 03: EXPLORE OS TEMPOS


Os tempos na música podem ser dividido de varias formas, quem estudou
um pouco de teoria e conhece as figuras de som e pausa entende um pouco
melhor essas subdivisões dos tempos.
Se estamos tocando uma música onde o acorde tem a duração de 4 tempos,
podemos segurar o acorde durante os 4 tempos deixando ele soar, ou podemos
bater no tempo 1 e 3 e deixar o tempo 2 e 4 soar, podemos ainda bater em
todos os tempos, temos várias opções rítmicas pra usar em uma situação como
essa, e estamos falando apenas das batidas do acorde, quando pensamos em
explorar os tempos na hora de dedilhar podemos ir mais longe com isso,
podemos usar poucas notas pra dedilhar o que significa que elas terão uma
duração mais prolongadas ou podemos explorar tempos mais curtos o que por
consequência vai exigir o uso de mais notas pra compensar a velocidade que
serão tocadas.
Podemos pensar em duas direções, aumentar a quantidade de notas e toca-
las mais rápidas ou fazer poucas notas tocando num tempo mais lento, agora
qual escolher vai depender da sensação que você quer gerar no ouvinte, tocar
muitas notas não significa tocar melhor, o que me lembra a uma velha história
para fechar essa parte.
Certa vez se apresentaram 2 tecladistas, o primeiro era jovem e em seus
solos eram cheios de notas rápidas, em alguns momentos percorria metade do
teclado para fazer os improvisos. Já o segundo usou toques mais suaves e
poucas notas e conseguiu tirar uma sonoridade que agradou muito o público. Ao
final das apresentações um senhor foi questionar o músico e pq ele usou poucas
notas em sua performance mesmo tendo talento para usar muito mais como o
primeiro tinha feito, o músico respondeu, sabe aquele monte de nota que o

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primeiro tecladista usou? As notas que ele estava procurando andando de um


lado para outro no teclado eu simplesmente encontrei.

DICA 04: CRIE SEUS FILHOS


A música é uma arte que abre espaço para explorar o nosso lado criativo,
quando eu digo para criar seus filhos estou me referindo a criar seus próprios
dedilhados, e não estou falando daquelas frases complexas de executar,
ninguém gera um filho adulto, eles começam como bebês e se desenvolvem.
Depois que aprendemos alguns conceitos teóricos básicos como o da escala
maior já é possível começar a criar alguns dedilhados simples, e mesmo aquele
dedilhado com três notinhas já conta como um “filho”.
A medida que vamos estudando e tocando, chega uma hora que
começamos a experimentar combinações de notas para dedilhar e algumas delas
acabamos decorando e usando com frequência, adotamos essas combinações e
sempre que surge oportunidade colocamos nossos “filhos” em ação.
É muito comum o músico desenvolver a personalidade musical e ter um
estilo próprio de tocar que o caracteriza, tanto que em alguns casos só de ouvir
o toque dá para assimilar e descobrir quem é o músico que está tocando.
Experimente combinações, monte alguns padrões, treine em várias
tonalidades e explore a inúmeras possibilidades para criar seus dedilhados, crie
o máximo de filhos que puder, seja o Mc Catra dos dedilhados haha.

DICA 05: COPIE OS FILHOS DOS OUTROS


Assim como nós podemos criar nossos filhos (dedilhados), outros músicos
também criam os deles e aí que entra a grande sacada, você pode e deve copiar
o dedilhado de outras pessoas, e se quiser ainda mais longe pode misturar um
filho seu com um filho de outro músico criando um outro dedilhado diferente.
Costumo dizer aos meus alunos que dedilhado não tem dono, vivemos num
tempo onde tanta coisa já foi criada que é quase impossível criar algo totalmente
original, as vezes você ouve uma coisa que acha que é original e um dia descobre
que aquilo não passava de uma cópia descarada de uma outra música. Acredite
isso acontece com mais frequência do que se imagina, principalmente com
pessoas que tem o hábito de ouvir muita música, vire e mexe esbarra em alguma
que vem aquele pensamento, “eu acho que eu já ouvi isso em algum lugar”.
Não é errado copiar ideias de outros músicos, é um hábito muito saudável
pra se cultivar já que no início copiamos apenas a forma de tocar, as vezes até
mesmo sem entender, mas à medida que amadurecemos musicalmente a mente
vai abrindo e conseguimos captar a teoria envolvida no dedilhado que o outro

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músico usou e depois que entendemos o processo fica mais fácil pra executar e
adaptar as suas próprias criações também.

DICA 06: APRENDA A NADAR NA PISCINA


Não se aprender a nadar no meio do oceano, lugar de aprender a nadar é
na piscina onde os riscos são menores e a situação é controlável, e o que isso
tem a ver com aprender a dedilhar? Quando estudamos música começamos a
perceber que existe um oceano de informações para se aprender, são inúmeros
assuntos que até o mais esforçado dos alunos vez ou outra dá umas travadas
na hora de aprender.
Porem você não precisa ser um exímio nadador para ir tomar um banho de
mar na praia, você precisa saber o suficiente para não se afogar e ter consciência
de não se arriscar em lugares muito fundos onde os riscos são maiores.
Na música não é necessário saber todas as escalas para começar a dedilhar,
se você aprendeu a escala diatônica maior e menor você já tem sua piscina para
mergulhar e começar a aprender a nadar. Apenas usando as notas da escala
maior é possível tirar sonoridades lindas, você não precisa saber todos os modos
gregos ou escalas exóticas para tirar uma sonoridade agradável na hora de
tocar.
Dedique-se em tirar a melhor sonoridade possível usando o conhecimento
que já tem, e se esforce para continuar evoluindo para que aprenda a usar novas
escalas e gerar sonoridades ainda mais interessantes.
Evite tentar aprender em ambientes arriscados, se você é músico na sua
igreja o ideal é tentar desenvolver os dedilhados estudando em casa ou no curso
que são ambientes de risco zero, seria o “nadar na piscina”, a hora de tocar na
igreja já é o “nadar no oceano” lá não é lugar de aprender, mas sim de pôr em
prática aquilo que já treinou na piscina.

DICA 07: IMITE OS PASSÁROS


Tem um pássaro que quando era moleque eu vivia imitando, é conhecido
como bem-te-vi, tem uma máscara tipo do zorro e a barriga amarela. Talvez
você já tenha feito isso, ou até tenha ido além e imitado outros tipos de sons.
É muito comum a gente cantarolar (ou pelo menos tentar) um solo
conhecido de uma música, a gente não vai reproduzir o timbre do instrumento,
mas conseguimos cantar a melodia que um instrumento produz, por exemplo
pensa aí agora no hino nacional, lembra como é a introdução? Canta ele aí do
seu jeito (pode ser mentalmente mesmo rs)... O hino nacional talvez tenha sido
fácil, agora pesquisa no Youtube um chorinho chamado Espinha de Bacalhau

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na versão da Orquestra Tabajara e tenta cantar a melodia que o sax faz, coisa
de doido rs
Muitos dos solos que conhecemos foram cantados mesmo antes de serem
tocados, é comum nós músicos cantarmos melodias de cabeça e depois passa-
las para o instrumento, se você conhece um pouco da música do Ed Motta já viu
que ele faz isso o tempo todo, outro exemplo, pesquisa a música This
Masquerade do George Benson e vai ver que ele canta toda a introdução junto
com a guitarra.
Então assim como os pássaros cantam e criam suas melodias, faça o mesmo
experimente inventar uma melodia na voz e depois passa-la para o teclado as
vezes o resultado pode surpreender.

DICA 08: FREIO JUNTO COM A EMBREAGEM


Se você não dirige ainda, talvez não entenda a relação que existe entre o
freio e a embreagem, mas não tem problema eu só preciso que você entenda
que quando estamos parando um carro apertamos o freio para reduzir a
velocidade e a embreagem junto para não deixar o carro “morrer”.
Quando estamos fazendo um dedilhado, tiramos a mão do acorde para fazer
uma melodia porem se essa melodia não tiver uma base harmônica (que seria
um acorde por trás) ela fica vazia e a música vai acabar “morrendo”, sendo
assim é muito importante que ao dedilhar na mão direita usemos a esquerda
pra fazer uma base harmônica, podendo ser o acorde inteiro ou parte dele que
deixe uma “cama harmônica” confortável para que o dedilhado soe confortável.
Então para reforçar, na hora de dedilhar (freio) use a esquerda para
preencher com um acorde (embreagem), freio junto com a embreagem para não
deixar a música morrer.

DICA 09: COBRA, GATO E CANGURU


Essa dica é fácil de entender, pensa comigo, a cobra se arrasta, o gato anda
e o canguru pula certo!? Na hora de dedilhar podemos nos inspirar nesses três
animais para criar algo interessante.
Existem dedilhados onde usamos notas vizinhas, ou seja é um dedilhado
cobra, pois apenas arrastamos o dedo de uma nota para a outra que está do
lado, sem muito esforço envolvido, mas podemos fazer um dedilhado de gato
onde as notas tocadas estão um pouco mais distantes usando intervalos de
terça, quartas e quintas que se encaixam bem nessa categoria, dedilhados com
alguns saltos entre as notas mas nada tão longe por enquanto e por ultimo o
dedilhado canguru, esse sim podemos usar intervalos de sexta pra cima,

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explorando mais as alturas das notas e gerando uma sonoridade mais


abrangente. O mais legal é que não precisamos nos prender a um dos tipos, mas
podemos misturar tudo, cobra com gato, gato com canguru ou até mesmo os
três, criando texturas sonoras bem mais completas e abrindo um leque para as
possibilidades.

DICA 10: TRAVE É GOL


Na segunda dica eu disse que devemos mirar e dedilhar em direção a uma
nota que faça parte do acorde que estamos indo, seja ela a fundamental, a terça
ou a quinta do acorde, nessa ultima dica eu acrescento que você pode parar
também em uma nota que não faça parte da tríade, como por exemplo a nona,
a sexta, a sétima até mesmo a quarta.
Sabemos que as notas da tríade geram uma sensação confortável de se
ouvir quando finalizamos o dedilhado em cima de uma delas, porem a ideia é
buscar novas sonoridades por isso podemos experimentar finalizar o dedilhado
em cima de notas da trave (fora da tríade), se eu estou tocando o acorde de C
e finalizo o dedilhado na nota Si automaticamente esse acorde foi transformando
em C7+, se eu para o dedilhado em Ré, o acorde se torna um C9, para em cima
da nona e da sétima geram sonoridades bem interessantes, parar em cima da
sexta pode ser interessante mas as vezes soa estranho dependendo da situação,
agora parar em cima da quarta tem que ter muito cuidado pois se for um acorde
maior pode chocar com a terça do acorde gerando uma sonoridade embaraçosa,
o que é bem diferente se o acorde for menor que a quarta se torna uma opção
bem sofisticada de se ouvir.
Use e abuse dos dedilhados finalizando em notas harmônicas, notas que
fazem parte do acorde, mas não deixe de explorar as sonoridades geradas por
dedilhados que param na “trave”, ou seja, notas fora da tríade de base.

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