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3.4.1- PRINCÍPIOS.
O princípio básico da execução da geometria vem a ser, obviamente, a colocação (ou recolocação) da
via na cota e eixo de projeto. No campo, a materialização deste princípio é alcançado com as definições de:
a) Qual a posição em que a linha tem que ser colocada?
b) Como levar a linha para a nova posição?
piquete
d) Marcos fixos de referência: Os marcos fixos são peças sólidas, normalmente perfis metálicos, que são
posicionados topograficamente na lateral da linha. Os marcos são instalados a uma distância fixa do eixo
de projeto da via, e com altura que define a cota de projeto do trilho. Assim, o marco fixo disponibiliza
os mesmos dados da “topografia”, mas de uma maneira perpétua. A qualquer instante a linha pode ser
checada quanto ao correto posicionamento sem a necessidade de serviços topográficos.
que a correção do ponto “b” é executada com auxilio da corda “d-e”, logo é uma correção de “b” relativa aos
pontos “d” e “e”. A correção no ponto “g” é feita em relação aos pontos “f” e “h”.
A Figura 3.28 exemplifica uma correção pelo método relativo, em uma linha em curva. Mostra que a
curvaque deveria estar na posição teórica “a-d-e-c” (linha azul tracejada) encontra-se na posição real “a-b-c”
(linha preta cheia). Com isto a flecha, que no ponto “b” que deveria ser “f 1”, encontra-se com um valor
maior “f2”. O mesmo sucedendo com “f3” no ponto “g”, e nos demais pontos da curva onde a real (linha
preta) não coincide com a teórica (linha azul tracejada)
Figura 3.28: correção geométrica em b (ponto)
g
curva pelo método relativo f2 h
f
d e
a f1 c
f3
R = raio da curva R
deslocamento -5
a c 0
b
+5
b) Erro induzido: A Figura 3.30 retrata o mesmo defeito de alinhamento ilustrado na Figura 3.29 (anterior),
mas posicionando o sistema de medição de maneira diferente. Na anterior, o eixo_2 (medidor) estava
sobre o defeito. Na figura 3.30, abaixo, o eixo_3 é que está inserido no defeito.
Na situação anterior da figura 3.29 a leitura na escala era de “+2”, enquanto na figura 3.30 a leitura é de
“-1” para um mesmo defeito. O exposto permite concluir que o sistema de medição induz a um erro sempre
que o eixo dianteiro da máquina sofrer a influência de um defeito. Nesse caso o sistema mecanizado estará
incutindo na linha um “gancho” de magnitude “e” (1 na escala) proporcional ao defeito “d” da linha,
conforme:
e/d = AC / (CB+AC)
logo: e = d . AC / (AC+CB)
portanto o erro “e” será tanto menor quanto menor for a distância “AC” e maior for a distância entre os
eixos extremos da máquina (base de medição). Nas máquinas convencionais o erro “e” nunca alcança
a 20% do valor do defeito induzido pelo eixo dianteiro (eixo 3).
AC CB
d
e
deslocamento -5
a 0 b
c
Eixo 2 +5
Eixo
Eixo Sentido de trabalho 3
1 Figura 3.30: erro induzido
d) Sistema com raio de luz: Em alguns equipamentos a corda física é substituída por raio de luz,
infravermelho ou laser.
O princípio de trabalho é o mesmo daquele mostrado anteriormente como “relativo”, com uso da corda
física. As peculiaridades dos equipamentos, e leituras, são ilustradas na Figura 2.32.
Como nos exemplos anteriores a máquina Socadora continua com três eixos, sendo dois fixos (1 e 3) e
um móvel no sentido transversal, o “eixo 2”, que tem a finalidade de relocar a linha para a nova posição. A
novidade neste presente sistema é que existe um quarto eixo representado na figura pelo “carrinho”. No
meio deste eixo é montado um emissor de luz direcionado para o meio do “eixo 1”. No “eixo 2” é instalado
um anteparo para o feixe de luz, chamado “placa de sombra”. A placa de sombra é posicionada do meio do
eixo para um dos lados, fazendo com que o eixo fique dividido em duas partes iguais quanto a possibilidade
de deixar passar o feixe de luz.
Eixo
Eixo 2 Eixo carrinho
1 3
com sinal
c b d
a
sem sinal
receptor placa de sombra transmissor
Figura 3.32: princípio do alinhamento mecanizado com raio de luz Sentido de trabalho
O princípio de trabalho é o “zero – um”. Se a placa de sombra impede a passagem de luz um dispositivo
“entende” como “zero”, ou ausência de sinal e, neste caso, é acionado o descolamento do “eixo 2” (e da
linha) para o lado da placa (direito da máquina), até que com o deslocamento a placa deixe passar a luz e o
receptor acuse o sinal, quando então o deslocamento é interrompido.
Se na figura o “gancho” da linha fosse para o lado oposto, para o lado direito da máquina, a placa de sombra
não estaria interceptando o sinal luminoso e então o receptor estaria recebendo o feixe de luz. Neste caso o
dispositivo de comando entenderia como “um”, ou existência de sinal, e acionaria o “eixo 2” para o lado
esquerdo da máquina até que a placa de sombra intercepte o sinal, quando então o movimento é
interrompido.
A grande vantagem desse sistema de feixe de luz sobre a corda convencional é a possibilidade de ser
conseguido uma base de medição muito maior (distância de “a” a “d” na Figura 3.32), com isto há um
aumento na precisão do trabalho e uma grande redução no erro induzido “e” citado no item b.2.2.
Os maiores benefícios estão sendo conseguidos com o raio laser, já que ele tem um alcance muito
superior ao infravermelho. Com o laser tem sido possível trabalhar com “bases de medição” de até 300
metros. Quando a tangente é inferior aos 300 metros o alinhamento torna-se perfeito, quase um alinhamento
em processo “absoluto”, conforme ilustrado na Figura 3.33.
transmissor
socadora feixe laser ou emissor
curva 2
Curva 1 Tangente < 300 metros
Figura 3.33: raio laser no alinhamento mecanizado
No exemplo da Figura 3.33 o emissor foi posicionado no ponto notável “TE” da curva 2. A máquina
Socadora, iniciando o serviço no ponto notável “ET”, da curva 1, irá fazer um alinhamento perfeito da
tangente entre as duas curvas.
Nivelamento com raio de luz: Tanto o raio infravermelho quanto o raio laser são usados
simultaneamente para alinhamento e nivelamento da linha, dentro do mesmo princípio.
e) Alinhamento através de leitura prévia da curva: Por qualquer dos dois sistemas, de corda física ou
por raio de luz, dispositivos da máquina Socadora podem levantar e registrar um gráfico com os pontos
relativos de uma curva, seja em papel, seja em um computador.
Sobre o gráfico da curva levantado pela própria máquina (Figura 3.34-a) o operador do equipamento “traça”
a melhor situação de correção da curva (Figura 3.34-b, linha preta). Posteriormente a máquina segue o
“traçado” executando a correção da linha.
máquina
CE ET CE ET
TE EC TE EC
A Figura 3.34-a mostra o gráfico da curva levantado pela máquina. A Figura 3.34-b mostra o trabalho
do operador ao colocar a “fita preta” sobre o gráfico, demarcando o traçado que a máquina tem que seguir. O
operador retorna a máquina para o ponto de início de curva (TE) e aciona o comando da máquina que
iniciará os serviços automáticos de correção. Um sensor ótico irá ler os pontos do gráfico, demarcados pela
fita preta, e comandará a correção de alinhamento conforme o traçado dessa “fita preta”.
O sistema de correção por gráfico apresenta a vantagem de ser bastante prático, mas tem como
desvantagem a dependência do “bom senso” do operador. É o operador que através do gráfico levantado
define a posição dos pontos notáveis da curva, além da própria flecha. A má colocação da “fita preta” pode
até piorar a situação geométrica de uma curva.
O gráfico da Figura 3.34-b detalha a disparidade dos comprimentos das Espirais. Isso é errado e não
ocorreria se o processo de alinhamento fosse sempre pelos pontos fixos, com marcos de referência. Mas o
sistema relativo permite que o operador “tire” a linha do lugar. Principalmente permite que programe um
traçado impossível que a máquina não poderá fazer por “falta ou sobra” de trilho. Isto acontece muitas vezes
e, em decorrência, a máquina acaba fazendo um “gancho disfarçado” na linha.
Para aproveitar o de bom que o sistema de gráfico pode proporcionar, eliminando os seus pontos
fracos, os fabricantes de Socadoras desenvolveram um novo sistema em que um computador subsidia ao
operador na tomada de decisão. Dessa maneira a “colocação da fita preta” é feita com precisão matemática.
O computador recebe o gráfico, com o posicionamento planimétrico da curva. Analisa matematicamente e
informa qual é o traçado que melhor se adapta na curva em correção. O operador pode aceitar a sugestão ou
incutir alguma variante para uma nova avaliação do programa do computador, algo como um ponto notável
deslocado de poucos centímetros. Confirmado o plano de correção, o operador leva a máquina ao início da
curva, ponto “TE”, e sob comando a máquina executa automaticamente a correção da curva de acordo com a
programação definida no sistema computadorizado.
Figura
3.35
3.4.3.3- “Encaixe” (colocação) do lastro: Tanto em serviços manuais quanto mecanizados pode ocorrer a
falta de lastro após o deslocamento da grade. Os “vazios”, conseqüentes do deslocamento, devem ser
preenchidos com lastro adicional para permitir a socaria. Também, após completa a socaria, pode ser
necessário lastro adicional para compor o perfil da linha.
O serviço mecanizado é feito por equipamentos chamados de reguladoras de lastro. São máquinas de
grande porte equipadas com “arados” que permitem levar camadas de lastro de fora para o centro da linha,
ou do centro para as laterais,
além de formar o ombro do
lastro. São máquinas que
normalmente trabalham em
tandem com as socadoras. As
Figuras 3.37 mostram os arados
da máquina Reguladora.
Figura 3.37-b
A Figura 37-c mostra o arado lateral executando (cortando) o ombro e talude do lastro.
Figura 3.37-c
Arado lateral
da reguladora
de lastro
A Figura 37-d mostra a máquina Reguladora de Lastro com o arado lateral cortando o ombro do lastro.
3.4.3.4- Socaria (adensamento) do lastro: Após o deslocamento da grade para a posição idealizada, o
lastro deve sofrer uma socaria (ou adensamento) através de ferramentas manuais ou dispositivos
mecanizados. A região de socaria compreende o entorno dos dormentes, na região de distribuição de
carregamento sob os trilhos.
vibrador soca
Os dispositivos manuais tradicionais são as socas
manuais (picareta de ponta rombuda), e vibradores
vulgarmente chamados de Jakson, ilustrados na
Figura 3.39.
São ferramentas usadas para serviços de pequena
monta e baixa qualidade. A ferramenta de soca
danifica bastante as pedras do lastro, e o vibrador Figura 3.39 Vazios
não consegue um adensamento ideal.
A socaria mecanizada é executada pelas máquinas de grande porte de Via Permanente chamadas de
“Socadoras”. As máquinas são equipadas com os “grupos de socaria”, os quais são compostos por
ferramentas de socas e dispositivos mecânico–hidráulicos que executam simultaneamente as funções das
socas e dos vibradores usados no processo manual.
Um grupo de socaria típico é mostrado na figura 3.40-a. A Figura 3.40-b ilustra os movimentos das
ferramentas de soca . As ferramentas penetram no lastro em movimento vertical (de cima para baixo),
para somente após iniciar um movimento de recalque do lastro sob o dormente (W 1 e W2). Durante todo o
movimento as ferramentas são mantidas sob vibração, o que facilita a penetração e o adensamento do
lastro.
Figura 3.40-b
A Figura 3.40-c mostra um grupo de socaria dos mais modernos, onde é possível socar três dormentes
simultaneamente.
Figura 3.40-c
A Figura 3.40-d mostra uma socadora completa, onde pode ser visto o grupo de socaria e as unidades de
levante e alinhamento.
100
Figura 3.41
90
Resistência lateral da linha - %-
Gráfico
relação 80
“resistência
lateral” X
70
tonelada 60
trafegada
50
40
30
0 200 400 600 800 1000 1200
O gráfico mostra que somente após o tráfego dos trens é que a estabilidade lateral vai sendo readquirida.
Alcança 78% com 50 mil de toneladas brutas trafegadas, 82% após 150 mil, 88% após 700 mil.
Como os esforços laterais gerados pelo trem são diretamente proporcionais a sua velocidade, resulta
que o posicionamento geométrico recém proporcionado à linha será perdido se um trem circular em alta
velocidade, em no trecho que ainda não teve tempo suficiente para alcançar sua consolidação.
Assim conclui-se que somente com controle de velocidades o trem executará a estabilização sem “tirar
a linha do lugar”. Para que o trem circule com velocidade normal, tão logo seja executada a socaria, torna-se
necessário que equipamentos adicionais proporcionem à linha a estabilidade que o trem faria. O
equipamento em questão é o chamado “Estabilizador de Lastro”
Figura 3.42-a
Grupo
vibrador da
Estabilizadora
de lastro
trem pode circular na velocidade normal sem que ocasionar distorções no alinhamento da linha, e o próprio
trem completará a estabilização lateral da linha para os 100%.
A Figura 3.42-b ilustra um equipamento de Estabilização de Lastro.
Unidades vibratórias