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2 –LASTRO - (1 de 25) B
Funções do lastro
&
4.2- LASTRO DE VIA FÉRREA:
P
Conforme ilustrado na Figura 4.1 e 4.10, o lastro é o elemento da superestrutura situado entre os
dormentes e o leito (sublastro). Ele recebe as solicitações transferidas pelos dormentes e as distribui pela
plataforma, além de atuar nas demais funções da superestrutura: as de guia e pista de rolamento.
Funções do lastro:
Distribuir uniformemente sobre o leito as cargas que recebe dos dormentes (f2, Figura 4.6) de maneira que
não seja superada a tensão admissível da plataforma (f3).
Estabilizar a via verticalmente, lateralmente e longitudinalmente, através da ação de forças de suporte (f2) e
de ancoragem nos dormentes (f4).
Amortizar, através de sua estrutura semi-elástica, as ações dinâmicas das cargas dos trens.
Prover a drenagem, permitindo a liberação das águas das chuvas, e garantindo a proteção da umidade tanto a
plataforma quanto os dormentes.
Permitir a recuperação geométrica da linha mediante operações de alinhamento e nivelamento, com socaria
do lastro.
b e dormente
f1 lastro
Sub_
f4 lastro
f2
f3
a d
c
– ângulo de espraiamento;
f1 Carga transmitida pelo trilho sobre o dormente
b – largura dos dormentes;
f2 Forças de reação do lastro sobre o dormente e – espaçamento dos dormentes;
a – área de distribuição de solicitação do
f3 Distribuição de cargas do lastro sobre o sublastro
lastro sobre o sublastro;
f4 Força de ancoragem do lastro sobre o dormente c – área sem solicitação de carga;
d – área super solicitada pelo carregamento
76 (3”)
100
64 (2.1/2”)
90 - 100
38,0 (1 ½”)
25-60
19 (3/4)
0-10
12,5 (1/2)
0-5
Forma geométrica das partículas: É desejável que as pedras sejam de forma cúbicas. Partículas de forma
lamelar devem ser evitadas.
A FCA e EFVM especificam que o lastro terá o máximo 10 % de partículas ou fragmentos arredondados,
defeituosos e lamelares.
Resistência à ruptura (compressão): As rochas mais duras, que podem alcançar a resistência de 2.000
kg/cm2, são os quartzitos. Em uma segunda categoria, entre 1.000 e 2000 kg/cm2 encontram-se o granito, o
P
basalto, o gneiss e outros. Entre 560 e 1000 kg/cm2 encontram-se rochas mais macias, como o calcário,
mármore, e outras.
Para a rocha, a FCA especifica um valor altíssimo para a resistência a compressão, 1.800 kg/cm2. Para a
escória, tanto a EFVM quanto a FCA normatizam 800 kg/cm2 para a resistência à ruptura do material a ser
usado como lastro. Valores de 700 kg/mm2, e até um pouco abaixo, são aceitos por algumas ferrovias
devido a inexistência de rochas duras nas proximidades.
Outras características: A pedra não pode ser solúvel em presença de água. Não pode absorver água acima
de 8 gr/dm3. Não deve ser condutora de eletricidade, principalmente para utilização em linhas eletrificadas
ou sinalizadas.
Tanto a FCA quanto a EFVM especificam que somente será permitida a existência de substâncias nocivas e
impurezas no lastro, dentro dos seguintes limites:
_ Fragmentos friáveis e macios..........................................................5 %
_ Materiais pulvurulentos passando na peneira n° 200......................1 %
_ Torrões de argila.............................................................................0,5 %
O levante médio de 2,5 cm corresponde a uma reposição de lastro da ordem de 3,25 % do volume total
do perfil padrão da EFVM, conforme ilustrado na tabela a seguir mostrada. Considerando que o volume do
lastro deteriorado é igual ao volume de lastro reposto, o valor de 40 % de lastro degradado seria alcançado
no 12o ciclo de nivelamento (12,30). Como o ciclo de nivelamento da EFVM situa-se em 14 meses, o
ciclo de desguarnecimento estaria definido em aproximadamente 14 anos (14,35), conforme:
anos
14,35
P
Determinação da Vida Útil em função da curva "degradação X tempo"
Com muito mais precisão do que o processo anterior, neste a curva de degradação em relação ao tempo
é levantada através da análise granulométrica de amostras de lastro retiradas de trechos escolhidos da linha,
trechos esses com registos da última vez em que sofreu limpeza através de desguarnecimento mecanizado.
Para o presente estudo foram definido trechos com a idade do lastro variando de 2 a 20 anos, conforme
mostrada na tabela da Figura 4.12.
Na análise de granulometria é determinado o percentual de material que passa na peneira de 12,5 mm
(meia polegada). O material passante é considerado como "finos", e sua razão percentual em relação ao total
do material de teste (amostra) vem a ser a variável, que combinada com a "idade", proporcionará a curva
"degradação X tempo".
c.2- Procedimento de retirada do material de amostragem: O local mais solicitado do lastro, tanto pelo
carregamento dos trens quanto pelas ferramentas das máquinas de socaria, é a seção sob os dormentes.
Todavia seria um local bastante difícil para a retirada de material, motivo pelo qual optou-se pela seção
mostrada Figura_4.12.
A amostra foi definida como um paralelepípedo de 2,30 x 0,3 x 0,3 metros, ou seja, uma seção de 30 x
30 cm ao longo do comprimento do dormente, posicionada conforme mostrado na figura 4.11.
c.3- Amostras de lastro: A tabela da Figura 4.12 apresenta a relação das amostras de lastro retiradas, bem
como a relação entre a “idade do lastro” e o percentual de “finos” encontrado em cada análise feita.
Amos-tra
No
Idade
(anos)
Percentual de finos considerado
Amos-tra No
Idade
(anos)
Percentual de finos considerado
1
2
5,01
9
8
35,06
17
14
34,08
2
2
12,81
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10
10
47,14
18
16
43,80
3
4
15,35
11
10
33,02
19
16
41,54
4
4
6,97
12
10
39,43
20
16
39,88
5
4
11,50
13
12
41,66
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21
18
39,33
6
6
24,47
14
12
42,11
22
18
40.71
7
6
23,78
15
14
35,72
23
20
40.60
8
8
24,70
16
14
37,49
24
20
53.42
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4.2 –LASTRO - (7 de 25) B
Vida útil do lastro – exemplo_(4)
&
P
c.4- Estudo: A Figura 4.13 mostra o resultado do estudo estatístico da relação entre a idade do lastro e a
geração de “finos” ao longo do tempo. Os pontos azuis plotados no gráfico detalham a relação “idade X
finos” das análise das amostras, e a linha preta mostra a curva de tendência.
Verifica-se que o tolerado de 40 % de finos indica um lastro de 14,37 anos de idade (setas vermelhas da
Figura 4.13
Vida útil do lastro y = 17,661Ln(x) - 7,0635
p e rce n tu a l d e "fin os "
R2 = 0,828
60
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25
período em anos
Figura 4.13), em função da fórmula y = 17,66 Ln(x) – 7,0635, da tendência encontrada no estudo.
c.5- Conclusão: Através dos dois métodos estudados, a idade do lastro na EFVM mostrou estar próximo a
14 anos, ficando este valor como determinante para a execução do serviço de limpeza do lastro através de
equipamentos pesados designados Desguarnecedoras.
Sendo conhecido o “ciclo de limpeza” e a produtividade das máquinas Desguarnecidoras, foi possível a
definição da necessidade de equipamentos na frota.