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4 – SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA B

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P

4 – SUPERESTRUTURA
A superestrutura ferroviária é um conjunto de quatro elementos heterogêneos que se interagem para
suprir as condições adequadas de suporte, pista de rolamento e guia para o material rodante que por ela
trafega.
Os elementos são: trilhos, dormentes, fixação e lastro, conforme ilustrado na Figura 4.1. Além dos
quatro elementos, alguns autores incluem o sublastro como quinto componente da superestrutura.

Figura 4.1: seção transversal da via

Talude do corte trilhos fixação


dormente Saia ou talude
2
do aterro
3 3 3

2 2
3%
3
2

lastro
sublastro Infra-estrutura (solo)

Dentro do conceito de pista de rolamento é a uniformidade da superfície dos trilhos, em nível e


alinhamento, que fornece as condições adequadas para o tráfego. A manutenção dessa geometria é
proporcionada pelos dormentes e fixação quanto ao plano horizontal, e pelo lastro nos planos horizontal e
vertical.
A Figura 4.2 ilustra a 1 2 L
perda da uniformidade do
trilho por uma “queima de
patinação” (situação 1), e
por perda de nivelamento
devido ao lastro (situação
2). A figura não ilustra,
mas uma alteração de
alinhamento do trilho H
devido ao deslocamento Figura 4.2 V
H
do dormente na direção
lateral “L” ocasionaria também uma perda de uniformidade ao rolamento. Por “V” e “H” estão
representadas as direções de atuação do lastro na manutenção da uniformidade do rolamento.

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4 – SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA (2 de 3) B
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A função de guia, desenvolvida pelos trilhos, é garantida pela uniformidade de sua geometria no
plano horizontal, o que só é possível pelo perfeito posicionamento e interação com o dormente. Essa
interação, que assegura a bitola da via, é função de um sistema de fixação eficiente. O lastro atua na
geometria em planimetria.
A Figura 4.3-a ilustra a ação de guia formada pelos trilhos. A Figura 4.3-b mostra a
responsabilidade da fixação na interação entre trilho e o dormente, na manutenção da bitola e alinhamento.
Mostra que o lastro atua assegurando o posicionamento horizontal do dormente, e portanto na manutenção
da situação de guia.

Figura 4.3-a GUIA - posicionamento no


- plano horizontal

Figura e4.3-b
Fixação posicionamento
- do dormente no plano horizontal, em interação com o lastro.

fixação
b

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4 – SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA (3 de 3) B
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No conceito de suporte, as altas cargas impostas aos trilhos são distribuídas de componente a
componente da superestrutura, de maneira que o leito ou plataforma seja solicitada por uma carga mínima
compatível com sua baixa capacidade de suporte . Portanto todos os componentes da super: os trilhos, a
fixação, os dormentes e o lastro, tem relevada importância na função de suporte (Figura 4.4).

Além da importância já citada para o lastro de pedra britada, ele também atua na preservação das
funções dos elementos da via ao amortecer as ações dinâmicas das cargas e proteger da umidade tanto o
dormente quanto o leito, permitindo assim uma situação estável ao longo do tempo. Além disso, é o próprio
lastro que permite o trabalho de recuperação da geometria da linha, devido às suas características físicas.

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4 .1 – SUBLASTRO – (1 de 4) B
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4.1- SUBLASTRO:
Pelo ilustrado na Figura 4.1 verifica-se que o sublastro é um elemento ligado à infra-estrutura,
podendo mesmo compor o leito ou plataforma.
Uma plataforma formada por solo natural tem normalmente uma tensão admissível relativamente
baixa, insuficiente para resistir com eficiência às cargas que o lastro transmite sob a ação do carregamento
dos trens. Para suprir essa deficiência adiciona-se à plataforma um material adequado a incrementar a
resistência. O material pode ser algo industrializado, como geotêxteis e argamassas, ou elementos naturais
simplesmente selecionados e trabalhados. Uma mistura de pedrisco e areia, com pouca quantidade de
argila, pode fornecer ótimas propriedades físicas, como mostrada no Grupo_1 que encabeça a classificação de
Casagrande, Figura 4.5.

Figura 4.5

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4.1 – SUBLASTRO - (2 de 4) B
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Para melhor compreensão das propriedades do sublastro foi juntado à “Classificação de Casagrande”
uma coluna correlacionando as “Tensões admissíveis estimadas para os solos” (lado direito da Figura 4.5).
Dessa relação verifica-se que:
 Os solos normalmente usados para formar uma plataforma ferroviária, com terraplanagem, são aqueles
compostos pela mistura de areia e argila, relacionados como “Grupos 2 e 3” da Classificação de
Casagrande, Figura 4.2. São portanto solos que bem trabalhados vão alcançar tensões admissíveis entre
0,3 e 0,6 kg/cm2, valores não ideais para suporte de uma via.
 Os solos do Grupo_1, aqueles mais granulados e com pouquíssima argila, podem alcançar uma tensão
admissível de até 1 kg/cm2, se forem bem classificados e trabalhados em terraplanagem. Este então vem
a ser o material mais indicado para um sublastro de qualidade e de baixo custo.
 Dos dois itens anteriores conclui-se que uma plataforma, decorrente de uma terraplanagem, pode
alcançar uma tensão admissível de 0,6 kg/cm 2, e que sobre ela pode ser adicionada uma camada de
sublastro que elevará a tensão admissível até o limite de 1 kg/cm 2. A espessura do sublastro será então
função da carga transmitida pelo lastro e das duas tensões admissíveis (solo e sublastro). A espessura
normalmente praticada para o sublastro gira em torno de 15 cm.
 Propriedade e importância do sublastro:
Pelas suas características granulométricas e físicas, o sublastro contribui com as seguintes propriedades:
a) aumento da capacidade de suporte da plataforma, com incremento da tensão admissível da superfície do
leito, sob a capa inferior do lastro. Em decorrência, torna-se possível o dimensionamento de uma menor
altura de lastro para uma mesma solicitação de carregamento, o que permite grande economia já que o
lastro tem um valor agregado muito superior ao sublastro;
b) a maior resistência evita a penetração do lastro no solo e a contaminação do lastro por material fino
decorrente do leito.
c) a maior impermeabilidade do sublastro, em relação ao solo, melhora a drenagem, evitando a erosão e a
penetração da água no solo;
d) somente a melhor drenagem, decorrente da impermeabilidade do sublastro, já justifica a inclusão deste
componente na estrutura da via. (um solo “sem água” mantém a capacidade de suporte);
e) permite uma relativa elasticidade ao apoio do lastro.

 Tensão admissível: A tensão admissível de um solo pode ser calculada pela fórmula de Heukelom e

Klomp, conforme: e Ed = 30,03 . CBR

adm = tensão admissível solo após N ciclos de carga; Ed = módulo de elasticidade do solo;
N = número de ciclos do carregamento = 2 . 10 ; 6
CBR = California bearing ratio;

NOTA: Na EFVM, durante as obras de duplicação e retificação, foram praticados valores de CBR=12 na
terraplanagem. Em decorrência, a tensão admissível na plataforma girou em torno de 0,4 kg/cm 2.

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