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naturais-estao-sendo-utilizados-5134.html

IstoÉ 2041 17/12/2008:

A energia da natureza. Como os recursos


naturais estão sendo utilizados
Foto: Luciano Dias

IstoÉ: A energia da natureza

Durante décadas, o uso da energia renovável era uma ótima idéia que
parecia pertencer a um futuro muito distante. A boa notícia é que esse
sonho já virou realidade no mundo todo.

Em São Paulo, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)


colocará nas ruas da capital paulista o primeiro ônibus movido a hidrogênio
do País, em março do ano que vem. O veículo faz parte de um projeto de
R$ 38,5 milhões, que inclui a montagem de mais três. "Em dez anos,
teremos uma frota mista", diz José Ignácio Sequeira de Almeida, presidente
da EMTU.

No continente europeu, Portugal inaugurou em setembro o Parque de


Ondas de Aguçadouro, em Povoa de Varzim. É a primeira estação de força
maremotriz - que usa a energia das ondas do mar - para consumo comercial
do mundo, num investimento de US$ 12,5 milhões. Nos Estados Unidos,
no mês passado, as cidades de São Francisco, Oakland e San Jose, na
Califórnia, anunciaram investimentos de US$ 1 bilhão para que os carros
elétricos sejam maioria na frota até 2012. Tel-Aviv, em Israel, espera
colocar nas ruas centenas de veículos movidos a eletricidade já em 2009.
Para funcionar, postos de recarga elétrica estão sendo construídos - neles, o
dono do carro recarrega o veículo por um sistema simples de fio e tomada.
A preocupação com meios de transporte sustentáveis não se restringe aos
elétricos. O Solartaxi, o primeiro veículo solar que viajou ao redor do
mundo, chegou em 4 de dezembro à Polônia, onde foi realizada uma
conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a mudança
climática. O veículo percorreu, a partir de Lucerna (Suíça), 52 mil
quilômetros e 38 países durante mais de um ano para chamar a atenção
sobre os perigos do aquecimento global. "A iniciativa deveria reavivar a
esperança e o entusiasmo pela vida, ser um exemplo para resistir à
resignação e promover a reflexão sobre o futuro de nosso planeta", afirma o
professor suíço Louis Palmer, criador do Solartaxi.

Exemplo brasileiro

Em maior ou menor grau, todos os países estão desenvolvendo projetos


com alternativas limpas - as energias renováveis e os biocombustíveis (leia
quadro nas págs. 84 e 85). A média mundial de uso de energia renovável é
de 13%. No Brasil, essa porcentagem chega a 46% - o que faz do País um
exemplo para o planeta. Em seu discurso na abertura do encontro da ONU
sobre mudanças climáticas em Poznan, na Polônia, na quinta-feira 11, o
secretário- geral da entidade, Ban Kimoon, citou o País como exemplo a
ser seguido. "O Brasil construiu uma das economias mais verdes do
mundo, criando milhões de empregos neste processo", disse. Belo
Horizonte, em Minas Gerais, por exemplo, é referência mundial quando se
trata de conscientização ambiental. Cerca de mil prédios, entre residências,
hotéis e hospitais, utilizam a energia solar para aquecer a água. Leis na
cidade de São Paulo e no Estado do Rio de Janeiro também determinam
que as construtoras criem mecanismos para aproveitar a luz solar e usem
materiais sustentáveis nas novas edificações.

O mundo resolveu investir na energia verde não por modismo, mas por
necessidade. O século XX foi dos combustíveis fósseis, como petróleo e
carvão, mas essas são fontes de energia finitas. Levando em conta o que se
conhece hoje, a previsão é de que a reserva mundial de petróleo seja
suficiente para mais 40 anos. Além disso, são energias poluentes. "Elas têm
como conseqüência as emissões de gases que causam o aquecimento
global", diz o engenheiro Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu pelo
Consumo Consciente. Por isso, o século XXI será das energias limpas.

Uma das iniciativas mais ambiciosas em andamento no mundo é a Lei do


Clima, de Londres (Inglaterra), divulgada no mês passado. A prefeitura
local anunciou que pretende reduzir as emissões de carbono em 60% até
2025, estimular o uso de energia eólica e solar em edifícios públicos,
empresas e residências, além de colocar nas ruas dez mil carros elétricos,
com emissão zero de carbono. O exemplo londrino é apenas uma parte do
que o Reino Unido vem chamando de Green New Deal, uma versão verde
do New Deal - programa econômico que tirou os Estados Unidos da
Grande Depressão na década de 1930. A idéia é que, em 2050, 80% dos
gases responsáveis pelo aquecimento global liberados por combustíveis
fósseis no transporte e na geração de energia elétrica sejam eliminados. Ao
mesmo tempo, espera-se criar milhares de empregos nesta nova economia,
num momento de crise financeira mundial.

A Alemanha foi quem primeiro percebeu a oportunidade que unia meio


ambiente e economia. Lá o governo concede incentivos fiscais às pessoas
que instalam energia solar em casa. O país também é referência em usinas
de painéis solares e responde por um enorme programa de energia eólica. O
economista indiano Pavan Sukhdev, do Deutsche Bank, autor de um
respeitado estudo sobre ecossistemas, garante que milhares de empregos
podem ser criados na esteira da onda ecológica. "Não há dúvida de que as
indústrias tradicionais, como as de aço ou automóvel, não conseguem mais
prover empregos suficientes", afirma.

Espera-se que 300 mil novas vagas de trabalho sejam abertas, movidas por
este segmento na Alemanha.

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