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Delacaéo Premiada e Confissao: Filtros Constitucionais e Adequacao Sistematica’ Salo de Carvalho™* Camile Eltz de Lima*** 1. Introdugaéo OL. O artigo intenta realizar andlise dos institutos da confisséo e da delagéo premiada no ambito do direito penal constitucional, a partir da idéia de filtragem constitucional e da necessidade dogmatica de harmo- nizacao sistematica. A idéia é transvalorar as discussées sobre a reprovabilidade do ins- tituto da delacdo desde o ponto de vista ético, bem como sua discutivel constitucionalidade, Importante frisar, porém, que estes diagndsticos constituem premissas para o trabalho. Incorporada no ordenamento patrio a partir de 1990, a delacao infiltrou-se nas praticas persecutorias. Assim, cabe a critica nao ape- nas apontar as falhas constitucionais e éticas, no plano tedrico, mas, em face da producio de efeitos na realidade judicidria, aprofundar sua tensdo com institutos correlatos, procurando, enquanto nao for pro- posta sua inconstitucionalidade - se algum dia o for —, reduzir ao maximo os danos provocados aos direitos ¢ as garantias individuais. Ademais, em face da vigéncia de inimeros estatutos que versam sobre tema, fundamental estabelecer rigidos critérios para a sua validagao € 0 seu controle. A releitura da delacao implica redefinir o instituto da confissao, na tentativa de harmonizar minimamente o sistema constitucional de direi- to penal vigente. © presente artigo resultado de pesquisa realizada no Mestrado em Ciéncias Criminais da Pontificia Universidade Catélica do Rio Grande do Sul, que resultou em Dissertacao defen- dida pela autora, orientada pelo co-autor, no primeiro semestre de 2008. Advogado. Professor Titular de Direito Penal (Graduacio) e Criminologia (Mestrado) da PUCRS. Advogada. Especialista e Mestre em i@ncias Criminais pela PUCRS. Salo de Carvalho e Camile Eltz de Lima 2. A Incorporacao do Instituto no Direito Brasileiro 02. A incorporagao da delac&o premiada no ordenamento patrio ocor- reu em 1990, com 0 advento da Lei dos Crimes Hediondos (Lei n® 8.072). O colaboracionismo processual foi dirigido fundamentalmente a ati- vidade de persecugao dos crimes realizados por organizacées crimino- sas, por mais dificeis que sejam a conceituagio teérica e a identificacdo empirica deste fendmeno. Apesar disso, a Legislagio penal estabeleceu significativos incentivos aos delatores: substituigao, reduc3o e/ou isencaio de pena; e estabelecimento de regime penitenciario menos gravoso. As vantagens em matéria penal da colaboragao podem ser verificadas nas legislagdes posteriores que igualmente incorporaram o instituto: Lei n® 9.034/95; Lei n° 7.492/86; Lei n® 8.137/90; Lei n® 9.613/98; Lei n° 9.807/99 e Lei n® 11.343/06, 03. Importa salientar que a delagao —cuja indefinigao conceitual per- siste apesar da publicagao das referidas Leis extravagantes ~ conduz a aiteragSes relevantes nao apenas em sede penal, mas, com igual forga, na area processual penal, pois concebida como meio de prova relevante na investigagao e no processamento de crimes praticados por organizagdes delitivas. Contudo, ao estudo proposto, interessara s suas implicagdes penais, mormente sua andlise sistematica com o institu- to andlogo da confissao. 3. Estrutura Penal da Confissio _ _ 04. Confessar significa admitir a autoria ou a participacao em crime. Eo ato pelo qual o imputado opta por declarar-se autor/participe do deli- to, assumindo a responsabilidade pelo ato. A confissao reveste-se de caracteristica particular em relagao a dela- S40, pois a declaragao do agente nao implica terceiros, ou seja, gera efei- tos juridicos apenas aquele que a realiza. Conforme Malatesta, é “o teste- munho em desvantagem propria” 3 Carrara sustenta que a confissao do réu “é qualquer afirmagao por ele emitida em prejuizo proprio” 4 As implicagées da confissdo no direito penal contemporaneo, poste- rior a viragem constitucionalista ocorrida no século XX, so sui generis. 1 QUENO, O Direito de Nido Produzir Prova Contra Si Mesmo, p. 211 2 SANTOS, Direito Penal, p. 587. 3 MALATESTA, A Logica das Provas em Matéria Criminal, p. 153. 1 CARRARA, Programa do Curso de Direito Criminal, p. 431 240 Delagao Premiada e Confissao: Filtros Constitucionais e Adequacéo Sistematica Em sendo licito permanecer em siléncio e nao produzir prova contra mesmo (nemo tenetur se detegere), ¢ sendo impossivel a valoragao negativa destas omissdes, 0 imputado atribui a si a responsabilidade penal pelo fato, aderindo a acusacao proposta e ratificando-a. 05. O Codigo Penal vincula a legitimidade da confissdo & esponta- neidade (art. 63, III, ‘d’). Assim, opera como atenuante obrigatoria da pena judicialmente imposta “ter o agente confessudo espontaneamente, peran- te a autoridade, a autoria do crime”. Por confissio espontanea entende-se o ato realizado através da livre vontade do agente, sem ser provocada, “arrancada pela insidia ou pela violéncia”.3 René Dotti refere que “na acepcio comum, espontineo significa algo que alguém faz por si mesmo, sem ser incita- do ou constrangido por outrem”§ 06. Fm relagio ao momento, a confissio pode ocorrer a qualquer tempo, inclusive em segundo grau de jurisdicdo, como sustenta René Dotti: “a atenuante consistente na confissdo espontdnea do réu deve ser reconhe- cida, ainda que subsegiiente i edigiio da sentenca, sendo irrelevante o fato de 0 agente ter confessado unicamente para obter, em 2" Instincia, reducdo de pena imposta”.7 Comumente é realizada perante a autoridade competente para pro- cessar e julgar 0 feito, no ato de interrogatério - “a fonte por exceléncia da confissao é 0 interrogatério”.8 Assim, necessario que todas as formalidades sejam observadas pelo julgador na solenidade, mormente para néo macu- lar a caracteristica primeira da confissao (espontaneidade), evitando, por- tanto, 0 sugestionamento e os demais ardis préprios da cultura inquisi va do processo penal brasileiro. 07. Fm sendo reconhecida pelo julgador, deverd, por conseqiiéncia, operar como causa atenuante da sangao ~ “Ia confesién es un motivo funda- mental de atenuacién de la pena" ~, pois prevista como obrigatéria na legis lagao patria. Eno confronto com as demais circunsténcias atenuantes previstas no art. 65 do Cédigo Penal, junto com a menoridade relativa, a confissao atin- ge status de preponderancia, “de primeira grandeza, devendo ser avatiada como atenuante maxima e, no concurso com as agravantes, prevalecer sobre elas” 10 MALATESTA, A Logica... p. 175, DOTTI A Atenwante da Confissio, p. 356. DOTTY, A Atenuante..., pp. 362-363. MARQUES, Elementos de Direito Processual Penal, p. 329. ROXIN, Derecho Procesal Penal, p. 101 (0 DELMANTO, Cédigo Penal Comentado, p. 218. meesien 241 Salo de Carvatho e Camile Eltz de Lima 4. Estrutura Penal da Delacéo 08. A delacdo ocorre quando © sujeito investigado ou processado imputa responsabilidade de crime(s) a terceiros. A doutrina divide-se em relagdo a necessidade da confissao como pressuposto da delagdo. Gomes e Cervini entendem como sendo condi- cdo da delacao, ou do “chamamento de co-réu", que o réu acusador confes- se a autoria do fato ou do crime imputado, ou seja, implica, antes da atri- buicao da responsabilidade a terceiro, a confissao — “ocorre a chamada ‘delagio premiada’ quando 0 acusado néo s6 confessa sua participagio no delito imputado (isto é, admite sua responsabilidade), sendo também ‘delata’ (incrimi- na) outro ou outros participantes do mesmo fato, contribuindo para o esclareci- mento de outro ou outros crimes e sua autoria” 11 Em sentido oposto, Dotti entende como suficiente a atribuigao a ter- ceiro, sem, necessariamente, implicar a si mesmo: “o sujeito, admitindo ou negando a responsabilidade (parcial ou total) pelo evento, aponta outra pessoa como autor, co-autor ou participe."12 09. A ambigiiidade conceitual e a reprovabilidade ética do instituto vém merecendo importantes criticas da doutrina, sobretudo pela opsao da eficiéncia punitiva em detrimento dos direitos e das garantias consti- tucionalmente previstos. Trata-se, segundo Dotti,“(...) de wma clausula de beneficio inspirada pelo pragmatismo (em relagio ao Estado) e de oportunismo (quanto ao autor)” 33 O instituto revela a inaptidao e o despreparo das agéncias repressi- vas no que tange a inteligéncia na investigacao criminal. Gamil Féppel Hireche assinala que “(...) em assim procedendo, confessou o Legistador a inca- pacidade absoluta de a Policia, 0 Ministério Ptiblico, a Magistratura, de o Poder, enfim, lutar contra o ‘crime organizado’. Este ser, de questiondvel existéncia, estaria a impor uma dura derrota ao Poder oficial. Para combater o crime, 0 Estado junta-se ao criminoso, alia-se a ele, contando com sua colaboragéio” 14 10. O acordo de delacao é contrato firmado entre as partes (réu/inves- tigado e acusacao), estabelecendo direitos e obrigagdes a cumprir ao longo da persecucao. O imputado, renunciando o direito ao siléncio, presta 0 maior ntimero possivel de informagdes que proporcionem ao 1. GOMES & CERVINI, Crime Organizado, pp. 131-132, 12 DOTTL A Atenuante.., p. 359. 13. DOTTL A Atenuante..., p. 363. 14 HIRECHE, Anilise Crininolégica das Organizagies Criminosas, p. 115, 242, Delagio Premiada ¢ Confissio: Filtros Constitucionais e Adequagio Sistematica acusador (a) o desmantelamento da organizacgao, da quadrilha ou do bando; (b) a localizacao de bens, direitos ou valores objetos ou frutos do crime; (0) a localizag3o da vitima; (d) o esclarecimento de infracdes penais praticadas e as respectivas autorias. Sao fixadas vantagens que o delator obtera em troca das informagdes, que abrangem possibilidades de (a) fixagdo de regime menos gravoso para cumprimento da pena; (b) substi- tuigdo da priso por pena restritiva de direitos; (c) redugao da pena apli- cada e/ou (a) perdao judicial. O magistrado, na qualidade de terceiro, nao participa do acordo — ao menos nao deveria participar para nao retirar a qualidade fundamental da imparcialidade judicial no proceso penal -, apenas homologa ou invalida © pacto realizado em desacordo com os principios constitucio- nais e as regras processuais. Interessante observar que os pactos de delacao premiada ocorrem sob 0 amparo do sigilo ~ (...) ao arrepio da determinagdo dos artigos 5°, LIV e LV, 93, IX, e 133, da CR” —, e “a publicidade do acordo o invalidard (impedindo até mesmo 0 Juiz de o divulgar!)".15 11. A delacao, diferente da confissao que normalmente acontece no interrogatorio, freqiientemente ocorre na fase policial. Nada obsta, porém, que ocorra no momento judicializado. E estimulada na primeira fase da persecugao como forma de possibilitar 0 abreviamento do traba- lho policial e o fortalecimento da denuncia. Intenta-se, segundo Geraldo Prado, “(...) substituir a investigagao objetiva dos fatos pela acao direta sobre 0 suspeito, visando torné-lo colaborador e, pois, fonte de prova” 16 A tendéncia, portanto, é a de que ocorra antes da acusag3o formal (denuncia), principalmente porque regida pela légica da eficdcia. Logo, quanto maior e mais produtiva a revelagio de dados maior 0 prémio ao colaborador. Ainda sobre a questao temporal, importante registrar que se encon- tra em tramite o Projeto de Lei n° 7.228/2006, que visa alterar a Lei n° 9.807/99, para permitir a reducdo da pena aos réus condenados que opta- rem por realizar depoimentos que possibilitem desestabilizar organiza- ges criminosas, identificar crimes e seus autores e/ou recuperar ativos provenientes de delitos.17 15 COUTINHO, & CARVALHO, Acordos de Delacio Premiada ¢ 0 Contetdo Etico Minirao do Estade, pp. 307-310. 16 PRADO, Da Delagio Premiada, p. 10 7 Segundo ementa: “Altera a Lei n® 9.807, de 13 de julho de 1999, para estender 0 benefcio da reducio de ena aos conenados presos que colaborarem coma qualquer investigagdo policial ox proceso criminal.” 243 Salo de Carvalho e Camile Eltz. de Lima 12. Por fim, no que diz respeito 4 voluntariedade do ato, entende-se que deve estar em sintonia com as exigéncias legais impostas a confissao. Apesar de inexistir uniformidade sobre a necessidade ou nao de 0 ato ser voluntario, nos principais estatutos que tratam do tema (Lei contra o Crime Organizado, Lei dos Crimes contra 0 Sistema Financeiro Nacional, Lei dos Crimes contra a Ordem Tributdria e Econédmica e Lei de Lavagem de Capitais), ha previsdo da espontaneidade, motivo pelo qual pode ser entendido como pressuposto de validade. Em relagao a voluntariedade, o entendimento prevalente é 0 de que a omissao legislativa abre espaco para que a declarac&o seja sugestiona- da: “no ato voluntario ndo se exige que a idéia de praticé-lo seja do proprio agen- te (isto & mesmo que ele tenha ouvido conselhos atheios, acaba por praticar ato voluntario, embora néo espontiineo).’18 5. Efeitos Penais da Delacao na Legislacdo Extravagante: Panorama Normativo 13, Validada como prova no processo, a delacao importara na con- cessio do prémio ao réu. Em face de o Cédigo Penal silenciar sobre a natureza do instituto (atenuante, minorante ou causa de extingéo de punibilidade), os efeitos dependerao da Lei especifica que regula 0 caso penal A falta de sistematicidade imposta pela auséncia de técnica legislati- va impée sejam analisadas separadamente as Leis que prevéem a dela- cdo, de forma a proporcionar maior compreensao e extensio do instituto. 14. A Lei dos Crimes Hediondos (Lei n° 8.072/90) previu duas hipd- teses de delagio premiada. A primeira, do art. 72, acrescentou paragrafo ao art. 159 do Codigo Penal (que trata do crime de extorséo mediante seqiiestro). Apés nova alteracao pela Lei n® 9.269/96, prevé: “§ 4" seo crime é cometido em concurso, 0 concorrente que denunciar @ autoridade, facilitando a libertagao do seqilestrado, tera sua pena reduzida de um a dois tercos.” Nesse caso, pretende-se a facilitagao da libertacao do seqiiestrado: “a delacdo premiada pode ser reconhecida em face de mero concurso de pessoas, desde que um dos concorrentes informe @ autoridade a ocorréncia tfpica e, dese modo, torne mais facil a liberacao do seqiiestrado.’”19 18 GOMES & CERVINI, Crime... p. 135. 19 FRANCO, Crimes Hediondos, p. 248. 244 Delagao Premiada e Confissao: Filtros Constitucionais e Adequagio Sistematica Trata-se, pois, de causa especial de diminuigdo de pena (minorante), incidente na terceira fase de aplicac3o judicial (pena definitiva), na qual "(...) 0 critério redutor de pena (diminuigéo entre um e dois tercos) deve ser levado em linha de conta o maior ou menor tempo, em face da delagéio, para efeito da liber- tacit do seqitestrado. Se a deniincia a autoridade demorou a ser efetuada de sorte que o seqilestro se prorrogou temporalmente, em relagio & data em que teve inicio, 0 prémio pela delagto deve ser menor porque o objetivo fundamental da reducio da penn é 0 da obtenciio, o mais rapidamente possivel, da liberdade do seqitestrado” 20 A segunda hipétese, prevista no pardgrafo tinico do art. 8%, que alte- ra a pena do crime de quadrilha ou bando (art. 288, Cédigo Penal), esta- beleceu que “o participante e 0 associado que denunciar @ autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, teré a pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tergos)”. 15. Dispoe a Lei contra o Crime Organizado (Lei n° 9.034/95), em seu art. 6°, que “nos crimes praticados em organizagio criminosa, a pena serd redu- ida de um a dois tercos, quando a colaboragao espontinea do agente levar ao esclarecimento de infragées penais e sua autoria”. Como refere Luiz Flavio Gomes, a expressio ‘colaboracao espontanea’ “estd emt sentido abrangente: é qualquer pessoa que tenha tomado parte da organizagio criminosa e que depois esteja disposto a contribuir para a eficacia do sistema penal”. Por conseguinte, para incidéncia da minorante é necessario que a colaboragao esclareca os ilicitos praticados e os membros da organizagao, ou seja, “identificar ou esclarecer uma infragio significa reve- lar sua existéncia no tempo e espaco, bem como apontar as pessoas (autoria) que dela tomaram parte. E preciso um dano efetivo ao grupo criminoso” 21 16. A Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei n® 7.492/86) foi alterada pela Lei n® 9.080/95, a qual acresceu novo paragrafo ao art. 25, de forma a contemplar a delagdo premiada ~ “§ 2" nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadritha ou co-autoria, 0 co-autor ou partici- pe que através da confissao espontdnea revelar & autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, tera a sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tercos)” O termo confissao, utilizado de modo impréprio pelo Legislador, contempla hipétese de chamamento de co-réu nos crimes financeiros, fixando igualmente causa especial de diminuigao da pena. 17, Na Lei dos Crimes contra a Ordem Tributaria e Econémica (Lei n® 8.137/90), foi acrescentado, pela Lei n° 9.080/95, paragrafo ao art. 16, 0 20 FRANCO, Crimes..., p. 253, 21 GOMES, & CERVINI, Crime... p. 135, Salo de Carvalho e Camile Eltz de Lima que prevé que “nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co- autoria, 0 co-autor ou participe que através da confissiio espontinea revelar a autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, tera a sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tergos).” Como referido no item anterior a denominacao imprépria de confis- sao positivou, em realidade, a delacao, estabelecendo como prémio a diminuigSo da pena definitiva. 18. A Lei de Lavagem de Capitais (Lei n® 9.613/98) elenca hipotese de delacao cujo beneficio nao se restringe apenas & reducao da sancdo, crian- do, de forma inédita, causa de extingdo da punibilidade, regra propria de execucao ¢ substituigao da pena privativa de liberdade por restritiva de direito. Segundo o art. 1°, § 5°, “a pena serd reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois ter- ¢08) e comecard a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de apli- ca-la ou substitui-la por pena restritiva de direitos, se 0 autor, co-autor ou parti- cipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam @ apuragao das infragdes penais e de sua autoria ou @ localizagao dos bens, direitos ou valores objeto do crime”. De acordo com o disposto, se efetiva a colaboracao, obrigatéria a redugao da pena e a fixagao de regime aberto, independentemente da quantidade de san¢ao judicialmente aplicada. Ademais, “supletivamente, 0 legislador conferiu ao juiz uma dupla possibilidade: a) deixar de aplicar a pena (perdéo judicial) ou substitui-la por restritiva de direitos (CP, art. 43) (...). Sea colaboracao for inteira e rapidamente eficaz, de tal modo a nao s6 permitir a des- coberta de outras infracdes como também da autoria bem como a localizacéo de bens, nesse caso, segundo nosso juizo, seria adequado até mesmo 0 perdao judi- cial (ndo se esquecendo, no entanto, da possibilidade intermediéria de fixagao de pena restritiva de direitos), Nesta siltima possibilidade (pena restritioa), ja no importaré qual é a quantidade da pena final fixada (e nesse ponto estito derroga- dos, somente em relacao aos crimes de lavagem, os limites do art. 43 do CP).22 19. A Lei de Protegéo a Vitimas e Testemunhas (Lei n® 9.807/99), seguindo a extensdo possibilitada pela Lei de Lavagem de Capitais, atri- buiu a delagao a potencialidade de extingao da punibilidade. Segundo 0 art. 13, “podertio juiz, de oficio ou a requerimento das partes, conceder o perdio judicial e a consegiiente extingdo da punibilidade ao acusado «que, sendo primario, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investiga- ¢00 ¢ 0 processo criminal, desde que dessa colaboragao tenha resultado: I - a iden- 22 GOMES, Lei de Lavagem de Capitals, pp. 345-346 246 Delacdo Premiada e Contissio: Filtros Constitucionais e Adequagao Sistematica tificagdo dos demais co-autores ou participes da aco criminosa; II ~ a localizagao da vitima com a sua integridade fisica preservada; III — a recuperagdo total ou parcial do produto do crime. Pardgrafo tinico. A concessio do perdéio judicial levard em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunsténcias, gra- vidade e repercussio social do fato criminoso.” O art. 14 estabelece que “o indiciado ou acusado que colaborar volunta- riamente com a investigacio policial eo processo criminal na identificagdo dos demais co-autores ou participes do crime, na localizagao da vitima com vida e na recuperacito total ou parcial do produto do crime, no caso de condenagao, tera a pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tergos)”. O novo estatuto permite que a delagao possa ser aplicada a qualquer espécie de crime, pois nao é taxativa e limitativa a determinados tipos penais, Ganha, portanto, inclusive em face das regras de aplicagao da lei penal no tempo, sentido unificador do instituto, visto contemplar a maio- ria das hipéteses de vantagens auferidas ao delator. Contudo, apesar de nao prever o regime inicial e a substitui¢ao da pena por restritiva de direi- tos, as regras de interpretacao sistematica permitem a harmonizagao dos beneficios legais, como sera proposto nas consideracées finais do trabalho. 20. As dtividas doutrinérias e jurisprudenciais quanto a aplicabilida- de do instituto na Lei n° 9.807/99 sao referentes a necessidade de verifica- ¢&o alternada ou cumulada dos resultados da colaboracao. Do que se per- cebe, a tendéncia uniformizadora é projetar os efeitos na graduacao da pena. Assim, deverd 0 juiz aumentar ou diminuir as vantagens legais con- forme a maior ou menor eficdcia da participagao investigativa do impu- tado. Desta forma, se nao concedido 0 perdao, por forga de colaboracao nao muito eficaz, pode o agente ter a pena reduzida. Consoante sustenta Fauzi Choukr, “dir-se-d que existem limites outre que nao o da matéria tratada, quando da leitura do art. 14, ao beneficiar que 0 indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigacio policial € 0 processo criminal na identificacio dos demais co-autores ou participes do crime, na localizacio da vitima com vida e na recuperacéo total ou parcial do pro- duto do crime. Tal norma, se lida fora de um contexto, deixaria de lado, por exem- plo, a colaboragao no combate ao tréfico ilicito de entorpecentes, pois via de regra ndo ha vitima ou produto de crime a ser recuperado. Isto implica a necessidade de leitura segmentada do art, 14, nao acumulando requisitos com a conjugagio adi- toa entre as alineas, donde se pode ter a colaboraciio apenas no caso em que o auxilio prestado venha para a identificagao dos demais co-autores ou participes. E é exatamente por isto que o direito penal material se abre num leque quase abso: luto, néio se podendo deixar de lado, ao menos em tese, seu emprego até mesmo 247 Salo de Carvalho e Camile Eltz de Lima nos crimes culposos, onde a co-autoria ou participacho, ainda que com algumas reseroas, sao aceitas.”23 21. A revogada Lei n® 10.409/02, que versava sobre 0 procedimento nos crimes envolvendo entorpecentes, previa ao co-réu delator: (a) o sobrestamento do processo ou a reducao de pena nos casos em que hou- vesse a revelagio da organiza¢ao criminosa ou a apreensio do produto, da substancia ou da droga ilicita, ou, ainda, quando 0 agente houvesse contribuido para os interesses da Justia, ¢ (b) 0 perdao judicial ou a reducao da pena caso fossem revelados os integrantes da quadrilha ou localizacéo do produto, substancia ou droga ilicita apés 0 oferecimento da dentincia (art. 32, § 2° e § 3°). Com a publicagao da nova Lei de Drogas (Lei n® 11.343/06), houve a revogagao dos dispositivos, sendo prevista a seguinte hipdtese: “o indicia- do ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigagio policial e o pro~ cesso criminal na identificagio dos demais co-autores ou participes do crime e na recuperagio total ou parcial do produto do crime, no caso de condenacio, tera pena reduzida de 1/3 (um terco) a 2/3 (dois tercos)” (art. 41). Nao obstante tenha a nova Lei de Drogas reduzido a qualidade dos efeitos, nao havendo mais possibilidade de sobrestamento do processo oua concessao do perdao judicial, o incentivo & delacdo permanece incor- porado na légica do sistema de repressao as drogas em particular, e ao crime organizado em geral 6. Sistematizagao da Matéria: Critérios de Aplicagao e Efeitos Necessarios 22. O tratamento assistematico do tema exige da doutrina processo dogmatico de harmonizagao da matéria. Como visto, a Lei de Protegdo a Vitimas e Testemunhas é o estatuto que melhor sistematizou a delacao, estabelecendo critérios de aplicacao e definindo grande parte dos efeitos que pode produzir. Ademais, por ser 0 estatuto mais abrangente em ter- mos de ampliacao das hipoteses de aplicabilidade, n3o restringindo espé- cies de crime, e sendo temporalmente mais recente, deve ser a legislacao de referéncia para sistematizagao do instituto. Desta forma, o primeiro efeito é o de nao haver, na lei penal brasilei- ra, limitaco da aplicagio da delagao a tipos penais especificos. Apds 0 advento da Lei n® 9.807/99, tornou-se universal e irrestrita. 23. CHOUKR, Temas de Direito ¢ Processo Penal, pp. 146-147. 248 Delagio Premiada e Confissao: Filtros Constitucionais e Adequagao Sistematica Ademais, seguindo a estrutura do estatuto, em leitura conjugada com a Lei n° 9.613/98, havendo colaboragao efetiva e voluntdria com a investigagdo e/ou 0 processo criminal, tem o delator o direito, alternativa- mente, (a) & minimizagao da pena (minorante), (b) a fixagéo de regime aberto; (c) 4 substitui¢éo da pena de prisao por restritiva de direitos; ou (d) ao perdao judicial. Os critérios de fixacdo da extensdo do direito sao correspondentes ao grau de colaboragdo, compreendendo esta circunstancia com a possibili- dade real e concreta de (a) identificagéo dos demais co-autores ou parti- cipes; (b) auxilio na compreensao dos fatos delitivos; (c) localizagéo da vitima com a sua integridade fisica preservada; e/ou (d) recuperagao total ou parcial do produto do crime. Outrossim, os dispositivos legais que prevéem a delacao premiada, por estabelecer situacéo benéfica ao agente, tém aplicacao retroativa, con- forme 0 art. 5°, inciso XL, CR/88 e art. 28, pardgrafo tinico, Cédigo Penal. 7. Consideragées Finais: da Aplicagao dos Efeitos Penais da Delagao a Confissao 23. A criminologia e a dogmatica penal criticas identificaram, desde o final da década de 80, que o direito penal classico, de matriz liberal e iluminista e de base garantista, vém perdendo significativo espago por forca da fluidez do punitivismo emergencial. O direito penal e o direito processual penal do século XXI vém mareados pelo discurso de excegao, em que a necessidade de medidas de urgéncia contra a criminalidade legitimam a fragmentacao dos direitos e das garantias individuais. Conforme lembra Ferrajoli, “la cultura de la emergencia y la practica de la excepcién, incluso antes de las transformaciones legislativas, son responsables de un involucién de nuestro ordenamiento punitivo que se ha expresado en le ree- dicién, con ropas modernizadas, de viejos esquemas substancialistas propios de la tradicién penal premoderna, ademis de en la recepcién en la actividad judicial de técnicas inquisitivas y de métodos de intervencién que son tipicos de la actividad de policia’ 24 Nao por acaso a necessidade de incorporagao da légica premial como fator profilatico a ineficiéncia da burocracia punitiva. Ao demandar auxilio do criminoso, em face do flagrante déficit de inteligéncia na investigacao, é reconhecida a faléncia do poder estatal no 24 FERRAJOLL, Derecho y Razén, p. 807. 249 Salo de Carvalho e Camile Eltz de Lima controle da criminalidade. Por outro lado, como mensagem subliminar, transmite-se a idéia da virtude da traigdo e de sua necessidade e indis- pensabilidade na “guerra santa contemporanea” contra 0 crime e os delingiientes. 24. A reprovagao ética da delagao tornou-se voz corrente na doutri- na comprometida com a efetivacao da Constituicao. Isso porque o dela- tor, diferente do confitente, invariavelmente intenta eximir-se ou minorar sua responsabilidade, atribuindo-a a outrem. Ou seja, amplia a incrimi- naga, atingindo terceiros. Neste aspecto, Munoz Conde adverte que “dar valor probatorio a la declaracién del coimputado en st misma, supone abrir la puerta a la violacién del derecho fundamental ala presuncion de inocencia, y a practicas que pueden con- vertir el proceso penal en una auténtica fuente de chantajes, acuerdos interesados entre algunos acusados y la Policia y el Ministerio Priblico con consiguientes retiradas de la acusacién contra unos para conseguir Ia incriminacién (y conde- na) de otros. Nada bueno para el Estado de Derecho” 25 Nao por outro motivo a necessidade de refundacao ética das rela- GGes pessoais e, sobretudo, das relagdes intermediadas pelo Estado — reserva ética na acepgao de Estado Democratido de Direito -, como é 0 processo penal. E se ética pode ser considerada como “a condigao original e fundante de toda e qualquer atividade humana” 26 necessaria sua referéncia como norte de direito penal nao autoritario. 25. Ocorre que apesar do carater antiético da delagao, e da forte dis- cussdo sobre sua inconstitucionalidade, incorporada ao ordenamento e as praticas repressivas, dificilmente sera excluida do triste cendrio do puni- tivismo atual. Por isso, fundamental encontrar mecanismos de controle, sem que isso importe em legitimacao do instituto, sob pena de o discurso critico restar sempre avesso a realidade e as ofensas aos direitos e as garantias das pessoas vulneraveis a criminalizacao. Portanto, na tentativa de redugao de danos causados pela aplicagao acritica do instituto, importante estabelecer requisitos minimos de admis- sibilidade da delagao premiada, como a necessidade de (a) prescindir confissao; (b) ser confirmada por outras provas; (c) ser publica aos sujei- tos processuais; ¢ (d) ser espontanea e voluntaria. 25 MUNOZ CONDE, La Bissqueda de ia Verdad en el Proceso Penal, p. 88. 26 TIMM DE SOUZA, Sobre a Construgio do Sentido, p. 22. 250 Delagao Premiada e Confissao: Filtros Constitucionais e Adequagio Sistematica Em havendo confirmacao das declaragées incriminatorias prestadas pelo réu-acusador por outras provas no processo penal, a concessio dos prémios dispostos em Lei deve ser obrigatéria, vinculando o Magistrado aos efeitos. 26. No entanto, desde a perspectiva dogmutica de redugio de danos, 0 principal efeito da incorporacao da delacao no ordenamento patrio é 0 redimensionamento da confissao. O pressuposto para a interpretacdo sistematica ¢ a idéntica natureza penal (causa especial de reducao da pena) e processual (meio de prova) dos institutos, Ademais, ambos implicam atribuiggo de imputacao do fato. A diferenca, no entanto, é a de que na confiss4o ocorre auto-imputa- 40, e na delacdo atribuigao, a outrem. O diferencial, em termos éticos, demandaria, inclusive, que os efeitos fo fossem mais benéficos que os da delagio, pois nesta hd assuncio de responsabilidade e naquela isengiio. Delmanto corretamente lembra que confissao, “da maneira como se encontra disciplinada (uma mera circunstincia atenuante que, na opiniéo da jurisprudéncia majoritéria, niio permite a reducio da pena abaixo do minimo) traz, na pratica, nenhum ou quase nenhum beneficio ao acusado”.27 Todavia, se existe a pretensio de manter os compromissos éticos postos na Constituicao, imprescindivel, no minimo, adequagao desse instituto aos efeitos previstos na delacao. 27. Assim, em primeiro plano, fundamental estabelecer, via interpre- tagdo conforme a Constituicao, modificacao no efeito penalégico da confissao, possibilitando seja lida como causa especial de diminuigao de pena, pro- duzindo, em relacao a pena judicialmente aplicada ao confitente, reducdo no quantum de 1/3 a 2/3. A proposta nao apenas encontra respaldo doutrindrio — “seria salutar para o proprio sistema que a confissdo fosse tratada, em eventual e futura refor- mulagao legislativa, como uma causa geral de diminuigao de pena’?8 -, mas jurisprudencial, fato que permite antecipar futura alteragao legal, visto que admissivel dentro dos critérios de filtragem constitucional — “(...) Atenuante da confissio pode baixar a pena aquém do minimo abstratizado: apli cacao analégica do beneficio concedido ao delator” (Apelacao Criminal n° 70000741233, 4° Camara Criminal, Tribunal de Alcada do Rio Grande do Sul, Rel. Amilton Bueno de Carvalho, j. 21/08/96).29 ‘27 DELMANTO, Cédigo Penal Comentado, p. 216. 28 DELMANTO, Cédigo..., p. 216. 29 CARVALHO, Garantismo Penal Aplicado, pp. 67. Salo de Carvalho e Camile Eltz de Lima 28. Em segundo lugar, possivel visualizar, conforme o grau de cola- boragao do confitente em (a) auxiliar na compreensao dos fatos delitivos; (b) localizar a vitima com a sua integridade fisica preservada; e/ou (c) re- cuperar total ou parcialmente o produto do crime, ser possivel estender nao apenas a reducdo da pena como minorante, mas alcancar os efeitos de fixaco de regime aberto independentemente da quantidade de pena aplicada, de substituicéo da pena de prisao por restritiva de direitos ou, inclusive, de concessao do perdao judicial. 29. A premissa que rege as conclusdes expostas é a de que fere o prin- cipio da isonomia a aplicagdo diferenciada de direitos penaldgicos & delagio e i confisséo, sendo institutos de natureza penal e processual penal andlogos. E resta evidente, no caso exposto, que desde os pontos de vista ético e juridico, ser a atitude de auto-responsabilizacio pelo fato criminoso substancial- mente mais virtuosa que aquela do sujeito que, na tentativa de eximir-se das conseqiiéncias do seu ato, atribui delitos a terceiros. Nada mais natu- ral, portanto, que aquela receba tratamento idéntico, e, talvez no futuro, mais vantajoso, como demandaria um sistema penal balizado pela ética. Referéncias Bibliograficas CARRARA, Francesco. Programa do Curso de Direito Criminal: Parte Geral, v. II. Traducdo: José Luiz A. Franceschini e J. R. Prestes Barra. Sao Paulo: Saraiva, 1957. CARVALHO, Amilton Bueno de. Garantismo Penal Aplicado. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. CHOUKR, Fauzi Hassan. Temas de Direito e Processo Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda e CARVALHO, Edward Rocha de. Acordos de Delacio Premiada e 0 Contetido Etico Minimo do Estado. In: SCHMIDT, Andrei Zenkner (coord.). 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