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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO

PROCESSO: 0000592-65.2015.5.14.0402
CLASSE: AGRAVO DE PETIÇÃO
ÓRGÃO JULGADOR: 2ª TURMA
ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE RIO BRANCO - AC
AGRAVANTE: LOGÍSTICA AMBIENTAL COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.
ADVOGADO: ANDRÉ FABIANO SANTOS AGUIAR
AGRAVADA: UNIÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR CARLOS AUGUSTO GOMES LÔBO

AGRAVO DE PETIÇÃO . EXECUÇÃO TRABALHISTA. LIDE NÃO


DERIVADA DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. CABIMENTO. BASE DE CÁLCULO. Tratando-se de lide
não derivada de relação de emprego, os honorários de sucumbência
são regidos pelo CPC. São devidos honorários de advogado em
embargos à execução na forma do art. 85, §1º, do CPC, cuja base de
cálculo deve observar, o valor da condenação, segundo a prioridade
estabelecida no § 2º do mesmo dispositivo legal.

1 RELATÓRIO

Insurge-se a agravante contra decisão proferida pelo juiz do trabalho DOROTHEO BARBOSA
NETO, titular da 2ª Vara do Trabalho de Rio Branco, que indeferiu a condenação em seu favor de honorários
advocatícios sucumbenciais em sentença, que julgou improcedentes os embargos à execução propostos pela
agravada União, sob o fundamento de não serem aplicáveis ao processo trabalhista.

Argumenta que:

Em relação ao primeiro argumento, de que somente são devidos honorários


advocatícios de sucumbência em ações propostas a partir da vigência da Lei
13.467/2017, sem razão o Juízo. A presente ação não discute relação de emprego.

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Trata-se de ação anulatória de autos de infração. Tanto é verdade que, na fase de


conhecimento, houve condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios
de sucumbência, mesmo a ação tendo sido ajuizada no dia 31/07/2015, ou seja, muito
antes da reforma trabalhista.

Dessa forma, superado o primeiro argumento utilizado pelo Juízo de origem para
indeferir o pedido de honorários advocatícios de sucumbência.

Em relação ao segundo argumento utilizado na sentença, qual seja, de que os


honorários advocatícios de sucumbência são incompatíveis com o ordenamento
jurídico laboral, uma vez que o artigo 791-A, da CLT, não traz de forma expressa a
previsão de condenação a honorários advocatícios de sucumbência na fase de
execução, tratando-se, segundo o Juízo recorrido, de silêncio eloquente do legislado,
mais uma vez, com todo o respeito, se equivoca o Juízo recorrido.

Contraminuta pela União pugnando pelo improvimento do agravo de petição, com a rejeição do
pleito de condenação da executada em honorários advocatícios, nos termos da IN 41\18, TST e, caso sejam
fixados honorários advocatícios estes devem ter como base de cálculo R$1.137,29 que fora o valor tido como
excesso de execução por ocasião da interposição dos embargos à execução.

2 FUNDAMENTOS

2.1 Admissibilidade

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo.

2.2 Mérito

O mérito consiste em saber se são ou não cabíveis honorários de sucumbência nos embargos à
execução no caso concreto.

O juiz sentenciante indeferiu a pretensão com os seguintes argumentos:

Quanto aos honorários advocatícios pleiteados pela reclamada Logística Ambiental -


Comercio e Serviços Ltda. - ME, o pedido não merece prosperar.

Primeiramente porque o colendo TST sedimentou entendimento, em sua IN 41/2018,


no sentido de que tal modalidade de honorários somente é cabível em ações propostas
após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017), o que não se verifica nos
presentes autos.

Ademais, embora o moderno processo civil admita honorários sucumbenciais em fase


de execução, tal regramento é incompatível com o ordenamento juslaboral, na medida
em que o artigo 791-A da CLT aceita honorários sucumbenciais somente "sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa".

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Trata-se de silêncio eloquente do legislador trabalhista, o qual afastou qualquer


previsão legal que autorize pagamento de honorários arbitrados em fase de execução.

O primeiro argumento do sentenciante é o de que a ação foi proposta antes da vigência da Lei n.
13.467/2017, não aplicando, portanto, a regra da sucumbência prevista no art. 791-A da CLT.

Com a devida vênia, a hipótese do feito é diversa.

A presente ação não versa sobre relação de emprego, motivo por que a verba honorária já era devida
desde o processo de conhecimento segundo as normas do CPC, a teor do inciso IV da Súmula 219 do TST,
"in verbis":

SUM-219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO (alterada aredação do


item I e acrescidos os itens IV a VI em decorrência do CPC de2015) - Res. 204/2016,
DEJT divulgado em 17, 18 e 21.03.2016

IV - Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego, a


responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da sucumbência
submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts.85, 86, 87 e 90)

Assim, por força do § 1º do CPC, devidos honorários de sucumbência na ação incidental de


embargos à execução, como infiro, "verbis":

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de


sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente.

Ainda que assim não fosse, os embargos à execução foram interpostos em 10-7-2018, portanto, já na
vigência da Lei n. 13.467/2017.

Além disso, ao contrário do juiz "a quo", entendo que devem ser aplicadas subsidiariamente as
normas do CPC relativas aos honorários de advogado.

Em artigo doutrinário densamente fundamentado, analisando aspectos históricos e teleológicos da


questão da verba honorária no processo trabalhista, afirma Raphael Mizhiara:

Não houve silêncio eloquente da CLT no art. 791-A, § 5º. A melhor interpretação é a
entende que o art. 791-A da CLT regula apenas parcialmente a matéria dos
honorários, de modo a atrair a aplicação supletiva do CPC (art. 15 do CPC c/c art. 889
da CLT). ("Cabimento dos honorários advocatícios no processo de execução
trabalhista", encontrado em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-
trabalhista/cabimento-dos-honorarios-advocaticios-no-processo-de-execucao-
trabalhista-17052018, capturado em 27.02.2019).

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A respeito decidiu o TRT da 1ª Região:

(...)AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXEQUENTE. HONORÁRIOS DE


SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS À EXECUÇÃO. LEI 13.467/2016. A incidência das
alterações da CLT está condicionada ao limite temporal cujo marco é o início da
vigência da Lei 13.467/2017. Propostos os Embargos à Execução quando já em vigor
as alterações normativas, por sua natureza de ação incidental, aplica-se a regra
prevista agora no artigo 791-A da CLT. (processo 0100467-08.2016.5.01.0055, TRT
1ª Região, 5ª Turma, Rel. Des. Marcia Leite Nery, julgado em 13.11.2018, publicado
em 19.11.2018).

Dessarte, cabível a verba honorária, no caso concreto, quer por tratar-se de ação em que não se
discute relação de emprego, quer por tratar-se de ação incidental proposta na vigência da Lei n. 13.467/2017.

Definido o cabimento dos honorários, analiso a pretensão da União de que a base de cálculo seja a
diferença entre os valores definidos como devidos e aquele reconhecido pela agravada.

No caso do feito, aplico o § 2º do art. 85 do CPC, "verbis":

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por


cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

Infiro que a norma estipula três critérios de fixação da base de cálculo dos honorários: a) valor da
condenação; b) proveito econômico obtido; ou c) valor atualizado da causa.

Trata-se de se utilizar do critério primeiro fixado em lei: valor da condenação.

Assim, com fulcro no art. 85 do CPC, levando em consideração que os embargos interpostos
procrastinaram a execução, mormente por defenderem tese oposta à expressa em lei, obrigando a parte
inclusive a recorrer a esta Corte para ver garantido seu direito, arbitro os honorários sucumbenciais nos
embargos de execução em 10% sobre o valor da condenação fixada nos embargos. Esclareço que o valor dos
honorários obedece aos critérios fixados pelo CPC para condenação da Fazenda Pública, motivo do não
deferimento do percentual de 15 pleiteado no agravo.

2.3 Conclusão

Dessa forma, conheço do agravo e, no mérito, dou-lhe parcial provimento para, reformando a
sentença recorrida, deferir honorários de advogado em favor da embargada/agravante, no equivalente a 10%
sobre o valor da condenação fixada nos embargos.

3 DECISÃO

ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª


Região, à unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do
Relator. Sessão de julgamento realizada no dia 28 de março de 2019.

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Porto Velho-RO, 28 de março de 2019.

CARLOS AUGUSTO GOMES LÔBO


DESEMBARGADOR-RELATOR

Assinado eletronicamente. A
Certificação Digital pertence
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[CARLOS AUGUSTO
GOMES LOBO]

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