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A Crucificação
João Calvino
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A Crucificação
João Calvino

“E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus à audiência, reuniram junto


dele toda a coorte. E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate; e,
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma
cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus. E,
cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o
haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram
para ser crucificado. E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado
Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz. E, chegando ao lugar chamado
Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinagre misturado com fel;
mas ele, provando-o, não quis beber. E, havendo-o crucificado, repartiram as suas
vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes. E,
assentados, o guardavam ali. E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua
acusação: ESTE E JESUS, O REI DOS JUDEUS. E foram crucificados com ele dois
salteadores, um à direita, e outro à esquerda. E os que passavam blasfemavam
dele, meneando as cabeças, E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz. E da mesma
maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e
fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se.
Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o
agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram também
em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados” (Mateus 27:27-44)

Seguindo o que já dissemos sobre isso antes, é preciso considerar ainda mais que o Rei-
no de nosso Senhor Jesus Cristo não é deste mundo. Pois nós vemos como Ele estava
em desgraça, zombavam dEle, e em vez de um diadema real Ele usou uma coroa de
espinhos. Em vez de um cetro Ele possuía uma cana. Então, tudo o que poderia ser ima-
ginado como vergonhoso para um homem, foi lançado sobre Ele. Se limitarmos a nossa
atenção para o que está aqui narrado, será como se fosse um objeto de escândalo para
nos afastar de nosso Senhor Jesus Cristo, e, consequentemente, de toda a esperança de
salvação. Mas temos que contemplar pela fé o Reino espiritual que foi mencionado acima.
Então podemos concluir, que embora os homens zombem do Reino de nosso Senhor
Jesus Cristo, que Ele nunca deixou de ser apreciado de acordo com Sua excelência, tanto
diante de Deus quanto dos Seus anjos. Na verdade, temos que lembrar que o Filho de
Deus foi assim tratado em Sua pessoa, a fim de receber sobre Si toda a vergonha que
nós merecemos. Pois como é que podemos estar diante de Deus, enquanto estamos
corrompidos em nossas iniquidades? Mas desde que o nosso Senhor Jesus foi cuspido
na face, e se dispôs a ser fustigado na cabeça; Ele recebeu todos os insultos, e é por isso

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que hoje somos reconhecidos e declarados como filhos de Deus e é aí que está a nossa
confiança. Na verdade, também temos sempre que considerar que Deus quer nos induzir
a sermos mais profundamente tocados por nossas faltas, para que as vejamos com horror
e repulsa, ao vermos que foi necessário que o Filho de Deus suportasse as nossas falhas
para fazer reparação por elas para adquirir graça e absolvição para nós, e nisto o Pai
celeste não O poupou de modo algum. Havendo, pois, os nossos pecados causados tal
confusão na pessoa do Filho de Deus, nós certamente temos que nos humilhar e sermos
totalmente confundidos em nós mesmos. No entanto, quando viermos diante de Deus nós
também devemos ter coragem e nos fundamentarmos em tal confiança a ponto de nos
livrarmos de toda dúvida, que o nosso Senhor Jesus Cristo adquiriu graça para nós
quando Ele sofreu em Si mesmo e foi tão difamado por nossa causa. Pois por este meio
Ele adquiriu para nós glória e dignidade diante de Deus e Seus anjos.

Agora é dito aqui que o nosso Senhor Jesus foi levado ao lugar que é chamado de
“Gólgota”, isto é “o lugar da Caveira”. A palavra hebraica da qual esta é derivada significa
“rolar”, esta palavra foi usada porque quando um corpo decaia, eles encontravam o crânio
seco que é como uma bola. Chamaram, então, este lugar “Gólgota”, porque muitos
malfeitores foram punidos lá, e suas cabeças foram vistas ali. Aqui nós temos que lembrar
o que diz o Apóstolo na Epístola aos Hebreus, que o nosso Senhor Jesus Cristo foi levado
para fora da cidade, como era costume com os sacrifícios, isto é, aqueles que tinham sido
queimados, e do qual o sangue foi levado ao Santuário para limpar as manchas do povo.
(Hebreus 13:11-12.) Dizia-se que tal sacrifício era como se fosse uma maldição. Deviam,
portanto, ser expelidos longe da cidade. Eis que o Filho de Deus estava disposto a rece-
ber esta condição sobre Si, para que soubéssemos que de fato estamos agora libertos e
absolvidos diante de Deus. Pois merecemos a rejeição de Deus, sim, que Ele derrame
Sua vingança terrível sobre nós, enquanto Ele olha para nós como nós somos em nós
mesmos. Não existe então nenhum outro meio para adquirir graça, exceto que nos ache-
guemos ao nosso Senhor Jesus Cristo, em Quem nós temos todo o nosso refúgio, uma
vez que ficamos aliviados da carga quando Ele se dispôs a ser amaldiçoado e abominável
por nossa causa, a fim de que possamos encontrar graça diante de Deus e que possamos
ser aceitáveis para Ele. Pois, embora Pilatos Seu juiz O tenha justificado várias vezes, ele
teve que receber em Sua Pessoa tudo o que era necessário para nos redimir. Pois Ele era
o nosso penhor, e em tudo e por tudo Ele tinha que responder por nós. Então, depois
conhecer que o nosso Senhor Jesus foi, assim, rejeitado, como não sendo digno de estar
entre os homens, até mesmo, por assim dizer, como tendo uma infecção de tal forma que
ele não poderia ser suportado; vendo, eu digo, que nós devemos aprender a segui-lO e a
renunciar ao mundo, como somos exortados nesta passagem. E se temos de ser
ridicularizados, cortados como membros podres, e nos odiarem, que nós suportarmos
tudo pacientemente, rendendo-nos submissamente, até chegar o dia em que os nossos

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sofrimentos serão convertidos em alegria, quando Deus enxugará dos nossos olhos toda
a lágrima e, de fato, o que hoje julgamos ser nossa vergonha será convertido em nossa
glória. Pois é certo que tudo o que sofrermos por nosso Senhor Jesus Cristo é mais
honroso diante de Deus do que toda a pompa deste mundo. Isso, então, é o que temos
que lembrar neste ponto.

Agora, o escritor do Evangelho acrescenta que o nosso Senhor Jesus foi ridicularizado
por todos aqueles que por ali passava, e acima de tudo por Sacerdotes, Escribas e pelo
de seu tipo. E qual foi a ocasião disto? “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-
se”. Disseram-lhe eles, “desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o
agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus”. Aqui vemos uma terrível cegueira
nessas pessoas miseráveis, que estavam possuídas por Satanás, pelo fato de não
possuírem mais nenhuma sensibilidade ou percepção. Eis que os sacerdotes que deve-
riam ser os mensageiros de Deus, pelo fato de que Ele lhes havia ordenado a esta
função, a fim de que a Sua Palavra e Sua vontade pudessem ser conhecidas através de
sua boca. Eis que os Escribas que são versados na Lei, e, no entanto, supõem que
podem esmagar nosso Senhor Jesus, mostram que eles pisam sob os pés toda as
Sagradas Escrituras e toda a religião da qual se gabavam. Quando o Messias foi ante-
riormente anunciado a eles, eles certamente responderam que Ele havia de nascer em
Belém. Eles também deveriam ter sido avisados e informados de que o Redentor que foi
prometido a eles deveria provar a morte, isto não era algo obscuro. A passagem de Isaías
(Isaías 53) foi tão clara ao recitar o que nosso Senhor Jesus Cristo suportou. Eles deviam,
então, saber que era impossível ter uma visão mais clara das coisas do que o Profeta,
embora ele tivesse falado dEle há tanto tempo antes. Depois, há como em Zacarias assim
em Daniel as declarações que Deus deve reunir o Seu povo, e exaltar a Sua Igreja
(Daniel 12:1-3; Zacarias 2:11), ou seja, que o Redentor do mundo deve sofrer cada repro-
vação e maldição perante o mundo. Como é, então, que eles desafiaram o Filho de Deus
quando Ele exerceu seu ofício, uma vez que isto havia sido suficientemente declarado
pelos Profetas? Assim, vemos que Satanás os enredou, quando eles esqueceram tudo o
que haviam conhecido anteriormente.

Por isso, sejamos advertidos e andemos no temor de Deus, para que depois de termos
provado a Sua Palavra, possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Pois é também nEle verdadeiramente
que vamos encontrar toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a Ele em
humildade. Porque, se nós presumimos e brincamos com Deus nossa audácia deve
receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão
conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum proveito destas blasfêmias ao
aprender com elas a fazer o oposto. Pois o nosso Senhor Jesus quis ser o nosso Rei e

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nosso Cabeça, por isso Ele não salvou a Si mesmo. Os inimigos da verdade disseram:
“Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da
cruz”. Mas Ele teve de suportar isto em Sua Pessoa para adquirir a salvação para nós.
Por que, então, nosso Senhor Jesus não poupou a Si mesmo? Por que Ele suportaria
uma morte tão amarga e tão vergonhosa, a menos que fosse necessário a fim de que
pudéssemos ser libertos através de um tal resgate? Temos, então, desafiado todos os
agentes de Satanás, e todos os seus vilões que vomitaram tais blasfêmias como as que
escritor do Evangelho descreve, e estamos ainda mais seguros de que realmente temos
um Rei que preferiu a nossa salvação do que a Sua própria vida, e sofreu tudo o que era
necessário para a nossa Redenção, e não considerava outra coisa, exceto resgatar o que
se havia perdido. Nós teríamos sido destituídos de toda a esperança, se o Filho de Deus
nos houvesse deixado em nosso estado e condição. Mas quando Ele estava tão
absorvido pela morte, que é onde reside a nossa libertação; quando Ele suportou tudo
com tanta paciência, que é a causa pela qual Deus agora estende a Sua mão e Seu
poder para nos ajudar em tempo de necessidade, nosso Senhor Jesus, então, tinha que
estar ali, por assim dizer, abandonado por Deus, a fim de que hoje pudéssemos sentir que
Ele cuida da nossa salvação, e Ele estará sempre pronto para nos ajudar quando as
nossas necessidades o exigem. No entanto, vamos também aprender a nos precaver
contra todas as tentações, quando o diabo vem para nos assaltar, querendo nos fazer
acreditar que Deus nos abandonou, que Ele virou as costas para nós, e que é uma coisa
decepcionante esperar nEle. Saibamos, então, quando Jesus Cristo é o verdadeiro
padrão de todos os crentes e que Ele nos mostrou o caminho que devemos percorrer, e
isso é razão suficiente para que possamos ser conformados a Ele. Ele sofreu tais blas-
fêmias que foram proferidas contra Ele, e ainda assim constantemente resistiu a elas de
tal forma que por meio delas a vitória foi adquirida para nós. Lutemos, pois, hoje, quando
o diabo vem nos sitiar, por assim dizer, para derrubar a nossa fé e para fechar a porta
contra nós, para que não sejamos capazes de termos acesso a Deus, como se Ele tives-
se completamente esquecido de nós. Vamos seguir o nosso Senhor Jesus Cristo e espe-
remos pela hora em que Deus estende Seu braço para mostrar que Ele é misericordioso e
um Pai para nós, embora por um tempo Ele suporte nos ver assim abatidos.

Muitos eram, então, estes insultos e escárnios que foram amontoadas sobre nosso
Senhor Jesus. Há ainda outros: “Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama”. Isso já havia
sido tipificado na pessoa de Davi, pois estas mesmas palavras (Salmo 22:8) são recitadas
quando ele se queixa que seus inimigos têm tido a oportunidade de usar suas línguas
contra ele, (Salmo 22:7) e eles quase colocaram os pés em seu pescoço, ao repreendê-lo
pela confiança que ele tinha em Deus. Agora é certo que esta é a praga mais fatal que
Satanás pode conceber contra nós. Pois, a vida dos homens consiste na fé e no refúgio
que temos em Deus, firmando-nos sobre Suas promessas. Se somos roubados destes

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estaremos completamente perdidos e arruinados. É também por isso Satanás tentou


destruir a confiança que o Senhor Jesus tinha em Deus, Seu Pai. É verdade que Jesus
Cristo lutou com um poder maior do que nós somos capazes de fazer, pois Ele não estava
sujeito a qualquer incredulidade. Embora seja assim, ainda sentia tal fúria que havia
nessas tentações. Porque, assim como o diabo já havia traçado essas coisas, agora ele
também dobra seus esforços. Dizendo-lhe: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas
pedras se tornem em pães, e coma-as, pois você é um pobre homem faminto. (Mateus
4:3) [...] agora, quando isso aconteceu Jesus Cristo não era insensível, não mais do que
quando O reprovaram pela confiança que Ele teve aqui em Deus. Logo, agora, embora
nós não tenhamos o mesmo poder para resistir, de modo a evitar sermos afligidos, ainda
assim devemos nos fortalecer nEle, sabendo que é para nós e para o nosso proveito que
Ele venceu esses assaltos e prevaleceu sobre eles.

Há também aqueles que dizem: “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se”. Nós
vemos mais uma vez como eles estavam confundidos. Pois não foi o fato de que Ele
salvou os outros um certo e infalível sinal de Seu poder Divino? Jesus Cristo havia
ressuscitado os mortos e isso não era desconhecido para eles. Ele havia dado vista aos
cegos; Ele curou paralíticos, coxos, endemoninhados. Eis, então, que Jesus Cristo d-
emonstrou os grandes tesouros de Sua bondade e poder em todos os milagres que foram
operados por Ele. No entanto, isso ainda é uma objeção contra Ele. Vemos, então, como
esses pobres loucos, a menos que alguém os restrinja, são os seus próprios juízes
privando-se de todas as desculpas; de modo que, quando eles estiverem perante o
grande tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo, eles não poderão alegar qualquer escusa;
pois ali eles serão, condenados por suas próprias bocas. Se nosso Senhor salvou os
outros, é certo que ele poderia ter salvado a Si mesmo, a menos que Ele preferisse os
outros a Si mesmo. O que pode ser percebido nisto, exceto uma bondade admirável, visto
que Ele desejou se lançar no abismo que os homens estavam, a fim de nos tirar da
profundidade deste abismo, que Ele estava disposto a sofrer tudo o que era devido, a fim
de nos livrar dele, resumidamente, pelo que Ele renunciou a toda salvação física, isto é,
Ele em nada considerou a Sua própria vida, Ele não quis em nada poupar a Sua pessoa,
a fim de que possamos ter essa promessa e tal um resgate.

No demais, então, devemos ser confirmados em nossa fé. Vendo que em cada coisa o
diabo trama para nos incomodar e nos impedir de nos achegar ao nosso Senhor Jesus,
isso deveria servir para nos fazer ainda mais seguros, devemos saber como tirar proveito
de tudo isso. Agora é certo que o diabo emprega todos os seus esforços para impedir-nos
neste ponto: saber em que repousa a nossa salvação, e então ele aplica todos os meios,
a fim de ser capaz de nos privar disso. Pois ele sabe que se puder nos induzir a nos
escandalizarmos na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, ele terá nos vencido. E nós

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experimentamos muito da parte dele. Além disso, todos os escândalos que o diabo cria e
põe diante de nossos olhos para nos fazer desviar do Filho de Deus, deve nos servir
como confirmação, pois, quando se diz que Jesus Cristo salvou a outros e não salvou a Si
mesmo, esta é uma proposição que de acordo com o nosso julgamento humano, deve
nos fazer conceber algum desdém contra a pessoa do Filho de Deus, para que O reje-
itemos e não coloquemos a nossa esperança nEle, mas muito pelo contrário, saibamos
que o Filho de Deus não tinha nenhuma consideração por Si mesmo e que Ele não tinha
nenhuma preocupação para com a Sua própria vida, isso para assegurar a salvação das
almas tão queridas e tão preciosas, de forma que Ele desejou empregar tudo para esse
fim. Já que é assim devemos corajosamente nos firmar nEle e estejamos completamente
certos de que não foi em vão que Ele sofreu isso por nossa causa.

Quanto eles disseram: “Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas”, havia tam-
bém uma vil malícia em distorcer o que Jesus havia dito em relação a destruir o Templo, o
que ele disse foi: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” [João 2:19]. Não era,
portanto, referindo-se à destruição do Templo, exceto por seus inimigos. E quando o
crucificaram, não deveriam ter sabido que isso já começado a ter cumprimento? Pois eles
não ignoravam o fato de que Jesus Cristo havia declarado que Ele mesmo era o verda-
deiro Templo de Deus, referindo ao Seu corpo humano. Pois uma vez que Ele é Deus
manifestado em carne e Sua essência Divina está unida à Sua natureza humana que Ele
tomou, assim, eu digo, toda a plenitude da Divindade habita nEle, é bem certo de que seu
corpo merece ser chamado “Templo”, mais do que o de Jerusalém e mais do que todos
os céus. Agora eles O derrubaram, enquanto Ele estava entre eles, e Ele o reedificou ao
fim de três dias. Eles também não se esqueceram disto; pois, mais tarde, sabiam bem o
que dizer a Pilatos (Mateus 27:63). Mas pelo que vemos o diabo possui homens e os
torna tão estúpidos a ponto deles não poderem mais discernir entre o bem e o mal. Eles
estão cheios de tanta fúria a ponto de oporem-se a Deus, como se quisessem plenamente
desafiá-lO e com propósito deliberado. Observemos isto, para que possamos ser admoes-
tados a andar ainda mais no temor de Deus, quando nós entendemos como Ele trabalhou
pelo Seu poder admirável para declarar que não foi em vão que Jesus Cristo havia
pronunciado: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei”. Nós vemos confusão em
Sua morte somente quando olhamos para as aparências e de acordo com o senso
comum dos homens. Mas Jesus Cristo reparou cada coisa por Sua ressurreição. Já que é
assim, então, em tudo convém nos firmarmos na fé, e resistir a Satanás em tudo que ele
possa fazer para nos abalar e nos levar a duvidar.

Quanto disseram: “deram-lhe a beber vinagre misturado com fel”, é apropriado supor que
isso foi feito de acordo com o costume da época para apressar a morte dos malfeitores.
Jesus Cristo, depois de ter provado, não quis beber, porque Ele sabia que Sua hora ainda

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não havia chegado. Eles estavam acostumados a dar-lhes esta bebida antes que os
malfeitores fossem pregados na cruz, a fim de que o sangue fosse agitado para cima e
eles entregassem os seus espíritos mais cedo. Pois este tipo de morte era bastante cruel,
e eles precisavam ser ajudados por isso. Na verdade, veremos mais tarde como os
ladrões tiveram seus ossos quebrados a fim de que eles não definhassem ainda mais.
Embora seja assim, o nosso Senhor Jesus não queria beber essa bebida, para declarar
que Ele estava pronto para receber, em obediência, a condição a qual seu Pai, Deus, O
comprometeu. É verdade que essa morte foi muito difícil para Ele, pois além do fato de
ser terrível, Ele tinha em si tormentos espirituais, dos quais vamos tratar amanhã, se Deus
quiser. Tudo isso, então, poderia muito bem ter induzido nosso Senhor Jesus Cristo a se
aproximar da morte, logo que fosse possível para Ele, mas Ele quis colocar-se com toda a
obediência e suportar até que Ele pudesse ser entregue sem quaisquer meios humanos.
Isso, então, em resumo, é o que temos que lembrar. Mas nestes versos, quando Sua
veste foi dividida entre eles e lançaram sortes sobre ela, para que se cumprisse a Escri-
tura: Davi, um tipo de nosso Senhor Jesus Cristo, faz tais reclamações. É verdade que
isso é uma figura de linguagem, quando ele diz que eles colocaram em sua bebida fel e
vinagre, e eles dividiram as suas vestes, e que, em sua aflição eles ainda lhe acrescen-
taram mais agonia, (Salmo 69:20, 21; Salmo 22:18) Quão cruéis e desumanas eram estas
pessoas que ainda gostariam de molestar sua pobre vítima que não podia oferecer
nenhuma resistência. Davi, então, usa uma tal figura de linguagem quando ele diz que
sua veste foi dividida entre eles. (Salmo 22:18). Sob essa palavra, ele fala de sua esposa,
de sua casa, de todos os seus bens, e de toda a sua propriedade. Mas na pessoa de
nosso Senhor Jesus Cristo isso tinha que ser literal. Deram-Lhe, então, vinagre e fel, a fim
de que fosse conhecido que Davi era realmente o antítipo dele, e que ele era o verdadeiro
Redentor quem fora prometido desde sempre. Pois, por que foi o Reino suscitado na casa
de Davi, a não ser com a promessa de que Ele permaneceria mais do que o sol ou a lua?
Houve, então, este reino eterno que hoje foi estabelecido na pessoa do Redentor. Por
essas coisas que eram, por assim dizer, uma sombra e tipo na pessoa de Davi, foram
aperfeiçoadas em Jesus Cristo, como podemos ver aqui.

Além disso, o escritor do Evangelho acrescentou que até mesmo os ladrões que estavam
com o nosso Senhor Jesus zombavam dele, isto foi dito somente por um, como mostra
São Lucas, que declara essas coisas mais pormenorizadamente. E uma forma bastante
comum de falar, como quando alguém diz: “Fulano fala até mesmo com crianças peque-
nas”, embora possa haver apenas um, aquele que fala usa o número plural. “Deve haver
mulheres entre eles”. No entanto, não necessariamente haverá somente uma. Desta
forma, então, diz-se que o nosso Senhor Jesus foi cuspido, escarnecido e blasfemado por
todos, mesmo pelos malfeitores. Ele foi identificado com os dois ladrões a fim de agravar
ainda mais a vergonha de Sua morte. É verdade que este era o lugar onde eles estavam

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acostumados com a execução de malfeitores. Ao mesmo tempo, eles não estão satis-
feitos com esta vergonha, antes Ele teve que ser considerado pior e mais detestável do
que todos os ladrões do mundo, quando eles colocam um em cada um dos seus dois
lados, para dizer que Ele é o chefe de todos eles. E nisso, como diz São Marcos, foi com-
firmado o que foi dito pelo profeta: “foi contado com os transgressores”. (Marcos 15:28,
Isaías 53:12) Agora, se isso não acontecesse, hoje, em que lugar e condição estaríamos
diante de Deus? Visto que não podemos obter a graça sem justiça, Deus deve nos odiar e
nos rejeitar até que sejamos justos e purgados de todas as nossas machas e ofensas à
sua frente. E se assim, Deus poderia renunciar a Si mesmo? Ele pode privar-se da Sua
santidade, justiça e integridade? Desde que isso não pode ser à medida que trouxermos
as nossas manchas diante dEle, devemos ser abomináveis a Deus. Agora, como seremos
justificados diante de Deus, a não ser na medida em que nosso Senhor Jesus Cristo teve
fama entre os transgressores? Estando, pois, isentos deste pecado Deus nos recebe, e
nós somos tão aceitáveis a Ele como se estivéssemos totalmente puros e inocentes, na
medida em que o nosso Senhor Jesus suportou passar por tal vergonha e desgraça dian-
te dos homens. Isso, em suma, é o que temos que lembrar a respeito dos salteadores.

Mas devemos insistir no objetivo do relato de São Lucas, isto é, que um dos ladrões
repreende seu companheiro quando o vê tão obstinado. “Como é agora?”, Diz ele: “Nunca
haverá um momento em que você se humilhará? Pois a condenação e o castigo que você
suporta são devidos a seus malefícios e crimes. Você é um homem mergulhado em toda
maldição, e embora durante toda a sua vida você tenha sido tão brutal tendo prazer em
suas faltas, agora você deve começar a gemer”. Pois um homem não importando quão
arruinado ele possa estar, embora ele se alegre durante toda a sua vida, e pense que ele
nunca virá a dar conta de todo, ele zomba da justiça, e até mesmo a desafia, na medida
em que ele confia que ele ficará impune, mas quando ele é capturado, ele deve largar o
seu cantarolar. “Agora você está aqui”, diz ele, “em grande tormento. Você vê que Deus e
os homens agora estão trazendo-lhe a conta. Também a sua consciência lhe reprova e
isso pelos seus próprios crimes que você deve agora suportar. E você ainda desafiará a
Deus?”, aqui está uma frase que mostra bem que este ladrão tinha sido ensinado pelo
Espírito de Deus. Embora logo veremos isso incomparavelmente mais e já nesta palavra
podemos julgar que tipo de professor o Espírito de Deus é, quando Ele dá instrução para
aqueles que foram totalmente desviados, de fato, embrutecidos; de forma que eles não
somente reconhecem as suas culpas e se preparam assim, com a obter graça, mas
podem falar apenas como os médicos eruditos, e como pessoas que por muito tempo
foram treinadas na Sagrada Escritura. Pois o principal protesto que podemos fazer contra
um homem tão endurecido e que ainda assim não cessa de atacar a Deus, é que ele deve
prostrar-se e arrepender-se, e não foi isto que este pobre ladrão fez? Porém, apesar
desta advertência ter sido feita, de nada aproveitou, exceto para tornar imperdoável

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aquele que estava tão possuído por Satanás. Mesmo que esta advertência não tenha
servido para nada em relação àquele a quem foi dirigida originalmente, certamente deve
ser útil para nós hoje.

Portanto, aprendamos a temer a Deus, embora Ele nos poupe. Mas acima de tudo, se
somos fustigados por Sua vara, e Ele nos faz sentir que Ele está ofendido por nós, então
podemos ser ainda mais incitados a gemer, e que também tenhamos constância e
suportemos pacientemente as nossas aflições, assim como podemos ver que este pobre
ladrão fez, e de modo algum sejamos orgulhosos e furiosos como o outro. Além disso,
nestes dois vemos, por assim dizer, espelhos de toda a humanidade, pois vemos as
misérias que nos cercam. Esta vida é, por assim dizer, uma profundidade de todas as
privações, e estas são os frutos de nossos pecados. Porque temos sido privados da
bênção de Deus na Queda de Adão. É verdade que, apesar de Deus por Sua bondade
inestimável ultrapassar esta maldição, quando Ele declara nosso próprio Pai de muitas
maneiras e nos faz sentir Sua bondade e amor que Ele tem por nós e pelo cuidado com
que Ele nos trata, mas temos muitas marcas de nossos pecados de cima a baixo, deve-
mos perceber que estamos debaixo da maldição de Deus. A morte finalmente será o fim
comum de todos. Quando teremos definhado neste mundo, quando seremos todos foram
sujeitos a muitas doenças, ao calor e ao frio, quando devemos ter sido atormentados de
uma forma e de outra, brevemente, quando tivermos sofrido misérias infinitas, qual será o
decreto disso? Devemos voltar à corrupção e cinzas. No entanto, vemos aqueles que são
tocados por Deus de tal maneira que as aflições pelas quais eles passam contribuem para
a sua salvação e tornam-se seu auxílio, como São Paulo fala no capítulo 8 de Romanos.
Outros tornam-se cada vez piores, e em vez de se humilharem e serem levados a
qualquer arrependimento, apenas se corrompem ainda mais, e cada vez mais provocam a
ira de Deus e inflamam ainda mais o fogo em que serão consumidos. Sejamos advertidos
por isto. Então, lancemos os nossos olhos sobre estes dois ladrões como sobre os espe-
lhos de todo o mundo, embora desde o maior ao menor todos nós somos dignos de culpa
diante de Deus. E se todos juntos devemos sofrer, quem se orgulhará de sua inocência?
Quem será capaz de absolver-se? Estando nós mergulhados na condenação nós supor-
taremos justamente a punição por nossos pecados. Entretanto nem todos confessam
seus pecados igualmente, pois há aqueles que vão de mal a pior, e sua rebelião, contra
Deus se manifesta. Eles rangem os dentes, espumam pela boca, em sua fúria e cruelda-
de. E eles não querem de forma alguma ser condenados; ou talvez eles se riem e mos-
tram um desprezo intencional ao dizer que Deus não obterá nada deles e que não terão
nenhum dominador sobre eles.

E para concluirmos, quando os pobres pecadores reconhecem quem de fato são, quando
se humilham, quando eles confessam sua dívida, quando eles dão glória a Deus, decla-

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rando que Ele os trata com toda a equidade e retidão, e que há uma boa razão para que
eles sofram e sejam castigados, quando, eu digo, pobres pecadores são atraídos para tal
razoabilidade, estejamos certos de que Deus colocou a mão sobre eles, que Ele os tocou
pelo Seu Espírito Santo e que, nisto se pode observar uma bondade infinita, quando Ele
então livra da perdição e do inferno, aqueles que estavam, por assim dizer, desprovidos
de toda a esperança. Agora, em resumo, vemos na pessoa deste pobre ladrão um
exemplo de fé que é tão bom quanto qualquer outro que já existiu. Portanto, muito mais
devemos ser levados a admirar o tal milagre que Deus realizou, pois, em que circunstân-
cia ele estava? Ele estava perto da morte, ele sentia tormentos horríveis, ele estava
esperando alguém vir e quebrar suas pernas, perder seus membros, ele estava em um
tormento tão amarga e terrível que seria suficiente para fazê-lo perder o sentido e a
memória, ele vê o nosso Senhor Jesus, que também está na mesma situação de desses-
pero, de fato, com vergonha maior ainda, e como é que ele fala? Ele não somente reco-
nhece seus defeitos e se humilha diante de Deus, ele não somente exerce o ofício de um
mestre buscando converter seu companheiro e levá-lo de volta ao bom caminho, mas ele
faz uma confissão melhor do que todas as outras, se considerarmos bem tais circuns-
tâncias. “Lembra-te de mim”, diz ele, “quando entrares no Teu Reino”. Como é que ele é
capaz de perceber o Reino de Jesus Cristo? Ele estava perecendo na cruz, Ele era
maldiçoado tanto por Deus quanto pelos homens, pois esta sentença da lei havia sido
pronunciada pela boca de Deus: “porquanto o pendurado é maldito de Deus”
(Deuteronômio 21:23).

E isso não foi feito por acaso, mas Deus colocou o Seu único Filho ali. Quando, então, ele
vê Jesus Cristo estar sob a maldição, diante de Deus e diante dos homens, de fato nas
profundezas do desespero, do ponto de vista humano, ele não pode reunir seus pensa-
mentos para dizer que Jesus Cristo é o Rei, a não ser na fé e no espírito. Então, ele vê ali
as coisas que poderiam leva-lo para longe do Filho de Deus e que poderiam fazê-lo
concluir que seria apenas um abuso e um escárnio confiar nEle, no entanto, ele o chama
de Rei, vendo-O em Sua morte. “Salva-me”, diz ele, “Dá-me vida. Porque, toda a minha
felicidade consiste em que Te lembres de mim”. Agora, quando consideramos bem todas
essas circunstâncias, é certo que a fé deste ladrão era tão excelente quanto a de
qualquer homem que já viveu, portanto, não nos envergonhemos de sermos Seus discí-
pulos, pois, de fato, a morte de nosso Senhor Jesus Cristo de nada nos aproveitará, se
não estamos, por assim dizer, condenados em nós mesmos, a fim de obter a salvação
nEle. E nós não podemos ser absolvidos diante de Deus, a menos que tenhamos
confessado que em nós há somente a iniquidade e imundície. Posto que de fato somos
condenáveis diante de Deus, e que os juízos de nossas próprias consciências nos
condenam, não nos envergonhemos de seguir este ladrão, vendo que ele pode ser um
bom professor para nós.

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E mesmo agora que o nosso Senhor Jesus subiu ao céu, que Ele tomou posse da glória
que foi dada a Ele por Deus Pai, a fim de que todo o joelho se dobre diante dEle, não
duvidemos de que estamos totalmente restaurados e sustentados por Ele, concluamos
pois que aqui está toda a toda a nossa felicidade, a saber, que Jesus Cristo nos mantêm
em Sua lembrança e nos governa. Na medida em que Ele tem sido ordenado o nosso
Pastor, Ele cuida de nossa salvação, a fim de que possamos estar seguros sob Sua mão
e sob Sua proteção. Além disso, podemos aprender a suportar com paciência as misérias
da vida presente, e a não nos privarmos de nos achegarmos ao nosso Senhor Jesus
Cristo. Como pudemos ver, o ladrão foi ouvido, no entanto, ele não escapou da morte que
foi muito cruel e terrível. Então, que possamos estimar a graça espiritual que nos é dada
em nosso Senhor Jesus Cristo, e que nos é oferecida todos os dias pela pregação do
Evangelho, para que estejamos acima de todas as angústias, contendas, cuidados,
problemas e ataques que poderemos vir a experimentar. Que todas as nossas aflições
sejam adoçadas, na medida em que sabemos que tudo contribuirá para o nosso bem e
salvação, pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

Isso, então, é o que temos de observar. Além disso, vamos adicionar-lhe a resposta de
nosso Senhor Jesus Cristo, quando Ele promete ao ladrão que no mesmo que ele estará
com Ele no Paraíso. Embora, então, nosso Senhor Jesus ainda não estivesse ressusci-
tado dentre os mortos, e Ele ainda não tivesse cumprido tudo o que foi necessário para a
nossa Redenção e Salvação, já Ele demonstrou o poder e o fruto da Sua morte e paixão.
É verdade que o cumprimento desta promessa aconteceu na ressurreição, mas já que é
conjugada à Sua morte e paixão, e posto que sabemos, como Ele sofreu na fraqueza da
Sua carne, por isso, Ele é ressuscitado no poder do Seu Espírito; assim como Ele sofreu
por nossos pecados a fim de nos fazer aceitáveis diante de Deus, também Ele ressuscitou
para nossa justificação. Quando, eu digo, nós sabemos de tudo isso, com quanto maior
coragem podemos vir livremente a Ele. Não podemos duvidar de nada, quando a Ele
agrada lembrar de nós e nos esconder debaixo da sombra Suas asas, assim podemos
resistir a Satanás, à morte e todas as misérias, e nos gloriamos em nossa enfermidade.
Embora de acordo com o mundo nós sejamos pobres criaturas malfadadas, nunca
deixemos de nos regozijar em Deus, a partir da antecipação da glória celestial que Ele
nos dá pela fé, e desta herança que Ele adquiriu por tal preço e da esperança de que
nunca seremos enganados.

Agora, nos curvemos em humilde reverência diante da majestade do nosso Deus.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria !

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Fonte: Monergism.com

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida e Fiel).

Tradução e Capa por William Teixeira │ Revisão por Camila Almeida

***

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Uma Breve Biografia de João Calvino

João Calvino (1509 – 1564)

Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família
católica romana tradicional. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do
bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por
alguns anos, o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12
anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.

Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e
preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica,
lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a
famosa College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de
Calvino foi custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos
ensinos teológicos de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se
espalhando por toda Paris, Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527,
Calvino fez amizade com pessoas que tinham uma visão reformada.

Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada.
Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia.

Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou
em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação
humanista.

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Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro,
um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano
seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de
oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.

Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita à fé evangélica, sobre a
qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Refugiou-se na casa de um amigo
em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a
Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido
para o francês por Olivétan (1535).

Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre
da França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V,
imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite
para Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guilherme Farel, um reformador
local, o convidou para ficar em Genebra, e convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois
meses antes abraçara a Reforma Protestante

Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra.
Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra
devido a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541, ali residia o
reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou
uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para
a futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e
católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua
primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a
Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras.

Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o
Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava
permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra.

Em 1540, Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega
Farel oficiou a cerimônia. Diz-se que quando Calvino finalmente se casou com Idelette de Buren,
ele encontrou a única coisa necessária pela qual esteve procurando: um coração sincero e
obediente, piedoso para com Deus. Para Calvino e Idelette, tal piedade era fundamental para
enfrentar as dificuldades e os desafios da vida de casados. Embora pouco se saiba da vida de
Calvino e Idelette no lar, ao que tudo indica, ela era serena e piedosa apesar de suas muitas
tragédias e dificuldades.

Em 1548, faleceu Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram
morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos,
inclusive em outras regiões da Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças

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à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao
regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de
Calvino.

Em 1559 ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua
cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destina-
da primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a
última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo,
desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.

Calvino permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram
preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As
Institutas da Religião Cristã.

A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada,
inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos
emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as
palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó
Senhor, de modo pronto e sincero).

Calvino era acima de tudo um pregador e expositor das Sagradas Escrituras. Sua pregação era
seu forte e permanece como de influência sem paralelo até o presente. Sua teologia estava
arraigada na exegese porque a Palavra de Deus era para ele o padrão de toda verdade e direito.
Seus comentários ainda são os melhores dentre todos os disponíveis.

______________
♦ Esta Biografia é baseada nas seguintes fontes:

Site: www.MinisterioFiel.com/BibliotecaJoaoCalvino

BEEKE, Joel. Lições Práticas sobre a Vida de Idelette Calvino. Parte 1. Disponível em:
www.MulheresPiedosas.com.br. Acessado em: 06 de Junho de 2014.

HANKO, Herman. João Calvino. O Reformador Suíço. Disponível em: www.Monergismo.com. Acessado
em: 06 de Junho de 2014.

MATOS, Alderi de Souza. João Calvino. Síntese Biográfica. Disponível em: www.Mackenzie.com.br.
Acessado em: 06 de Junho de 2014.

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Quem Somos
O Estandarte de Cristo é um projeto cujo objetivo é proclamar a Palavra de Deus e o Santo
Evangelho de Cristo Jesus, para a glória do Deus da Escritura Sagrada, através de traduções
inéditas de textos de autores bíblicos fiéis, para o português. A nossa proposta é publicar e
divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores
àqueles como John Gill, Robert Murray McCheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur
Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes
últimos quatro autores.

O Estandarte é formado por pecadores salvos unicamente pela Graça do Santo e Soberano,
Único e Verdadeiro Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o testemunho das
Escrituras. Buscamos estudar e viver as Escrituras Sagradas em todas as áreas de suas vidas,
holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-
mos nEle desde agora e para sempre.

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Cristão  Excelência de Cristo, A – Jonathan Edwards
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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
2
desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando
com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
3
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
4
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
5
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque
não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos
6
vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas
resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
7
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro
8
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo
9
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
Viste as páginas10
desanimados. Persegui-
que administramos no Facebook
dos,
Indicações mas não
de E-books desamparados;
de publicações abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda
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Baixe estes e outros gratuitamente no site.Senhor Jesus no nosso Facebook.com/oEstandarteDeCristo
 corpo, para que a vida de Jesus se
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manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
 10 Sermões – Robert Murray M’Cheyne  Facebook.com/EvangelhoDaSalvacao
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
 Cristo, Totalmente Desejável –12John Flavel  Facebook.com/NaoConformistasPuritanos 13
nossa carne mortal. De maneira
 Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne que em nós opera a morte, mas em vós a vida.
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C. H. Spurgeon  escrito: Cri, por isso falei; nós cremos
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também,Propiciação
 Justificação, por issoetambém
Declaraçãofalamos. Sabendo que
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que ressuscitou o Senhor Jesus nos
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ressuscitará
 A Livre Graça – C. H.também
Spurgeon por Jesus, e nos apresentará  Facebook.com/JohnGill.org
convosco. Porque tudo isto é por
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a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de
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 Quem São Os Eleitos? – C. H. Spurgeon
graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
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exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
 Salvação Pertence Ao Senhor – C. H. Spurgeon 18
momentânea
 O Sangue tribulação produz para nós um pesoPágina
– C. H. Spurgeon eterno de glória mui excelente;
Parceira: Não
atentando nós nas
 Semper Idem – Thomas Adams coisas que se veem, mas nas
OEstandarteDeCristo.com que se não veem; porque as que se 18
veemsobre
sãoa temporais,  Facebook.com/AMensagemCristocentrica
 Tratado Oração, Um – e asBunyan
John que se não veem são eternas.
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