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1. Introdução:
No primeiro ano de vida a necessidade calórica do lactente é maior que na vida adulta. Sendo
que dessa necessidade, cerca de 40% é demandada pelo processo de crescimento e
desenvolvimento da criança.
Não havendo uma nutrição adequada, pode-se desenvolver uma desnutrição
proteicoenergética e atraso no desenvolvimento.
O aleitamento materno deve ser iniciado na primeira hora de vida, sempre que possível.
A OMS recomenda:
Aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida. A oferta de outro alimento
(líquido ou sólido, exceto medicamentos) caracteriza o início do processo de desmame.
O aleitamento deve ser complementado dos seis meses aos dois anos de vida, já que o
leite materno se torna insuficiente nutritivamente, mas não menos importante, sendo
fonte de Vitaminas A e C, proteínas e imunoglobulinas.
5. Psicofisiologia da lactação
A lactação é uma complexa interação neuropsicoendócrina, que depende da participação de
várias variáveis.
O progestogênio estimula o crescimento dos alvéolos e lóbulos, ao passo que o
estrogênio estimula a proliferação dos ductos lactíferos e suas ramificações.
Outros hormônios: lactogênio placentário, HCG e prolactina.
Os níveis de prolactina estão elevados durante a gravidez, mas não há lactação devido a
inibição do hormônio lactogênio placentário sobre a prolactina. Com a dequitação
placentária, essa inibição acaba e a prolactina promove secreção do leite. A Ocitocina
atua paralelamente na ejeção do leite. (Fase 2)
Entre o 3º e 4º dia pós-parto ocorre a descida do leite, independentemente da sucção do
mamilo.
Após esse período, a galactopoiese (Fase 3) depende da sucção mamilar. Adeno-hipófise
libera prolactina.
Estresse, dor, medo e falta de apoio bloqueiam a liberação da ocitocina (neuro-hipófise).
Reflexos do RN que facilitam a amamentação:
o Pontos cardiais: busca pelo que toca suas bochechas.
o Sucção: contato de objeto com o palato e dorso da língua promove a sucção.
o Deglutição - prematuros incoordenam esse reflexo.
6. Técnica de amamentação
O leite materno deve ser oferecido em livre demanda. No início, deve ser mais frequente, já
que o colostro não sacia o RN como o leite maduro. O intervalo entra as mamadas aumente
conforme o crescimento da criança.
Um bom parâmetro para avaliar a eficácia da mamada é avaliar a baixa perda de peso na
primeira semana (aprendizagem demanda maior gasto energético) e ganho de peso na
segunda semana.
Ambas as mamas dever ser oferecidas em todas as mamadas, esvaziando-as todas
completamente.
Posicionamento e Pega:
o Abocanhar todas a aréola e centrar a boca frente ao mamilo.
o Lábio inferior evertido.
o Queixo tocando a mama.
o Corpo voltado ao da mãe.
o Língua sobre a gengiva inferior.
o Após as mamadas, deixar a criança em posição elevada para que possa expelir o ar
que engoliu durante a amamentação.
Evacuações:
o O bebê costuma evacuar após toda vez que mama - reflexo gastrocólico
Fezes líquidas, explosivas, amareladas/esverdeadas podem ocorrer
normalmente.
o Alguns podem ficar 5 a 7 dias sem evacuar, sendo normal.
o Regurgitações podem ocorrer após as mamadas e são consideradas fisiológicas.
Atentar-se aos seguintes sinais que pode indicar DRGE: obstrução das vias
aéreas, choro intenso, palidez e outros sinais clínicos da DRGE.
Extração manual do leite:
o Coletar em utensílio esterilizado.
o Pegar a mama em forma de "C" (polegar acima e dedos abaixo).
o Pressioná-la contra a parede torácica.
o Proceder expressão por cerca de 5 min e passar para outra mama. Repetir a ação,
mas não em intervalos muito curtos.
o O leite armazenado deve ser oferecido ao lactente em copinho ou colher.
Armazenamento do leite cru:
o Geladeira: até 12h
o Congelador ou freezer (< -3°C): 15 dias
o Reaquecer em banho maria.
o O leite ordenhado e submetido à pasteurização (fervura >65°C por 30 min) pode
ser mantido congelado por seis meses.
9. Afecções da mama:
Ingurgitamento mamário: ocorre durante a apojadura (descida do leite) 3º-4º dia após o
parto. Não cursa com sinais de hiperemia e edema. Leite sai facilmente. Quando
patológico:
o O leite não é drenado de forma eficiente.
o Há aumento da vascularização local com congestão.
o Há obstrução linfática.
o Causas: técnicas de amamentação incorreta, mamadas muito espaçadas e
separação mãe/filho.
o Clínica: mamas edemaciadas, doloridas e não drenam o leite facilmente.
Pode haver febre e mal-estar.
Tratamento:
Corrigir malefícios
Se necessário, analgesia com paracetamol ou ibuprofeno.
Dor e trauma mamilares:
o Comum na primeira semana pós-parto.
o Pode ser causada por: fissuras, bolhas, equimoses, candidíase ou síndrome de
Raynaud.
o Deve-se manter os mamilos secos e expondo-os ao sol.
o Não usar pomadas ou antissépticos, pois podem dificultar a cicatrização.
Mastite:
o Processo inflamatório causado por estase do leite e infecção.
o Pode acometer somente a pele ou aprofundar-se pelo parênquima e interstício.
o Principal agente infeccioso: S. aureus
o Antiinflamatório: ibuprofeno
o Antibioticoterapia:
Ambulatorial: cefalexina ou amoxa + clavulanato por 10-14 dias.
Hospitalar: oxacilina, IV 10-14 dias.
o Não contraindicar a amamentação.
Galactocele:
o Cistos no meio do tecido mamário onde há grande produção de leite.
o Diagnóstico clínico e US.
o Tratamento cirúrgico.
Abscesso mamário:
o Pode ser complicação da mastite ou tratamento ineficiente.
o Clínica: dor intensa, formação de nódulo palpável e flutuante de pus e febre.
o Causado em sua maioria por S. aureus.
o Diagnóstico clínico e US
o Tratamento: cirúrgico, antibioticoterapia e esvaziamento de mama regularmente.
o Manter a amamentação é seguro mesmo com a presença das bactérias.
Candidíase:
o Principal agente etiológico: Candida albicans
o Clínica: dor e sensação de prurido por toda a mama. Pele hiperemiada, brilhante e
com fina descamação. Raramente ocorrem placas esbranquiçadas.
o Prevenção: ventilar mamilos e expô-los ao sol.
o Tratamento: aplicar nistatina, miconazol ou cetoconazol por 14 dias e tratar a
criança simultaneamente, mesmo que assintomática.
Se o tratamento não for efetivo, usar fluconazol VO 14-18 dias.
Síndrome de Raynaud:
o Isquemia intermitente, nesse caso, do mamilo.
o Clínica: palidez, dor, queimação que podem durar de minutos a horas.
o Prevenção: pega adequada.
o Tratamento: compressa morna.
Alguns autores sugerem nifedipina, vit B6, suplementar cálcio, magnésio e
ibuprofeno.
Pouco leite:
o Se o leite secretado não é retirado da mama, peptídeos inibidores irão diminuir a
secreção láctea, criando assim um ciclo vicioso no qual a mamada ineficaz acarreta
acúmulo de leite e peptídeos que determinam a lactogênese.
o Sinais clínicos de insuficiência láctea:
Ganho ponderal insuficiente.
Bebê insaciável após a mamada.
Choro após a mamada
Redução da diurese (<6x/dia)
Fezes em pequena quantidade, secas e endurecidas.
o Tratamento conservador com cuidados na amamentação (drenar leite).
o Se necessário, domperidona 30mg VO 3x/dia (primeira escolha) ou
metoclopramida 10mg VO <3x/dia.