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XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”


Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-


CONSUMO DAS BATERIAS DE
CELULARES NO MUNICÍPIO DE
ITACOATIARA-AM
Ariane Batista Maquiné
ariane_maquine@hotmail.com
Diego Souza Da Silva
sddiegosouzadasilva@gmail.com
Joel Castro do Nascimento
jcastro_ep@yahoo.com.br

Nos últimos anos, os processos logísticos se desenvolveram em vários


aspectos, saindo do patamar operacional para fazer parte da
estratégia das empresas. A logística reversa de pós-consumo
apresenta-se como uma tendência que tornam as empresas
responsáveis pelo ciclo de vida de seus produtos, o que significa ser
responsável pelo destino de seus produtos após a entrega aos clientes,
pelo impacto am¬biental provocado pelos resíduos gerados em todo
pro-cesso produtivo, e, também após seu consumo. A pesquisa
caracteriza-se por uma abordagem metodológica descrita em três
pontos: quanto aos objetivos, é considerado descritivo e explicativo;
quanto à natureza, é considerada pesquisa aplicada e, quanto aos
procedimentos temos a coleta de campo, que envolveu o local, os dias e
horários para coleta dos dados por meio da aplicação de questionários
sobre a problemática que envolve a logística reversa de pós-consumo
das baterias de celulares. A análise dos dados permitiu determinarmos
um percentual dos consumidos de aparelhos eletrônicos que
consequentemente utilizam e descartam as baterias de celulares de
alguma forma e analisar e descrever as variáveis que integram o
processo da logística reversa de pós-consumo das baterias de celulares
no município.

Palavras-chave: Logística Reversa de Pós-Consumo, Baterias de


celular, Itacoatiara-AM
1. Introdução

Este artigo apresenta um estudo sobre a logística reversa de pós-consumo das baterias de
celular município de Itacoatiara-AM. No Brasil, nos anos 80, houve um crescimento da busca
por alternativas para reduzir a quantidade de lixo, verificando-se uma preocupação com o
destino dos bens após o consumo (DIAS, 2006). Atualmente, o debate é sobre a problemática
dos resíduos sólidos considerados perigosos que gerenciado de maneira inadequada
representam grandes riscos à saúde e ao meio ambiente.

Para Rossi et al. (2014) entre os resíduos sólidos estão os aparelhos de telefone celular e seus
componentes quando chegam ao final do ciclo de vida, por qualquer motivo, tornam-se
inúteis e, consequentemente, são tratados como lixo, descartados em aterros sanitários ou
mantidos nas residências. Ao final do ciclo de vida das baterias de celular, a legislação no
Brasil exige o retorno por conter metais pesados em sua composição e devido às poucas
opções de tratamento (BRASIL, 1999).

Em decorrência disso, deve-se ressaltar a importância de viabilizar meios controlados para o


descarte desses bens pós-consumidos, pois, o mercado brasileiro de pilhas e baterias
comercializa cerca de 800 milhões de unidade por ano e esses números segundo a ABINEE
(2017) tendem a aumentar porque o consumo de aparelhos portáteis como celulares, tablets,
notebook’s e outros, cresce a todo instante.

Portanto, este projeto buscou por meio de pesquisa bibliográfica, de campo e aplicação de
questionários, conhecer os tipos de logística reversa de pós-consumo praticados, identificar o
perfil dos consumidores sobre o descarte das baterias, descrever e analisar o processo de
logística reversa de pós-consumo das baterias de celulares no município de Itacoatiara-AM.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Conceito de Logística

Segundo Ballou (2006) o conceito logístico teve sua origem em organizações militares,
devido ao distanciamento das lutas, tiveram necessidades de estudar e planejar o
abastecimento das tropas como armamentos, alimentos, água, medicamentos e alojamento.

Com o passar do tempo à logística era cada vez mais reconhecida do ponto de vista
acadêmico, passando a ser estudada como ferramenta estratégica e introduzida nas
organizações, às empresas passaram adotar o planejamento logístico enfatizando a satisfação
do cliente (NOVAES, 2007).

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Atualmente a logística está inserida em um mundo mais globalizado, como ferramenta
competitiva dentro das organizações, através de planejamento, implementação e controle de
fluxo de armazenagem dos produtos, desde o ponto de origem ao ponto de consumo,
buscando o aperfeiçoamento contínuo. A logística segue dividida em duas atividades – as
primárias (Transporte, Manutenção de Estoque e Processamento de Pedido) e secundárias –
(Armazenagem, Manuseio de Materiais, Embalagem, Obtenção/ Compras, Programação de
Produtos e Sistema de Informação) (NOVAES, 2007).

Nesse contexto surge a logística reversa, definida, em linhas gerais, como a área da logística
empresarial que trata do retorno de produtos pós-vendidos e/ou consumidos ao seu centro
produtivo (LEITE, 2003).

2.2 Logística Reversa


A logística reversa de pós-consumo se caracteriza pelo planejamento, controle e disposição
final dos bens de pós-consumo, que são aqueles bens que estão no final de sua vida útil,
devido ao uso (LEITE, 2003).

O autor define a logística reversa (L.R) como:

Logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o


fluxo e as informações correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-
consumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio dos canais de
distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico,
ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE, 2009, p.16
e 17).
Segundo Leite (2003) a logística reversa pode ser classificada como pós-consumo ou pós-
venda: - A logística reversa de pós-venda, é aquela na qual os fluxos reversos se processam
por meio da parte da cadeia de distribuição direta, possui uma cadeia própria de canal
formada por empresas especializadas por suas diversas etapas reversas, que formar o Reverse
Supply Chain; - A logística reversa de pós-consumo tem por objetivo a gestão de materiais e
as informações logísticas referentes aos bens de consumo de pós-venda descartados pela
sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio de
canais de distribuição reversos específicos.

Entende-se que o objetivo principal da logística reversa é o de atender aos princípios de


sustentabilidade ambiental como o da produção limpa, onde a responsabilidade é da
“introdução no mercado até o descarte final”, ou seja, quem produz deve responsabilizar-se
também pelo destino final dos produtos gerados, de forma a reduzir o impacto ambiental que
eles causam, a maneira mais fácil de visualizar o processo logístico reverso é na Figura 1
(NUMER, 2012).

2
Figura 1- Representação esquemática do processo logístico reverso direto

Fonte: Lacerda (2002)

A Figura 01 mostra que combinação adequada entre a coleta e o transporte, pode garantir a
eficiência e eficácia do retorno do resíduo desde a geração até a destinação final. Para casos
que envolvam a coleta de materiais perigosos do ponto de vista humano e ambiental, o estudo
de Mendonça et al. (2013) propõe que sejam adotados modelos de logística reversa que
envolva parcerias e responsabilidade compartilhada através dos fabricantes, distribuidores,
cooperativas, associações e o próprio usuário.

Em muitos casos, um modelo que envolve parcerias e responsabilidade compartilhada acaba


exigindo a presença de operadores logísticos, que acabam surgindo como oportunidades de
negócio, com retornos atrativos, associados aos benefícios sociais e ambientais. Para Miguez
(2010) uma logística reversa organizada deve encontrar alternativas mais eficientes para levar
os produtos aos locais que assegura a destinação correta, privilegiando a reinserção do
material no processo produtivo. A Figura 2 mostra como o consumidor é fundamental nesse
processo reverso.

Figura 2 - Logística reversa das baterias de celulares

Fonte: Adaptado de Miguez (2010)

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A Figura 02 mostra que, a logística reversa depende além de tudo do consumidor, pois são os
agentes de mudanças e que têm o papel de entregar os aparelhos pós-consumidos nos postos
de coletas das lojas das operadoras, lojas comerciais ou dos postos de assistência técnica. A
partir de um volume de celulares e acessórios os postos de coletas acionam o transporte para
que possa retirar o conteúdo e transportar até o armazém de triagem e tratamento (ROSSI et
al., 2014).

Entretanto, para Vieira (2009), esse fluxo inverso deve ser bem administrado pela logística
empresarial, que deve, além de tudo, planejar junto com os canais de distribuição o retorno
dos bens para a área de negócios de forma rápida e segura, levando em consideração as
normas e questões ambientais. A resolução 257 de 1999 do CONAMA e a Política Nacional
de Resíduos Sólidos que entrou em vigor em junho de 2010, obriga os fabricantes de
eletroeletrônicos a implantar programas de logística reversa de aparelhos celulares e suas
baterias (ROSSI et al., 2014).

3. Procedimentos Metodológicos
Para o processo de realização do trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica, como base
científica relativa ao tema proposto. Segundo Cervo (2007), a pesquisa bibliográfica constitui
o procedimento básico para estudos e pesquisas, nos quais se busca o domínio do estado da
arte de determinado tema.
Assim sendo, esta pesquisa teve o intuito de analisar por meio de pesquisa bibliográfica, de
campo e aplicação de questionários, conhecer os tipos de logística reversa de pós-consumo
praticados, identificar o perfil dos consumidores sobre o descarte das baterias, descrever e
analisar o processo de logística reversa de pós-consumo das baterias de celulares no
município.
Considerando-se os objetivos do trabalho, empregou-se a metodologia de pesquisa descrita
por Jung (2004, p.145) em três pontos importantes para o desenvolvimento de uma pesquisa,
que são: quanto à natureza, quanto aos objetivos e quanto aos procedimentos.
Para Jung (2004, p.147) “o entendimento quanto à natureza é importante para que o pesquisador
de acordo com suas pretensões, originadas nas ideias e valores, direcione suas ações”. Com
isso, essa pesquisa será caracterizada como pesquisa aplicada (tecnológica) a qual objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
De acordo com os objetivos considerados, as pesquisas utilizadas foram descritivas e
explicativas.

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A pesquisa descritiva “visa a identificação, registro e análise das características, fatores ou
variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo” (JUNG, 2004, p. 152). Nesta etapa
da pesquisa foi possível identificar as variáveis do processo que contribuem para a proposição
de um modelo de logística reversa, visto que, no Brasil, as pilhas e baterias exauridas são
descartadas no lixo comum, por falta de conhecimento dos riscos que representam à saúde e
ao meio ambiente, ou por carência de alternativa de descarte (REIDLER; GUNTHER, 2002).
Jung (2004, p.153) “relata que a pesquisa explicativa visa identificar os fatores que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o processo”. Explica o
“porquê das coisas”. Dentro desse contexto pretendeu-se explicar o motivo da logística
reversa ser implantada em uma empresa, pois, de acordo com dados da Associação Brasileira
da Indústria Elétrica e Eletrônica - (ABINEE, 2017) o consumo de aparelhos portáteis como
celulares, tablets, notebook’s e outros, cresce a todo instante e juntamente com eles o número
de pilhas e baterias irão crescer na mesma proporção.
Quanto aos procedimentos, “a execução de uma pesquisa exige técnicas e procedimentos a
serem adotados para a coleta e análise dos dados e formulação de um modelo que será
resultante do processo da pesquisa (conclusão)” (JUNG, 2004, p. 154).
O estudo foi realizado na cidade de Itacoatiara-AM, localizada a margem esquerda do rio
Amazonas na região Norte do Brasil. Onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE (2017) possui uma população de aproximadamente 99.854
(noventa e nove mil, oitocentos e cinquenta e quatro) habitantes.
Os dados obtidos nesta pesquisa foram por meio da aplicação de questionário com questões
fechadas realizadas em lojas de eletroeletrônicos e também em outros pontos da cidade
(Escolas, Universidades e outras) . Segundo Fachin (2006) “questões fechadas são aquelas em
que o pesquisador escolhe sua resposta em um conjunto de categorias elaboradas juntamente
com a questão”. Ou seja, o pesquisador oferece ao respondente algum tipo de resposta e ele
deve optar por uma das que lhe foram apresentadas.

O questionário foi composto por 13 (treze) perguntas objetivas quanto ao uso das baterias de
celular, os riscos à saúde, ao meio ambiente, descarte e pontos de coleta. Sendo que alguns
itens apresentaram 4 (quatro) opções de respostas e as demais foram utilizadas a escala Likert.
Para que os dados coletados tivessem um nível de confiança aceitável, utilizamos os dados do
IBGE (2017) e a equação 1 proposta por Santos (2017) para determinar a população em
estudo:

(1)

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Onde:
n= amostra calculada;
N= população;
Z= variável normal padronizada associada ao nível de confiança;
p= verdadeira probabilidade do evento e;
e= erro amostral.
Assim, o estudo foi desenvolvido para uma amostra de 270 (duzentos e setenta) respondentes,
com um erro amostral de 5% e nível de confiança de 90%.
Os dados obtidos de foram registrados e analisados em planilhas eletrônicas do software
Microsoft Excel 2007, e analisados por meio da estatística descritiva de Brunni (2008) onde
sua função consiste em resumir dados e informações investigadas, expondo-os da maneira
mais prática e simples possível [...] descrevendo os resultados estatísticos de caráter
quantitativo, que é determinada em relação aos dados ou a produção numérica, ou seja, é uma
forma de atribuir números a propriedades, objetos, acontecimentos materiais de modo a dispor
seus dados e informações de maneira clara e de fácil interpretação (FACHIN, 2006).
Para determinar um percentual dos consumidores de aparelhos eletrônicos que
consequentemente utilizam e descartam as baterias de celulares de alguma forma utilizamos a
equação 2 proposta por Lapponi (2005).

x 100% (2)

Onde:
n - Tamanho da amostra;
- Média percentual de respondentes da amostra estudada;
- Variável de índice i (i = a, b, c e d que fazem referência às alternativas do
questionário aplicado na pesquisa).

4. Resultados e Discussões

4.1 Análise dos dados

Durante a fase de coleta dos dados, realizou-se, um levantamento por meio da aplicação de
questionário sobre a logística reversa e a problemática que envolve o descarte das baterias. O
objetivo desse questionário foi entender um pouco da relação existente entre consumidor e
logística reversa, analisar o quanto de informações são repassadas ao consumidor sobre a
problemática e os atores (Stakeholders) que estão envolvidos no processo da logística reversa.

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As Figuras que serão apresentadas a seguir ilustram as questões que foram levantadas por
meio da aplicação de questionário com 13 perguntas sobre a logística reversa das baterias de
celulares, bem como seus atores (Stakeholders) envolvidos nesse processo.
Figura 3 - Pontos de coleta na cidade

Fonte: Os autores (2017)

A Figura 3 mostra o percentual de respondentes sobre os pontos de coletas para baterias de


celular existentes no município, 9% dos respondentes concordaram com afirmação levantada
sobre a existência de pontos de coletas na cidade percebe-se que poucas pessoas sabem da
existência de pontos de coletas no município, 18% concordaram parcialmente com a
afirmação, isso se deve muito a coletores escondidos nas lojas e isso acaba passando
despercebido e os clientes acreditam não possuir e se possuir não sabem se funciona e acabam
ficando em dúvida sobre a existência de pontos de coleta, 41% dos respondente afirmam
discordar totalmente da afirmação de existência de pontos de coletas no município,
percebemos portanto, que há desconhecimento total da existência. Segundo a Acritica (2017),
a cidade de Itacoatiara-AM possui uma loja de eletroeletrônicos com um ponto de coleta para
pilhas e baterias legalmente cadastrada pela ABINEE, sem contar às lojas que não são
cadastradas que possuem coletores, 14% discordaram parcialmente da afirmação, seguindo o
mesmo entendimento dos 18% que concordaram parcialmente e 18% se abstiveram e
acabaram não concordando e nem discordando da afirmação.

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Figura 4 - Descarte correto dos resíduos

Fonte: Os autores (2017)

A Figura 4 mostra o percentual de respondentes sobre onde fazer o descarte correto do celular
bem como seus acessórios onde se inserem as baterias e que 22% concordaram totalmente
com a afirmação, sabendo onde descarta corretamente, 24% concordaram parcialmente com a
afirmação, 25% discordaram totalmente, afirmando não saber exatamente onde fazer o
descarte incorreto, 16% discordam parcialmente, 13% não discordam nem concordam.
Percebemos que alguns dados aqui, influem dos dados apresentados na Figura 3 sobre o
conhecimento dos pontos de coleta existentes na cidade de Itacoatiara onde cerca de 41%
responderam desconhecer sobre a existência dos mesmos e isso implica diretamente nas
afirmações apresentadas, ou seja, se não conhecemos algum mecanismo de coleta/disposição
desses resíduos, como saberei onde descarta corretamente meu resíduo?
Figura 5 - Descarte incorreto dos resíduos

Fonte: Os autores (2017)

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A Figura 5 mostra o percentual dos respondentes que já descartaram as baterias em locais
impróprios/lixo comum e que 25% afirmaram que já descartaram somente uma única vez,
16% afirmaram que descartaram duas ou mais vezes, 8% afirmam que sempre descartaram
em locais impróprios e 51% afirmaram que nunca descartaram no lixo comum ou em locais
inadequados.
Figura 6 - O que você faz com seu aparelho usado quando não o utiliza mais

Fonte: Os autores (2017)

A Figura 6 mostra o percentual de respondentes sobre o que acontece com o aparelho celular
que não usa mais, 42% afirmam que fica guardado em algum lugar em casa, 8% jogam no
lixo, 5% procuram por um ponto de coleta para fazer o descarte correto, 45% vendem o atual
aparelho e compram um novo.

Figura 7 - Motivos que levam ao descarte incorreto.

Fonte: Os autores (2017)

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A Figura 7 mostra o percentual de respondentes sobre os motivos que levam os consumidores
a desatarem as baterias de celular de maneira inadequada e que 33% afirmam que falta de
conhecimento sobre os pontos de coletas influencia nesse processo, para 32% a falta de
conhecimento sobre os danos a saúde e ao meio ambiente que estes materiais possam vir a
causa influem também, 21% afirmam que a falta de informação influência no descarte, quem
comercializa os aparelhos celulares não informa a importância do descarte correto muito
menos dos danos que estes possam vir a causar casa seja descartado de maneira inadequada e
14% afirmaram que conscientização é fundamental, algumas pessoas conhecem os pontos de
coletas, mas ainda insistem em descarta no lixo doméstico por ser mais prático.

Figura 8 - Conscientização para o descarte

Fonte: Os autores (2017)

A Figura 8 mostra o percentual de respondentes sobre o que o consumidor faria para tentar
minimizar o descarte incorreto das baterias e consequentemente evitar os riscos à saúde e ao
meio ambiente causado por estes materiais e que 39% afirmam que descartariam sempre em
locais adequados, 28% cobrariam das lojas/revendedores/assistências técnicas um modelo de
logística reversa para o descarte correto dos resíduos caso não existisse um ponto de coleta,
23% divulgariam ações e os pontos de coletas existentes no município para fortalecer o
descarte e aumenta a eficiência da logística reversa para esses resíduos, 10% afirmam que se
já existir um modelo de logística reversa, os mesmos verificariam e cobrariam a eficiência e
eficácia do modelo existente na empresa.

4.2 Descrição do processo de Logística reversa


Esta subseção apresenta a descrição do processo de logística reversa no município realizada a
partir de entrevistas com gerentes de 2 (duas) das maiores lojas de eletroeletrônicos do

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município. O objetivo desta descrição é entender como se dá o real funcionamento do
processo logístico reversa das baterias e como as empresas praticantes deste processo atuam
para um bom desenvolvimento destas práticas com relação ao meio ambiente, sociedade e
políticas sobre o descarte destes resíduos.
A Figura 9 apresenta a descrição do processo de logística reversa desenvolvido a partir das
informações levantas e analisadas por meio das entrevistas realizadas na coleta de campo.

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Figura 9 - Descrição do processo da logística reversa para as baterias de celular

Fonte: Os autores (2017)


Na primeira etapa, podemos perceber pela Figura 9 que a as lojas receptoras das baterias são
responsável pela coleta, separação e contagem das baterias descartadas. Na parte de coleta, as
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lojas detém de coletores para o descarte das baterias e estes geralmente ficam expostos em
locais visíveis próximos aos stands de vendas dos aparelhos celulares. A separação é
necessária nesta etapa devido aos coletores serem definidos para o descarte de pilhas e
baterias e em alguns casos a empresa que faz o recolhimento das baterias não faz o das pilhas
e, portanto, é necessário que faça a separação dos resíduos. Finalizando a primeira etapa se
faz a contagem da quantidade de baterias entregues ao operador logístico que fará seu
transporte até a empresa especializada na remanufatura destes resíduos.
Na segunda etapa o operador logístico tem a função de fazer o recolhimento, transporte,
contagem, medir o peso e identificar as baterias de celular. O recolhimento e o transporte é
realizado a partir de um volume, peso ou data devidamente específica para coleta dos
resíduos. A contagem, medição do peso, volume, identificação das baterias quanto ao seu
estado físico e fabricante responsável é realizado pela própria empresa que presta o serviço
logístico e a partir dai essas informações bem como os resíduos são repassados a empresa que
realiza a transformação deste destes resíduos com o objetivo de introduzi-los ao ciclo
produtivo novamente.
Na terceira e ultima etapa deste processo se dá a participação da empresa responsável pela
transformação destes resíduos. É realizado primeiramente a desmontagem das baterias e
separado todos os componentes que forma o produto, como, parafusos, carcaças de plásticos,
papel e solução química da bateria. Logo após esta etapa, os resíduos separados são
classificados quanto a utilizáveis e não utilizáveis, ou seja, caso o resíduo seja utilizável este
pode ser reaproveitado para o processo de transformação caso contrario será descartado da
maneira mais adequada possível como é o caso da solução das baterias. Por fim, na última
fase deste processo, os resíduos separados e classificados recebem um tratamento especial
antes de ser descartado ou mesmo antes de passar pelo processo de transformação.

5. Conclusão
Os resultados da pesquisa mostraram que mesmo as lojas revendedoras de aparelhos
eletroeletrônicos possuírem programas de coletas das baterias de celular pós-consumo, a
aderência dos consumidores é considerada baixa, pois a maioria ainda desconhece dos pontos
de coletas existentes no município e dos riscos que estes podem ocasionar caso seja
descartado de maneira inadequada. Assim, ações de conscientização devem ser apresentadas
pelas lojas revendedoras de aparelho celular e ter como meta ampliar e difundir a relação
entre seus clientes ressaltando a importância de destinar corretamente as baterias que não
serão mais utilizados para terem uma destinação correta.

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Portanto, para que o processo da logística reversa das baterias de celular contribua como
esperado, devem-se promover ações que envolvam todas as partes: consumidores,
colaboradores, representantes, parceiros externos e fornecedores. Serão destacadas ações que
as lojas revendedoras podem implantar de forma simples e de baixo custo que envolva ações
sistêmicas junto aos consumidores promovendo palestras e dinâmicas sobre a problemática
que envolve a logística reversa de pós-consumo integrando todos os atores envolvidos na
questão, divulgando os locais disponíveis para a coleta desses resíduos e os cuidados básicos
para prolongar a vida das baterias.

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