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A epistemologia teve um máximo desenvolvimento nos séculos XVII e XVIII, uma vez que é nesta
altura que se formam algumas teorias, de forma a responderem a dois grandes problemas da
filosofia: um relacionado com a sua origem e com a possibilidade de este existir «a origem,
certeza e extensão do conhecimento».
O que separa os racionalistas dos empiristas são alguns instrumentos concetuais, entre os quais
estão presentes quatro distinções fundamentais e que alimentam a disputa.
A teoria racionalista
O racionalismo, como o próprio nome nos diz, refere-se à explicação de caracter racional, ao
lógico e à razão (capacidade de entendimento), que são consideradas as fontes mais
importantes do conhecimento verdadeiro.
A partir da corrente racionalista, considera-se um conhecimento efetivo quando este é seguro e
rigoroso. Para poder ser seguro e rigoroso tem que estar passível de análise a partir da razão, da
lógica e se for universalmente válido, visto este ser constante para toda a Humanidade,
independentemente da experiência que possa existir.
Este tipo de conhecimento é dado pela matemática, que é válida universalmente e obriga-nos
à sua aceitação, com o risco de entrarmos numa contradição lógica – necessidade lógica e
universalidade. Pressupõe uma natureza dedutiva do saber – procura uma cadeia de razões onde
tudo o que é descoberto surge como consequência necessária do que já foi encontrado e
admitido como absolutamente verdadeiro.
O filósofo (Descartes) era um racionalista dogmático convicto que procurou combater os céticos
e reabilitar a razão. Este afirmava que só era possível superar os argumentos dos céticos para o
qual o conhecimento não é possível, se forem encontrados fundamentos metafísicos.
Então criou um método que tinha como objetivo a obtenção de uma verdade indiscutível,
combater o ceticismo e reabilitar a razão, e era inspirado na matemática visto que as suas
proposições vinham de origem racional. Foi através deste método racionalista que toda a sua
filosofia se assente. Este método cartesiano, segundo Descartes “ (…) entendo um conjunto de
regras certas e fáceis tais que, aquele que as cumprir corretamente, nunca tomará nada falso
por verdadeiro; sem qualquer desperdício de esforço mental e aumentando o seu conhecimento
passo a passo, chegará ao verdadeiro conhecimento ou entendimento de todas as coisas que
não ultrapassam a sua capacidade”.
1. A evidência – nunca aceitar qualquer coisa como totalmente verdadeira caso deixem
dúvidas;
2. A análise – simplificar cada problema para que fosse possível resolve-lo mais facilmente;
4. A enumeração – revisão geral e completa para a certificação de que nada era omisso.
Estas regras permitiam guiar a razão orientando de uma forma correta as operações
fundamentais do espírito, ou seja, a indução e a dedução. A indução é a apreensão direta e
imediata de noções simples, evidentes e indubitáveis. Já a dedução é o encadeamento das
induções, para que através dos princípios evidentes de pudesse cegar as consequências
necessárias.
Dentro do método cartesiano, destaca-se a dúvida, algo bastante importante porque é através
dela que é possível negar tudo aquilo que levanta alguma suspeita de incerteza, exceto às
verdades que estão ligadas com a fé e com o sobrenatural que não estão sujeitas a esta.
Descartes não é um cético, e pelo contrário, combate o ceticismo. A sua dúvida é, por isso, muito
distinta da dúvida dos céticos. Para ser eficaz, nada pode escapar à dúvida, que é universal, e a
dada altura, também hiperbólica.
Rejeitou a informação com base nos sentidos, pois eles são enganadores.
Rejeitou o conhecimento racional, porque muitas vezes nos enganamos ao raciocinar.
Rejeitou, finalmente, tudo que até aí havia entrado na sua mente, porque muitas vezes o
sonho se confunde com a vigília (=Quando sonhamos, pensamos e os nossos pensamentos são
falsos. Ninguém nos pode garantir que não estamos a sonhar agora mesmo).
O cogito
A existência do sujeito que duvida não gera dúvidas – a dúvida atua sobre todos os objetos do
conhecimento, mas não pode atuar sobre a existência do sujeito que assim duvida. Para duvidar,
é preciso pensar e para pensar, é preciso existir: PENSO, LOGO EXISTO. O cogito (o eu pensante)
é, pois, a primeira verdade que emerge do método cartesiano e constituir-se-á como pilar central
do conhecimento, sendo uma verdade clara e distinta e absolutamente a priori.
O Cogito é uma substância pensante, pois é uma unidade autónoma (independente do corpo)
que pensa, ou seja, cuja essência é pensar. É o 1º princípio para a construção de um
conhecimento seguro e como critério de todo o conhecimento verdadeiro.
São a mesma dúvida, mas aparecem em momentos diferentes e com objetivos distintos.
Metódica – é a forma pela qual Descartes atinge o seu primeiro princípio – o cogito – de
forma clara e distinta;
Hiperbólica – é a dúvida levada ao extremo – apresentando a possibilidade da existência
de um génio maligno -, no sentido de garantir que o seu primeiro princípio resiste a todas
as dúvidas.
O cogito é uma intuição racional – uma evidencia que se impõe ao espirito humano de forma
absolutamente clara e distinta.
Todo o conhecimento, para ser considerado verdadeiro, deve ser claro e distinto – ou seja,
evidente. Estabelecida a primeira verdade, Descartes procura saber o que fez resistir à dúvida,
encontrando na clareza e distinção das ideias o critério que permite identificar as crenças
verdadeiras.
A ideia de perfeição não pode derivar de um ser imperfeito, logo existe um ser perfeito que dá
essa ideia de perfeição Deus
Se Deus existe e é perfeito, não o pode querer enganar, o que garante a verdade das ideias claras e distintas.
Como Deus é garantia, Descartes pode deduzir outras verdades – a existência do mundo, por exemplo – e
construir, o conhecimento verdadeiro, pois se é certo que o nosso conhecimento provém da razão, a garantia
dessa verdade é dada por Deus.
O Cogito e Deus
3. Circular É acusado de petição de princípio. Para saber que as ideias claras e distintas
são verdadeiras, Descartes tem de saber que Deus existe e é perfeito; para saber que
Deus existe e é perfeito, tem de saber que as ideias são claras e distintas.
4. Afirma a existência como predicado Descartes deduz a sua existência a partir de Deus,
mas Kant considera este argumento falso, visto que a “existência” não é uma qualidade.
Ou seja, há uma passagem da ordem da lógica para a ontológica.
Todo o conhecimento se baseias ou deriva da experiencia sensível, isto é da experiencia que tem
por base o funcionamento apropriado dos nossos sentidos.
Nada está na razão que não tenha estado previamente nos sentidos. A mente é uma tábua rasa,
uma folha em branco onde a experiencia escreve. Segundo os empiristas, a mente, à partida, é
vazia, despossuída de qualquer ideia inata. Todos os conhecimentos que apreendemos são
exclusivamente fruto da aprendizagem, através da experiência.
David Hume e o empirismo
Críticas ao empirismo