CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TOCANTINOPOLIS CURSO DE CIENCIAS SOCIAIS.
RESENHAS CINE CLUBE – O ULTIMO DOS MOICANOS – A
NAÇÃO QUE NÃO ESPEROU POR DEUS.
CELSO KOSINSKI
Disciplina
SOCIEDADES E CULTURAS INDIGENAS
Professora Drª. Rita de Cássia Domingues Lopes
TOCANTINOPOLIS
2019 O ULTIMO DOS MOICANOS
A partir de um enredo de ação, o filme o último dos moicanos, nos proporciona
pensar e expandir os horizontes. Uma estória que se passa no ´século XVII, no terri- tório americano na fronteira entre Estados Unidos e Canadá, onde havia uma luta pela posse entre franceses e ingleses, o personagem principal é um branco criado por um índio, trajetória destes no filme os faz entrecruzarem seus caminhos com os dois exér- citos, um batalhão inglês que se dirige a um forte e os salva de um ataque, o filme tem uma trama de resistência ao ataque Frances, e de fuga dos inimigos que são de outra tribo “HURON”, há uma batalha pessoal inserida neste contexto, a batalha pela pre- servação de um povo, há um mito inserido neste filme, o de que o selvagem é um ser humano bonzinho, um ser heroico, mas com características brutas, um pequeno grupo ou seja três pessoas neste filme é usado para representar um povo todo. Observamos que há escolhas dos índios pelos opositores, para obter vanta- gens, cada grupo se alia a um lado objetivando algum resultado positivo, os índios se aliam aos seus inimigos porque sabem que se não o fizerem podem ser suprimidos. Há a pratica de troca de peles por ouro, prata e bebidas, costumes que não eram indígenas, ocorre alteração na relação homem-natureza como fica muito claro no início do filme, onde durante a caçada os índios demonstram profundo respeito ao cervo morto demonstrando o profundo respeito pela natureza, a partir da homenagem prestada ao cervo morto. Vemos que desde o século XVII os interesses dos coloniza- dores são os mesmos, se apropriar dos recursos das terras conquistadas, se apropriar dos bens de produção, e fazer uso da força de coerção usando os colonos como massa de manobra, primeiro para ocupar terras e impedir o estabelecimento de outros e depois como braços descartáveis para a luta armada, a despeito de serem total- mente despreparados e deixarem para trás suas famílias completamente vulneráveis, em nome do Rei e da coroa não importa quantos corpos tenham que ser empilhados. Nota-se que entre os índios há os que lutam entre si, por motivos de raiva mutua, o filme mostra a perda de identidade expressa em um personagem Magua, é o ser sem identidade, perdido em seu mundo destruído este se uniu ao branco aquele mesmo que o violentou o próprio índio falou sobre sua nação, e diz que essa sua nação é desunida, o sentimento deste é tal que chama o oficial Francês de pai. Os ocidentais tem grande dificuldade em ver o outro como o espelho que dá os contornos de nossa própria identidade, mas sim como a ameaça, devendo, por- tando, ser exterminado. Não basta matar, é preciso apagar, ou pelo menos tentar su- focar e dirimir qualquer rastro de sua existência, ao final do filme o monologo do último dos moicanos, é comovente exatamente porque a morte de um homem é uma metá- fora para a morte de toda uma nação, de uma cultura, de um tempo. Para a morte da razão e do respeito ao outro. A NAÇÃO QUE NÃO ESPEROU POR DEUS.
Assim como o Último dos Moicanos, o documentário mostra as dificuldades
encontradas pela tribo indígena Kadiwéu que vive no Mato Grosso do Sul. Os kadiwéu tem um mito sobre sua origem, este mito da sentido para a própria existência e a luta atual destes. Segundo nos mostra o filme quando da criação do mundo Deus chamou todas as tribos para distribuir ferramentas, vendo que havia muita gente a espera os Kadiwéu, se retiraram e não esperaram por nada, Deus ao ver isso sabendo que eles não teriam ferramentas, deu-lhes toda a terra assim este mito legitima a existência deles e a sua luta para garantir a posse da terra que lhes foi dada por Deus. As lutas naquela região se desenvolvem com os pecuaristas, algo que é fre- quente no Brasil, lutas pela terra em conflitos com pecuaristas ou agricultores, ou ex- ploradores de minério. Frente aos atos de invasão e posse a tribo utiliza diferentes formas de resistência, além da resistência a ocupação há também a resistência cultu- ral, uma vez que com o fornecimento de energia elétrica, a televisão e as igrejas evan- gélicas chegaram ao loc. Vivendo em uma reserva, os Kadiwéus têm como um dos principais conflitos abordados a reconquista de suas terras tomadas por fazendeiros que se recusam a ceder a parcela que é, de direito legal, da tribo. Quando convocados para uma reunião com os atuais donos das terras, um dos caciques propõe que continuem trabalhando nos espaços ocupados em troca de um salário, ao que a esposa de um dos fazendei- ros responde: “mas nunca me passou pela cabeça que vocês queriam dinheiro”. Re- flexo do nosso próprio tempo, quando um abastado empresário – o que não deixa de ser a proprietária – não imagina que uma população pobre, oprimida e jogada à mar- gem da sociedade necessite de dinheiro pra sobreviver. Há a oposição entre os índios e os fazendeiros com os costumeiros meios de intimidação através da violência, há também a mudança de costumes onde tais como na alimentação e também nas questões religiosas, que sofrem influencia da chegada da denominação assembleia de Deus, hábitos e costumes vindos de fora. Em uma cena pode se contar meia dúzia de motocicletas estacionadas sob a sombra de uma árvore. O estilo das músicas que mexe com os mais jovens não é ancestral e, sim, o sertanejo. O exemplo mais significativo da transformação cultural é a incorporação dos costumes dos brancos até mesmo nos ritos de passagem. O ar-condicionado faz parte da realidade da tribo, como constata um jovem que deixou a reserva para viver na cidade e cursar zootecnia para poder cuidar das terras da mãe. O filme mostra as assimilações e as imposições culturais em uma dicotomia que os entrincheira entre sua cultura e a do branco. Resta aos Kadiweu assim como ao ultimo dos moicanos, lutar para que sua identidade não seja obscurecida.