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Livro Eletrônico

Aula 00

CODJERJ, Consolidação Normativa e Resolução CNJ 198/2014 p/ TJ-RJ Analista -


Comissário de Justiça

Professor: Felipe Petrachini

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CODJERJ, Consolidação e Custas para o TJ-RJ
Teoria e exercícios comentados
Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 00

AULA 00 – Apresentação do Edital, Proposta do


Curso e Introdução ao CODJERJ

SUMÁRIO PÁGINA

Sumário
Apresentação: ................................................................................................. 1
0
Meus Pãezinhos .............................................................................................. 3

Considerações sobre o Curso ......................................................................... 4

1. Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro 7

1.1 Da Divisão Judiciária ........................................................................... 10

Questões ....................................................................................................... 24

Apresentação:

Olá a todos. Eu me chamo Felipe e serei o responsável pelo curso de Noções


de Direito e Legislação no que diz respeito aos diplomas específicos do Tribunal.

Tenho 25 anos e atualmente exerço o cargo de Agente Fiscal de Rendas do


Estado de São Paulo (vulgo “Fiscal do ICMS”). Sou formado em Direito pela
Universidade de São Paulo, mais conhecida como Largo São Francisco. E sim, isso
significa que perdi horas de sono ao longo de meses a fio para fazer a FUVEST.
Bons tempos aqueles...

Ingressei no serviço público em 2009, no cargo de Assistente Técnico


Administrativo do Ministério da Fazenda. Fiquei mais de dois anos no cargo, onde
aprendi desde furar papel até os meandros mais específicos da ciência do Direito
Tributário. De tanto choramingar, a partir de fevereiro comecei a supervisionar parte
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do setor onde trabalhava, ganhando um aumento singelo (sim, essas coisas existem
no serviço público se você for ambicioso).

Em abril de 2012 fui nomeado para o cargo de Técnico Judiciário Área


Administrativa do Tribunal Regional do Trabalho. Lembro-me até hoje de que
mesmo estando na posição 1237, e já passados mais de três anos da prova, ainda
assim chegou minha vez. Mas lógico, se tivesse ido melhor, teria sido chamado
mais cedo .

Passei em 16º lugar no concurso de AFTM de São Paulo, ingressando na


Prefeitura lá para agosto de 2012 e ali fiquei até (finalmente) ingressar na Secretaria
da Fazenda do Estado de São Paulo (vulgo ICMS SP), cargo agora, em março de
2014.

Fora isso, fui chamado para ser Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça de
São Paulo (não lembro a posição de cabeça, mas demorou pacas pra chamar e eu
já estava na Prefeitura quando isso aconteceu) e Escrevente Técnico Judiciário na
Circunscrição de Mauá, que também é longe pacas de onde eu moro. Também fui
convidado (recentemente) a ocupar a vaga de Técnico do INSS na Agência de
Atibaia (8º lugar)

Prometendo não me alongar muito, fiquei em 4º lugar no concurso de


Assistente de Licitação para a FURP (Fundação do Remédio Popular), concurso
este do qual também não pude assumir e, fui chamado para ser Técnico da
SPPREV, em um concurso bastante peculiar (se tiver a curiosidade, pegue a lista de
aprovados e veja as notas do pessoal, coisa de louco), e, por fim, fui nomeado em
2010 (ou 11) para exercer o cargo de Técnico do Ministério Público da União.

Mas pra fazer tudo isso, não é necessário nenhum lampejo de genialidade ou
dom divino. Alias, boa parte dos meus conhecidos me tomam por alguém bastante
"desligado", de maneira que alguns ainda se espantam em saber que eu ainda não
me esqueci de respirar. O que eu sou, em verdade é teimoso.

E pra ser bem sincero, já levei fumo também em concurso. Fui tão mal na
prova do BACEN da época que fiz que fiquei com vergonha. Mas foi só vergonha,

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não desisti por causa disso, nem você deve se sua vez ainda não chegou. Alias, o
desastre da época foi o que me animou a estudar mais profundamente disciplinas
como contabilidade geral, que me auxiliaram anos depois na obtenção do cargo de
Agente Fiscal de Rendas, o qual exerço hoje.

A vaga está lá disponível para quem quiser pegar, e já adianto: não é


necessário nenhum lampejo de genialidade ou dom divino (embora ambos ajudem
muito). Eu tive a oportunidade de conhecer pessoas muito talentosas, e a maior
parte delas não quer virar funcionário público. Para o resto de nós, sobra a certeza
de que a dedicação e o empenho são os únicos fatores que fazem a diferença entre
passar ou não.

Quer dizer, quase. Material também é bom ter. Não adianta nada estudar
feito um condenado se você não estiver estudando a matéria certa. Você confiou
neste material para aplicar o seu esforço. Eu vou te dar uma dor de cabeça que
valha o gasto .

Bom, chega de conversa, mãos a obra!

Meus Pãezinhos

Atendendo a uma orientação do site, reproduzo abaixo o seguinte informe:

---------------

Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais


(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação
sobre direitos autorais e dá outras providências.

Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os


professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-)

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É um tanto ameaçador, mas é a mais pura verdade. Seu professor é formado


em Direito e atesta a ilicitude da conduta :P.

Mas, não é só isso: o curso toma tempo do seu querido professor, e ele usa o
suado dinheirinho de vocês para comprar duas coisas: livros novos e pãezinhos.

Livros novos pois sei que, ao mesmo tempo em que eu me atualizo, as


bancas também o fazem, e o nosso objetivo é estar a frente da banca, e não ser
engolido por ela (quando o predador é mais rápido que a presa, já sabem o que
acontece).

Pãezinhos pois tanto eu como aqueles que amo e prezo precisam comer. E
pãezinhos são as coisas mais baratas em que consigo pensar em comprar :P.

Considerações sobre o Curso

Bom meus caros, de um ex-técnico judiciário para um futuro servidor do


judiciário: é muito bom tê-lo por aqui!

Você foi um felizardo: seu edital previu expressamente os capítulos que


exigirá na prova. Isso é uma gentileza rara, que deve e será aproveitada.

Se você observar bem, os artigos selecionados no Código de Organização


Judiciária apresentam você ao seu novo local de trabalho. Você terá de estudar a
estrutura dos foros judiciais, e os diversos funcionários que atuam no Tribunal (seus
futuros colegas de trabalho).

Por outro lado, ao estudar a Consolidação Normativa Judicial, você


aprenderá sobre as tarefas que terá de desempenhar enquanto trabalha no Poder
Judiciário do Estado. A Consolidação trará informações a respeito dos inúmeros
procedimentos efetuados pelo órgão, muitos deles com origem no Código de
Processo Civil.

No entanto, enquanto o Código de Processo Civil é voltado à autuação das


partes, advogados e magistrados no curso do processo, a Consolidação

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Normativa Judicial tem um foco diferente: a atuação do servidor, enquanto


funcionário submetido à disciplina do Poder Judiciário.

A que horas você deverá entrar, onde usar a capa azul, quantas folhas deve
ter um processo para que seja necessário abrir um novo volume, enfim, todas essas
situações maravilhosas da rotina do servidor, que pouco fazem sentido para alguém
que não está lá agora :P

Dito isso nosso curso vai seguir uma premissa nova. Você já deve ter dado
uma olhada nos diplomas legais exigidos pelo edital. E também já deve ter reparado
que a Consolidação Normativa Judicial e, de certa forma, todos os diplomas
referentes às custas, são puramente descritivos.

O que pretendo fazer: nossas a respeito do CODJERJ te apresentarão à


estrutura do Tribunal e, aos poucos, vai se ambientar como seu novo local de
trabalho, a ponto de começar a pensar como um servidor da Justiça.

Como os conceitos que a Consolidação Normativa Judicial utiliza são


derivados de conceitos do CODJERJ, a leitura desse segundo vai se tornar mais
simples quando você acabar de ler o primeiro.

Assim, no caso da Consolidação, nosso estudo se dará quase que


exclusivamente com questões problema. Não haverá conceitos novos a serem
ensinados, mas sim casos práticos a serem resolvidos (que foi o que caiu nas
provas passadas para o TJ do Rio de Janeiro).

Entenda: as escolhas do seu examinador tem caráter prático. Ele exige que
você saiba o que você realmente irá utilizar no seu novo emprego. Nada de
conhecimento sobe jurisprudência minoritária, nada sobre o cabimento de
denunciação à lide em questões de estado, e menos ainda aquele voto vencido
quentíssimo em Agravo de Instrumento em sede de Embargos Infringentes. Aqui
você verá o que VOCÊ deverá fazer quando entrar no serviço público!

Por outro lado, encorajo você a ler os diplomas legais, e estarei aqui para
tirar absolutamente qualquer dúvida que você venha a ter sobre o assunto (inclusive

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sobre aquele voto vencido quentíssimo de agravo de instrumento que não admitiu
embargos infringentes em sede de recurso extraordinário :P)

Ah sim: por mais que eu adore discutir os efeitos Sumula Vinculante nº 13 e


as impressões de Kelsen a respeito da Ciência do Direito (sem ironia nenhuma, as
rodas de bar ficam bastante animadas com estes temas :P), vou cortar esta parte
toda para vocês e ir direto ao ponto! Com direito a comparações esdrúxulas, vícios
de linguagem (pra que né?) e uma abordagem tão coloquial que chega a ser
criminosa! Brincadeira, mas eu nem sempre fui Bacharel em Direito, e sei que a
última coisa que vocês precisam agora é uma tijolada legislativo-jurisprudencial.

Se tiver dúvidas, por favor, o fórum serve para isso :P. Só recomendo que se
concentre em passar, então, procure ficar no feijão com arroz. Sua carreira será
bem longa e você terá a oportunidade de aprender com mais tempo. Nosso objetivo
agora é assinar a posse e colocar o salário no bolso!

Mais um ponto: seu professor costuma dar preferência para as aulas


teóricas. Neste curso específico, irei abordar toda a teoria primeiro, e depois,
voltarei a cada uma das aulas, acrescentando questões e avisando vocês. Desta
forma, no começo, não estranhem se suas aulas só tiverem teoria. As questões
virão depois (prometo!).

Boa parte delas terá de ser criada (só consegui localizar questões do
concurso que a FCC aplicou em 2012). Se você tiver outras provas que gostaria de
ver comentadas, por favor: eu ficarei mais do que feliz em ajudar você!

Um conselho final antes de começarmos: funcionário de Tribunal adora


prazo! Todo e qualquer prazo que passar pela sua frente, pode anotar, porque
provavelmente vai cair!

Vamos começar.

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1. Código de Organização e Divisão Judiciárias do


Estado do Rio de Janeiro

Aqui começa sua jornada de descobrimento do funcionamento do Poder


Judiciário do Estado.

Como eu disse lá trás, o Código de Organização Judiciária te apresenta ao


seu novo local de trabalho, mostrando as estruturas hierárquicas, órgãos que
compõem o Poder Judiciário do Estado, e os membros da cúpula diretiva do
Tribunal (tais como o Presidente do Tribunal, o Vice Presidente e o Corregedor-
Geral).

Nele também constam regras para criação de fóruns, as atribuições de cada


um dos funcionários da justiça estadual, suas competências e atribuições, as
funções dos auxiliares da justiça (calma que nós os conheceremos), o expediente
dos órgãos do Poder Judiciário, e tudo, tudo, absolutamente tudo que um servidor
deve saber sobre o local em que trabalha.

É isto o que torna este Código tão útil e necessário, e a razão dele constar
hoje no seu edital.

As versões mais atualizadas que consegui encontrar dos diplomas que


estudaremos saíram do próprio site do TJ:

http://www.tjrj.jus.br/web/guest/codjerj/regitjrj/cncgj

O CODJERJ, por exemplo, foi atualizado em 2014, o que poupará o seu


querido professor do árduo trabalho de compilar na unha a legislação do seu Estado
(já fiz isso algumas vezes em outros concursos e precisei de várias jarras de café
)

Ponto importante: daqui por diante, a expressão “Tribunal de Justiça” se


referirá apenas ao órgão do Poder Judiciário composto por Desembargadores e
pelo Presidente do Tribunal, e não mais à estrutura toda do Poder Judiciário.

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Você verá logo mais que existe um órgão do Poder Judiciário do Estado que
se chama justamente “Tribunal de Justiça”. Se eu não fizer esta diferenciação,
você certamente vai ficar doido :P.

Vamos começar a festa:

Art. 1º - Este Código regula a Organização e Divisão Judiciárias do


Estado do Rio de Janeiro, bem como a administração e o
funcionamento da Justiça e seus Serviços Auxiliares.

Muita gente negligencia a importância do primeiro artigo de uma lei. Grifei-o


todo em colorido para que você não faça a mesma coisa :P. No artigo 1º está tudo
aquilo que o Código de Organização Judiciária pretende abordar.

As disposições iniciais mostram para que, exatamente, para o que Código foi
elaborado. Tê-las em mente fará com que você elimine questões absurdas, e
aprenda a raciocinar dentro da estrutura do texto. E, raciocinando desta forma, um
belo dia tudo que está aqui fará sentido intuitivamente (é assim que funcionam as
leis :P).

Art. 2º - São órgãos do Poder Judiciário do Estado:


I - o Tribunal de Justiça;
II - os Juízes de Direito;
III - o Tribunal do Júri;
IV - os Conselhos da Justiça Militar;
V - os Juizados Especiais e suas Turmas Recursais.

Calma que você logo logo se acostumará com estes órgãos. As


competências de todos eles serão discriminadas ao longo do CODJERJ. Por
enquanto, apenas se lembre: um único Juiz, sozinho e completamente
desacompanhado, também é um órgão do Poder Judiciário!

Art. 3º - O Tribunal de Justiça, com sede na Capital, tem jurisdição


em todo o território do Estado

Art. 4º - Os juízes e tribunais de primeira instância têm jurisdição


nas áreas territoriais definidas por este Código.

A rigor, o CODJERJ queria ter dito competência, ao invés de jurisdição.

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Melhor eu diferenciar estes dois termos agora, pois embora próximos,


possuem diferenças conceituais gritantes.

De maneira bem simples (como convém a um professor de cursinho),


jurisdição é o poder investido a determinados órgãos de aplicar o direito positivo (a
lei) ao caso concreto.

Todo Juiz é investido neste poder. Por isto se diz que a ele compete o
exercício de toda a jurisdição, afinal de contas, o poder de aplicar a lei não é algo
que pode ser dividido ou fracionado. Ele, em si, é uno.

Competência por sua vez é a delimitação da jurisdição. Embora todo Juiz


possa exercer a jurisdição (aplicar a lei), por critérios organizacionais, costuma-se
dividir esta tarefa entre diversos órgãos, através de critérios objetivos (os mais
comuns são os critérios territoriais e em relação à matéria [assunto]), de maneira
que cada órgão exerça a jurisdição apenas em determinados casos.

Calma! A jurisdição continua uma só, mas os órgãos do Poder Judiciário, em


função de sua competência, atuarão apenas em algumas hipóteses.

Ensinemos pelo exemplo: se eu, Agente Fiscal de Rendas do Estado de São


Paulo redijo em um pedaço de papel algo que eu chamo de sentença, aplicando a
lei ao caso concreto, esta sentença é simplesmente inexistente. Como não estou
investido de jurisdição, não tenho o poder de aplicar o direito ao caso concreto.

Todavia, se o Juiz de Direito da Comarca do Rio de Janeiro profere uma


sentença referente à causa de competência da comarca de Niterói, e, se no
momento adequado, ninguém se opôs a este fato, aquela decisão é válida! Por que
razão? Porque todo Juiz exerce toda a Jurisdição, ainda que, em função da
competência, este Juízo não devesse atuar. Ok?

Por isto o estudo da divisão judiciária do Estado ganha tamanha importância:


as áreas territoriais a que se refere o CODJERJ são as que, daqui a pouco, você vai
conhecer por “comarcas”.

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1.1 Da Divisão Judiciária

Você deve imaginar que o número de demandas que são submetidas ao


Poder Judiciário é gigantesco.

Já parou para se perguntar como é que o Poder Judiciário se estrutura, de


maneira a atender satisfatoriamente todos os jurisdicionados que se encontram sob
sua disciplina?

Além do mais, se você nunca estudou o assunto, imagino que o termo


"comarca" não lhe seja familiar :P.

Veja só:

Art. 5º - O Território do Estado, para efeito da administração da


Justiça, divide-se em regiões judiciárias, comarcas, distritos,
subdistritos, circunscrições e zonas judiciárias.

Destas, estudaremos, por enquanto, apenas as comarcas, distritos e


regiões judiciárias.

§ 1º - Cada comarca compreenderá um município, ou mais de um,


desde que contíguos, e terá a denominação da respectiva sede,
podendo compreender uma ou mais varas.

E que comecem os diagramas:

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Você vai descobrir em breve que sou um grande fã do Microsoft Paint. E isto
remonta desde os tempos do Colegial :P.

Para quem não sabe, uma comarca é a menor unidade jurisdicional sobre a
qual um órgão do Poder Judiciário tem competência para exercer a jurisdição (dizer
o Direito), e é composta de diversos municípios, mas levará o nome apenas do
município sede.

§ 2º - As regiões judiciárias serão integradas por grupos de comarcas


ou varas, conforme quadro anexo 2. Suas sedes serão as comarcas
indicadas em primeiro lugar no quadro referido.

Eis aí uma região judiciária:

E como a instalação de uma comarca é um evento muito especial, tem que


ter festinha:

Art. 6º - A instalação da comarca será feita, com solenidade, sob a


presidência do Presidente do Tribunal de Justiça ou representante
seu, em dia por este designado.

Ninguém menos do que a personificação viva da Administração Judiciária


(ainda por ser conhecido ao longo do curso) ou quem lhe faça as vezes estará lá
para instalar a comarca. Creio que foi a única vez que vi o Presidente do TRT
pessoalmente em minha breve vida funcional naquela instituição. Funciona da
mesma forma no seu estado.

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As pessoas tem o hábito de esquecer a importância de alguns eventos


quando não há solenidade para marcá-los. Basta comparar um ano em que você fez
uma festa de aniversário de um em que optou por não realizá-la.

E como queremos que todo mundo saiba e visualize a importância da


implantação de uma comarca em um município, faremos a tal festa.

Art. 7º - A instalação do distrito ter-se-á por feita com a posse do juiz de


paz, perante o juiz de Direito da comarca.

O distrito judiciário, por sua vez, é a área na qual um Juiz de Paz tem
competência para atuar. Você vai conhecê-lo ao longo do curso, mas já posso te dar
uma amostra:

Art. 158 - Em cada distrito e subdistrito das comarcas do interior e


em cada circunscrição do Registro Civil, na Comarca da Capital,
haverá um Juiz de Paz e dois suplentes.

§ 1º - O Juiz de Paz será competente, nos limites territoriais das


respectivas jurisdições para habilitar e celebrar casamentos.

[...]

Art. 159 - O Juiz de Paz será nomeado pelo Governador do Estado,


para servir pelo prazo de quatro anos mediante escolha em lista tríplice
organizada pelo presidente do Tribunal de Justiça.

O Juiz de Paz não corresponde à primeira ideia que você possa ter de um
Magistrado do Poder Judiciário. Ele não prestou concurso, ele não julga demandas,
ele não é titular de varas. Alias, não fosse o nome, você dificilmente o imaginaria
como um Juiz.

Para você não ficar no escuro, te digo o que ele faz: o Juiz de Paz tem
competência para verificar processo de habilitação de casamento, atividade esta
sem caráter jurisdicional.

Mas, tudo no seu tempo.

Pois bem, sabemos que o CODJERJ estabeleceu a divisão em comarcas e


distritos para fins de administração da justiça. Significa dizer que embora o Poder
Judiciário seja um todo único e indivisível, para o exclusivo fim de administração
desta máquina monstruosa, dividimos o serviço entre diversas regiões judiciárias,

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comarcas, distritos, subdistritos, circunscrições e zonas judiciárias, cada qual


com competência para atuar dentro de seus limites territoriais.

Isto implica dizer que, por exemplo, o Juiz da Comarca da Capital não tem
competência para atuar em ações que corram em qualquer comarca do interior.
Cada um em seu espaço!

Todavia, quando falarmos no Tribunal de Justiça (que é também um órgão


do Poder Judiciário do Estado) a competência destes se estende por todo
território do Estado.

É aí que o artigo 3º do CODJERJ começa a fazer sentido:

Art. 3º - O Tribunal de Justiça, com sede na Capital, tem jurisdição


em todo o território do Estado

Os artigos 8º e 9º tratam de situações especiais:

Art. 8º - As situações decorrentes da modificação da divisão


administrativa serão reguladas na alteração da organização e
divisão judiciárias que se seguir, prevalecendo até lá as existentes.

Bem simples: se, por exemplo, uma nova comarca for criada (segundo as
regras que veremos a seguir), a divisão administrativa fixada pela CODJERJ terá se
alterado. Essa mudança será regulada na alteração do próximo CODJERJ, e até
que isto venha a acontecer, as coisas permanecem como estão.

Art. 9º - Mediante aprovação do Tribunal de Justiça, e por ato de


seu Presidente, poderá ser transferida, provisoriamente, a sede da
comarca, em caso de necessidade ou relevante interesse público.

Pois bem, já sabemos que é através de comarcas que a Administração da


Justiça é feita. Nosso próximo passo é conhecer como elas são criadas.

Só que o Código de Organização Judiciária do seu Estado é bastante bruto.


Ele parte do princípio que você sabe o que são entrâncias (não é culpa do Código,
conceituar o termo é complicado até pra mim).

Eu prefiro ir um pouco mais devagar, se você não se incomodar :P.

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Definir o que é uma entrância é extremamente complicado. Dessa forma, vou


optar por apontar as diferenças, para que você próprio forme uma ideia.

Pense no seguinte: o que é que de tão importante precisa ter uma comarca
para que possa ser chamada de comarca?

A implantação e manutenção de uma estrutura administrativa para qualquer


repartição pública dependem do dispêndio de recursos.

Como é o seu dinheiro, enquanto contribuinte de impostos, que está em jogo,


somente compensa gastá-lo se a demanda daquela localidade justificar a
implantação da complexa estrutura em que consiste uma comarca.
==0==

Assim, as preocupações dos artigos seguintes dizem respeito a:

- População (desdobrado em dois requisitos: número de habitantes e


número de eleitores, bastando o atendimento de um deles). Quanto mais gente,
mais conflito, e mais provável a necessidade de intervenção do Poder Judiciário
sobre as relações entre particulares.

- Receita Tributária: uma grande arrecadação tributária significa, no mais


das vezes, um município economicamente desenvolvido. E onde há dinheiro, há
conflito :P, de tal forma que novamente, a atuação do Poder Judiciário
provavelmente será demandada.

- Movimento Forense: aqui é volume de trabalho mesmo! Uma comarca


pode englobar um grande número de municípios, e ainda assim ter um pequeno
volume de feitos tramitando. A ideia é criar comarcas novas quando o agrupamento
de municípios que formar uma comarca estiver concentrando um grande número de
demandas.

- Extensão Territorial: ganho de escala, meu caro. A estrutura para


instalação de uma comarca é dispendiosa. Incinerar o dinheiro do contribuinte para
criar uma comarca que atenda a uma área minúscula dentro do Estado é um
desperdício do seu dinheirinho suado.

Com isso, você pode ler o artigo 10:


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Art. 10 - Para a criação e a classificação das comarcas, serão


considerados os números de habitantes e de eleitores, a receita
tributária, o movimento forense e a extensão territorial dos
município do Estado.

A sequência de parágrafos que se segue cuida de explicar o que significa


cada um desses requisitos a serem considerados:

§ 1º - Compreende-se como receita tributária, para o efeito deste


artigo, a totalidade dos tributos recebidos pelo município ou
municípios componentes da comarca, acrescida das cotas de
participação.

O parágrafo 1º não está falando apenas da arrecadação de tributos


municipais promovida por cada um dos municípios, mas se refere também a
eventuais repasses de tributos estaduais e federais previstos em outros diplomas
legais. Assim, uma coisa que deve ser levada em consideração, por exemplo, é o
repasse de 50% da arrecadação do IPVA (tributo estadual) para o município.

A ideia é utilizar o critério “receita tributária” como um critério objetivo de


aferição do de desenvolvimento econômico da região.

§ 2º - Serão computados, no movimento forense, apenas os


processos de qualquer natureza que exijam sentença de que
resulte coisa julgada.

Não é todo processo que vai entrar na conta “movimento forense”. O seu
futuro pedido de férias formará, para todos os efeitos, um processo que tramitará no
Tribunal, mas não será computado nessa conta. O mesmo se dirá de processos nos
quais o Poder Judiciário exerce jurisdição voluntária, ou atribuições meramente
conciliatórias (isto, obviamente, nos casos em que não foi iniciada uma ação).

Apenas os processos que exigem sentença capaz de produzir coisa


julgada é que são computados para fim de apuração do movimento forense.

§ 3º - No que concerne à extensão territorial, será levada em conta a


distância entre a sede do município e a da Comarca.

A sede do município é a Prefeitura do mesmo. A extensão territorial é tida


como a distância entre o prédio da sede da comarca e o prédio da sede do
município (Prefeitura respectiva).

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Agora que conhecemos os critérios, podemos analisar os requisitos


propriamente ditos para que uma comarca seja criada ou elevada à entrância
superior:

Art. 11 - São requisitos essenciais para a criação de comarca:

I - população mínima de quinze mil habitantes ou mínimo de oito


mil eleitores;

Cuidado!!!!Ou 15 mil habitantes, ou8 mil eleitores. Não é necessário


cumprir ambos os requisitos, apenas um dos requisitos pertinentes à
população.

Gostaria de lembra-lo que o voto é obrigatório no país para pessoas entre 18


a 70 anos. Assim, todos nessa faixa etária são eleitores.

Tudo isso para concluir que essa faixa etária tem o péssimo hábito de entrar
em conflito com outras pessoas com mais frequência de quem está fora dessa faixa
(suponho que você não conheça muitos senhores de 90 anos de idade ou crianças
de 12 ajuizando ações perante o Poder Judiciário :P), por isso o requisito de
“número de eleitores” é menor que o de “número de habitantes” e qualquer um
deles bastam para satisfazer o critério.

O atendimento do critério "habitantes" mas o não atendimento do critério


"eleitores" provavelmente indica um grande número de menores de idade e de
idosos naquela comarca, o que pode orientar, inclusive, a criação de mais varas
especializadas, voltadas especificamente para as causas onde essas pessoas
figurem como interessadas.

Por outro lado, o atendimento do critério "eleitores" sem o atendimento do


critério "habitantes" pode indicar um grande número de pessoas economicamente
ativas as quais, na busca por seu lugar ao Sol, podem acabar entrando em conflito
com outras pessoas economicamente ativas :P.

Enfim: cada um desses critérios, isoladamente analisado, justifica a criação


de uma comarca, e pode, inclusive, orientar a organização do Poder Judiciário
naquela região. Mas nada com que você deva se preocupar agora (isso é resolvido
lá no Órgão Especial, pela alta cúpula do Poder Judiciário).
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II - movimento forense anual de, pelo menos, duzentos feitos


judiciais;

III - receita tributária municipal superior a três mil vezes o salário-


mínimo vigente na capital do Estado.

E por favor: não é o salário mínimo nacional! É o salário mínimo estabelecido


no Estado do Rio de Janeiro (mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro).

§ 1º - Serão esses índices reduzidos de uma quarta parte sempre que


a sede de qualquer dos municípios integrantes da comarca distar
mais de cem quilômetros da sede desta.

Como é que é?

Calma! :P. Todos os números que apareceram são divisíveis por quatro (se
você gostar de números, isso pode salvar sua pele na prova).

Se tivermos uma comarca na qual a Prefeitura de uma das cidades que a


compõe estiver a mais de 100 km de distância da sede da comarca, vamos dar uma
colher de chá nos requisitos de criação.

O numero de habitantes, por exemplo, será reduzido de 15.000 para 15.000 –


3750 = 11250.

3750, pois 15.000/4 = 3750.

§ 2º - Ficam mantidas as atuais comarcas do Estado, ainda que não


alcancem os índices estabelecidos neste artigo.

Uma comarca instalada com base no cumprimento dos requisitos mínimos


será uma comarca de 1ª Entrância. É, por exemplo, onde os Juízes que acabaram
de se tornar titulares de Vara (ou, melhor ainda, que deixaram de ser Juízes
Substitutos) vão começar a trabalhar.

Como você deve imaginar, são comarcas pequenas, ideias para o nosso
colega Magistrado que ainda começa a carreira iniciar sua longa jornada de
aprendizado :P.

Agora, existem comarcas maiores, e é o próprio Código quem fixa o critério a


elevação da comarca. Assim, cumpridos os requisitos abaixo, a Comarca será
elevada à segunda Entrância.
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Art. 12. - São requisitos essenciais para elevação de comarca à


segunda entrância:

I - população mínima de setenta mil habitantes ou vinte mil


eleitores;

II - movimento forense anual de, pelo menos, mil feitos judiciais;

III - receita tributária municipal superior a quinze mil vezes o salário


mínimo vigente na comarca da capital do Estado.

Agora, olha que interessante: temos cinco quesitos a serem analisados para
avaliar se uma comarca será criada ou elevada. Só relembrando;

- População (habitantes ou eleitores)

- Receita Tributária

- Movimento Forense

- Extensão Territorial

Desses, dois deles dizem respeito ao mesmo quesito: população e assim,


são alternáveis. E a extensão territorial age como um redutor dos demais requisitos.
Sabendo disto, podemos montar a seguinte tabela:

Requisitos para Instalação e Elevação de Comarcas


1ª Entrância 2ª Entrância
Habitantes 15.000 70.000
Eleitores 8.000 20.000
Receita Tributária 3000 SM 15.000 SM
Número de Feitos 200 1.000
Requisitos + de 100 km entre sedes
1ª Entrância 2ª Entrância
Habitantes 11.250 52.500
Eleitores 6.000 15.000
Receita Tributária 2.250 SM 11.250 SM
Número de Feitos 150 750

Sugiro a você que, ao invés de tentar memorizar as duas tabelas, trabalhar


apenas com os requisitos “normais”.

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Caso o enunciado informe que se trata de uma comarca cuja sede tem
distância superior a 100 km da sede do município que a ela pertence, basta
multiplicar o número por 0,75 e você terá o resultado!

Quanto menos você memorizar aqui, mais espaço terá para outras
informações :P.

Só que a letra fria da lei nem sempre é adequada aos objetivos do Poder
Judiciário. Assim, o próprio CODJERJ criou uma brecha para contornar estes
requisitos, em uma hipótese particular:

Parágrafo único - Se um dos requisitos não alcançar o quantitativo


mínimo, mas dele se 0 aproximar, poderá, a critério do Tribunal de
Justiça, por seu Órgão Especial, ser proposta a elevação da
entrância da comarca.

As atribuições do Órgão Especial são mais bem descritas no Regimento


Interno do Tribunal de Justiça. Entretanto, o próprio CODJERJ nos traz uma
amostra do que está lá no Regimento:

Art. 17 [...]

§ 2º- O Órgão Especial e o Conselho da Magistratura exercerão


funções censórias e administrativas de relevância, reservadas ao
primeiro as privativas do mais alto colegiado do Tribunal, nos
termos da lei e do seu Regimento Interno.

Em outras palavras: quando o assunto a ser discutido for disser respeito à


auto-organização do Poder Judiciário do Estado, cabe ao Órgão Especial decidir a
respeito.

Para você não ficar só na vontade, pode dar uma espiada no texto do
Regimento Interno a respeito do Órgão Especial:

VI - deliberar sobre:

[...]

e) assuntos de ordem interna, mediante convocação especial do


Presidente, para esse fim, por iniciativa própria ou a requerimento de
um ou mais Desembargadores;

[...]

VII - propor à Assembleia Legislativa:


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a) a alteração da organização e da divisão judiciária;

[...]

E, por enquanto, é o que basta.

Por fim, temos as comarcas de Entrância Especial que foram nominalmente


previstas no CODJERJ. Significa dizer que independentemente do atendimento dos
requisitos, elas são comarcas de Entrância Especial, e pronto!

Art. 13. - Observado o critério estabelecido nos artigos anteriores, as


comarcas são classificadas em três entrâncias, sendo duas
numeradas ordinalmente, constituindo-se as de entrância especial
em: Capital, Campos de Goytacazes, Duque de Caxias, Niterói,
Nova Iguaçu, Petrópolis, São João de Meriti, São Gonçalo, Volta
Redonda, Belford Roxo, Teresópolis e Nova Friburgo.

Não estou familiarizado com a geografia do seu estado, mas só posso supor
que estas são as maiores cidades aí da sua terra. Se você é do Estado, tire
vantagem do que já conhece, ao invés de tentar memorizar nome por nome. Se
estiver viajando para prestar a prova, procure se concentrar nas comarcas de
entrância especial e nas de 2ª entrância, pois existem em menor número.

Pois bem, a aplicação dos critérios que estudamos anteriormente terminou


por dividir as comarcas em comarcas de entrância especial (que acabamos de ver),
e entre as seguintes comarcas de 1ª entrância e 2ª entrância:

Art. 14 - São comarcas de primeira entrância:

Arraial do Cabo, Bom Jardim, Cambuci, Cantagalo,


Carapebus/Quissamã; Carmo, Casimiro de Abreu ,Conceição de
Macabu, Cordeiro, Duas Barras, Engenheiro Paulo de Frontin,
Guapimirim, Iguaba Grande, Italva (Cardoso Moreira), Itaocara,
Itatiaia; Laje de Muriaé, Mangaratiba, Mendes, Miguel Pereira,
Natividade, Paracambi, Parati, Paty do Alferes, Pinheiral, Piraí,
Porciúncula, Porto Real-Quatis, Rio Claro, Rio das Flores, Santa
Maria Madalena, São Francisco do Itabapoana, São José do Vale do
Rio Preto, São Sebastião do Alto, Sapucaia, Silva Jardim,
Sumidouro, Tanguá e Trajano de Moraes.

Art. 15 - São comarcas de segunda entrância:

Angra dos Reis, Araruama, Armação dos Búzios, Barra Mansa,


Barra do Piraí, Bom Jesus do Itabapoana Cabo Frio, Cachoeiras de
Macacu, Itaboraí, Itaguaí, Itaperuna, Japeri, Macaé, Magé, Maricá,
Mesquita, Miracema, Nilópolis, Paraíba do Sul, Queimados,
Resende, Rio Bonito, Rio das Ostras, Santo Antônio de Pádua, São

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Fidélis, São João da Barra, São Pedro da Aldeia, Saquarema,


Seropédica, Três Rios, Valença e Vassouras.

Parágrafo único - A região Judiciária especial, que corresponde às


Comarcas da Capital, Belford Roxo, Campos de Goytacazes, Duque
de Caxias, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Petrópolis, São
João de Meriti, São Gonçalo, Teresópolis e Volta Redonda, é
considerada de entrância comum para o efeito do exercício de Juízes
de igual categoria.

Quase acabando:

Art. 16 - A criação de novas varas e fóruns regionais, nas comarcas


de entrância especial e de segunda entrância, será feita:

“Vara” é o local no qual o Juiz de 1ª Instância exerce sua jurisdição, dentro


dos limites de sua competência (nada do que você vai ler no meu curso será inútil,
ou ao menos vou me esforçar para que assim o seja).

As comarcas de 1ª entrância não aparecem aqui pois já são bastante


pequenas, a ponto de normalmente só possuírem uma única vara (o que inviabiliza
a criação de um fórum regional, ou mesmo o desdobramento da vara já existente).

Quanto às comarcas de 2ª entrância e entrância especial, é possível que


as diferentes varas que as integrem possam ser divididas em mais tantas outras
varas, segundo os seguintes processos:

a) por desdobramento, em outras de igual competência, quando o


número de feitos distribuídos anualmente passar de mil por juízo;

O desdobramento envolve uma "clonagem" da vara. Antes tínhamos uma


vara fazendo uma coisa, agora temos duas varas, fazendo cada qual a mesma
coisa. Se julgavam matéria cível, julgarão matéria cível, se julgavam criminal,
julgarão criminal.

Esta hipótese de criação tem um propósito bem direto: desafogar as varas


existentes, sempre buscando fazer com que nenhuma vara em nenhuma comarca
tenha de suportar uma distribuição anual superior a 1000 processos.

b) por especialização, quando a justificarem o número de feitos da


mesma natureza ou especialidade, a necessidade de maior
celeridade de determinados procedimentos, ou o interesse social;

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Este processo de criação de varas é o responsável pelo surgimento de varas


especializadas, notadamente na região da Capital. Por exemplo: originalmente,
crimes de agressão contra mulheres no âmbito familiar eram julgados juntamente a
tantos outros em qualquer das Varas Criminais do Estado.

Entretanto, ou em função do número de feitos da mesma natureza que


corriam nas Varas Criminais, ou em função da necessidade de que estes feitos
tramitassem mais rapidamente pelo Poder Judiciário, ou ainda, porque
simplesmente o interesse social assim o exigia, foram criados os juízos de Direito de
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Através da Lei
5.771/2010).

Embora, na origem, estes feitos não passem de processos contendo matéria


criminal, entendeu-se pertinente criar uma vara nova, por especialização, para
cuidar especificamente desses processos.

c) por descentralização, quando o exigir expressiva concentração


populacional em núcleo urbano situado em região ou distrito
afastado do centro da sede da comarca, cuja distância em relação
ao foro local torne onerosa ou dificulte a locomoção dos
jurisdicionados.

E aqui nascem os Foros Regionais, compostos por, adivinha: varas regionais.


Pense na Capital: Temos uma sede? Temos! Só que a Capital é grande.

E lá na pontinha da cidade (portanto, ainda dentro da cidade e da área


abrangida pela comarca), longe pacas da sede da Comarca ou de qualquer fórum
que seja, existe uma enorme concentração de pessoas vivendo suas vidas, em um
núcleo urbano densamente povoado.

Para evitar que um número monstruoso de pessoas precisasse se deslocar


de longe apenas para ser atendida pelo Poder Judiciário, este fez o que qualquer
empresa faria: criou uma filial :P.

O foro regional e as varas regionais fazem parte da estrutura da comarca,


mas estão descentralizadas em relação à sede. Em outras palavras: elas existem
justamente para não terem endereço na sede da comarca, mas mais próximo
desses núcleos urbanos densamente povoados. Certo?
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Então avancemos.

Quanto ao parágrafo 1º, basta saber que ele existe:

§ 1º - Em atenção às peculiaridades locais, com base em dados


objetivos, poderá ser reduzido ou majorado o índice para
desdobramento de determinados juízos.

Contudo, o parágrafo 2º já chama mais atenção

§ 2º - Na apuração do movimento forense será observado o


disposto no § 2º do artigo 10, não sendo consideradas as
situações transitórias, de acréscimo de distribuições, que possam
ser sanadas com a designação de juiz auxiliar.

Relembrando:

Art. 10 - Para a criação e a classificação das comarcas, serão


considerados os números de habitantes e de eleitores, a receita
tributária, o movimento forense e a extensão territorial dos
município do Estado.

[...]

§ 2º - Serão computados, no movimento forense, apenas os


processos de qualquer natureza que exijam sentença de que resulte
coisa julgada.

Quando a coisa aperta dentro de uma vara, isto pode ter duas origens
principais: problemas permanentes ou problemas temporários.

A população de sua comarca duplicar em dez anos é um problema


permanente: a movimentação forense vai decolar, e não vai haver Juiz Auxiliar e
Juiz Titular que aguentem dar conta da massa processual ali existente.

Entretanto, e aqui para dar um exemplo mais próximo da minha realidade em


uma Vara do Trabalho: uma grande montadora resolveu demitir um enorme
contingente de funcionários e, por infelicidade do destino, essa mesma montadora
calhou de estar justamente na minha comarca.

O que se seguiu foi uma avalanche de ações trabalhistas, concentradas


todas na minha comarca que, pasme, só tinha uma vara.

Entretanto, este é um problema temporário. Vai haver uma grande


movimentação forense naquele ano, mas o envio de um Juiz Auxiliar vai ajudar a
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dar vazão rapidamente ao trabalho a ponto da situação voltar à normalidade em


alguns meses. Isto significa que todo esse fluxo de processos será desconsiderado
na apuração que decidir pela criação ou elevação da comarca.

Legal né?

Pois bem, a aula de hoje fica por aqui. O objetivo era mostrar a metodologia
que utilizo, permitindo que você julgue se sou ou não o professor ideal para guia-lo
nesta disciplina.

Até a próxima

Felipe

Questões

Para você não achar que a Aula 00 é só enrolação, veja como as bancas já
cobraram o que vimos em aula, HOJE!!!

1. FCC - TJ-RJ - 2012 Para a criação e classificação das Comarcas será


considerado, dentre outros, o movimento forense dos municípios do Estado, no qual
serão computados apenas os processos

a) cíveis, inclusive das Varas de Família, que exijam sentença de que resulte
coisa julgada.

b) de qualquer natureza que exijam sentença de que resulte coisa julgada.

c) de qualquer natureza, independentemente da exigência de sentença


judicial.

d) cíveis, exceto das Varas de Família, que exijam sentença de que resulte
coisa julgada.

e) cíveis, inclusive das Varas de Família, independentemente da exigência de


sentença judicial.

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Comentário: Quando fiz faculdade, meus professores repetiam um velho


ditado: onde o legislador não diferenciou, não cabe ao intérprete distinguir.

Todos os feitos, independentemente de sua natureza, são computados para


fins de criação e classificação de comarcas:

Art. 10 - Para a criação e a classificação das comarcas, serão


considerados os números de habitantes e de eleitores, a receita
tributária, o movimento forense e a extensão territorial dos
município do Estado.

[...]

§ 2º - Serão computados, no movimento forense, apenas os


processos de qualquer natureza que exijam sentença de que
resulte coisa julgada.

Letra b)

2. FCC - TJ-RJ - 2012 Considere as seguintes Comarcas: I. Mangaratiba II.


Casimiro de Abreu. III. Itaperuna. IV. Vassouras. V. Cabo Frio. VI. Rio das Flores
São Comarcas de segunda entrância as indicadas APENAS em

a) III, IV e V.

b) I, II e III.

c) IV, V e VI.

d) I, IV e V.

e) II, III e IV.

Comentário: Aqui eu considero que foi covardia da banca, mas paciência né.
O segredo é se concentrar onde há um menor número de informações a serem
memorizadas. Assim, as comarcas de entrância especial e 2ª entrância devem ser o
seu foco:

Angra dos Reis, Araruama, Armação dos Búzios, Barra Mansa,


Barra do Piraí, Bom Jesus do Itabapoana Cabo Frio, Cachoeiras de
Macacu, Itaboraí, Itaguaí, Itaperuna, Japeri, Macaé, Magé, Maricá,
Mesquita, Miracema, Nilópolis, Paraíba do Sul, Queimados,
Resende, Rio Bonito, Rio das Ostras, Santo Antônio de Pádua, São

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Fidélis, São João da Barra, São Pedro da Aldeia, Saquarema,


Seropédica, Três Rios, Valença e Vassouras.

E só!

Letra a)

3. FCC - TJ-RJ - 2012A comarca X do Rio de Janeiro possui população de


oitenta mil habitantes, sendo vinte e cinco mil eleitores. O seu movimento forense
anual é de dois mil feitos judiciais e a sua receita tributária municipal é vinte mil
vezes superior ao salário mínimo vigente na comarca da capital. A Comarca X, para
a elevação de comarca à segunda entrância,

a) deveria possuir no mínimo trinta mil eleitores.

b) não possui o requisito essencial no tocante à população mínima.

c) não possui o requisito essencial no tocante à movimentação forense anual.

d) não possui o requisito essencial no tocante à receita tributária municipal.

e) possui todos os requisitos essenciais.

Comentário: Olha a tabela:

Requisitos para Instalação e Elevação de Comarcas


1ª Entrância 2ª Entrância
Habitantes 15.000 70.000
Eleitores 8.000 20.000
Receita Tributária 3000 SM 15.000 SM
Número de Feitos 200 1.000
Requisitos + de 100 km entre sedes
1ª Entrância 2ª Entrância
Habitantes 11.250 52.500
Eleitores 6.000 15.000
Receita Tributária 2.250 SM 11.250 SM
Número de Feitos 150 750

A assertiva propõe a elevação dessa comarca para a 2ª Entrância. Para


chegarmos a uma conclusão, precisaremos analisar os requisitos:

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- População de oitenta mil habitantes, 

- Vinte e cinco mil eleitores.

IMPORTANTE! Basta o atendimento de um único requisito no critério


"População" para que a comarca possa ser criada ou elevada.

Assim, mesmo não possuindo o número de eleitores previsto, o número de


habitantes já basta para satisfazer o critério.

-Movimento forense anual de dois mil feitos judiciais

PERFEITO! Conforme a tabela.

- Receita tributária municipal vinte mil vezes superior ao salário mínimo


vigente na comarca da capital

Maravilha! Também está conforme a tabela.

A comarca pode ser elevada à 2ª entrância.

Letra e)

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