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textos produzidos em dada cultura permite depreender as propriedades formais, estilísticas e temáticas
comuns”. Assim, partem da noção de que há intertextualidade em todos os textos. Seja por
meio da estrutura, do estilo ou da temática. Entende-se, desse modo, que a intertextualidade se
faz presente em todos os discursos. Assim, a apreensão do elemento intertextual é necessária
para construção do sentido pretendido.
A intertextualidade pode se apresentar em duas formas: ampla ou restrita. Na
primeira forma, a intertextualidade aproxima-se da ideia de dialogismo. Os textos relacionam-
se por meio do tema, estilo, ou estrutura, sem que haja uma inserção por meio de citação ou
alusão. Na segunda forma, de outro modo, um texto utiliza trechos de outros textos.
Cavalcante (2010) cita os principais tipos de uso da intertextualidade em um
quadro, baseado no esquema de Piegay-Gross (Apud CAVALCANTE, 2010):
b) Referência
O intertexto nomeado de referência, por sua vez, “diz respeito ao processo de
remissão a outro texto, sem, necessariamente, haver citação de um trecho [...] por meio da
nomeação do autor do intertexto, do título da obra, de personagens literárias”
(CAVALCANTE, 2018, p. 150). Pode-se usar esse subtipo intertextual para usar autoridade
discursiva ou identificar o autor do intertexto, como exemplificado abaixo:
Figura 2 -
PROVÉRBIOS – BÍBLIA
1. Provérbios de Salomão. O filho sábio alegra a seu pai,
mas o filho louco é a tristeza de sua mãe.
PROVÉRBIOS 10:01.
Fonte:
c) Alusão
A alusão é uma espécie de referenciação indireta, como uma retomada implícita para
o coenunciador de que, pelas orientações deixadas no texto, ele deve apelar à
memória para encontrar o referente não dito. Diferentemente da referência, que
apresenta marcas explícitas (como nome do autor, título da obra) [...] a alusão é mais
implícita, isto é, não apresenta marcas diretas e, portanto, seu reconhecimento
demanda maior capacidade de inferência.
Assim, compreende-se a alusão como uma marca, uma orientação que deve ser
subentendida pelo leitor, ao fazer a relação dessa marca com seu texto fonte. O seguinte
trecho exemplifica esse recurso intertextual:
Figura 3
Fonte:
d) Plágio
Figura 4
Fonte:
Os cartazes acima mantém semelhanças entre si, embora haja uma diferença de
posicionamento da imagem principal. A imagem do primeiro cartaz, que é colorida, é copiada
em negrito e depois é espelhada (colocada ao contrário). Mesmo assim, é perceptível as
semelhanças do terno com todas as formas, além da imagem ao lado da gravata. Como na
internet é mais difícil encontrar o autor de uma imagem, tornou-se comum apropriar-se da
obra de outros indivíduos.
e) Paródia
Fonte:
O quadro expressionista, O Grito de Eduard Munch, é parodiado pelos autores de
Bob Esponja para marcar um tom cômico com personagens do desenho animado Bob
Esponja. Embora a obra original represente o lado negativo dos dramas da sociedade, o autor
da paródia usa a estrutura do quadro e suas cores para demonstrar o tormento de Lula
Molusco com o protagonista da série e seu amigo. Para tanto, a imagem da cidade ao fundo
pode indicar que Lula Molusco tenta fugir de Bob Esponja e Patrick, mas nunca tem sucesso.
f) Travestimento burlesco
Fonte:
Na imagem acima, a ideia de currículo é usada para criticar Lula, quando era
presidente. Não é usado nenhum texto específico, mas apenas o modelo de um: o currículo. O
texto é composto na estrutura de um currículo, demonstrando, segundo o autor, a
incapacidade do ex-metalúrgico para ser presidente. Para tanto, o texto recorre a palavras com
erros ortográficos e alguns hábitos e características do indivíduo citado.
g) Pastiche
O pastiche, por sua vez, é uma derivação imitativa. Ele se caracteriza por imitar o
estilo de um autor e não por transformar um texto fonte. Pode ser realizado por meio da
montagem de vários trechos, como uma colagem, ou pela seleção vocabular. Por exemplo, um
texto em que se imita a fala dos mineiros:
Figura 7
Fonte:
Nesse trecho, observa-se que o autor usa dois estilos: a fala comum, da maior
parte do Brasil e a fala própria dos mineiros. O aspecto imagético reforça a diferença entre o
português (a bandeira do Brasil representa a maior parte) e o chamado mineirês (a bandeira de
Minas Gerais delimita o vocabulário apenas para a região).