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I n t r o d u c c i ó n a\ N u e v o T e s t a m e n t o , los a p ó c r i f o s y los p a d r e s
a p o s t ó l i c o s . r r a d u ç à o ( d o a l e m ã o ) M . O l a s a g a s f i , A . P i n e r o , S.
V i d a ! , Salamanca, S í g u e m e , 1991. 865 p p . 13 x 20,5cm. ( b i b l i o t e c a
d e e s t ú d i o s bíblicos).
CioD
Depois de expor brovi-merle os ve, mas apenas c o m b a t o o
d.idos biográficos, apresenta as car- partidarismo como tal 1 ISl). Pena que
tas consideradas autênticas. Primei- o A . dedica páginas ã interpretação
ro as cartas aos ressalonicenses, que do "eu sou de Cristo" (ICor 1,12) sem
apresentam o intrincado problema de mencionar que se po.ssa tratar de u m
mostrar íntimo parentesco literário, paradoxo ou i r o n i a . Mas c o n c l u i
porém intenções quase contrárias certeiramente que "não existiu u m
(problemas de parusia iminente x partido de C r i s t o " (154). Quanto à
entusiasmo escatolõgico). Vielhauer u n i d a d e das cartas aos Coríntios,
se inclina para a hipt^tese de que 2Ts admite o caráter compósito de am-
seja põs-paulina: "Devemos conside- bas as cartas; em ICor, atribui 11.2-
rar 2Ts sem dúvida como a mais 34 à perdida carta A, em 2Cor, à carta
antiga carta fictícia de Paulo que f i - C (lágrimas): 2,14 - 7.4 (- f i . l 4 - 7,1);
cou conservada — embtira, confor- à carta D (reconciliaçàit): 1,1 - 2,13;
me 2,2 e 3,17, nào a>mo a primeira. 7,5-15; 9(?); à carta E (recomendação
Caraterizá-la como 'falsificação' seria par T i t o e companheir<)s): cap. 8
a-hisliírici) e falso, em vista dos cos- (158.170). Em El, distingue a carta A
tumes literários da Antigüidade. Esta (ação de graças): 4,10-211; B (carta
composição mostra de maneira exem- maior); 1,1 - 3,1; 4,4-9,21-23; C (polê-
plar os elementos estruturais dos mica): 3,2 - 4,3; favorece a hipiílese
escritos deuteropaulinos e, com isso, de que Éfeso se)a o lugar onde as
de u m setor essencial da história da cartas v i r a m a luz (e Paulo estivesse
literatura cristã p r i m i t i v a : a carta preso, portanto).
paulina fictícia como meio literário
de disputa intraeclesial eos métodos Quanto a Rm. Vielhauer não se
desta disputa, a saber, o recurso a pronuncia sobre o peso numérico de
Paulo c o m o 'a' a u t o r i d a d e , a genlio-cristão e judeu-cristãos na co-
reelaboracão atualizada e modifica- m u n i d a d e de Roma, mas observa
da de idéias paulinas e a assunção com razão que Paulo d i f i c i l m e n t e
crítica de outras tradições. Em com- podia explicitar seu pertsamento pres-
p a r a ç ã o com os ( u i l r o s escritos cindindo da tradição de Israel e do
deuteropaulinos, 2Ts revela tudo isso arsenal escrituríslico da p r i m e i r a
com bastante reserva e sem grandes apiílogética cristã, fampouco pensa
preten.sões; representa, portanto, uma que os "fracos"de Rm 14 sejam |u-
fase inicial deste pr(xres.so" (119). deu-cristâos, A carta como tal tem
traços de tratado, mas é carta. pri>va-
É agradável sentir o espirito agu- velmente enviada em duas versões,
çado, crítico e por vezes irônico do uma romana (terminando no cap. 15)
A. a respeito de teses extravagantes. e uma efesina (com o cap. Ih).
Assim, em relação a Gaiatas (tratada
antes de l/2Cor!], rebatendo a tese Cl é d i r i g i d o contra desvios de
de Schmilhals de que Paulo se teria tipo mistérico-gnóstico no meio dos
enganado acerca de seus adversários cristãos, E u m pseudepígrafo
na G a l á c i a ( q u e s e r i a m de f a t o polemizante, d i r i g i d o a diversas igre-
gnósticos, e não nomistas); "Paulo |as paulinas n u m a s i t u a ç ã o pós-
está ma l-inf o r n a d o , mas Schmilhals paulina, Ef, cuja destinaçãii já apare-
o está excelentemente, mediante a ce questionável à crítica textual, c
caria aos gaiatas do mal-informado uma reelaboracão de C l , mas com
Apóstolo" (138)... Sobriamente desis- notáveis diferenças estilísticas e teo-
te de reconstituir os " p a r t i d o s " de lógicas, Ainda que a oposição entre
Corinto, porque Paulo não os descre- I C o r 7 (o matrimônio como u m mal
ni-ccssário) c Ef 5 (p, 227) n.io seja o como seu Melqiiisi-dec de 7.3: sem
melhor dos argumentos, a atribuição pai, sem mãe, sem genealogia (265).
de Ef à pseudunímia pós-paulina
parece aceitável. Seria um ensaio em Apresentando, na segunda parle, o
tom homilético em forma de "carta gênero dos evangelhos (e A t ) , V. co-
católica" (228), respondendo ã situa- meça com a afirmação — a nosso ver,
ção de u m pagano-crislianismo que conic-stável — de que "os primeiros
desconhece o significado leológico- cristãos concediam importância
salvífico de seu enraizamento em Is- .salvadora ã morte e ressurreição de
rael. Jesus, nào a suas palavras e gestos e
outros acontecimentos de sua histó-
As cartas pastorais são tratadas ria" (279). Toma como exemplo Pau-
S(í/j í(«i) e com cimsiderável reticên- lo (ICor 13,3-5). Só em Mc l , i . "evan-
cia quanto aos aspectos históricos. gelho" inclui toda a narrativa de Je-
S o b r e t u d o não se deve p r o c u r a r sus, aliás sem ser seguido nisto por
enquadrá-ltis numa situação imagina- M t e I,c, V, observa que o N T e os
da depois de At 28. 1'or vocabulário Padres Apostólicos não dão muito
e estilo, gênero e temática, estas car- peso ao termo evangelho (falta em
tas se mostram homogêneas entre si l,c e Jo), Que gênero é este então?
e distintas das reciinhccidamente
p a u l i n a s . Os a d v e r s á r i o s são os Tratando dos sinóticos. V, defen-
gnósticos ( I T m 6,20! não 3,20, como de a prioridade de Mc e exclui o
está na p, 252). Por causa das original aramaico de M t , pela sim-
nnlillicseiü em I T m 6,20. V, admite a ples razão de que o nosso atual M t
ptissibilidade de uma redação depois não é nenhuma tradução (279), De-
de Marcial) (243-244), Quanto ao ctm- pois de uma breve evocação históri-
teúdo, os ministérios e sobretudo a ca da questão sinótica, expõe de
"sã doutrina", que vem substituir a modo clássico a "teoria das duas fon-
paulma loucura da Cru/., nos reme- tes", Mc (como o conhecemos) e Q
tem a uma fase bem avançada da (em uma única versão escrita)(296),
tradição p ó s - p a u l i n a , O g ê n e r o No f i m , V. afasta a ilusão de que
pseudepigrálico pós-paulino 6 aqui através da reconstituição de supos-
aplicado com muita consciência e arte tas fontes literárias chegássemos mais
literária, para garantir a audiência no perto do Jesus histórico; isso, lem-
combate contra a gnose alastrando- brando Wrede e Wellhausen, que
se entre i>s cristãos. mostraram que os evangelhos trazem
a marca da fé da comunidade e são
A inclusão de H b neste capítulo constituídos por fragmentos da tra-
se deve ao peso que V, confere ã dição unidos pelo redator,
compilação dos escritos do N T , H b é
u m discurso sobre Cristo-sacerdote, O passo lógico é então expor a
com fictício final de carta, antes de- investigação desta atividade das co-
vido a um talento tetilógico desigual munidades, o método da história das
d u que a uma tradição difícil de ima- f<irmas, a "paleontologia dos evan-
ginar, sem atual discussão com o ju- gelhos" (cf, üverbL-ck, K,L„ Schmidt)
daísmo do templo, mas enraizado (305), e seu complemento natural, a
n u m a e r u d i ç ã o c u l t u a i de t i p o história da redação. Apresenta os
alexandrino (cf, Fílon), que juide até resultados da Formg^-schichle sobre-
ser uma arma contra o rilualismo tudo a partir da coincidência das
gnóslico. Todavia é difícil situá-lo. análises mutuamente independentes
Citando Overbeck, V, repete: H b é de Bultmann e Dibelius. Como a obra
nâi) ó bum rwrenle, não menciona as da pregação oral, uma história da Pai-
novas aquisições ncsle campo, sobre- xão com introdução detalhada, por-
tudo de K. 13erger. Mais penetrante ê tanto, não essencialmente diferente
o capítulo dedicado a Q. Depois de do "querigma" (372).
uma sugc"stiva descrição da teologia
do documento, critica a tese de Tüdt, O tratamento de M t , ú
que vê em Q o documento-base de esquemático, resumindo os clás.sicos
uma comunidade que opHíe a trans- da Redaklioasgeschichte no âmbito
missão da mensagem de Jesus ao alemão e simpatizando com o Silz-
querigma da morti--ressurreição. A o im-Lchc» cultuai proposto por
contrário, Q é solidário com o resto Kilpatrick,
da imagem evangélica de Jesus, em-
bora revele um contexto vital próprio; Também o evangelho de Lc é tra-
significativo, neste particular, ê a tado em poucas páginas, dando-se
ausência de "transgressões do sába- um pouquinho mais de atenção a A t ,
d o " ; Q seria de origem palestinense. a segundo parte da "obra dupla", Lc
compilado inicialmente em aramaico molda as tradições evangélicas na
a partir dos anos 30. redigido em forma da biografia com coordenadas
grego bem mais tarde (atraso da de história m u n d i a l , V. se aproxima
parusia) e recebido com grande pres- criticamente da interpretação de
tígio, a ponto de ter sido integrado Conzelmann, de Jesus como centro
independentemente por M t e Lc nos do tempo. Este centro é delimitado
.seus respectivos evangelhos. de u m lado pela atividade de João,
pertencendo ainda Mt A T , e do outro
Seguem as introduções aos três pela Paixão e morte, que já perten-
evangelhos sinóticos, Na exposição cem ao tempo da Igreja. Assim o atra-
da teologia de Mc destacam-se as so da parusia não cria um va/io, mas
considerações sobre a geografia teo- u m t e m p o salvífieo próprio. De
lógica C a l i l é i a - J e r u . s a l é m , a o- escatológica, a posição de Jesus vira
nipresença da Paixão em M c e a "centro",,, (392). Deptiis deste centro
questão do segredo messiânico. Este vem a história da comunidade dos
não se deve e x p l i c a r p o r h i s t o - que são .salvos: os Atos dos Apósto-
ri/ações, mas, ao e x e m p l o d e los, Neste seu segundo livro, o autor
Conzelmann, pela consciência da fé pode dar livre expres,são a seu talen-
da Igreja de que o messianismo de to de historiador religiosii, A salva-
Jesus antes da R-ssurreição não era ção é levada a partir de Jerusalém
comprivnsível, já que ainda não ha- até os confins d o mundo (1,8), medi-
via a fé pós-pascal (361-362). O que ante principalmente o apiístolo Pau-
significa que o verdadeiro conheci- lo, Ora, observa V,, com Kãsemann,
mento só é possível no .seguimenio "deste modo a pregação lucana não
q u e a s s u m e a cru7 (362; cf. E. se limita exclusivamente ao evange-
Schwei/er). Produto do âmbito j u - lho de Jesus" (422), Jesus está no iní-
deu-helenista-cristão, V. o situaria cio da última fase da história da sal-
preferencialmente na Síria grega, vação, mas também fica incardinado
pouco depois da queda de Jerusalém nela. Este Chrisius prolofi<iiitté!^ lembra
(em 70 d . C ) . Quanto ao final (I6,«), a carta aos Efésios. V, reconhece na
V, ainsidera o texto inacabado e acre- obra lucana uma dupla finalidade.
dita n u m a supressão i n t e n c i o n a l . Para fora da Igreja, procura mostrar
Quanto ao gênero. V. subscreve as aos simpatizantes a confiabilidade do
opiniões de Bultmann e K,L. Schmidt cristianismo, mostrando-se até mui-
de que Mc é uma genuína evolução to diplomático para com os romanos.
Na liimensãi) intrat'dL'síal, "a dupla evangelista. De m o d o mais radical
obra lucana iraz à Igreja, no forma que os sinóticos, )o reinterpreta a tra-
de uma hisíória de seu passado, o dição sobre Jesus, a ponto de anunci-
m i l o de sua auloridade" (423). Mas a ar na boca de Jesus tal interpretação
Igreja inicialmente canonizou só o ulterior no Espírito (Jo 13,7; 14,25
evangelho e nunca mais colocou os etc), E o evangelho da "re-cordaçào",
dois livros em pé de igualdade... n luz da glorificaçâo, e também do
(ibid.). verdadeiro conhecer e do testemu-
nho, "Percebem-se nele duas tendên-
Concluindo a terceira parte, V. cias; uma, que, com m u i t o maior
confirma a coerência entre o ênfase que nos Sinóticos, tende a
querigma da morte e ressurreição ea unificar o tempo de Jesus e o do pró-
fiirma do "evangelho" criada por Mc prio evangelista e outra, que tende a
e substancialmente mantida por Mt combinar, em forma totalmente dis-
e Lc, tinta dos três primeiros evangelhos,
as crislologias do tliciosaiicr ('homem
De João — assunto da quarta par- divino') e da preexistência" (452).
le — não se pode afirmar esta última
frase. V. acha que não se pode pro- Sintetizando muito bem a discus-
var a dependência de Jo dos sinóticos, são pós-bultmanniana. a visão de V,
Recimhece as conhecidas rupturas não nos parece fazer jus A crescente
narrativas. Quanto a eventuais fon- percepção da cristologia profética e
tes, 1) aceita como indubitdvel uma da presença dos g r a n d e s temas
fonte com relatos de milagres (442), vétero-testamentários em Jo. A ma-
cu|as características seriam reveladas neira Ijastante vaga de situar a ori-
por 2,11; 4.54; 12,37s e 20,30s (cf, J gem da pc-culiaridade joanéia n u m
M , Robinson), e que Haenchen cha- judaísmo heterodoxo devera receber
mou de "uma espécie de evangelho matizes à luz do crescente conheci-
de Marcos v u l g a r i z a d o " (243), 2) mento do judaísmo plural do primei-
Aceita u m relato da Paixão não- ro século.
sinótico, 3) Lamenta que u m uso
s u p e r f i c i a l da crítica estilística Quanto â IJo, V. defende a dis-
"engavetou" as intuições de tinção literária de Hullmann entre o
liuitmann e Becker quanto a uma m o d e l o ainda visível em 1,5-10;
fonte dos discursos de revelação 2,4.5,9-11; 3.4-15 e as elaborações
(445), Se não concordo totalmente homiléticas do autor.
com estas avaliações literárias de V..
subscrevo sem restrição sua afirma- Em suma, V, considera a literatu-
ção de que "a tendência, visível nos ra joanina na perspectiva de u m "cir-
Sinólicos, a acentuar a identidade do culo joanino", no qual se destacam o
Jesus terreno e do glorif içado, encon- "evangelista", o autor da IJo e o
tra seu radical ponto culminante em presbíteros de 2/3Jo. Este círculo,
Jo" (445), Faz um "evangelho seleti- provavelmente localizado na Síria,
v o " para nos dizer que na existência conhece u m desenvolvimento teoló-
humana de Cristo, Deus mesmo vem gico no sentido da eclesialização.
ao nosso encontro; Jo L14 tradu? Considerá-lo como uma seita, como
realmente o escopo de Jo (446), Uma alguns fazem, contradiz o auto-con-
Redaklions)(eschichle aplicada a Jo, ain- ceito deste grupo, Mas sua proximi-
da que com maior dificuldade do que dade ao gnosticismo, que ele comba-
a M t ou Lc, nos permitiria reconhe- te, lhe caustiu graves suspeitas da
cer a grandeza de visão do quarto parle da "ortodoxia", e é a Irineu que
SC deve a luta pelo reconheci monlo O livro esboça bem a discussão
de ]o, enquanto a comunidade foi se no âmbito alemão (e anglo-saxónico)
dissolvendo (498). até nos anos sessenta, geralmente
com muita perspicácia e n u m estilo
A íjiiirita parle do livro trata dos agradável. Mas, como já apontamos
apocalipses (João, Pedro, Hermas, a respeito das matérias maiores aci-
Ascensio Isaíao), a seifo. das cartas ma sintetizadas, entretanto passou
tardias (Clemente, Inácio, Policarpo), muita água pelo Reno... De Ioda
a séliiua, das cartas pseudônimas maneira, não é possível fazer traba-
(Tiago, Pedro, Judas, Barnabé), a oi- lho li terá rio-cri ti CO sobre a Bíblia pre-
tava, dos e v a n g e l h o s a p ó c r i f o s terindo as grandes discussões que
(Agrafa, Tome, papiros Egerton 2 e animaram o âmbito alemão durante
O x i r r i n c o , l'edro, evangelhos dos praticamente dois séculos. Q u e m
nazarenos, ebionitas, hebreus, egíp- negligencia estes debates, corre o ris-
cios, evangelhos da infância, conver- co de querer reinventar a roda, Para
sações do Kessuscitado], a luma, dos que fora da arena germânica si' pos-
atos api^crilos de apóstolos (Pedro, ,sa ter, em "poucas" páginas, uma b«w
Paulo. André, João, Tome), a décima. visão do debate e não st' considere
das ordenações comunitárias e escri- novidade revolucionária algo que j.i
tos l i l i j r g i c o s (Didaqué, Segunda vem sendo discutido desde há muito
Clementis. Evangelho da Verdade, tempo, o livro que agora nos chega
Odes de S^ilomão) e a undeciiiia e f i - em idioma espanhol será muito útil,
nal, da literatura cri.stiana primitiva ao lado da Introdução ao N o v o Ti-s-
(1'apias de Hierápolis. Hegesipo e a tamento de Kümmel. com a qual
formação do cânon). Seguem os ín- entra diversas vezes em discussão.
dices onomástico e de matérias, de
citações e de palavras gregas. ./. Kimings
[716]
m i l f c o r r i g i r possíveis desvios c Nove anos depois da publicação
roducionismos de u m j perspectiva d o original, este livro, longe de d i m i -
libertadora (neocatarismo. negação n u i r sua atualidade, aumentou-a.
da possibilidade de conversão do Cada vez mais se fala de inculturação
opress(»r. imanentismo). da fé. ü.-D. nos oferece pistas con-
cretas para u m a m a r i o l o g i a i n -
G . ' l ) . nos oferece assim magnífi- culiurada nas culturas tradicionais da
ca contribuição a uma mariologia ao América Latina.
mesmo tempo fiel ã tradição e à pi-
edade, à elaboração erudita da fé e Depois de tantos (e tão mereci-
ao "sensus f i d e l i u m " (que tantas ve- dos) elogios, cabe tamtiém uma res-
zes nos aparece desfigurado piir não salva. G.-D. não completa o círculo
nos determos a analisar seu verda-
h e r m e n ê u t i c o . Sua a n á l i s e da
deiro e profundo sentido — cf. a pro-
mariologia popular permite corrigi-
pósito as páginas em que se analisa a
la a partir da erudita, mas falta um
acusação de "mariolatria" —91-93).
passo: aprender da mariiilogia popu-
Na introdução i> A, considera ler
f>odido iipoins "apontar um cammhii lar, perguntar o que essa teologia
para ulteriores investigações" (13), espontânea do povo pode ensinar à
como se fosse pouco ter descoberto teologia acadêmica em termos de
caminho tão promiss»)r. O recensea- conceituação e sislematização. l'or
dor é de opinião que não se poderá esse proces,so se possibilitaria que a
doravante fazer mariologia na Amé- teologia se enriquecesse com no\'iis
rica Latina, desconhecendo esta pe- paradigmas, conceitos e categorias a
quena e despretensiosa obra de G.- serem trabalhados sistematicamente
D. O A. une garra teológica a amplos em vista a novas sínteses (cf. Fran-
conhecimentos antropiilógicos e pro- cisco IAHOKDA: "Métodos teológicos
funda expi-riéncia da cultura popu- na América L a t i n a " . PerspTcol 19
lar. i'ica o desafio para ulterior in- 119871 293-319; aqui: 302-31)5).
vestigação que leve em consideração
micro-regiões culturais na "l'álria
Grande" da América [.atina.
Francisco Taborda
[4,-,:
o A., b ú s e j J o om Josefo, retrata O A. estuda quatro formas histó-
rapidamente os principais grupos ricas do movimento de Jesus nos seus
religiosos da Palestina do tempo de inícios: o cristianismo palestinense,
Jesus: fariseus, saduceus, zelotas e asiático, sírio-egípcio e mediterrâneo
essênios. Quadro simples, claro, d i - ocidental.
dático, sem L^speciais novidades.
No cmliaiiismo palestiiietisc de ca-
O terceiro capítulo aborda direta- ráter c o m u n i t á r i o - d o m ó s t i c o e
mente o moviment») de Jesus. As fon- sapiencial de acolhida aos pobres, a
tes principais são os evangelfios, l i - figura de Tiago, primo do Senhor, se
dos na perspectiva sócio-histórica. torna central, A experiência cristã
Baseia suas ponderações no pressu- vincula-se tanto ã Torá quanto ã nova
posto teórico de que as palavras,
lei de Jesus, sobretudo na afirmação
gestos e açikrs se tornam inteligíveis
de que já não se espera o .Mi^ssias,
somente dentro da "comunidade e
porque já veio na pessoa de Jesus, O
contexto lingüísticos" em que acon-
cristianismo dcsioca-se. com a qucxJa de
tecem. Nesse sentido, a pessiia de
Jesus se deixa entender dentro do Jerusalém, ;Mrii a Aia Menor, onde
contexto camponês galileu, E por isso, prolifera apesar das perseguições da
explicita este contexto e nele localiza dominação romana. Ele se exprime
a atuação de Jesus, Em seguida, trata no livro do Apocalipse de modo v i -
do surgimento do m o v i m e n t o em goroso. A figura do apiistolo João
torno da pes.si)a de Jesus e o cerne de domina essa forma de cristianismo.
sua proposta e de seu projeto de ca-
ráter universal, consulwtanciado no Sobre base judaica, o cristianismo
evangelho. se expande também em direção ã Siria e
ao £v'(fo com as duas cidades-chave
Os capítulos seguintes vão perse- de Antioquia e Alexandria respecti-
guir o caminhar dL'sse movimento, já vamente na seqüência da dispersão
que no seu ct>ração ele carregava seguida à morte de Estêvão, em par-
pniposta universalista. Surgiram, por te, em r u p t u r a com os costumes
assim dizer, diversos "crislianismos", judaizantcs. e, em parte, em continui-
diferentes da primitiva experiência dade com a vertente aramaica. A f i -
galileana. O cristianismo se torna gura de Tome e a Didaqué desenham
realidade plural e pluralista, O auf{ir a face desse cristianismo, A influên-
indica alguns pimios que considera cia helenista faz-se crescente sobre-
como referenciais permanentes para tudo em Alexandria, no Egito. A i
seu caminhar aii liingo dos dois m i - surge uma das mais famosas escolas
lênios: "marginalizados e excluídos teológicas com personagens como
constituem as forças ativas da histó- Clemente, Orígenes, Dionísio, Ataná-
ria; a violência não resolve, nem sio e Cirilo. Nes,se mesmo movimen-
mesmo a violência sagrada; a mani- to, existe a vertente popular copia,
pulação da religião e da cultura em do interior, que resiste ã helenizjção
geral deve ser repudiada; não existe e de onde sairão os anacoretas.
nenhum 'salvador da pátria" (p, 94)",
Evidentemente estes elementos po- No cristianismo mediterrâneo oci-
dem parecer insuficientes ou mesmo dental emerge a gigantesca figura de
não ser os nucleares para definir real- Paulo de Tarso que compreende que
mente o movimento de Jesus, Faltam o cristianismo deve abandonar os l i -
as dimensões fundamentais do per- mites da Torá e de u m cristianismo
dão, da caridade fraterna, da filiação rural judaico para expandir-se nos
divina, da presença d u Espírito, etc. centros urbanos heleni7.adtis. Paulo,
npcsar de fariseu, linha mcnle e a v lhada d o desenvolvimento histórico
ração cosmopolita com cidadania d o cristianismo, a saber, sua v i n -
romana e abriu o cristianismo para o culação e/ou distanciamento dos
m u n d o genlio. pobres, [.imite, porque deixa de lado
outros aspectos também inspiradores
Enriquecem o livro, facililando- e fundamentais nesse miivimento,
Ihe a leitura, pequeno léxico com os como seria, p. ex., o "enjeux" das
lermos mais difíceis e u m conjunto idéias, das filosofias, das doutrinas,
de mapas e gravuras artísticas, que Isso aparece somente "per transen-
facilitam imaginar descrições e situa- d a m " , A leitura é fácil, interessante,
ções tratadas no texto. enriquecedora, permitindo ao leitor
ampliar sua visão do cristianismo sob
Esto livro de Hi>ornaort é exlro- a perspectiva de movimento e não
mamenle sugestivo. A ótica escolhi- somente de doutrina nivelada.
da marca sua riqueza e limite. Rique-
za porque desvela face pouco traba- J. U. Libanio