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NOVO PROCESSO CIVIL – LEI 13.

105/2015
“Se você não tem uma estratégia, você é parte da estratégia de alguém”
MEDIAÇÃO
 Conflitos civis recorrentes são ligados:
 Alegação de violação obrigacional;
 Descumprimento de situação relativa a posse, (co)propriedade, vizinhança, etc.;
 Crise em relação familiar;
 Disputa sucessória;
 Relevante diretriz: adequação
 Diante de uma controvérsia cumpre ao operador do direito encaminhar as partes ao mecanismo
adequado para a composição do impasse.
 Esta diretriz também consta do marco normativo do CNJ (Resolução nº 125/2010): “Art. 1º. Fica
instituída Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a
todos o direito a resolução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade”.
 Abordagem importante: Qual a melhor estratégia?
 O enfrentamento pela via contenciosa?
 A busca de saídas pela via consensual?
 Muitas vezes opta-se pela via contenciosa, deixando-se de lado a via consensual.
 Critérios para escolher (John Cooley – EUA): autor procura diferenciar mediação (técnica consensual)
e arbitragem (técnica contenciosa onde árbitro é nomeado pelas partes)
MEDIAÇÃO ARBITRAGEM
Desejo de preservar relações futuramente Necessidade de equilibrar situações com diferença de forças
Ênfase no trato futuro Necessidade de decisão sobre fatos passados
Necessidade de evitar decisões que impliquem ganhar ou Grande volume de disputas
perder totalmente
Contendores desejam controle sobre o processo Necessidade de obrigar o oponente a participar
A disputa tem múltiplas partes e questões Vantagens de rapidez e privacidade
Ausência de direitos legais claros Vantagens do encerramento da questão

 Análise relevante:
 A relação que envolve as partes é continuada ou trata-se de uma relação episódica?
 Responder a essa questão irá determinar a opção pela mediação ou conciliação. Esta é uma op-
ção do CPC/2015, visto que se partes pretendem continuar no futuro a manter contato será uma
relação continuada (relação familiar, contratual), pensando na convivência futura; caso contrário
será episódica (acidente de trânsito, vinculo indenizatório – responsabilidade civil).
 Pensar sempre em buscar o fim da escalada do conflito.
 Questão prática relevante:
 A quem cabe escolher o meio de solução de conflitos: partes, seus advogados ou Estado?
 Novo CPC está bem alinhado com a Resolução 125, CNJ. Vide Art. 3º, § 2º
o
§ 2 O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
o
§ 3 A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusi-
ve no curso do processo judicial.
 Mediação ou Conciliação?
 Característica relevante para se optar pelo instituto adequado ao caso concreto é a continuidade
do vínculo ou do contato. Conciliador trabalha em uma situação episódica, sendo um propositor
(propostas). Art. 165, § 2º
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo
de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

 Por sua vez, o mediador procura incentivar as partes a levantarem ideias entre elas e resolverem
elas mesmas o conflito. Nesse caso, ao observar o vínculo entre as partes, leva-se em conta a re-
lação pretérita, por exemplo, família, vizinhos, contratantes, etc. Art. 165, § 3º
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de
modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, solu-
ções consensuais que gerem benefícios mútuos.

 Questões práticas:
 A parte deve indicar na petição que será apresentada em juízo, se entende pertinente a adoção
de mediação ou conciliação? Em havendo interesse, deve fundamentá-lo?
 Art. 319, VII
Art. 319. A petição inicial indicará:
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

 Art. 334, § 5º
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antece-
dência.
§ 5º o autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá
fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audi-
ência.

 Palestrante indica que se faça a fundamentação na petição inicial pela escolha ou não da media-
ção ou conciliação.
 Quem deve conduzir a sessão consensual? O juiz que julgará a causa se não houver acordo? Ou
um conciliador/mediador sem poder decisório?
 Vale a pena mencionar na petição inicial. Nos EUA o juiz permanece afastado da mesa de dis-
cussão consensual visando, tão somente, não se contaminar com as discussões travadas pe-
las partes. Havendo ou não solução do conflito, necessariamente o juiz tomará ciência seja
para homologar a decisão das partes, seja para decidir a contenda.
 Art. 139, V
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
V - Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliado-
res e mediadores judiciais;

 Apesar de o dispositivo falar em “promover”, palestrante entente que esse ato do magistrado
deva ser no sentido de o magistrado “aproximar” as partes, por meio de conciliadores e me-
diadores judiciais, a fim de que cheguem a bom termo e ponham fim ao litígio. Há quem en-
tenda que o próprio juiz possa promover essa aproximação, todavia, há limites a essa ativi-
dade.
 Os Tribunais, na busca pela solução dos conflitos instalados, criarão centros especializados,
os chamados CEJUSCs (Centro Judiciário de Solução Consensual de Conflitos) (Art. 165). Essa
ideia procura fazer com que as partes conflitantes saiam do ambiente contencioso, afastan-
do-se da figura do Estado-juiz (aquele que tem a última palavra), incentivando as partes a
buscarem entendimento entre elas. Apesar desse esforço, ainda permanecem algumas ter-
minologias que se mostram inadequadas, por exemplo, “Audiência de Conciliação” pois re-
mete à ideia da presença do juiz, a qual não ocorre na “audiência” de conciliação ou media-
ção.
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis
pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.

 Princípios importantes desse dispositivo: independência, imparcialidade, autonomia da von-


tade, confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão informada. (Ver Anexo III da
Resolução 165, CNJ).
 Art. 166, § 1º. Confidencialidade. Tudo o que se disser não poderá ser usado contra a pessoa
que confessou algo que lhe prejudique em um futuro processo judicial. A menos que as par-
tes convencionem isso. Cabe à parte estudar a melhor estratégia com seu advogado.
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da im-
parcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e
da decisão informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento,
cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das
partes.

 Palestrante entende que, em razão desse dispositivo, é interessante manter o juiz afastado
do ambiente consensual
 Art. 334, § 1º.
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antece-
dência.
§ 1º o conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação
ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organi-
zação judiciária.

 Art. 168. (Possibilidade interessante)


Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara
privada de conciliação e de mediação.

 Art. 168, §§ 1º e 2º. Respectiva formação por área (jurídica, psicológica, empresarial, etc.),
mas é um sinal indicativo. Nada mais
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribu-
nal.
§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre
aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.

 Art. 168, § 3º. Quando recomendável será indicado mais de um mediador ou conciliador.
§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.

 Reflexão final
“O futuro tem vários nomes. Para os fracos é o inatingível, para os temerosos, o
desconhecido, para os valentes, a oportunidade” Victor Hugo

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