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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE UMUARAMA DO ESTADO DO PARANÁ.

[nome], [qualificação], na qualidade de requerente,


representado pela sua advogada e bastante procuradora – que esta subscreve –, consonante ao
instrumento de procuração apenso, vêm, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor
a presente AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER DECORRENTE DA NÃO TRANSFERÊNCIA
DE VEÍCULO AUTOMOTOR C/C PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE, em face de [nome], [qualificação], pelas razões
de fato e de direito que, a seguir, passa a expor.

I) DA CONCESSÃO DAS BENESSES DA JUSTIÇA GRATUITA.

O requerente, primordialmente, direciona-se à presença de vossa


Excelência para pleitear a concessão das benesses de gratuidade de justiça, afirmando, aos fins do artigo
98, e subsequentes, do novo Código de Processo Civil, consonantemente à Lei n.º 7.115, de 29 de agosto
de 1983, posto que não possui recursos financeiros para arcar com as custas do processo sem que
acarrete prejuízo ao próprio sustento e de sua família (doc. 1), mormente ao legalmente proposto:

1
PROCESSUAL CIVIL - ASSISTÊNCIA JURIDICA GRATUITA -
CONCESSÃO DE OFICIO - IMPOSSIBILIDADE.
Para que a parte obtenha o beneficio da assistência judiciária, basta a simples
afirmação de que não dispõe de recursos, sendo vedada sua concessão de oficio.
Recurso provido. 1

II) DA DESIGNAÇÃO (REALIZAÇÃO) DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

Em consonância ao procedimento adotado pelo novo Código de


Processo Civil, mais especificadamente em seu artigo 334, a parte autora, de antemão, expressa que –
pelo requerido residir em outro estado e o requerente não deter condições de deslocar-se – não possui
interesse na realização de tentativa conciliatória.

III) DOS FATOS.

Primeiramente, cumpre salientar que até 1° de junho de 2014, o


requerente fora proprietário – arcando, dentro desse período com absolutamente todos os débitos
decorrentes disso –, do veículo da marca [XXXXXXXXXXX], modelo [XXXXXXXXXXX], cor
[XXXXXXXXXXX], ano [XXXXXXXXXXX], modelo [XXXXXXXXXXX], chassi
[XXXXXXXXXXX] (doc. 3).

Comercializado o bem e tendo sido assinado o recibo


autorizando o requerido a fazer a transferência dentro do prazo legal de 30 (trinta) dias a partir da data
de sua assinatura (devidamente reconhecido em cartório) (doc. 5), o requerente passou a ficar, por
decorrência disso, isento de qualquer responsabilidade sobre encargos e multas relacionados ao veículo
objeto de transição (doc. 2).

Dessa forma, e consequentemente a isso, o requerido ficara, após


a assinatura do recibo como comprador do veículo automotor, responsável pela transferência do bem
dentro do prazo, retro mencionado, assim como pelos encargos necessários para tanto perante o
Departamento Estadual de Trânsito do Estado de [XXXXXXXXXXX] ([XXXXXXXXXXX]).

Ocorre, Excelência, que já transpassados 5 (cinco) anos da


transação de compra e venda, o requerido se quedou em incomparável inércia, deixando de realizar a
transferência do bem ao seu nome e de pagar o montante correspondente aos documentos, encargos e
multas perante o DETRAN-SP, restando-se, portanto, uma evidente má-fé.

O que piora o presente cenário é que somente agora o requerente


tomara conhecimento do descumprimento, por parte do requerido, de responsabilidade que era, deste,
inerente, quando passou a receber multas em seu endereço que já não lhe eram de sua responsabilidade

1BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Acórdão em Recurso Especial Cível (REsp). Registro: 105452-
SC, 1996/0053845-0. Relator: Ministro SCARTEZZINI, Cid Flaquer. Órgão Julgador: 5ª Turma. Publicado
no DJe: 14-04-1997, p. 12777.

2
por não se mais proprietário do veículo retromencionado, as quais, até o momento, geraram mais de 25
pontos em sua habilitação (doc. 2).

Ocorre que, compassadamente, após a consulta no sistema


DETRAN-SP, o requerente fora surpreendido com a constatação que o veículo ainda estaria em seu
nome, isto é: o requerente comunicara a venda ao DETRAN-SP, contudo requerido nem mesmo
direcionou-se a realizar a transferência do bem!

O veículo em nome do requerente possui uma longa lista de


débitos e multas que estão causando-lhe enorme constrangimento, sendo tais (devidamente descritos
aos documentos 2 e 4):

TÓPICO QUANTIDADE ANO-CALENDÁRIO VALOR


IPVA 1 Exercício de 2019 R$ 394,51
IPVA 1 Exercício de 2018 R$ 459,20
DPVAT 1 Exercício de 2019 R$ 16,21
DPVAT 1 Exercício de 2018 R$ 45,72
Licenciamento 1 Exercício de 2019 R$ 90,20
Licenciamento 1 Exercício de 2018 R$ 113,59
Licenciamento 1 Exercício de 2017 R$ 121,04
Licenciamento 1 Exercício de 2016 R$ 123,67
Multas Municipais 11 diversos R$ 1.106,60
DETRAN 6 diversos R$ 1.202,41
RENAINF 1 diversos R$ 127,69
TOTAL DE DÉBITOS: R$ 3.800,84

Continuando essa situação, o requerente está com um número


altíssimo de pontuação em sua Carteira Nacional de Habilitação, podendo, a qualquer momento, ter
suspenso seu direito de dirigir, correndo o risco, ainda, de ser executado fiscalmente em decorrência
do exorbitante débito oriundo do referido veículo.

Então, não pode o requerente ser responsabilizado por algo que


foge inteiramente da sua obrigação, o que, por hora, já lhe acarreta diversos prejuízos e que, caso não
sejam cessados imediatamente, causar-lhe-ão permanentes, e irreparáveis, prejuízos. Por derradeiro,
convém aduzir, de modo elencado, o seguinte:

1. Até a presente data, o requerido não efetivou o pagamento das multas, bem como não
procedeu com a transferência do veículo para o seu nome, o que vem causando grandes transtornos ao requerente;
2. Para que seja realizada a transferência do veículo, há que se submeter o automóvel a
vistoria e renovação de placas, o que é impossível ao requerente, haja vista que o bem móvel se encontra em poder
exclusivo do requerido, logo, compete a ele cumprir com essa obrigação;
3. Objetivando minorar os prejuízos ao seu nome, o requerente não possui condições
financeiras de arcar com as multas e débitos decorrentes do bem; e

3
4. Em decorrência justamente do veículo ainda estar registrado em nome do requerente,
caso ocorra algum acidente automobilístico, este poderá ter, sobre si, prejuízos em ordem processual – o que seria
inaceitável e injusto.

Esse é o motivo pelo qual o requerente, irresignado, dirige-se ao


inafastável Poder Judiciário em ordem de pleitear que o requerido, por meio da expedição do
competente mandado judicial, seja compelido a transferir a titularidade do automóvel que, atualmente,
consta em nome do requerente, assim como das multas e dívidas desde a comunicação da tradição do
bem.

IV) DO DIREITO.
IV.A) DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE.
Bem explica o artigo 497, somado ao 294, do Código de Processo
Civil, que o juiz concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção
de tutela pelo resultado prático equivalente:

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz,
se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências
que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.2

Compassadamente, o mesmo diploma processual estabelece os


procedimentos por meio dos quais se é possível a perseguição, antes da prestação final da jurisdição, de pedido
antecipatório de tutela, estabelecendo que

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.


Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser
concedida em caráter antecedente ou incidental.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Buscando-se, portanto, o resultado prático e equivalente, poderá


o juiz conceder a tutela antecipadamente ante a robustez das alegações do requerente e da veracidade
dos fatos, presentes, ainda, fumus boni iuris e periculum in mora, estando-lhe disponíveis, inclusive, os
meios persecutórios para obtenção do resultado prático objetivado, tais como: busca e apreensão do
veículo.

2 BRASIL. Código de Processo Civil. Artigo 497.

4
IV.A-A) FUMUS BONI IURIS.

Esse requisito encontra-se inequivocamente, aqui, presente, ante


a robustez dos argumentos sustentados pelo requerente, com amparo em legislação específica e
realidade fática, fazendo confrontar com o desatino pregados pelo requerido, em sempre esquivar-se de
sua obrigação de efetuar a transferência do veículo para seu nome e pagar tributos devido ao Estado,
mesmo após ter efetivamente realizado a tradição do bem (docs. 2 e 5).

Perceba-se, Excelência, que o direito, aqui perseguido pelo


requerente, já está calcado ao documento de número 2, posto que realizou a comunicação da venda
do bem ao DETRAN-SP, não tendo, em contrapartida, o requerido, em desrespeito ao artigo 134
do Código de Transito Brasileiro, realizado a transferência do bem e nem arcado com os débitos
e multas que lhe são decorrentes – a partir da data de comunicação de venda3.

Ainda, há de se observar que nenhum prejuízo poderá advir ao


requerido com a concessão da presente medida, ou seja: a questão poderá ser revista ou modificada
segundo entendimento do juízo que, neste caso, poderá balizar-se com a exata noção desse requisito,
como fixa o Ministro Teori Albino Zavascki, quando estabelece que:

“A reversibilidade diz com os fatos decorrentes do cumprimento da decisão, e não


com a decisão em si mesma. Esta, a decisão, é sempre reversível, ainda que sejam
irreversíveis as consequências fáticas decorrentes de seu cumprimento. À
reversibilidade jurídica (revogabilidade da decisão) deve sempre corresponder o
retorno fático ao status quo ante”4

Necessário, por fim, invocar-se, as lições de Nicolò Trocker,


citado por José Rogério Cruz e Tucci, professor da Faculdade de Direito da USP (Tribuna do Direito,
setembro de 1996, pág.4), para o qual:

"A justiça morosa é um componente extremamente nocivo à sociedade: 'Provoca


danos econômicos (imobilizando bens e capitais), favorece a especulação e a
insolvência, acentua a discriminação entre os que têm a possibilidade de esperar e
aqueles que, esperando, têm tudo a perder. Um processo que perdura por longo
tempo transforma-se também em um cômodo instrumento de ameaça e pressão, uma
arma formidável nas mãos dos mais fortes para ditar ao adversário as condições da
rendição' (Processo Civile e Constituzione, Milão, Giuffrè, 1974, págs. 276/277)".

IV.A-B) PERICULUM IN MORA.

Sem dúvida há risco de sérios danos a serem causados ao


requerente caso não lhe seja concedida a presente medida. Não resta meio suasório para que se proceda

3 29 de outubro de 2014;
4 A Antecipação da Tutela, 3ª ed., rev. E ampliada. São Paulo: Malheiros, 1997. Pp 30/31.

5
ao acertamento da relação jurídica entre as partes, sendo a via judicial única forma de proceder a
transferência necessária com a finalidade de ajustar o pacto à legalidade.

Enquanto isso, o requerente fica à mercê de sofrer com a perda


de sua habilitação – por meio da suspensão do direito de dirigir –, eventual ação de reparação de dano
decorrida de acidente de veículo, execução de dívida ativa por parte do Estado, inclusive ser alvo de
demandas em esfera criminal – o que são, sem dúvida, fatos possíveis de acontecerem.

Assim, não pode o requerente continuar a ser compelido ao


pagamento daquilo que, sabidamente, não deve e penalizado por aquilo que não cometeu, sob pena de,
sendo confirmado o direito em efetivar-se a transferência do veículo somente na sentença final, ter de
perseguir em demorada ação de repetição de indébito o valor injustamente pago, com incerteza de
recebimento do valor respectivo.

Em contrapartida, Excelência, caso seja concedida, ao


requerente, da presente medida, todos os possíveis, e já presentes, transtornos podem ser
evitados.

Dessa maneira, como autoriza o artigo 300 do Código de


Processo Civil, ao juiz é possível conceder um ou mais efeitos da prestação jurisdicional perseguida no
limiar da ação, ou em seu curso, de modo evitar-se a ocorrência de dano irreparável ou de difícil
reparação, vendo na espécie logo presentes não só o aperfeiçoamento desse requisito, como os demais
previstos na norma em alinho.

Necessário é, portanto, dar vida aos preceitos constitucionais de


respeito à tranquilidade, honra e dignidade do requerente, até porque toda a lesão ou ameaça de lesão
a direito não pode ser excluída da apreciação do Poder Judiciário, sem embargo de que:

“É importante ressaltar que exigências constitucionais não podem ficar submetidas à


previsão (ou não) das vias processuais adrede concedida para a defesa dos direitos em
causa. Não se interpreta a Constituição processualmente. Pelo contrário,
interpretam-se as contingências processuais à luz das exigências da Constituição”. 5

Logo, no caso em tela, o requerente se sente inteiramente


prejudicado pela lesão ou ameaça de lesão a direito e, por isso, optou por socorrer-se do aparato
judiciário para que se possa alcançar a uma solução na presente lide.

5 CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELO, in Controle Judicial do Atos Administrativos, RPD 65/27.

6
IV.A-C) DA VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES.

Ora, pelo já exposto nesta exordial, resta evidente que o


requerido se aproveita das burocracias administrativas para causar graves danos e perigar
responsabilidades ao requerente, visto que, por não ter o veículo cadastrado em seu nome, dirige-o
cometendo infrações de trânsito e quedando-se de arcar com as responsabilidades que, disso, são
decorrentes – o que vem gerado graves danos ao requerente.

Portanto, Excelência, nos termos dos artigos 294 e 497, ambos


do Código de Processo Civil, o requerente possui cristalino direito à concessão da tutela provisória
inaudita altera pars consistente na imediata necessidade de obrigar o requerido, no prazo a ser fixado
por este douto juízo, a transferir a titularidade do veículo para o seu nome – e consequente vinculação
a sua Carteira Nacional de Habilitação –, sob pena inclusive de multa diária, justamente para que o
requerente não mais se sujeite aos abusos e constrangimentos perpetrados pelo requerido, além de
adimplir os encargos perante o DETRAN-SP que estão, hoje, em nome do autor ou que os transfira
para seu nome com data retroativa a data de venda, sob pena de sofrer multa diária, com a consequente
expedição do componente mandado de busca e apreensão do veículo.

IV.B) DA OBRIGAÇÃO DO REQUERIDO EM EFETIVAR A TRANSFERÊNCIA DO


VEÍCULO.
O artigo 123, do Código de Trânsito, anuncia ser obrigatória a
emissão de novo Certificado de Registro de Veículo no caso de transferência de propriedade, documento
este cuja expedição deve ser solicitada pelo adquirente (ora requerido) sem prejuízo da comunicação a
que alude o artigo 134, do mesmo diploma – requisito este já dirimido por meio da simples análise do
documento de número 2.

Assim sendo, perceba que o próprio artigo 134 do Código de


Transito Brasileiro propõe ser de responsabilidade do requerido a transferência do bem, uma vez já ter
tido o requerente realizado a comunicação de venda, propondo que:

Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá


encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta
dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente
assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas
penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. 6

Desse modo, após a vivência da tradição a que preconiza o artigo


1.226, do Código Civil, decorreu-se a ideia de que a venda de veículo automotor dá ao alienante a
expectativa de que a titularidade do bem será alterada nos cadastros do órgão de trânsito. Assim, não

6 BRASIL. Código de Transito Brasileiro (CTB). Artigo 134.

7
é razoável transferir ao primitivo proprietário (in casu, o requerente) o ônus de suportar multas e
restrições lançadas em seu nome por conta de veículo que ele vendeu a um terceiro. Logo, esse (in casu,
o requerido) deve ser compelido a efetivar a transferência de titularidade, podendo a obrigação
converter-se em perdas e danos, sem prejuízo de multa diário, pela prerrogativa ditada pelo artigo 499
do Código de Processo Civil:

Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o


requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente. 7

Dentro dessa perspectiva, no presente caso a obrigação de fazer


é de natureza infungível, visto que para realizar a transferência do veículo há que submetê-lo a vistoria
e renovação de placas, o que é impossível ao requerente, haja vista que o bem móvel se encontra em
poder exclusivo do requerido, logo: compete somente a ele cumprir com essa obrigação. Assim
sendo, no presente caso, a obrigação de fazer – a imediata necessidade de transferência de titularidade
do veículo – é de natureza infungível intuitu personae.

Assim sendo, de maneira conjunta às proposições já


estabelecidos pelo Código Brasileiro de Trânsito, pode-se explanar o artigo 815 e 816 do Código de
Processo Civil, quando propõe:

Art. 815. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado
para satisfaze-lo no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver determinado
no título executivo.

Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao


exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa
do executado ou perdas e danos, hipóteses em que se converterá em indenização.

Nesse sentido:

COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. AUSÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA


JUNTO AO DETRAN. OBRIGAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA QUE INCIDE
SOBRE O ADQUIRENTE. POSTERIOR ALIENAÇÃO DO BEM A
TERCEIRO QUE NÃO PODE SER OPOSTA AO VENDEDOR. ARTIGO 123,
§ 1º DO CTB. ENCARGOS LEGAIS E MULTAS. TRADIÇÃO.
RESPONSABILIDADE DO COMPRADOR. ARTIGO 134 DO CTB.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS PELO DO STJ. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.
1. Restou comprovado nos autos que o autor recorrido alienou o veículo em questão,
não tendo o comprador recorrente promovido o registro da transferência da
propriedade junto ao DETRAN/DF no prazo legal (art. 123, § 1º, Código de
Trânsito Brasileiro, como também o autor não comunicou ao DETRAN/DF a

7 BRASIL. Código de Processo Civil. Artigo 499.

8
operação de compra e venda nos termos do art. 134 do CTB. Não pagos impostos e
multas, de responsabilidade do comprador, incidentes sobre o veículo, teve o autor
alienante seu nome lançado na Dívida Ativa do Distrito Federal.
2. A partir da tradição, opera-se a transferência de propriedade do veículo automotor
(art. 1.226, do Código Civil), que, com isso, deixa de integrar o patrimônio do
vendedor, fazendo recair sobre o comprador a obrigação de transferir o registro do
bem para o seu nome, no prazo de 30 dias, responsabilizando-se, a partir de então,
pelas multas decorrentes de infrações cometidas com o veículo e pelas obrigações
tributárias incidentes sobre o mesmo, nos termos do que estatui o artigo 123, § 1º,
do CTB. Nos termos do art. 134, do CTB, deve o vendedor comunicar ao órgão
executivo de trânsito do Estado a transferência da propriedade, sob pena de se
responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas até a comunicação.
3. Não obstante, a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça tem
entendido pela mitigação do art. 134, do CTB, quando nos autos restar "comprovada
a transferência da propriedade do veículo, afasta-se a responsabilidade do antigo
proprietário pelas infrações cometidas após a alienação, mitigando-se, assim, o
comando do art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro. Precedentes do STJ. (AgRg
no REsp 1204867⁄SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 09⁄08⁄2011, DJe 06⁄09⁄2011)", como na hipótese em
julgamento.
4. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR
SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
5. Sem custas, ante a isenção legal. Sem condenação em honorários advocatícios,
posto que não foram apresentadas contrarrazões.
6. Decisão proferida na forma do art. 46, da Lei nº da Lei nº 9.099⁄95, servindo a
ementa como acórdão.8

V) DAS PROVAS:

Em comprovação do alegado, o requerente protesta por todos os


meios de prova em direito admitidas, na amplitude dos termos do artigo 369, e subsequentes, do Código
de Processo Civil.

VI) DOS PEDIDOS:

Englobando-se à multiplicidade de argumentos, aqui, expostos,


o REQUERENTE, portanto, aguarda e requer que:

i) haja-lhe a CONCESSÃO das benesses oriundas do pleito de


gratuidade de justiça;

ii) haja a CONCESSÃO do pedido de TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE, expedido –se
o competente mandado judicial objetivando obrigar o requerido a efetivar a transferência do veículo, e
as dívidas advindas deste (multas, IPVAs e CADIN), para o seu nome, no prazo estipulado por este

8BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). Acórdão em Apelação Cível do Juizado
Especial n.º ACJ 20140110620218. Órgão julgador: 3º Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito
Federal. Relator: Desembargador CAVALCANTI, Demetrius Gomes. Julgamento em 6 de junho de 2015.
Publicado do DJE em 31 de agosto de 2015, p. 617.

9
douto Juízo, sob pena de multa diária, assim como que, por meio da mesma medida, haja a
EXPEDIÇÃO de ofício à Secretaria da Fazenda Estadual e ao DETRAN-SP, para que estes
cancelem os débitos já lançados e abstenham-se de lançar novas dívidas em nome do requerente,
pertinentemente ao veículo descrito nesta exordial;

iii) haja a INTIMAÇÃO do REQUERIDO, nos termos do


artigo 246, inciso I, do novo Código de Processo Civil, para que, querendo, ofereça manifestação no
prazo legal;

iv) ao final, haja a PROCEDENCIA TOTAL do presente feito,


efetivando-se, portanto, a totalidade da tutela antecipadamente concedida; e

v) haja a condenação do REQUERIDO em honorários de


advogado em valor não inferior à 20% do valor da condenação.

VII) DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se à causa o valor de R$ 3.800,84 (doze mil, cento e noventa


e nove reais e sessenta centavos), que corresponde ao valor dos débitos alçados à discussão.

Termos nos quais se pede e espera-se deferimento.


São Paulo, 1º de julho de 2019.

(assinado digitalmente)

[XXXXXXXXXXX].
OAB/XX n.° [XXXXXXXXXXX]

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