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DOI 10.1590/1809-5844 20148
Renata Tomaz*
Resumo
Na primeira década deste século, uma profusão de discursos midiáticos, no con-
texto brasileiro, celebrava a imagem de crianças sabidas que consomem “feito
gente grande” e abastecem os adultos de conhecimento tecnológico. Este é o
ponto de partida para investigar a criação recente dos tweens, meninos e meninas
entre a infância e a adolescência, desnaturalizando essa suposta fase da vida e
apresentando uma gênese desse sujeito pré-adolescente, a partir das condições de
possibilidade de sua emergência, no âmbito de uma cultura juvenilizada. Com base
em pesquisa bibliográfica e a partir da compreensão foucaultiana de subjetivida-
de, o artigo sublinha argumentos que vinculam as transformações na concepção
do indivíduo moderno ao surgimento de novas tecnologias de subjetivação na
contemporaneidade, articulando-as aos discursos midiáticos constituintes dos
tweens. Tais processos comunicacionais conferem voz às crianças, colaborando,
assim, para a construção social de sua autonomia.
Palavras chave: Tweens. Pré-adolescentes. Autonomia. Subjetividades. Moder-
nidade.
*
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura, Escola
de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ,
Brasil. E-mail: renatactomaz@gmail.com
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ste trabalho se origina de uma pesquisa que busca compre-
ender que recursos a cultura contemporânea disponibiliza
para que cada um se torne alguém, ou seja, como é possível
ser ou tornar-se no interior dessa cultura. A questão foi enfren-
tada tomando-se como objeto de estudo o fenômeno dos tweens,
como são chamadas as crianças que começam a aderir a práticas
sociais e culturais que lhes permitem experimentar novas formas
de ser e estar jovem no mundo. A investigação parte da profusão
dos discursos que caracterizam os tweens (ou pré-adolescentes)
para analisar a criação desta categoria etária como um sintoma
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Para Edgar Morin, os termos juventude e adolescência referem-se à mesma ideia.
Segundo o autor, a ascensão da adolescência está ligada ao enfraquecimento dos
ritos de passagem presentes, sobretudo, nas sociedades arcaicas: “a velhice está
desvalorizada. A idade adulta se rejuvenesce. A juventude, por seu lado, não é
mais, propriamente falando, a juventude: é a adolescência” (MORIN, 2005, p.153).
Sendo assim, neste trabalho, os dois termos serão tratados indistintamente.
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“A aldeia dos tweens não é homogênea. Isso acontece porque os pré-adolescentes
estão atravessando uma fronteira importante, a puberdade, quando as mudanças
no corpo e no comportamento são muito grandes” (KOSTMAN, 2003, p.89);
“Criado a partir do termo between (‘entre’ em inglês), o conceito de tween é
aplicado no Brasil para meninos e meninas de oito a 12 anos, uma fase popular-
mente conhecida como pré-adolescência” (CASTELLÓN, 2007).
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Como sobreviver sendo um menino (2007), Como sobreviver sendo uma menina
(2007) e Como sobreviver na escola (2008). Todos da Editora Rocco.
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De menina a mulher: tudo o que você precisa saber para sobreviver à ado-
lescência e virar uma mulher de sucesso (2001), De menina a mulher 2: tudo
o que você precisa saber para trilhar os caminhos da moda e arrasar sempre
(2002), De menina a mulher 3: tudo que você precisa saber para ser popular,
fazer amigos e manter relacionamentos (2003), De menina a mulher 4: Tudo
que você precisa saber sobre vestibular, profissões e dinheiro para ter uma vida
de sucesso (2004) e De menina a mulher 5: Tudo que você precisa saber
para sobreviver no mundo dos adultos! (2010). Todos da Editora Rocco.
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Renata Tomaz
Doutoranda e Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde concluiu a graduação em
Jornalismo (2004). Tem experiência, por mais de 10 anos, em Jornalismo com
atuação nas mídias impressa, eletrônica e digital.
Recebido: 09.11.2013
Aceito: 22.05.2014
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