Você está na página 1de 23

INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL:

Conceito de Direito: é o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social.
➢ Para Caio Mário, é o princípio de adequação à vida social. Está na lei, como exteriorização do
comando do Estado.
Etimologia: do latim “directum”, significa aquilo que é reto, que está de acordo com a lei
Normas Jurídicas e Normas Morais: têm em comum, o fato de constituírem regras de comportamento.
No entanto, se distinguem quanto à sanção, que no direito, é imposta pelo estado, e na moral, se dá
pela consciência do próprio homem.
➢ Nem tudo que é moral é jurídico, pois a justiça é apenas uma parte do objetivo da moral.
➢ Há uma certa tendência de uma norma moral converter-se à norma jurídica, como ocorreu, por
exemplo, com o dever do pai de velar o filho, e com a indenização por acidente de trabalho.
Direito Positivo: é o ordenamento jurídico em vigor num determinado lugar em uma determinada
época.
Direito Natural: é a ideia abstrata do direito, do ordenamento ideal, perfeito, imutável, que
corresponde a uma justiça superior e suprema.
Direito Objetivo: é o conjunto de normas impostas pelo estado, que possuem caráter geral, onde os
indivíduos podem ser compelidos mediante coerção.
➢ Ex: O direito impõe a todos o respeito à propriedade.
Direito Subjetivo: é o poder que a ordem jurídica confere a alguém, para poder agir e exigir de outrem,
determinado comportamento.
➢ Ex: O proprietário tem o direito de repelir a agressão à coisa que lhe pertence.
Direito Público: é o que corresponde as coisas do estado.
➢ Inclui: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Penal, Direito
processual (civil e penal), Direito Internacional (público e privado) e o Direito Ambiental.
Direito Privado: é o que pertence a utilidade das pessoas.
➢ Inclui: Direito Civil, Direito Comercial, Direito Agrário, Direito Marítimo, Direito do Trabalho, Direito
do Consumidor e o Direito Aeronáutico.
Obs: As normas não costumam atingir apenas o interesse do Estado ou do particular, mas entrelaçam-se
e interpretam-se. Os particulares, também são de natureza pública, tendo em vista o bem-comum, e
vice-versa.
O DIREITO CIVIL:
➢ No direito civil, predominam as normas de ordem privada, com algumas exceções de ordem pública.
Conceito: é o direito comum, que rege as relações entre os particulares, e disciplina a vida das pessoas
desde a concepção, e mesmo antes dela, até a morte, e ainda depois dela.
➢ Como direito comum a todos, tem o sentido de disciplinar o modo de ser e de agir das pessoas.
➢ Muitas vezes, o Código Civil, é chamado de “Constituição do homem comum”, uma vez que rege as
relações mais simples da vida cotidiana, como os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de
esposo, esposa, pai ou filho, credor e devedor, proprietário e possuidor, testador ou herdeiro e etc.
➢ Estuda-se, nessa área, as relações puramente pessoais ou patrimoniais.

CODIFICAÇÃO BRASILEIRA

Antecedentes:
➢ O Direito brasileiro é herdeiro do direito português.
➢ Nem as Ordenações Afonsinas nem as Manuelinas tiveram impacto no Brasil.

Final do séc. XVI - União Ibérica (1580 - 1640)


As Ordenações Filipinas:

➢ Não estiveram integralmente vigentes no Brasil até a entrada em vigor do Código Civil de 1916; pois
foram sendo fragmentadas/revogadas, pela Constituição de 1824, pelo Código Criminal, pelo Código
Comercial e etc.
➢ Durante o governo colonial, não era comum se revogarem leis; faziam-se leis nova, contrárias a lei
anterior. Nesse sentido, não se revogava nada.
➢ Diante de toda essa desorganização do direito, o direito não era previsível, e era difícil de ser
conhecido.
➢ Existia também, a possibilidade de se usar o direito romano e o canônico, que deveriam ser fontes
subsidiarias, mas que nem sempre eram; uma vez que a pessoa acabava aplicando a noção de
direito que ela tinha.
➢ Mas, pelo menos, em parte, as Ordenações Filipinas estiveram vigentes até que o código de 1916
entrasse em vigor, ainda que fossem usadas residualmente.

Principais características da Constituição de 1824:


➢ Constituição Semi-Rígida;
➢ Liberal;
➢ Estado unitário;
➢ Forma monárquica hereditária;
➢ Poder moderador controlando os outros 3 poderes;
➢ Voto censitário;
➢ Sociedade estratificada;
➢ Permanência da escravidão;
Características do Código Criminal do Império de 1830 e do Código Comercial brasileiro 1850:
➢ Pela 1 vez no direito brasileiro, os crimes estariam previstos em lei escrita.
➢ As penas variavam de acordo com a pessoa (para o escravo era uma, pro home rico, outras);
existiam penas corporais (ainda que a maioria delas tivessem sido revogadas).
➢ Foi um código bem iluminista/liberal, que primava pela proteção do patrimônio e da honra do pai de
família.
➢ O código comercial veio para modificar as relações econômicas sem mudar a estrutura das relações
socias; ele não discutia a questão da escravidão, mas conseguiu mexer um pouco nos contratos e na
transferência das propriedades.
➢ Nesse sentido, agilizou as relações sociais, permitindo que o brasil desse início a relações mais livres.
➢ O código civil mexeu, então, nas estruturas sociais; e o comercial agiu para impulsionar a economia
brasileira que era praticamente só monocultura e de exportação.
No Brasil durante o Período Colonial:

➢ As normas mais importantes começaram somente depois da chegada da Família Real em 1808.
➢ 1816: lei de abertura dos portos.
➢ 1822: Brasil se torna independente. Primeira medida: validar toda a legislação portuguesa até que
se faça uma legislação nacional.
➢ Dom Pedro deu uma ordem para que fosse formada uma Assembleia Constituinte; mas, insatisfeito,
desfez a assembleia.
➢ Dom Pedro outorgou a Constituição de 1824: baseado da justiça e na equidade, com ideias
iluministas e caráter liberal.

A CRIAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL:

➢ Em 1859, Teixeira de Freitas apresentou um trabalho de consolidação das leis civis, mas não foi
acolhido; ele foi o primeiro no mundo a propor uma parte geral.
➢ Após a Proclamação da República, Clóvis Bevilaqua projetou o novo código civil; aprovado em 1916,
entrou em vigor dia 1 de janeiro de 1917, possuindo clareza, e acentuado rigor científico.

O Código Civil de 1916:

➢ Sofreu influência do Código Francês de 1804 e do Código Alemão (BGB) de 1896.


➢ Foi um código característico de sua época, elaborado a partir da realidade típica de uma sociedade
colonial.
➢ Foi basicamente patrimonialista e individualista.
➢ A evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico pelos quais passou a
sociedade brasileira no decorrer do século, provocando transformações que exigiam do direito uma
contínua adaptação.
➢ O Código Civil de 1916, embora nascido no século XX, refletiu bem a lógica acima citada; foi elaborado
nos moldes das codificações oitocentistas, como um sistema normativo total, completo e acabado,
com a pretensão à plenitude legislativa, à normalização de todos os fatos da vida civil com a exclusão
de qualquer outro diploma legislativo.
➢ Foi concebido, também, como um sistema jurídico revestido de completude lógica, hábil, e por seus
preceitos abstratos, podia ser aplicado a todas as situações da vida real.
➢ Embora reconhecida a existência de lacunas, previu-se, na introdução, critérios para a solução dos
casos omissos, de modo a atender ao postulado da plenitude da codificação.
➢ Concretizou-se o mito jusracionalista da completude legislativa e lógica, o qual, conjugado com a
técnica legislativa da fattispecie, levou à prevalência do valor da segurança em detrimento da justiça
material, o que é expresso no pensamento jusracionalista de Leibniz, que afirma ser preferível que
alguns sofram injustiças do que alimentar o mal coletivo de um direito incerto.
➢ A influência do caráter patrimonialista e individualista das codificações oitocentistas, alicerçadas na
filosofia iluminista, levou a que Clóvis Bevilaqua elaborasse o Código Civil com suporte na igualdade
abstrata dos sujeitos de direito. Pessoa é o ser a que se atribuem direitos e obrigações. Equivale, assim,
a sujeito de direitos. Personalidade é a aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para
exercer direitos e contrair obrigações.
➢ O Civil de 1916 é o estatuto patrimonial do homem. Ao Código não interessa os anseios da pessoa
humana, sua dignidade, pois é voltado quase que exclusivamente à proteção do patrimônio que a
pessoa carrega, e, via de consequência, só se vê protegida na medida em que pretende movimentar
seus bens. Aí reside o preconceito do Código, pois olvida da pessoa que não possui patrimônio, sendo,
pois, relegada a segundo plano.

O Código Civil de 2002:

➢ Sua matriz engloba fundamentos constitucionais que pautam valores existenciais em relação à
dignidade humana e diversos princípios que edificam uma visão além do patrimonialismo. Existe,
portanto, uma preocupação preponderante com o “ser” e não somente com o “ter”, embora o “ter”
também tenha uma relação comum com o “ser”.
➢ A disparidade construída pelo Código Francês (1804) e o Código Alemão entre o Direito Público e
Privado e que refletiu no Direito brasileiro estava no seu fim. Começou-se após a CF/88 a
Constitucionalização do Direito Privado. Sendo assim, o Direito Civil passou a ser interpretado à luz da
Constituição.
➢ A constitucionalização do Direito civil, pode ser considerada um movimento de interpretação e
aplicação das leis civis sob a perspectiva constitucional.
➢ Socialidade: o Código Civil de 2002 distancia-se do caráter individualista da codificação anterior. O
“nós” prevalece sobre o “eu”. Todos os institutos civis têm função social, como por exemplo, o
caso do contrato e da propriedade.
➢ Eticidade: a codificação atual preocupou-se precipuamente com a ética e a boa-fé, sobretudo com
a boa-fé objetiva, aquela que existe no plano da conduta de lealdade dos participantes negociais.
➢ Operabilidade: o princípio tem dois sentidos: o de simplicidade dos institutos jurídicos, como
ocorreu com a prescrição e decadência, e o de efetividade, por meio do sistema de cláusulas gerais
e conceitos indeterminados adotado pela atual codificação.

OUTROS DADOS:

➢ Código criminal -1830.


➢ Código de processo criminal - 1832.
➢ Código comercial - 1850 (veio antes do código civil, pois não havia interesse por parte dos
latifundiários em discutir questões civis).
➢ Características: ideais liberais, previsibilidade (tanto das relações econômicas quanto dos crimes)
Fontes do Direito:
➢ Históricas.
➢ Materiais.
➢ Formais: meios de expressão do direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam,
tornando-se conhecidas.
➢ As fontes diretas de direito formais são: a lei (principal), e os costumes (complementar).
➢ As fontes indiretas de direito formais são: a doutrina e a jurisprudência.
Doutrina:
➢ Compõe-se de estudos e teorias, desenvolvidas pelos juristas, com o objetivo de interpretar e
sistematizar as normas vigentes, e de conceber novos institutos jurídicos, reclamados pelo momento
histórico.
➢ É um acervo de conhecimentos.
➢ Abarca três direções: a formação das leis (teorias, neologismos), a interpretação do Direito Positivo e
a crítica aos institutos vigentes.
➢ Função: subsidiar/auxiliar, e propiciar embasamento científico ao raciocínio jurídico.
➢ Argumento de autoridade: criação de opiniões doutrinárias como fundamento de uma tese jurídica
que se desenvolve perante a justiça.
Jurisprudência:
➢ É a teoria da ordem jurídica / é a ciência do Direito.
➢ Atualmente: é usada para indicar precedentes judiciais; ou seja, a reunião de decisões judiciais,
interpretadoras do Direito. NÃO inovam.
➢ Jurisprudência: são as definições elaboradas pelos tribunais.
➢ Em sentido amplo: é a coletânea de decisões proferidas pelos tribunais sobre determinada matéria
jurídica.
➢ Em sentido restrito/Jurisprudência uniforme: as decisões são convergentes e possuem idêntico
sentido e alcance.
➢ Jurisprudência divergente: não há uniformidade na interpretação do Direito.
PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO:
➢ Analogia.
➢ Princípios gerais do Direito.
➢ É um processo de preenchimento de lacunas existentes na lei, por elementos que a própria
legislação oferece, ou por princípios jurídicos.
➢ Autointegração: elementos do próprio ordenamento jurídico.
➢ Heterointegração: aplicação de normas que não participam da legislação. Ex: regras estrangeiras.
➢ As lacunas são imanentes às codificações; e muitas situações escapam aos parâmetros legais.
➢ Lacuna/Buraco: a lei é completamente omissa; o legislador deixa o assunto a critério do julgador; a
lei apresenta duas disposições contrárias.
➢ Plenitude da Ordem Jurídica: vigora um postulado pelo qual o Direito Positivo é pleno de respostas e
soluções para TODAS a questões que surgem no meio social.
➢ “Os juízes não podem deixar de julgar”.
➢ Analogia: é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo
legislador, a solução por ele apresentada para uma outra hipótese fundamentalmente semelhante à
não prevista. A lei será um PARADIGMA.
➢ Lacuna: não tem regra específica. Ex: Refugiados Ambientais. Lei paradigma: Refugiados.
➢ “ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositivo esse debet”; onde há a mesma razão, deve-se aplicar a
mesma disposição legal.
➢ Fundamentos: Lei (analogia geral) e Princípios (analogia jurídica).
➢ Princípios Gerais do Direito: o postulado da plenitude do ordenamento jurídico só se torna possível
no plano prático, em face dos PGD. Eles ganham, em última instância, o critério de julgamento.
➢ Regra (art 4. LINDB): 1- Lei (direta ou por analogia); 2- Normas Consuetudinárias; 3- PGD.

DIREITO CIVIL I

A NORMA CIVIL:
➢ A norma jurídica como enunciado mandamental ou normativo: comando/prescrição/autorização; é
a norma no sentido literal, sem a interpretação, ou seja, sem o sentido que se dá à essa literalidade.
➢ Ex: a norma é: matar alguém; o sentido é: é proibido matar.
➢ A norma jurídica como sentido atribuído ao comando: é a interpretação do prólogo/do enunciado
normativo.
➢ Kelsen: a norma/comando é a ordem emanada de uma autoridade competente.
➢ Ele diferencia lei e norma jurídica, contrariando as escolas anteriores que identificaram a lei como
único objeto do direito (escola da exegese – o direito é a lei).
➢ Para Kelsen, o direito é muito mais que a lei, é inclusive a interpretação, mas não só da lei; nesse
sentido, a norma jurídica é a lei, mas abrange, também, todas as outras espécies normativas
(medida provisória, decreto presidencial, portarias, resoluções, contratos, sentença judicial), pois
vem de uma autoridade competente e tem as características da coercibilidade e de imperatividade;
rompeu assim, com as escolas clássicas de interpretação, ao dizer que não há uma diferença
qualitativa entre, por exemplo, uma sentença e uma lei.
➢ Em Teoria Pura do Direito, Kelsen diz que norma jurídica pode ser conceituada como sentido jurídico
atribuído a um fato, diferenciando, assim, enunciado normativo (preceito estático), de norma,
(preceito já interpretado).
➢ A lei é uma espécie de norma, que provém do poder legislativo; medida provisória é uma espécie de
norma, que provém do presidente da república.
➢ O correto, não é ter força de lei, mas sim, ter força de norma jurídica.
➢ Norma de organização: do estado/dos serviços. Ex: o Brasil é uma federação.
➢ Normas de conduta: se voltam para os agentes públicos e para os cidadãos.
➢ A estrutura da norma de comportamento: Se A é, B deve ser.
➢ A é a previsão de um fato; então, se o fato A ocorrer, será aplicada uma consequência B.
➢ Ex: Matar alguém (A), Reclusão de 6 a 20 anos (B).
➢ O suporte fático: é a previsão abstrata de algo que pode ocorrer no mundo, e que, por ser
relevante, ganha normatividade jurídica.
➢ O fato se tornou relevante juridicamente; e, por isso, a norma incorporou esse fato, decorrendo
então, a valoração social; ou seja, em algum momento da história um fato foi valorado como
relevante e exigiu-se, dessa maneira, uma regulação jurídica desse fato.
➢ Ex: em 1920 um homem e uma mulher, se unem na mesma casa, sem casamento e sem filhos. Não
existe efeito jurídico dessa união, uma vez que não há herança, nem herdeiros e não é considerado
família; visto que, em 1920, o Código Civil de 1916, estabelecia que a única forma de constituição de
família, era pelo casamento. Então, naquele momento histórico, se valorava negativamente,
qualquer união fora do casamento.
➢ As consequências do suporte fático são: criação, modificação e extinção de situações jurídicas
subjetivas.
➢ Elementos do suporte fático: são os elementos necessários para que esse fato exista juridicamente;
são eles: Nucleares (responsáveis pela existência do fato jurídico), complementares (validade),
integrantes (eficácia).
CONCEITO DE VALIDADE:
➢ Consiste na existência da norma jurídica: sua entrada regular dentro de um sistema jurídico (forma,
rito, hierarquia e etc).
➢ Norma válida: é aquela que está de acordo com os procedimentos formais da criação normativa.
Pode ser formal e material.
➢ Para um sistema jurídico ser válido ele deve ser: fechado, unitário, completo e autossuficiente.
➢ Hierarquia: a validade da norma jurídica é extraída da norma superior.
➢ Quando é que a norma jurídica é reconhecida como válida para o ordenamento jurídico?
➢ Quando ela estiver integrada ao ordenamento e cumprir o processo de formação ou produção
normativa (processo legislativo).
➢ Norma Fundamental: não é a norma constitucional, mas sim um pressuposto do sistema. Teoria
lícito/ilícito.
➢ Vigência: diz respeito ao tempo de validade de uma norma. Nesse sentido, é exigido um
comportamento até que a norma seja revogada. (Em geral, a vigência começa com a publicação).
➢ A vigência pode ser imediata ou possuir um período de vacância (adaptação social/lapso temporal).
➢ Vacatio Legis: lapso de dias entre a publicação da lei (quando se torna válida) e o início da produção
dos seus efeitos. Ou seja, a lei é válida, mas ainda não surtiu efeito.
➢ Eficácia: diz respeito à possibilidade concreta de produção de efeitos. Pode ser: técnica, fática e
social.
➢ Vigor ou força: qualidade da norma que diz respeito a sua força vinculante. A norma possui vigor
quando pode obrigar as pessoas e autoridades, impondo comportamentos.
➢ Mesmo que a norma perca a sua validade e vigência, ela ainda pode continuar a ter força. Essa
situação recebe o nome de fenômeno da ultratividade.
Sistema Dinâmico:
➢ Capta as normas dentro de um processo de contínua transformação. Nesse processo, as normas
deixam de valer.
➢ Uma norma perde a validade se revogada por outra norma.
➢ Lex Superior: lei superior revoga lei inferior.
➢ Lex Posterior: lei posterior revoga lei anterior.
➢ Lex Especialis: lei especial revoga lei geral.
➢ A Revogação retira a validade de uma norma por meio de outra norma. Pode ser: expressa ou
implícita; total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).
RELAÇÃO E SITUAÇÕES JURÍDICAS:
Contexto Histórico:
➢ Século XIX, Alemanha, Escola das Pandectas.
➢ A Escola das Pandectas foi predecessora da escola histórica, que estudou o corpus iuris civilis
(digesto); ela buscava criar classificações que pudessem ser aplicadas a todas as regiões da
Alemanha.
➢ Ao estudar o direito romano, os pandectistas retiravam do próprio direito romano, características
abstratas que pudessem ser aplicadas àquela realidade.
➢ Foi essa escola que formulou conceitos com o objetivo de dar continuidade à recepção do direito
romano, buscando um direito que fosse formal e escrito, e uma ciência do direito que fosse cada vez
mais científica.
➢ A escola das pandectas criou uma concepção personalista da relação jurídica, porque partia da ideia
de pessoa; ou seja, qualquer pessoa podia ser um sujeito de direitos e de deveres.
➢ Existia, então, uma busca por características científicas que traduzissem a neutralidade; nesse
sentido, o direito devia ser neutro, e não tendencioso, e devia tratar abstratamente do sujeito, e não
concretamente (o que permite distinção entre indivíduos) e a isonomia entre as classes sociais.
➢ A ideia de relação jurídica se pauta na contraposição de direitos e deveres.
➢ A alternativa por perspectivas diferentes e a ideia de direitos e deveres contrapostos. A relação
jurídica é o vínculo de atributividade entre dois sujeitos em razão de um objeto determinado.
➢ Direito objetivo atua sobre o elo social, fazendo com que ele, se torne, também, jurídico; e Direito
subjetivo como opções pandectistas.
Concepção personalista de Relação Jurídica:
➢ Vínculo entre dois sujeitos, tendo em vista certo objeto.
➢ Elementos: sujeitos, vínculo de atributividade, e objeto.
➢ Sujeito ativo: possui direitos, porque pode exigir do outro determinado comportamento.
➢ Sujeito passivo: é aquele que está obrigado a realizar determinado comportamento, em benefício do
sujeito ativo.
➢ Relação Jurídica simples: Ex: doação; o doador (sujeito passivo) se obriga a entregar um bem ao
donatário (sujeito ativo). Cada pessoa é só sujeito ativo ou passivo.
➢ Relação Jurídica complexa: Ex: preço x produto. O sujeito é tanto sujeito ativo, quanto sujeito
passivo, com relação a objetos distintos; é o objeto que determina qual posição o sujeito ocupa na
relação jurídica.
➢ Relação Jurídica universal: Ex: proprietário. O sujeito passivo é qualquer um que não for proprietário,
porque todos que não forem proprietários possuem o dever de não perturbar a propriedade alheia, o
que caracteriza um sujeito passivo universal, indeterminado.
➢ Direitos relativos: aqueles que produzem efeitos entre partes determinadas, só produz efeitos em
relação a. A obrigação gerada não se estende a terceiros, só as partes envolvidas. SUJEITO ATIVO
➢ Direitos absolutos: ex: propriedade, no sentido de que pode ser exigido de todos, o sujeito passivo é
a coletividade, importância enorme da propriedade no século xix.
➢ Há uma diferença na extensão dos efeitos.
Concepção objetivista de Relação Jurídica:
➢ Critica os personalistas, pois eles excedem na abstração e fogem da realidade.
➢ Não há necessidade de intersubjetividade, sabe-se que p direito tem o fim as relações sociais, mas de
efeito liame jurídico.
➢ A relação jurídica pode estabelecer o vínculo entre dois sujeitos, entre sujeito e objeto ou entre
sujeito e lugar.
➢ Crítica aos direitos absolutos.
➢ Não há uma vinculação efetiva entre o sujeito passivo e toda uma coletividade.
➢ Há uma ampliação da relação.
Concepção Normativista de Relação Jurídica:
➢ O direito é fato normativo e não fato social e, como tal fato, a relação jurídica é o vínculo entre duas
normas jurídicas, uma que concede um poder de exigir e atuar, e outra que atribui uma obrigação.
➢ O objeto do direito é a norma, e não o fato social. Método tipicamente jurídico.
➢ A relação social base não é matéria da ciência do direito, e somente por simplificação atécnica,
pode representar uma relação jurídica.
➢ Crise da Relação Jurídica: surgimento da situação subjetiva (o direito civil vem passando por
transformações).
➢ Críticas no sentido histórico: liberalismo e individualismo.
➢ Não representatividade de todas as situações que podem ser atribuídas aos sujeitos.
➢ Há efeitos jurídicos que advém de situações uniposicionais ou unissubjetivas.
➢ A situação jurídica subjetiva é o centro de imputação normativa que pode ser atribuída à um
sujeito.
➢ Há situações que estão conectadas e situações que isoladamente produzem efeitos.
➢ São situações subjetivas; direito subjetivo, dever jurídico, direito potestativo, sujeição, faculdade
jurídica, interesse legítimo, poder-dever e ônus.
➢ Direito Subjetivo: foi defendido inicialmente como poder da vontade (facultas agendis – faculdade
de agir); e quem detém é o estado.
➢ Dever Jurídico: normalmente vai aparecer como o lado passivo do d. subjetivo.
Teoria do Interesse:
➢ Interesse juridicamente protegido.
➢ O direito subjetivo não é o poder da vontade, ele é o interesse juridicamente protegido
➢ Em todo direito subjetivo há um interesse, que pode corresponder, ou não, a vontade.
➢ Se violado o interesse, há como se exigir, criticando a teoria da vontade.
➢ Não dá para definir apenas pelo interesse; teoria incompleta.
Teoria da Vontade:
➢ Uma criança tem direitos, o direito é dela; no entanto, alguém irá representa-la a partir da vontade
da própria criança, e não de sua própria vontade.
➢ Existem alguns direitos subjetivos que, independente de vontade, nascem e são exercidos.
➢ Ex: uma pessoa com deficiência mental grave, que nem manifestar sua vontade consegue; nesse
caso, ele tem direito, mas esse direito não será a vontade do representante. Uma vez que a
representação cria um poder dever de agir de acordo com os interesses do representado, sem que
haja à vontade.
Teoria Eclética ou Mista:
➢ Direito subjetivo é o poder conferido pelo ordenamento jurídico a certos sujeitos, para que atuem e
exijam de outrem dado comportamento.
➢ Ex: pais, que levantando a hipótese de que podem falecer antes que o seu filho, menor de idade,
tenha condições de tomar decisões sozinho, resolvem fazer um testamento, deixando a indicação de
um tutor. Os pais morrem, a criança ainda é menor, e a pessoa indicada foi condenada no ano
anterior por estelionato, mas se encontra em liberdade; uma das funções do tutor, é administrar os
bens do tutelado.
➢ O que o juiz deve fazer? Ainda que seja uma pessoa de confiança da família, que sempre
demonstrou afeto, o juiz deve tomar uma decisão no melhor interesse da criança, e ainda que a
criança, ao ser ouvida (maior de 12 anos), disser que quer ir com o tutor, continua havendo
insuficiência para a decisão do juiz, que tem que analisar, o que atende melhor, os interesses da
criança.
➢ A ideia do interesse é atender a própria finalidade do instituto. Então, quando se estabelece a tutela,
ela deve ser exercida no melhor interesse do tutelado.
➢ O interesse está ligado à utilidade; e é, por isso, que extrapola a ideia de vontade. Embora essa, deva
ser lavada em conta, o fato é, que, sozinha, ela não é suficiente.
➢ Ex: uma criança chega em um hospital precisando de transfusão de sangue, mas os pais são
testemunhas de jeová. A liberdade religiosa tem que ser pensada nesse caso, mas deve-se pensar no
interesse, que pode vir a ser, público (ao exemplo de doenças contagiosas), onde extingue-se o
interesse subjetivo.
➢ Compõem o direito subjetivo: interesse, faculdades, pretensão e garantia.
➢ O dever jurídico apresenta-se, comumente, como lado passivo do direito subjetivo, consistindo no
comportamento devido ao seu titular.
➢ O descumprimento do dever jurídico é considerado um ato ilícito.
➢ Direito subjetivo hoje: poder que o ordenamento jurídico concede, para que os sujeitos atuem, e
exijam de uma outra pessoa um determinado comportamento. Essa outra pessoa é o sujeito passivo.
➢ A diferença entre personalistas (o d. subjetivo sempre trás a possibilidade de atuar e exigir); e aos
objetivistas (essa possibilidade de exigir pode nascer posteriormente, pois não há uma necessidade
dessa exigência vir junto com o nascimento do próprio direito, o simples fato de se ter a propriedade
de um bem, já é por si só, um d. subjetivo, ninguém está exigindo nada de ninguém).
➢ O d. subjetivo, tem, então, um direito que está sendo protegido, e uma série de faculdades (campo
de atuação para o titular desse direito), pretensão (possibilidade de exigir), garantia (o ordenamento
confere caso o sujeito passivo não realize o comportamento devido; forma coercitiva de fazer valer o
direito subjetivo).
Direito Potestativo e Sujeição:
➢ Diferença entre o d. subjetivo (sempre uma possibilidade de atuar e exigir, precisa de um
comportamento alheio em algum momento) e o d. potestativo (não precisa de comportamento, ele
é o poder que influi na esfera jurídica de uma outra pessoa, mas essa pessoa não deve nada).
➢ Ex: quem é casado tem o direito potestativo a pedir divórcio, não tem como o outro falar que não dá
o divórcio, pois ele vai acontecer independente da vontade do outro cônjuge – que apenas se
submete aos efeitos do divórcio --.
➢ Ex: Pedir demissão ou ser demitido, também é direito potestativo; pois para que eu demita um
empregado, devo cumprir alguns requisitos, ainda que eu não precise justificar, e o empregado não
tem nada a fazer.
➢ Ex: O mesmo aconteceria se o empregado pedisse demissão; ou seja, ele influi na esfera jurídica de
outra pessoa, e essa outra pessoa apenas aceita o fato, pois vai acontecer de todo jeito. Não há uma
obrigação para essa pessoa realizar, ela só sofre os efeitos, não existe dever; o direito potestativo
nunca implica em exigir do outro, determinado comportamento.
➢ Direito Potestativo é o poder de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este, possa fazer algo,
senão se sujeitar.
➢ Não trás uma pretensão, já que nada exige do sujeito passivo.
➢ A sujeição é a posição de submissão aos efeitos do direito potestativo.
➢ Concede um poder muito grande ao seu titular, por isso o código civil os trás em menor número,
estando, em maioria, os direitos subjetivos.
➢ Dever jurídico: há um comportamento a cumprir. Há pretensão – direito subjetivo.
➢ Sujeição: não há um comportamento a cumprir. Sem pretensão – direito potestativo.
➢ Não prescreve, porque não tem pretensão.
➢ Violado o direito, nasce para seu titular uma pretensão. Art. 189
Faculdade Jurídica:
➢ Poder de exercício unilateral contido no direito subjetivo. É forma de se exercer o direito subjetivo.
➢ Não há situação correlata.
Interesse Legítimo:
➢ É o interesse juridicamente protegido.
➢ Parece o d. subjetivo.
➢ Tem pretensão, a diferença é que no d. subjetivo há o direito independentemente da pretensão, e
há um campo de atuação.
➢ Há uma pretensão razoável, cuja procedência necessita de um processo judicial.
➢ No interesse legítimo, não há um campo de atuação, mas tão somente de reação a violações.
➢ Não tenho possibilidade de atuar, apenas de reagir.
➢ Quando não há campo de atuação, a única forma de exercer, é judicialmente; pois não há exercício
fora do processo. Já no d. subjetivo, há exercício fora do processo.
➢ É reflexo de interesses sociais mais gerais. Se o direito for violado, todos tem a possibilidade de
reagir.
➢ Pode-se revelar como interesse individual, coletivo, público (estado) e difuso (envolve um número
tão grande de pessoas, que não dá para mensurar).
Poder-dever:
➢ Competência, atribuição, ou função concedida para se exercer em prol de outrem.
➢ Não há opção, o juiz, por exemplo, deve julgar, em prol dos jurisdicionados.
➢ É sempre algo que a lei concede a alguém como dever funcional.
➢ Ex: poder dos pais com relação aos filhos menores; art. 1630
Art. 1630

➢ Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores.


Comentários: os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores. É um poder que, só cabe aos
pais, é uma atribuição funcional, ou seja, se os pais morrerem, a criança, ao ser adotada, terá novos
pais, retomando-se, então, o poder familiar, e se ela não for adotada, terá um tutor, que não tem poder
familiar.
Art. 1635

➢ Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


➢ I - pela morte dos pais ou do filho;
➢ II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
➢ III - pela maioridade;
➢ IV - pela adoção;
➢ V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

Tutor:

➢ Há um campo de liberdade no exercício do poder, que, no entanto, é imposto como dever.


➢ O poder é exercido em prol de outra pessoa.
➢ Se não há pais, é necessário recorrer ao poder judicial.
➢ O tutor tem uma função também, mas é mais restrita que o poder familiar, que só pode advir dos pais.

Ônus:
➢ Situação em que dado comportamento é devido, para que se atinja a validade ou eficácia de um ato
pretendido pelo sujeito; isto é, uma obrigação que não é devida a alguém, mas é necessária para a
validade do ato pretendido pelo sujeito.
➢ Ex: Art. 333, CPC - ônus da prova judicial: aquele que alega deve provar os fatos, sob pena de não
serem considerados. Art. 333, CPC.
➢ Obrigação que é imposta para que se alcance algo pretendido.
➢ O único prejudicado é quem descumpre. Logo, o descumprimento do ônus, não é ilícito, visto que o
único prejudicado será a pessoa que não o cumprir.
➢ É situação uniposicional, de um único sujeito, por isso o seu descumprimento não se configura como
ilícito.
➢ Relação Jurídica x Situação Subjetiva.
➢ Relação entre duas situações subjetivas = relação jurídica.
➢ Ainda aparecendo em uma situação jurídica, não gera obrigação de um para com o outro.
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE:
➢ O código civil disciplina as relações jurídicas privadas que nascem da vida em sociedade e se formam
entre pessoas, não entre pessoas e animais, ou entre pessoas e coisas. São as relações sociais, de
pessoa a pessoa, física ou jurídica, que produzem efeitos no âmbito do direito.
➢ Personalidade jurídica: o conceito de personalidade jurídica está umbilicalmente ligado ao de
pessoa. Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Pode
ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem
civil. É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.
➢ A personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os homens,
consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade156. É
qualidade jurídica que se revela como condição preliminar de todos os direitos e deveres.
➢ CLÓVIS BEVILÁQUA a define como “a aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para
exercer direitos e contrair obrigações.
➢ O direito reconhece personalidade também a certas entidades morais, denominadas pessoas
jurídicas, compostas de pessoas físicas ou naturais, que se agrupam, com observância das condições
legais, e se associam para melhor atingir os seus objetivos econômicos ou sociais, como as
associações e sociedades, ou constituídas de um patrimônio destinado a um fim determinado, como
as fundações.
➢ O art. 1º do atual Código entrosa o conceito de capacidade com o de personalidade, ao declarar que
toda “pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Ou seja, afirmar que o homem tem
personalidade é o mesmo que dizer que ele tem capacidade para ser titular de direitos.
➢ Personalidade e capacidade completam-se. Só não há capacidade de aquisição de direitos onde falta
personalidade, como no caso do nascituro, por exemplo.
➢ Nem todas as pessoas têm, contudo, a capacidade de fato, também denominada capacidade de
exercício ou de ação, que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Por faltarem a
certas pessoas alguns requisitos materiais, como maioridade, saúde, desenvolvimento mental etc., a
lei, com o intuito de protegê-las, embora não lhes negue a capacidade de adquirir direitos, sonega-
lhes o de se autodeterminarem, de os exercer pessoal e diretamente, exigindo sempre a
participação de outra pessoa, que as representa ou assiste.
➢ Capacidade não se confunde com legitimação. Esta é a aptidão para a prática de determinados atos
jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações.

DOS SUJEITOS DAS SITUAÇÕES JURÍDICAS:


➢ O nascimento do sujeito de direito.
➢ A propriedade como condicionante da personalidade e da capacidade na história do direito.
➢ D. romano arcaico: a posição do pater famílias como único sujeito pleno de direitos.
➢ Evolução do D. Romano: ius honorarium e constituições imperiais concedem capacidade ao filius
famílias em razão do patrimônio.
➢ Com o capitalismo, surge a necessidade de concessão ampla de titularidade, em razão da alienação
da força de trabalho.
Personalidade Jurídica:
➢ Aptidão genérica, concedida a certos entes, para ampla titularização de situações jurídicas.
➢ Pessoa Natural = entes humanos.
➢ Pessoa Jurídica = entes não humanos.
➢ Início da personalidade da pessoa natural: embrião e nascituro.
Teorias sobre a personalidade do nascituro:
Teoria Natalista:
➢ É o nascimento que determina o início da personalidade, é isso que faz com que ele sujeito pleno.
➢ Enquanto não nasce, não é pessoa, não possui personalidade.
➢ O nascituro não pode herdar, pq ainda não é pessoa.
Teoria Concepcionista:
➢ A personalidade de dá com a junção dos gametas.
➢ O nascituro já é pessoa, independente de nascer com vida ou não.
➢ O direito sucessório: o nascituro pode herdar, pq é pessoa.
Teoria da personalidade condicional:
➢ A personalidade é adquirida com a concepção, mas fica condicionada ao nascimento.
➢ Se nascer com vida, todas as situações jurídicas durante a gestação, serão perfeitas.
➢ Se nasce sem vida, é como se ele nunca tivesse sido pessoa.
➢ Há, no Código Civil, embora a personalidade comece do nascimento com vida, um sistema de
proteção ao nascituro, com as mesmas conotações da conferida a qualquer ser dotado de
personalidade. Assim, é obrigatória a nomeação de um curador, se o pai falecer estando grávida a
mulher, e não tendo esta o poder familiar (art. 1.779).
Opção do Direito sucessório brasileiro:
➢ O d. brasileiro só se manifesta quanto ao direito sucessório.
➢ Adota a personalidade condicional.
➢ Se o pai faleceu durante a gravidez, o nascituro tem direito a herança, apenas se nascer com vida.
Jurisprudência e direito da personalidade do nascituro:
➢ Os direitos extrapatrimoniais são intrínsecos ao nascituro. Mas para os patrimoniais, precisa nascer
com vida.
➢ É como se o nascituro tivesse meia personalidade.
Capacidade jurídica de direito ou de aquisição:
➢ Personalidade: genericamente, titulariza relações jurídicas. É uma aptidão específica.
➢ Quem tem personalidade tem capacidade jurídica.
➢ Art 1º , CC - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
➢ Art 3º, CC - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente, os atos da vida civil, os menores
de 16 anos.
➢ Se todos hoje, tem a aptidão genérica, é porque possuem personalidade, possuem aptidão
específica.
Entes despersonalizados:
➢ Ex: Condomínio.
CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO:
➢ Incapazes: com o intuito de protegê-las, tendo em vista as suas naturais deficiências, decorrentes
em geral da idade, da saúde e do desenvolvimento mental e intelectual, a lei não lhes permite o
exercício pessoal de direitos, exigindo que sejam representados ou assistidos nos atos jurídicos em
geral.
➢ No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes
de adquirir direitos (CC, art. 1 º). Há, portanto, somente incapacidade de fato ou de exercício.
➢ Incapacidade, destarte, é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei
somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a regra. Decorre
aquela do reconhecimento da inexistência, numa pessoa, dos requisitos indispensáveis ao exercício
dos seus direitos.
➢ Supre-se a incapacidade, que pode ser absoluta e relativa conforme o grau de imaturidade,
deficiência física ou mental da pessoa, pelos institutos da representação e da assistência.
Absolutamente incapazes:
➢ Não pode praticar nenhum ato da vida civil por si mesmo, tem que ter um representante.
➢ A Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência, promoveu
uma profunda mudança no sistema das incapacidades, passando a ser incapazes aqueles:
➢ “Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos”.
Relativamente incapazes:
➢ Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
➢ I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
➢ II – os ébrios (alcoólatras) habituais e os viciados em tóxico;
➢ III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
➢ (É anulável, assim, o ato jurídico exercido pela pessoa de condição psíquica normal, mas que se
encontrava completamente embriagada no momento em que o praticou e que, em virtude dessa
situação transitória, não se encontrava em perfeitas condições de exprimir a sua vontade.)
➢ IV – os pródigos. (Aquele que possui problemas psíquicos para com o patrimônio, mas é normal com
relação a coisas extrapatrimoniais).
➢ Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
➢ (Serão sempre, tutelados pela FUNAI, independentemente de idade).

➢ Os relativamente incapazes, sempre poderão praticar alguns atos sozinhas.


➢ Interdição é o processo judicial pelo qual uma pessoa maior de idade, é reconhecida como incapaz.
➢ O representante do maior incapaz é o curador, é nomeado pelo juiz, presta contas a ele, tem poder-
dever.
➢ Art. 171, I - A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que
assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade.
➢ Certos atos, porém, pode praticar sem a assistência deste. Quando necessária a assistência, ambos
participam do ato: o relativamente incapaz e seu representante. Se necessário for assinar algum
documento, ambos o assinarão. Se faltar a assinatura de um deles, o ato será anulável.
Representação dos incapazes:
➢ Art. 3º - Incapazes são os menores de 16 anos.
➢ Os representantes formais são os pais dos menores de 16 anos.
➢ Art. 1630 - Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores de 18 anos.
➢ No que concerne aos menores sob tutela, dispõe o art. 1.747, I, do Código Civil, que compete ao
tutor “representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade,
nos atos em que for parte”.
➢ Art. 1635 - Extingue-se o poder familiar pela morte dos pais ou do filho e pela emancipação nos
termos do art. 5, pela maioridade, pela adoção e por decisão judicial na forma do art. 1638 (perderá
por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: castigar imoderadamente o filho, deixa-lo em
abandono, praticar atos contrários a moral e aos bons costumes, se abusar da autoridade
arruinando os bens do filho e se entrega-lo de forma irregular a terceiros para fins de adoção).
➢ Parágrafo único: poderá também, por ato judicial o poder familiar, aquele que: praticar contra
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar (homicídio, feminicídio, lesão corporal de
natureza grave ou seguida de morte, crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou
menosprezo à condição de mulher e estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito a pena
de reclusão.
➢ Os pais só representam os filhos se tiverem o poder familiar.
➢ No caso de perda do poder familiar, se o filho não for adotado e nem for emancipado, o juiz dele
eleger um representante (tutor), que atua em prol dos interesses do menor de 16 anos.
➢ De acordo com o Art.1634, nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, no entanto,
a decisão da tutela cabe ao juiz.
Art. 1634

➢ Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício
do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

➢ I - dirigir-lhes a criação e a educação;

➢ II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;

➢ III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

➢ IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;

➢ V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro
Município;

➢ VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;

➢ VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

➢ VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

➢ IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.

➢ Esse tutor deve prestar contas ao juiz, ele tem uma responsabilidade grande.
➢ Art. 1632 - Mesmo aquele que não possui a guarda da criança, mas é pai ou mãe, mantem-se com
poder familiar.
➢ Quem não é pai e mãe, mas possui a guarda, possui poder-dever, e não poder familiar.
➢ Art. 1633 - O filho não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe. Se a mãe não
for conhecida ou capaz de exerce-lo, dar-se-á, tutor ao menor.
Representação dos incapazes:
Estatuto da pessoa com deficiência:
➢ O deficiente é agora pessoa plenamente capaz, salvo se não puder exprimir sua vontade – caso em
que será considerado relativamente incapaz, podendo, quando necessário, ter um curador nomeado
em processo judicial (Estatuto da Pessoa com Deficiência, art. 84). Observe-se que a incapacidade
relativa não decorre propriamente da deficiência, mas da impossibilidade de exprimir a vontade.
Art. 6º, Lei 13.146/2015

➢ A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:


➢ I – casar-se e constituir união estável;
➢ II – exercer direitos sexuais e reprodutivos;
➢ III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas
sobre reprodução e planejamento familiar;
➢ IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
➢ V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
➢ VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Art. 84, Lei 13.146/2015

➢ “A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade


legal em igualdade de condições com as demais pessoas”.
➢ Quando necessário, aduz o § 1º, “a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a
lei”.
➢ A definição de curatela de pessoa com deficiência, complementa o § 3º, “constitui medida protetiva
extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor
tempo possível”.
Curatela:
➢ O representante do maior incapaz é o curador, é nomeado pelo juiz, presta contas a ele, tem poder-
dever. “Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida a curatela.”
Art. 84, § 3º

➢ A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva


extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e
durará o menor tempo possível.
Art. 85, caput

➢ “A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza


patrimonial e negocial”.
➢ Acrescentando, no § 2º, que “A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da
sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
➢ Estão também sujeitos à curatela os relativamente incapazes mencionados no art. 1.767 do Código
Civil, com as modificações introduzidas pela referida Lei n. 13.146/2015, quais sejam: “os ébrios
habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade; e os pródigos”.
Interdição:
➢ Interdição é o processo judicial pelo qual uma pessoa maior de idade, é reconhecida como incapaz.
➢ Decretada a interdição será nomeado curador ao interdito.
➢ Sustenta MARIA HELENA DINIZ a possibilidade de se invalidar ato negocial, praticado por alienado
mental antes da sua interdição, desde que se comprove, no processo de jurisdição voluntária a que
se submeteu, a existência de sua insanidade, por ocasião da efetivação daquele ato; podendo tornar
nulos ou anuláveis os atos anteriores a ela praticados pelo interditado, conforme for o seu grau de
incapacidade
➢ CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, antes das modificações introduzidas pela Lei n. 13.146/2015, que,
“enquanto não apurada a demência pela via legal, a loucura é uma circunstância de fato a ser
apreciada em cada caso, e, verificada a participação do alienado em um negócio jurídico, poderá ser
este declarado inválido. Existe, contudo, diferença de tratamento: pronunciada a interdição, ocorre
a pré-constituição da prova da insanidade, dispensando-se qualquer outra para fundamentar a
invalidade; não pronunciada, cumpre ao interessado demonstrar a enfermidade, sua extensão, e a
coincidência com o ato incriminado.

Art.1.783-A, do Código Civil, introduzido pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência

➢ A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege
pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de
sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil,
fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua
capacidade.
➢ O referido dispositivo aplica-se aos casos de pessoas que possuem algum tipo de deficiência, mas
que podem, todavia, exprimir a sua vontade.
➢ O caso típico é o do portador da Síndrome de Down, que o torna uma pessoa deficiente, mas não
acarreta, necessariamente, impedimento para a manifestação da vontade. Neste caso, não se
justifica a classificação dessa pessoa como relativamente incapaz, sujeita à curatela.
➢ A Tomada de Decisão Apoiada constitui, destarte, um terceiro gênero (o de pessoas que apresentam
alguma deficiência física ou mental, mas podem exprimir a sua vontade e por essa razão podem se
valer do benefício da Tomada de Decisão Apoiada), ao lado das pessoas não portadoras de
deficiência e, portanto, plenamente capazes, e das pessoas com deficiência e incapazes de exprimir
a sua vontade, sujeitas, desse modo, à curatela.
➢ “O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo” (art. 1.783-A, § 2º,
do CC).
A Tutela dos Índios:
➢ Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial”. (Serão sempre,
tutelados pela FUNAI, independentemente de idade. A capacidade dos indígenas será regulada por
legislação especial).
➢ A tutela dos índios constitui espécie de tutela estatal e origina-se no âmbito administrativo. O que
vive nas comunidades não integradas à civilização já nasce sob tutela. É, portanto,
independentemente de qualquer medida judicial, incapaz desde o nascimento, até que preencha os
requisitos exigidos pelo art. 9º da Lei n. 6.001/73 (idade mínima de 21 anos, conhecimento da língua
portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil à comunidade nacional, razoável
compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional) e seja liberado por ato judicial,
diretamente, ou por ato da Funai homologado pelo órgão judicial221.
➢ Ps: A redução da idade em que se atinge a maioridade, no atual Código Civil, para 18 anos, não afeta
a exigência de idade mínima de 21 anos contida no Estatuto do Índio, por se tratar de lei especial.
➢ Poderá o Presidente da República, por decreto, declarar a emancipação de uma comunidade
indígena e de seus membros. Competente para cuidar das questões referentes aos índios é a Justiça
Federal.
Emancipação:
➢ Pode ser um processo judicial, administrativo, ou pode ocorrer automaticamente.
Voluntária: é aquela que se opera pela manifestação de vontade dos pais e envolve cartório de registro
das pessoas naturais; lá, deve-se manifestar ao registrador, a vontade de emancipar o filho, que tenha,
pelo menos, 16 anos completos.
➢ Os pais devem ter poder familiar, para poder emancipar o filho.
➢ Se, só um dos pais tiver o poder familiar, só ele basta para que a emancipação seja concretizada.
➢ Emite-se, então, uma certidão de emancipação.
➢ É o procedimento mais simples.
Judicial: é conferida por um juiz, por meio da sentença judicial. Pode ocorrer, no caso dos pais, com
poder familiar, não concordarem a respeito da emancipação, ou no caso de não existir ninguém com
poder familiar, mas existir tutor; que, se achar que o tutelado deva ser emancipado, tem que pleitear
judicialmente.
➢ Mantem-se a idade mínima de 16 anos.
➢ Cabe ao tutor pedir a emancipação.
➢ A sentença é encaminhada ao cartório, para que haja a emissão da certidão de emancipação.
Legal: se opera automaticamente; ou seja, basta a prática de um determinado ato para que se consume.
➢ Não é necessário manifestação de vontade e nem um processo judicial.
➢ Art. 5, II - se emancipa pelo casamento.
➢ Os pretendentes a casamento são chamados nubentes; e após conseguir autorização dos pais, vão
ao cartório, preenchem o formulário manifestando a vontade de casar, testemunhas participam;
tramita administrativamente, e em seguida, vai para o ministério público, se estiver tudo ok, publica-
se os editais.
➢ A emancipação, pelo casamento, só se dá a partir dos 16 anos.
➢ É causa de emancipação o exercício de emprego público. Porém, não é eficaz em razão da lei que
rege o servidor público.
➢ O menor emancipado, em tosos os casos, não pode tirar carteira, nem comprar bebida alcoólica,
porque a lei fixa idade específica, e não somente capacidade.
➢ Toda vez que a lei se referir somente à capacidade, o emancipado pode praticar. Mas, se estabelecer
idade, não tem jeito.
Art. 5 º

➢ A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica


habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

➢ Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


➢ I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
➢ I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
➢ II - pelo casamento;
➢ III - pelo exercício de emprego público efetivo;
➢ IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
➢ IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
➢ V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
➢ Como se prova a emancipação:
➢ II, certidão de casamento;
➢ III, pelo ato administrativo de nomeação de servidor público;
➢ IV: diploma;
➢ V: contrato de trabalho/carteira assinada ou provar uma situação de fato (o registro do
estabelecimento só se dá após a emancipação, ou por ter mais de 18 anos, mas, primeiro, terá que
exercer irregularmente a profissão). Precisa ter carteira assinada, estágio ou menor aprendiz não é
válido.
➢ Art. 115 ao 120
Art. 115 - Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116 - A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em
relação ao representado.

Art. 117 - Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no
seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Art. 118 - O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua
qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes
excederem.

Art. 119 - É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado,
se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

Art. 120 - Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os
da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.

➢ A representação tem uma espécie voluntária, por meio de procuração, e pode ser legal (pais, tutores
e curadores).
➢ Os limites da representação dos pais, está no poder familiar, e o dos tutores e curadores, nos artigos
1723 em diante, mas, também, estará fixada na sentença judicial.
➢ A representação voluntária, quem fixa os poderes do representante, é o próprio representado.
Competência: Gillick Competence
➢ Capacidade específica para pessoas que não possuem a capacidade de fato.
➢ Ex: um menino que muito cedo teve diagnóstico de câncer, passou por um tratamento longo, mas
por meio de um transplante, venceu o câncer. Na adolescência a doença voltou, muito mais forte;
ele ficou muito tempo hospitalizado e o tratamento não surtia efeito. Chegou em um ponto, que os
médicos falaram que não havia mais nada a ser feito. No entanto, havia uma possibilidade,
experimental, na qual o menino poderia se encaixar; mas o menino não queria o tratamento, porque
ele já tinha passado sua vida no hospital e tinha consciência do estado grave em que a doença se
encontrava, e não colocava muita fé no tratamento experimental, e que, por isso, preferia ter mais
qualidade de vida saindo do hospital para aproveitar o resto da vida, do que tentar o tratamento.
➢ O menino tinha 15 anos.
➢ Houve uma ação judicial do menino contra os pais, e foi aplicada a competência gillick, onde pessoas
que não alcançaram, ainda, as capacidades plenas, aos 18 anos, podem estar aptos a atos
específicos existenciais e não patrimoniais.
➢ Embora não fosse capaz a todos os atos da vida civil, tinha competência para aquela tomada de
decisão.
➢ Nunca houve no direito brasileiro.
Fim da Personalidade da Pessoa Natural:
➢ Se inicia com o nascimento/concepção, e termina com a morte.
Morte real: critérios médicos.
A Lei n. 9.434/1997. Lei de Doação de Órgãos e Art. 6
➢ Se verifica pelo cadáver.
Art. 6 º

➢ A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
➢ Morte encefálica: não é morte cerebral, e significa que não apenas o cérebro parou de funcionar.
➢ Serve para se permitir a doação de órgãos.
➢ O coração deve continuar batendo, então, mantem-se a pessoa ainda com o organismo
funcionando, para que haja a conservação dos órgãos. LEI DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.
➢ É diferente de coma, porque, nesse caso, a parte autômata pode continuar funcionando.
➢ A morte real é irreversível.
➢ Parada cardio-respiratória: parou o coração de bater, e a pessoa de respirar, morto está.
➢ Anota-se o horário da morte para fins de sucessão, porque no momento em que morre, os herdeiros
se tornarão proprietários.

Morte Presumida:
Art. 7 do CC e Art. 88 da LRP (Lei n. 6015/1973)
➢ Morte Presumida é diferente de Ausência.
➢ Ausência significa que uma pessoa desapareceu de seu domicílio, sem ter indício de que morreu,
mas não se sabe do seu paradeiro.
➢ Morte Presumida, art. 7, a pessoa se encontrava em situação de risco, e ela desaparece.
➢ Ex: naufrágio, queda de avião, desmoronamento de barragens, tsunamis e etc. Só pode ocorrer
depois do encerramento oficial das buscas.
➢ Aqueles, que não foram encontrados, presumem-se mortos. Não há morte real, porque não há
cadáver.
➢ Em caso de guerra, presume-se a morte somente 2 anos após o término da guerra.
Comoriência:
Art. 8º

➢ Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo


averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.
➢ Diz respeito a simultaneidade da morte; duas pessoas falecem no mesmo evento e ao mesmo
tempo.
➢ Os médicos devem tentar fixar o horário da morte de cada um, para fins de sucessão; mas, no caso
de não poder determinar quem morreu primeiro, então diz-se que morreram simultaneamente.
Casos de não Comoriência e Início de Sucessões:
➢ Pai e filho morrem em acidente de carro. Se o pai morrer primeiro, os seus bens vão para o filho, se
o filho, que não tem descendentes, morrer 1 minuto depois, seus bens vão para a esposa,
juntamente com a mãe. Se o filho morrer primeiro, os bens vão para a mãe e para a esposa, uma vez
que o pai morreu.
➢ Ordem de repasse de bens: descendentes; e se não tiver descendentes, herdam ascendentes
juntamente com o cônjuge.
➢ Os médicos devem tentar fixar o horário da morte de cada um, para fins de sucessão.
Registro Público:
➢ O serviço registral no Brasil: A Lei n. 6.015/1973 (LRP)
Art. 88

➢ Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de


pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou
qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do
desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame.
➢ Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de
desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o
registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do
óbito.
➢ O oficial em guerra, funciona como cartório, e pode atestar a morte de alguém
Registro e Averbação:
Art. 9º

➢ Serão registrados em registro público:


➢ I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
➢ II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
➢ III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
➢ IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
➢ Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
➢ I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o
restabelecimento da sociedade conjugal;
➢ II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;

Ps: Quando a pessoa casa, ela passa a ter certidão de casamento, e não tem mais, como pedir outra
certidão de nascimento; para fins de segurança jurídica.
Nascimento e Óbito na LRP
Art. 50

➢ Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, no
lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do
prazo de quinze dias, que será ampliado em até três meses para os lugares distantes
mais de trinta quilômetros da sede do cartório.
➢ § 1º Quando for diverso o lugar da residência dos pais, observar-se-á a ordem contida
nos itens 1º e 2º do art. 52.
Art. 6

➢ A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Você também pode gostar