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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – ES

PROGRAMA QUALIFICAR ES
SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL – SECTI
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TÉCNICA VASCO COUTINHO – CEET
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

HUMBERTO LAMBERTI JUNIOR

PROJETO INTERDISCIPLINAR – ESPAÇO NÃO-FORMAL: “MUSEU CASA


DA MEMÓRIA – O DESCOBRIMENTO E NASCIMENTO DO SÍTIO
HISTÓRICO DA REGIÃO DA PRAINHA E DA CIDADE DE VILA VELHA–ES”
– RELATÓRIO DE PESQUISA DE CAMPO: “A POTENCIALIDADE
EDUCATIVA DE ESPAÇOS NÃO-FORMAIS E O USO DE TECNOLOGIA
PARA ACESSIBILIDADE DE SURDOS NESSES ESPAÇOS”

Vila Velha – ES
2019/2

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HUMBERTO LAMBERTI JUNIOR

PROJETO INTERDISCIPLINAR – ESPAÇO NÃO-FORMAL: “MUSEU CASA


DA MEMÓRIA – O DESCOBRIMENTO E NASCIMENTO DO SÍTIO
HISTÓRICO DA REGIÃO DA PRAINHA E DA CIDADE DE VILA VELHA–ES”
– RELATÓRIO DE PESQUISA DE CAMPO: “A POTENCIALIDADE
EDUCATIVA DE ESPAÇOS NÃO-FORMAIS E O USO DE TECNOLOGIA
PARA ACESSIBILIDADE DE SURDOS NESSES ESPAÇOS”

Trabalho Interdisciplinar apresentado ao


Curso de Educação Especial Inclusiva
do Centro Estadual de Educação
Técnica Vasco Coutinho – CEET como
cumprimento parcial para avaliação do
Curso de “Educação Especial
Inclusiva”.

Professora Orientadora: Dra. Aline de


Menezes Bregonci.

Vila Velha – ES
2019/2

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................3

2. METODOLOGIA................................................................................................4

3. SÍNTESE DOS DADOS.....................................................................................9

4. DISCUSSÃO DOS DADOS E DO POSSÍVEL ALCANCE DA PROPOSTA..11

5. REFERÊNCIAS...........................................……………..................................17

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1. INTRODUÇÃO
O presente relatório de pesquisa de campo do “Projeto Interdisciplinar – Espaço
Não-Formal: “Museu Casa da Memória – O Descobrimento e Nascimento do Sítio
Histórico da Região da Prainha e da Cidade de Vila Velha–ES” foi elaborado,
planejado e desenvolvido a partir de relatos de vivências e experiências dos
moradores da comunidade da Prainha, análises, observações e leituras do espaço,
no qual também foi realizado uma pesquisa de campo e registros fotográficos acerca
de toda a conjuntura do espaço não-formal, além também da região do sítio histórico
da Prainha. A pesquisa compreendeu na análise, relato e observação dos espaços e
também das potencialidades educativas que tais locais/espaços e objetos
(documentos e artefatos históricos) podem proporcionar aos alunos, crianças e
jovens com surdez, além também de realizar provocações e problematizações
acerca dos aspectos de acessibilidade e de tecnologias assistivas no espaço do
museu para este referido público-alvo – de forma que se proponha sugestões e
intervenções educativas quanto ao uso dos recursos tecnológicos e de tecnologias
assistivas para que se tenha a inclusão e a acessibilidade dos surdos neste espaço.
O “Museu Casa da Memória” fica localizado na Rua Luciano das Neves com Beira
Mar, em Área Urbana, no Bairro: Prainha (Ao lado do “Museu Homero Massena”), no
Município de Vila Velha-ES, e o projeto tem o objetivo de realizar uma pesquisa de
campo a fim de se verificar quais são as potencialidades educativas presentes neste
espaço, além também de verificar como é a conjuntura e a acessibilidade local
destes espaços, de forma que se proponha problematizações e soluções na
acessibilidade e inclusão de pessoas surdas nestes espaços de aprendizagem. A
justificativa para a realização desta pesquisa de campo e da sequência didática é
que o referido espaço não possui nenhuma acessibilidade para surdos, e não faz o
uso de nenhuma tecnologia assistiva para que ocorra a inclusão e a acessibilidade
dos mesmos, nesse sentido, diante de um espaço com inúmeras e variadas
potencialidades educativas para os alunos e pessoas, faz-se necessário a realização
de um mapeamento, problematizações e propor soluções ao fazermos o uso de
tecnologias assistivas de forma que se contemple a acessibilidade, a aprendizagem
significativa e também para a realização de discussões, diálogos e interações na
roda de conversa – entre os alunos e pessoas, de forma que todos possam aprender
uns com os outros através da sua diferença, criando-se e desenvolvendo-se um
espaço educativo de inúmeras possibilidades de aprendizagens significativas.

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2. METODOLOGIA
A presente pesquisa, quanto a sua finalidade, foi pensado e classificado seguindo os
preceitos da abordagem de pesquisa qualitativa, onde Moreira (2002) citado por
Oliveira (2008) descreve que a pesquisa qualitativa possui as seguintes
características básicas: 1) tem a interpretação como foco principal, logo existe uma
relevância em determinar a situação proposta no projeto a partir do ponto de vista
dos participantes envolvidos; 2) é enfatizado a subjetividade, de modo que o foco
seja a perspectiva dos informantes; 3) é flexível a condução do estudo, as situações
não são definidas a priori; 4) há interesse no processo e não no resultado final,
seguindo-se orientações que objetivam compreender as situações que estão em
análise; 5) o contexto é intimamente relacionado com o comportamento das pessoas
envolvidas na formação da experiência e 6) reconhece que existe influência da
pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador irá também sofrer com
as influências da situação de pesquisa. Seguindo, portanto, a essa forma de
compreender a produção do conhecimento, este estudo visa aprofundar o
conhecimento em relação à visão do entrevistado sobre as potencialidades
educativas neste espaço não-formal, assim como também na análise e
problematização quanto ao uso das tecnologias assistivas para que os surdos e
deficientes tenham uma maior acessibilidade, se sintam pertencentes e usufruem
deste espaço de ensino-aprendizagem. Com vista em nossa finalidade, o estudo se
classificou como uma pesquisa descritivo-exploratório. Para Gil (2002) citado por
Silva (2011, p. 40), uma dimensão deste tipo de pesquisa, seu caráter descritivo,
pode ser assim delineada:

Visa descrever as características de determinada população ou


fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados:
questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a
forma de levantamento.
Para este mesmo autor, Gil (2002, p. 42), a pesquisa descritiva tem a finalidade
de descrever os elementos de uma sociedade, fenômeno e etc. O instrumento
utilizado para a pesquisa foi a entrevista semi-estruturada, onde foi realizado uma
entrevista com o responsável pelo local, quanto aos procedimentos da pesquisa,
foram realizados os seguintes: 1) Visitas, investigação e pesquisa de campo no
local; 2) Coleta dos Dados; 3) Categorização e Análise dos Dados; 4)
Confrontação dos Dados com a Literatura e 5) Produção do Conhecimento.

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Modelo de Sequência Didática

Título “A Chegada de Vasco Fernandes Coutinho no Sítio Histórico da


Prainha e o Processo de Colonização do Solo Espírito-Santense”.

Público-Alvo Alunos surdos da escola “U.M.E.F. Joffre Fraga”.

O sítio histórico da Prainha guarda muitas histórias, lembranças e


fatos históricos que marcaram a história das transformações dos
espaços do Município de Vila Velha-ES, diante disso, muitos alunos
surdos não conhecem a história e as raízes da sua própria cidade
onde moram, nesse sentido, é necessário realizarmos
problematizações durante a realização das atividades pedagógicas
de forma que os alunos surdos possam aprender os conteúdos e
conhecimentos populares e científicos de forma que eles possam
entender como que Vasco Coutinho e os portugueses chegaram ao
Espírito Santo e como ocorreu o processo de colonização do solo
Espírito-Santense, de forma que eles aprendam de forma
significativa a importância dos espaços, se identifiquem e se sintam
pertencentes desta história, de forma que aprendam também a
transformar os espaços em locais de aprendizagens, ensinamentos
e troca de experiências nos locais do museu e da comunidade da
Prainha. Em cada seção do museu e dos arredores do bairro da
Prainha, será mapeado locais e espaços não-formais (como a
Problematização Praça Tamandará, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, e também
ruas históricas, o campo da Prainha, casas antigas do Bairro e
outros museus antigos) de forma que os alunos surdos possam
conhecer, aprender, se identificar, cuidar e também se sentirem
pertencentes destes espaços, criando uma comunidade educadora
e que valorize suas raízes históricas, valores e sujeitos históricos. E
em cada ponto mapeado, será trabalhado as dimensões conceitual,
procedimental, atitudinal, científica, social, histórica, econômica,
política, estética, religiosa e ideológica – de forma
problematizadora. A mapeação dos locais do museu e do bairro
será feita através de um aplicativo dedicado aos pontos históricos e
turísticos da Prainha – tendo auxílio de tecnologias assistivas:
dispositivos móveis, celulares, aplicativo hand talk, e placas
mapeadas em pontos específicos com “QR Code” para
entendimento dos surdos.

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Desenvolver meios e formas de ensino-aprendizagem de forma que
os alunos surdos criem um sentido e significado de aprendizado a
partir de algumas leituras de textos reflexivos, visitas ao museu,
com contato visual com os objetos e artefatos históricos do museu,
Objetivo Geral e também nos locais do Bairro Prainha, de forma que todos possam
conhecer como ocorreu a chegada de Vasco Coutinho no Sítio
Histórico da Prainha e o Processo de Colonização do Solo Espírito-
Santense, a partir de tecnologias assistivas, de forma que se forme
cidadãos conscientes e transformadores da realidade/contexto
social no qual estão inseridos.

Conteúdos e Métodos

Aulas/Oficinas/Etc Objetivos Conteúdos Dinâmicas


Específicos

Aulas de 01 a 03 – . Identificar quais . A Chegada de . Aplicação de um


História da são os Vasco Coutinho questionário em Libras para
Chegada de Vasco conhecimentos no Sítio Histórico diagnosticar o que os alunos
Coutinho no Sítio prévios dos da Prainha; surdos sabem sobre o tema;
Histórico da Prainha alunos surdos
e o Processo de sobre a chegada . O Processo de. Assistir ao filme “ Biografia
Colonização do de Vasco Colonização do - Vasco Fernandes
Solo Espírito- Coutinho no Sítio Solo Coutinho”,
Espírito- que está
Santense; Histórico da Santense; disponível no site:
Prainha e o https://youtu.be/zQgK-
Aulas de 04 a 06 – Processo de . A História do 3SHgkA e também do filme: “
Realização de Colonização do Bairro Prainha; Es News Especial -
Oficinas de Solo Espírito- Colonização do Solo
Leituras, Artes, Santense; . Cultura e Espírito-Santense”,
Diálogos, Etnocentrismo; disponível no site:
Discussões e . Verificar quais https://youtu.be/tMhGkYliidE
Contação de são os . História dos - tendo a tradução em Libras
Histórias com os significados e Indígenas; dos vídeos;
Moradores da valores que os
Comunidade da educandos . Mudanças, . Formar quatro grupos para
Prainha. surdos possuem Transformações pesquisar os temas: “A
sobre a história Sociais, Chegada de Vasco Coutinho
da chegada de Políticas, no Sítio Histórico da
Vasco Coutinho e Urbanas, Prainha”; da “Colonização do
do processo de Permanências e Espírito Santo; os grupos
colonização do Simultaneidades indígenas que habitavam
solo Espírito- do Município de Vila Velha antes da
Santense, do Vila Velha-ES e colonização e durante o
Município de Vila do Bairro período colonial; a história
Velha e da Prainha. dos Tupinikim e Guarani e a
comunidade da relação com a
Prainha; industrialização do Espírito

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. Conhecer a Santo. As pesquisas de
história da campo poderão ser
chegada do realizadas tanto no Museu
fidalgo português quanto nos arredores do
Vasco Fernandes bairro da Prainha.
Coutinho na
costa capixaba,
além de
conhecer a sua
trajetória e o
processo de
colonização
espírito-
santense;

. Compreender
que a formação
cultural no Brasil
e no Espírito
Santo é o
resultado da
miscigenação e
contribuição de
diversos grupos
étnicos;

. Identificar e
conhecer a
árvore
genealógica de
Vasco Coutinho,
assim como
também dos
documentos
oficiais e cartas
do Rei de
Portugal e dos
mapas de
navegação e da
capitania
Espírito-
Santense;

. Realizar uma
pesquisa
historiográfica a
partir de livros
didáticos sobre
os instrumentos

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de navegação
dos portugueses
e suas armas de
fogo, e também
realizar uma
pesquisa de
campo no museu
e também nos
arredores do
Bairro Prainha;

. Conhecer o
processo de
colonização e
desenvolvimento
dos primeiros
bairros e centros
urbanos do
município de Vila
Velha-ES;

. Conhecer o
saber popular,
cultural, histórico-
social dos
moradores do
bairro Prainha de
forma que
ressignifique os
seus
conhecimentos
de uma forma
educativa,
valorizando os
saberes culturais
e populares do
bairro.

A avaliação será realizada de forma processual e de caráter


formativo – tendo a intenção de formar os alunos a serem cidadãos
e também de forma integral, com conhecimentos, saberes
populares, significados e que saibam utilizar isso no seu cotidiano e
Avaliação vida escolar. A participação também será uma parte do processo de
avaliação, pois se dará no decorrer da participação e envolvimento
dos alunos durante as atividades, sendo respeitados seus níveis de
habilidade e competências individual e coletiva, neste caso a
avaliação participativa será feita em forma de relatórios, por fichas
de acompanhamento e também por meio da realização da
autoavaliação também – via aplicativos e tecnologias assistivas.

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3. SÍNTESE DOS DADOS
O espaço do museu da casa possui as seguintes características: Arquitetura
colonial, da época do descobrimento pelos portugueses e da colonização do Brasil.
Logo, também foi adotado a alvenaria de tijolos e de pedras de adobe. A construção
das paredes usou as técnicas da taipa de pilão e do pau a pique. A cobertura da
casa foi usado as telhas francesas ou marselha (telhas de barro – cerâmica), tendo
também os caibros de madeira para a sustentação do telhado. As esquadrias tem
folhas de janelas e portas em madeira, bem semelhante às contemporâneas,
possuindo chaves também – para fechar e abrir as portas. As janelas possuem
folhas de pinásios – com espaços para os vidros, no qual substituíram as folhas
cegas, e a sua forma de abertura é em guilhotina ou à inglesa. Algumas paredes
grossas da casa eram chanfradas – cortadas, em sua parede ao redor da janela,
tendo um espaço do vão obtido, o que aumentava a luminosidade do ambiente. O
pavimento da casa tem um piso de tábulas – sendo assoalhos. As paredes possuem
pinturas caiadas, sendo feitas a partir de cal obtidas através dos mariscos, da pedra
ou da tabatinga. E as madeiras foram pintadas a partir da cola, têmpera e com óleo.
Usando-se o corante de sangue de drago e urucum – cor vermelha. E os alicerces
são fundações diretas – rasas. A casa possui 12 cômodos, sendo 3 cômodos
grandes destinados à sala “Átila de Freitas Lima” – local que fica a exposição/acervo
permanente sobre a chegada do fidalgo português “Vasco Fernandes Coutinho” com
sua tripulação a bordo da caravela “Glória” na costa Espírito-Santense
(desembarcando na enseada de Santa Maria (antiga Foz do Rio da Costa), entre o
Morro do Moreno e o Penhasco da Penha). A sala possui muitas riquezas e relíquias
históricas da chegada dos portuguesas na costa capixaba, contando com uma
árvore genealógica de Vasco Fernandes Coutinho – sendo o primeiro donatário da
Capitania do Espírito Santo, a sala conta também com uma carte do “Rei de
Portugal”, no qual descreve uma doação de pedaço de terra, contêm objetos que
contam a história desde o início da colonização e também das batalhas que os
portugueses tiveram que enfrentar contra os índios na época, na parede temos um
quadro de Vasco Fernandes Coutinho e também de Luiza Grimaldi (Grinalda), a
terceira donatária da Capitania do Espírito Santo, e esposa de Vasco Fernandes
Coutinho Filho, no teto da sala temos inúmeras bandeiras históricas do Brasil, um
acervo histórico em uma estante de vidro transparente fechada com livros sobre a
história da chegada de Vasco Fernandes, da capitania do Espírito Santo, da história

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da casa da memória, livro de fotografias da época da Prainha, do Morro do Moreno,
de Vila Velha e de memórias do Espírito Santo-ES. Quanto as potencialidades
educativas do espaço: A presente proposta educativa no espaço “Museu Casa da
Memória” será realizada a partir do desenvolvimento e da realização de parcerias
educativas com a “Secretaria de Cultura e Turismo”, em parceria com a “Associação
de Moradores da Prainha” e com o próprio “Museu Casa da Memória”, tendo o
objetivo de realizar o desenvolvimento de Feiras Culturais/Semana Cultural no
Museu, além de oficinas de Artes, e nos arredores da Praça Tamandaré e também
da comunidade da Prainha, e tendo também como tema de resgate histórico e da
memória do bairro o seguinte lema do projeto: “Espaço Não-Formal: Museu Casa da
Memória - O Descobrimento e Nascimento do Sítio Histórico da Região da Prainha e
da Cidade de Vila Velha-ES”. A proposta educativa irá contemplar os seguintes
itens:
- Conhecer a história da chegada do fidalgo português Vasco Fernandes Coutinho
na costa capixaba, além de conhecer a sua trajetória e o processo de colonização
espírito-santense;
- Identificar e conhecer a árvore genealógica de Vasco Fernandes Coutinho, assim
como também dos documentos oficiais e cartas do Rei de Portugal e dos mapas de
navegação e da capitania espírito-santense;
- Realizar uma pesquisa historiográfica a partir de livros didáticos sobre os
instrumentos de navegação dos portugueses e suas armas de fogo;
- Propor rodas de conversa e diálogos sobre os tipos e métodos de exploração de
riquezas naturais no solo capixaba;
- Conhecer o processo de colonização e desenvolvimento dos primeiros bairros e
centros urbanos do município de Vila Velha-ES;
- Conhecer a história do bairro da Prainha, a sua origem histórica, a etimologia do
nome Prainha;
- Conhecer o saber popular, cultural, histórico-social dos moradores do bairro de
forma que ressignifique os seus conhecimentos de uma forma educativa, valorizando
os saberes culturais e populares do bairro da Prainha;
- Conhecer e identificar as transformações histórico-sociais-culturais-políticas-
geográficas dos municípios de Vila Velha-ES e Vitória-ES ao longo dos 100 anos de
história por meio de obras fotográficas, livros de memórias, contos e relatos de
moradores da comunidade do bairro da Prainha em Vila Velha-ES.

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O “Museu Casa da Memória” não possui uma conjuntura e estrutura física que possa
atender os alunos surdos, ou seja, não existe acessibilidade, não há um intérprete
de libras e não tem placas que sinalizam as seções/cômodos de cada parte do
museu, ficando muito difícil para o surdo conseguir compreender as informações
contidas no museu. O museu não possui textos, documentos e tecnologias
assistivas em libras acessíveis para estes usuários com necessidades especiais, o
que torna a visitação uma experiência ruim para eles, pois eles se sentiram
excluídos e não conseguiram aprender e a participarem de forma ativa durante o
processo de aprendizagem significativa durante a visitação do museu. Nesse
sentido, eles serão excluídos, e não conseguiram ter a acessibilidade necessária
para estarem inclusos no meio social, para a sua interação social, aprendizagem e
participação ativa.

4. DISCUSSÃO DOS DADOS E DO POSSÍVEL ALCANCE DA PROPOSTA

A pesquisa de campo nos revelou que os dados obtidos por meio de uma entrevista
realizada com o responsável pelo “Museu Casa da Memória”, é que se trata de um
espaço de ensino-aprendizagem que possui muitas potencialidades e possibilidades
de aprendizagens, interações, de forma que os visitantes possam conhecer um
pouco mais da história da chegada de Vasco Coutinho e dos portugueses até a
costa capixaba, além de conhecer a história do Município de Vila Velha-ES, e
também do Bairro Prainha. Segundo a responsável pelo museu, a comunidade da
Prainha é um sítio histórico que guarda muitas histórias e fatos que fazem parte da
nossa história e de desenvolvimento dos capixabas e também do Município de Vila
Velha-ES como um todo, pois as suas histórias e saberes populares foram passados
de geração para geração, e os moradores do bairro possuem muitos conhecimentos
e registros históricos, muitos deles moram ainda em casas antigas e históricas, pois
valorizam a historicidade e o enraizamento que o bairro possui e carrega no passar
dos anos. Nessa pespectiva, os dados obtidos, vão de encontro com os objetivos da
educação não-formal, que segundo a autora Gohn (2006):

“A educação não-formal capacita os indivíduos a se tornarem


cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de
conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas
relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se
constróem no processo interativo, gerando um processo
educativo.Um modo de educar surge como resultado do
processo voltado para os interesses e as necessidades que dele

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participa. A construção de relações sociais baseadas em
princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num
dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A
transmissão de informação e formação política e sociocultural é
uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos,
educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie,
ao egoísmo, individualismo etc”.

E, é neste ponto que os dados obtidos revelam que o “Museu Casa da Memória” é
um espaço de educação não-formal, no qual possui um acervo permanente e com
fotos que retratam e tratam justamente dos momentos importantes e memoráveis da
cidade de Vila Velha-ES, da comunidade da Prainha e do Espírito Santo – ES,
lembrando do sítio histórico da Prainha e de suas adjacências, fazendo assim, um
resgate histórico e memorável de tudo que aconteceu até hoje. As imagens e
relíquias históricas expostas no espaço retratam a evolução do município de Vila
Velha-ES (mudanças sócio-culturais-históricas-políticas-geográficas) ao longo dos
últimos 100 anos de história, e o visitante poderá ter a chance de conhecer um
pouco mais da história do Estado e da cidade também por meio de um acervo
histórico e cultural que trata da chegada de Vasco Coutinho e também do processo
de colonização do solo Espírito-Santense. Uma das perspectivas do museu, é
justamente propor uma formação cidadã ao capixaba, de forma que o mesmo possa
conhecer, se identificar, cuidar e também a transformar este espaço em um
ambiente de ensino-aprendizagens significativas, de forma que todos possam
aprender uns com os outros, e se sintam pertencentes desta história que caminha já
por muitos anos. A instituição escolar precisa estar aberta para toda a comunidade
local, sem haver muros e obstáculos que a impedem de realizar um contato e troca
de conhecimentos/saberes populares da própria comunidade local com a escola.
Nesse sentido, conforme a autora Singer (2015) exclarece, ao definir o que é um
“território educativo”, ela afirma que:

“é um lugar que atende a quatro requisitos: possui um projeto


educativo para o território criado pelas pessoas daquele espaço;
agrega escolas que reconhecem seu papel transformador e que
entendem a cidade como espaço de aprendizado; multiplica as
oportunidades educativas para todas as idades; articula
diferentes setores – educação, saúde, cultura, assistência social
– em prol do desenvolvimento local e dos indivíduos”.

Seguindo este pensamento de Singer (2015), podemos afirmar que a instituição


escolar ao abrir as portas para a comunidade, podemos criar e desenvolver todo um

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espaço de território educativo, sendo dentro e fora da escola, de forma que os
alunos e docentes possam usufruir e explorar os espaços aos arredores da escola e
da própria comunidade local da Prainha – podendo criar possibilidades de uso de
equipamentos, materiais e locais de educação não-formal na comunidade local, de
forma que os alunos, docentes e familiares dos alunos possam se sentir
pertencentes de seus espaços de aprendizagem e percebam como estes espaços
podem propiciar potencialidades, possibilidades de aprendizagens (re) significativas,
além de criar e desenvolver projetos interdisciplinares e com temas transversais –
perpassando desde os espaços da escola até os espaços da comunidade local,
havendo assim uma troca de saberes entre o saber da escola/científico e também do
saber popular da comunidade local.

Quanto a “Acessibilidade e Tecnologia” na perspectiva de inclusão de alunos surdos


(“Libras”) da “Escola U.M.E.F. Joffre Fraga”, o “Museu Casa da Memória” precisa
passar por uma mudança na sua infra-estrutura no que diz respeito a acessibilidade
dos espaços no que tange a surdez dos usuários. Abaixo, segue uma lista de
sugestões de recursos humanos, tecnologias assistivas e também de recursos
didáticos para uma maior inclusão de usuários surdos nos espaços do museu:

. Criação e desenvolvimento de um software/aplicativo colaborativo com


mapeamento e monitoria de pontos históricos e estratégicos do “Museu Casa da
Memória” totalmente voltado para Libras e para o público surdo – de forma que
todos possam ter uma maior acessibilidade, colaboração, mobilidade e fácil
localização das seções do museu e também dos artefatos e documentos históricos
no museu. Com a tradução do aplicativo colaborativo em Libras, a comunicação e
compreensão do público surdo será bem maior e poderá transformar este espaço
em um local de “encontros e troca de conhecimentos científicos e saberes
populares” entre a comunidade surda local e também para recepcionar outras
comunidades surdas de outras localidades, criando assim um espaço educador e de
identidades surdas, passando o conhecimento/saber de geração para geração, de
forma que todos possam estar inclusos e possam aprender uns com os outros a
partir da sua diferença. Além do museu, poderemos também mapear pontos
históricos e estratégicos de aprendizagens nos arredores da comunidade do Bairro
Prainha;

. Contratação de 3 intérpretes de Libras (com formação e especialização na área de

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História e Cultura Capixaba);
. Instalar placas/cartazes nas paredes de cada seção/cômodo do museu com um
código de barras bidimensional – em formato “QR Code” em cada parede, de forma
que o usuário surdo possa usar um aparelho celular que possua câmera digital e um
software de leitura para realizar o scaneamento/leitura do código “QR Code”, para
que o mesmo possa ter acesso a tais informações sobre cada seção/cômodo do
museu já no formato traduzido para a Libras, tendo assim uma maior compreensão,
facilidade na identificação de cada temática, conteúdo e seção/cômodo do museu;
. Desenvolver e programar apresentações em flash/vídeo de conteúdos e
informações referentes a cada conteúdo e temática do museu, de forma que sejam
programadas e codificadas no formato de “QR Code” – para que os usuários surdos
tenham uma maior acessibilidade;
. Fazer o uso do aplicativo “Hand Talk” nos dispositivos móveis disponibilizados no
museu;
. Instalar e posicionar monitores HD em cada seção do museu, de forma que tenha
um intérprete de libras na tela traduzindo os conteúdos (imagens, músicas, diálogos
entre rodas de conversa, debates acadêmicos e etc) apresentados na tela, para que
o usuário surdo tenha uma acessibilidade, compreensão e diálogo entre os sinais
gesticulados;
. Realizar uma tradução dos conteúdos da língua portuguesa para a Língua de
Sinais, e disponibilizar em uma estante do museu (em formato físico) e também em
versões digitais, todos os documentos e materiais didáticos referentes as temáticas
e conteúdos apresentados em casa semana cultural do museu, de forma que o
surdo tenha uma maior interação, curiosidade e aprendizagem entre surdos e não
surdos;
. Instalar os dispositivos de assistência auditiva em cada parte das salas do museu,
incluindo os dispositivos de assistência auditiva FM, infravermelhos e loop. Este tipo
de tecnologia permite que as pessoas com dificuldades de audição para se
concentrar em um alto-falante sem ruídos de fundo e distrações, tornando lugares
como auditórios, salas de aula e reuniões muito mais fácil para participarem. Os
dispositivos de assistência auditiva geralmente usam um microfone para capturar
uma fonte de áudio próxima à sua origem e transmiti-la sem fios por meio de uma
transmissão FM (modulação em frequência), IR (infravermelho), IL (induction loop),
entre outros métodos. A pessoa que está ouvindo pode usar um receptor FM / IR / IL

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para sintonizar o sinal e ouvir no volume ideal.
Tais dados e propostas de acessibilidade e tecnologias, vão de encontro com a ideia
dos autores Zimmermann e Strieder (2010), quando afirmam que a educação
inclusiva deseja realizar uma compreensão e aceitação do outro, na sua
singularidade. Implicando assim nas mudanças de perspectivas educacionais,
abrindo-se horizontes para o desenvolvimento de sociedades inclusivas. Nesse
sentido, podemos afirmar que a educação inclusiva é aceita quando é abandonado a
ideia de que os alunos/crianças devem se tornar normais para que se possa
contribuir para o mundo. O que reque uma superação da tradicional concepção
antropológica de seres humanos ideais. Zimmermann e Strieder (2010), nos
apontam que escola inclusiva não faz distinção entre os sujeitos, mas, a
comodidade nos faz viver em um mundo de “padronizações”, sendo que ela foi e
continua sendo um espaço no qual promove a construção constante de
conhecimentos significativos. E todo movimento no cotidiano escolar ou fora dele, é
diferente. Cada ser humano tem seu ritmo próprio, seja corporal ou cognitivo, sendo
assim um movimento de “desordem”, de desestabilidade e desvio.
Quanto os alcances possíveis da sequência didática proposta, os dados obtidos nos
indicam que podemos realizar e implementar as seguintes potencialidades neste
espaço:
- Conhecer a história da chegada do fidalgo português Vasco Fernandes Coutinho
na costa capixaba, além de conhecer a sua trajetória e o processo de colonização
espírito-santense;
- Identificar e conhecer a árvore genealógica de Vasco Fernandes Coutinho, assim
como também dos documentos oficiais e cartas do Rei de Portugal e dos mapas de
navegação e da capitania espírito-santense;
- Realizar uma pesquisa historiográfica a partir de livros didáticos sobre os
instrumentos de navegação dos portugueses e suas armas de fogo;
- Propor rodas de conversa e diálogos sobre os tipos e métodos de exploração de
riquezas naturais no solo capixaba;
- Conhecer o processo de colonização e desenvolvimento dos primeiros bairros e
centros urbanos do município de Vila Velha-ES;
- Conhecer a história dos negros, a sua origem histórica, a etimologia de cada
povo/tribo negro;
- Conhecer a história da escravidão dos negros e dos métodos de tortura no período

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colonial no Brasil e no Espírito Santo;
- Conhecer o saber popular, cultural, histórico-social dos povos negros de forma que
ressignifique os seus conhecimentos de uma forma educativa, valorizando os
saberes culturais e populares dos povos negros;

- Desenvolver e realizar parcerias educativas com o MUCANE, com a Associação de


Moradores da Prainha, com comunidades negras e tribos locais do Estado e
desenvolver oficinas de Artes e Culturais dos Povos Negros nos espaços do Museu
Casa da Memória e nos arredores da comunidade da Prainha;

- Entender a cultura negra como meios de ensino-aprendizagem para a aquisição e


estudo de conhecimentos, temas, culturas, de forma que tenha uma interação entre
os alunos de forma que exercem sua prática cidadã e o respeito a diversidade
étnico-racial e cultural dos povos;

- Identificar, conhecer e saber da importância das raízes históricas dos povos negros
– sendo assim uma matriz histórico-cultural da formação da nação brasileira;

- Criar e desenvolver práticas e experiências cidadãs e de uma educação antirracista


– de forma que se dê privilégio à informação, o aprendizado, a troca de experiências,
ideias, informações e também no levantamento de questões, debates e discussões
acerca das temáticas propostas e voltadas para a prática da cidadania e também
pela formação integral do ser humano e do conhecer-se a si mesmo – para que os
alunos possam compreender o outro e a respeitar a si e aos outros colegas na
escola;

- Conhecer a história do bairro da Prainha, a sua origem histórica, a etimologia do


nome Prainha;
- Conhecer o saber popular, cultural, histórico-social dos moradores do bairro de
forma que ressignifique os seus conhecimentos de uma forma educativa, valorizando
os saberes culturais e populares do bairro da Prainha;
- Conhecer e identificar as transformações histórico-sociais-culturais-políticas-
geográficas dos municípios de Vila Velha-ES e Vitória-ES ao longo dos 100 anos de
história por meio de obras fotográficas, livros de memórias, contos e relatos de
moradores da comunidade do bairro da Prainha em Vila Velha-ES;
- Propor possibilidades de socialização, troca de conhecimentos e saberes populares
entre os visitantes e os moradores;

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- Desenvolver feiras culturais e atrações locais de forma que atraia os jovens para
que eles possam aprender novos saberes significativos, ocupando seu tempo de
forma que ele se reeduque e busque novas concepções/visões de mundo, saindo do
mundo das drogas, tráfico e do crime;
Quanto aos desafios e entraves, inicialmente será difícil implementar algumas das
propostas de acessibilidade e tecnologia, como por exemplo a instalação de
televisores com vídeos em Libras nas seções do museu – o que requer um custo
alto para a prefeitura local. Outro aspecto de entrave é justamente tornar todo o
espaço do museu mais acessível, pois depende da secretaria de cultura, turismo e
social do município – o que requer também um custo alto também para realizar as
devidas modificações. Segundo os dados obtidos pela entrevista realizada, foi
solicitado mudanças na sua infraestrutura e na questão da acessibilidade, porém,
até agora não tiveram uma resposta das secretarias responsáveis e da própria
prefeitura.

5. REFERÊNCIAS

Blog Destinos ES. Disponível em: <https://blogdestinoes.com.br/casa-da-


memoria/>. Acesso em: 24 ago. 2019.

GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas


colegiadas nas escolas. Ensaio. Avaliação e Políticas Públicas em Educação , Rio
de Janeiro, v. 14, n.50, p. 11-25, 2006.

Hand Talk. Disponível em: <https://www.handtalk.me/app/>. Acesso em: 24 ago.


2019.

LAMBERTI JUNIOR, H. Pesquisa de Campo: Projeto Interdisciplinar - Espaço Não-


Formal: Museu Casa da Memória - O Descobrimento e Nascimento do Sítio Histórico
da Região da Prainha e da Cidade de Vila Velha-ES. Vila Velha-ES, 24 ago. 2019.

______. Pesquisa de Campo: Entrevista e Conversas sobre a Acessibilidade do

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Surdo e as Tecnologias Educacionais no Museu Casa da Memória. Vila Velha-ES,
24 ago. 2019.

Prefeitura Municipal de Vila Velha – PMVV. Disponível em:


<http://www.vilavelha.es.gov.br/paginas/cultura-esporte-e-lazer-casa-da-memoria/>.
Acesso em: 24 ago. 2019.

STRIEDER, R.; ZIMMERMANN, R.L.G. A inclusão escolar e os desafios da


aprendizagem. Disponível em:
<www.utp.br/Cadernos_de_Pesquisa/10_a_inclusao_cp10.pdf>. Acesso em: 25 de
ago. de 2019.

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