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Solimar Antônio
1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA
DEFINIÇÃO DE ECONOMIA
Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços
que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.
Recursos: escassos
Necessidades humanas: ilimitadas
MICROECONOMIA
MACROECONOMIA
OS FATORES DE PRODUÇÃO
MERCADO:
Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e serviços estão
em contato com vendedores desses mesmos bens e serviços. Desse modo, o mercado
pode ser entendido como o local físico ou não, do encontro regular entre compradores
e vendedores de uma determinada economia.
SISTEMA ECONÔMICO:
Sistema Econômico é a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividades
econômicas que, são as atividades de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e
serviços.
Tendo em vista que as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos produtivos são
limitados, qualquer sistema econômico terá que enfrentar três problemas básicos:
a) o que produzir - ou seja, a sociedade terá que fazer uma escolha, dentro o do leque de
possibilidades de produção que tenha, quais os produtos e respectivas quantidades que serão
fabricadas.
b) como produzir - a sociedade terá que escolher também quais os recursos produtivos que serão
utilizados para a fabricação dos produtos eleitos, dado o nível tecnológico nela existente; como
esses recursos são escassos, é sempre conveniente que sejam utilizados da forma mais eficiente
para que o custo de produção seja o menor possível.
c) para quem produzir - a sociedade terá também que decidir como seus membros participarão
da distribuição dos resultados de sua produção, ou seja, se todos participarão igualmente desses
resultados ou, em caso contrário, quais deles serão os mais ou menos beneficiados.
A maneira como esses problemas são resolvidos numa economia de mercado, que é a forma de
sistema econômico predominante no mundo contemporâneo, é apresentada a seguir.
Demandam fatores de
Ofertam fatores de produção produção
Empresas
Famílias
Como
Produzir
Ofertam bens e serviços
Demandam bem e serviços
O que e
quanto
produzir
Fluxo monetário (dispêndio)
As unidades produtivas, como próprio nome indica, são as unidades produtoras de bens e
serviços. Numa economia de mercado, tal produção é efetuada por pessoas jurídicas
denominadas empresas, utilizando os fatores de produção (recursos naturais, trabalho e capital)
que são cedidos a elas pelos proprietários dos mesmos em troca de uma remuneração, que é
denominada renda.
Os proprietários dos fatores de produção (os capitalistas que detêm a propriedade do capital, os
assalariados e demais trabalhadores que possuem o fator de produção trabalho e as pessoas que
são donas dos recursos naturais) utilizam a renda originária da cessão de seu uso para as
empresas para comprar os bens e serviços que estas produzem e que satisfaçam às suas
necessidades. O valor total destas compras é denominado dispêndio.
Observe que a empresa é um agente econômico distinto do capitalista, seu proprietário, que faz
parte das famílias. Os proprietários de empresas individuais e os profissionais liberais participam
simultaneamente dos dois grupos: enquanto unidades produtoras são considerados integrantes do
agente econômico empresas e, enquanto proprietária de fatores de produção, das famílias.
4
A renda, a remuneração paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produção, é classificada
pelos economistas em quatro grandes categorias:
os salários, que são a remuneração do fator de produção trabalho; nesta categoria são
incluídas também as comissões, os honorários de profissionais liberais, os ordenados dos
executivos, enfim todas as remunerações relativas ao trabalho, mesmo que
não-assalariado.
os juros e lucros, que são a remuneração do fator de produção capital; observe que o
lucro das empresas, mesmo que não distribuído, é considerado renda dos sócios ou
acionistas da empresa pois, em última análise, pertence a eles.
os aluguéis, que são a remuneração dos proprietários dos recursos naturais e de bens de
capital arrendados a terceiros.
A decisão de quais produtos deverão ser produzidos pela economia é tomada em conjunto pelas
unidades consumidoras (que constituirão a demanda por bens e serviços) e pelas unidades
produtoras (que farão a oferta de bens e serviços). O mecanismo de equilíbrio entre essas duas
forças se dá no mercado, onde são determinados os preços e quantidades transacionados dos
diversos bens e serviços.
A resposta à questão de como produzir será dada pela concorrência entre os produtores, que
deverão adotar a combinação de fatores de produção que proporcione o menor custo da
produção.
Suponhamos que uma empresa tenha 10 máquinas e 40 trabalhadores e que tenha apenas dois
produtos na sua linha de fabricação: parafuso tipo A e parafuso tipo B. Adicionalmente,
suponhamos também que, por um determinado prazo de tempo, a empresa não possa comprar
mais máquinas e nem contratar trabalhadores adicionais e que não haja nenhuma inovação
tecnológica no processo de fabricação do produto.
5
O Diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsável pelo Departamento de Produção um
levantamento de quais são as possibilidades de produção da empresa utilizando-se plenamente e
da forma mais eficiente possível todos os fatores de produção da empresa, ou seja, os 40
trabalhadores e as 10 máquinas - todos os trabalhadores e máquinas plenamente utilizados e
efetuando-se a produção da forma mais eficiente possível (pleno emprego).
PARAFUSO A PARAFUSO B
20 0
18 1
15 2
11 3
6 4
0 5
C
B
A
No gráfico, os pontos de produção são unidos por uma curva (a CPP) no pressuposto de que a
fabricação possa ser contínua (ou seja, possam produzir quantidades fracionadas dos parafusos).
Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfico da CPP da empresa, que se aplica
na economia:
3) Um ponto dentro da curva significa uma produção abaixo ou aquém das possibilidades da
empresa; se ela resolver produzir, 6 unidades de A e 3 unidades de B, alguns dos recursos
produtivos ficarão ociosos ou não serão utilizados da forma mais eficiente, já que a empresa
poderia aumentar a produção da A para 11 unidades sem ter que diminuir a produção de B
(capacidade ociosa).
4) Um ponto fora da curva significa uma produção acima ou além das possibilidades da empresa;
por exemplo não é possível que ela produza 11 unidades de A e 4 de B, já que o máximo
possível de B , quando se fabrica 11 de A, é de 3 unidades. Este ponto de produção só poderia
ser atingido se houvesse um aumento na quantidade dos fatores de produção ou uma
inovação tecnológica, fatos que aumentaria as possibilidades de produção da empresa (longo
prazo).
DESLOCAMENTOS DA CPP
Y
Deslocamentos positivos:
Ocorrem pela expansão dos recursos disponíveis ou
pelo avanço tecnológico. É o que ocorre em situações T2
normais. T1
Deslocamentos negativos:
Ocorrem pela diminuição ou desqualificação dos
recursos disponíveis. Geralmente resulta de situações
T1
anormais como, por exemplo, guerras, pestes e T2
terremotos, que reduzem a capacidade produtiva.
7
X
Magnitude dos deslocamentos: Y
O MERCADO
Como dito anteriormente, um mercado existe quando compradores que pretendem trocar
dinheiro por bens e serviços estão em contato com vendedores desses mesmos bens e
serviços, ou seja, para que exista um merdado é necessário que hava oferta e
demanda.
A DEMANDA (PROCURA)
A demanda de um determinado bem X qualquer é dada pela quantidade deste bem que os
compradores (consumidores) desejam adquirir num determinado período de tempo.
A demanda do bem X depende de uma serie de fatores. Os economistas consideram como
mais relevantes os seguintes fatores:
¨ o preço do bem X (PX); de fato, esta é a variável mais importante para que o
consumidor decida o quanto vai comprar do bem; se o preço for considerado
barato, provavelmente ele adquirira maiores quantidades do que se for considerado
caro;
¨ os hábitos e gostos dos consumidores (H); esta e uma das variáveis das mais
importantes porque, embora o preço do bem X esteja adequado, inclusive
comparado ao de bens substitutos e o consumidor possua renda para adquiri-lo,
muitas vezes deixa de fazê-lo por não estar habituado ou condicionado ao seu
consumo 6 .
D X = f (P X, Y, P Z , H, etc.)
onde f significa que D X é função de... enquanto a palavra etc. engloba as outras possíveis
variáveis que influenciam o consumo do bem X, mas que não serão considerados em nossa
analise.
Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem X se o
preço do mesmo aumentar, e preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a
demanda permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja
atribuível exclusivamente a variação do preço.
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Matematicamente, pode-se dizer que a Demanda (ou Procura) do bem X e uma função
inversa ou decrescente do seu p r e ç o .
Tudo o que foi exposto ate agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também
para o mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta da agregação
das curvas individuais. Assim, por exemplo:
A OFERTA
A quantidade do bem X, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no
mercado constitui a oferta do bem X. Similarmente a demanda, a oferta também e
influenciada por diversas variáveis, entre elas:
¨ o preço do bem X (P X): para decidir qual será a quantidade a ser oferecida no
mercado, sem duvida em primeiro lugar, os vendedores levarão em consideração o
nível de preço do bem X;
¨ preço dos insumos utilizados na produção (P I): alterações nos níveis de preço
das matérias-primas, dos combustíveis, da energia e de outros insumos terão como
conseqüência alterações na quantidade a ser ofertada no mercado;
OX =f(PX)
Quant. Ofertada
A oferta do bem X e uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que,
quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no
mercado.
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EQUILIBRIO DE MERCADO NA CONCORRENCIA PERFEITA
Nesse caso, os vendedores não estarão satisfeitos porque ficaram com um estoque
indesejado de 90 unidades nas mãos. Para livrar-se do excedente, oferecerão o bem X a
preços mais baixos, de modo que a tendência que será observada no mercado e a baixa do
preço de X. Logo, o mercado não está em equilíbrio, já que o preço esta flutuando.
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Monopólio - e o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. 0
monopólio pode ser legal ou técnico.
Monopólio legal ocorre quando uma lei assegura ao vendedor a primazia no mercado.
Exemplo: ate 1995, no Brasil, a empresa Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) possuía, por lei, o
monopólio das atividades de extração e refino do petróleo.
Ocorre o Monopólio técnico quando a produção por uma única empresa e a forma mais
barata de fabricação do produto. Ou seja, quanto maior o tamanho da empresa (escala),
menor o custo médio de fabricação do produto. As atividades de geração e distribuição de
energia elétrica são) apontadas na literatura especializada como exemplo deste tipo de
monopólio.
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Principais características das estruturas de mercado
VX
Gc x100
VT
15
Monopsônio: é um mercado em que há apenas um único comprador. Exemplo. Uma empresa
de laticínios que compra a produção de leite de uma região. Como não há outra opção, os
vendedores aceitam o preço estipulado pela empresa.
2. MACROECONOMIA
Taxa de desemprego;
Taxa de inflação;
Taxa de juros;
Balanço de pagamentos;
Produto Interno Bruto;
Déficit público;
Taxa de câmbio;
Moeda em circulação.
Teorias;
Fatos empíricos; e
Políticas Econômicas.
Com base em fatos empíricos (observados) constroem-se as teorias (por meio de modelos) que
são aplicadas na economia através das políticas econômicas.
As teorias da economia positiva são obtidas pela aplicação lógica da realidade observada (fatos
empíricos), mas, mesmo a teoria positiva é influenciada: (a) pelos desejos dos políticos e (b)
pelas metas normativas que nos auxiliam na decisão de quais questões examinar. Algumas
observações empíricas são filtradas pelo nosso senso de eqüidade para formular as medas
normativas, mas a maioria das pessoas deseja atingir suas metas, o que exige consistência nas
suas teorias positivas. As metas normativas, as teorias positivas a as políticas econômicas nos
levam a enfocar certos dados empíricos e a ignorar outros dados do mundo real.As direções das
políticas econômicas, por sua vez, são destilações da mistura de: (a) observações da realidade
empírica; (b) metas normativas e (c) teorias positivas da economia.
Teorias
Teorias
Econômic
Econômic
as
as
Fatos
Fatos Metas
Metas
Empíricos
Empíricos Normativ
Normativ 16
Políticas
Políticas as
as
Econômicas
Econômicas
Entradas e Saídas no Sistema Macroeconômico e Variáveis Macroeconômicas
Instrumentos de Política
Moeda PIB
Política Impostos
Monetária Juros
Preços
Política de
Rendas
Emprego
Interação entre
Política de Oferta e
Com.
Demanda
Exterior
Preços
Variáveis Externas
Clima
Trabalho
Capital
Guerras Tecnologia Exportações
Líquidas
Produção
em outros
países
Oferta
Agregada
Existem diferentes tipos de variáveis agindo sobre a economia. Em primei ro lugar, existem
variáveis de política ou instrumentos. Em segundo lugar, existem variáveis externas, ou
variáveis determinadas no exterior do sistema macroeconômico. Variáveis como o clima ou
como a dimensão da população total são, geralmente, consideradas como sendo
primariamente causadas por forças não econômicas.
O conjunto final de variáveis integra as variáveis induzidas, que são determinadas pelo
próprio sistema econômico. As variáveis induzidas incluem todas as metas da política
macroeconômica tais como produção, emprego, nível de preços e exportações líquidas.
O modelo de fluxo circular descreve o fluxo de renda, recursos e produções entre unidades
familiares, empresas e governo (agentes econômicos). As famílias fornecem recursos
para as empresas ou governo em troca de renda monetária, que é utilizada na compra de
bens e serviços ou para pagar os impostos. As empresas fornecem os bens e serviços
para as famílias e em troca recebem pagamentos que são enviados para as famílias
como renda. As receitas dos impostos possibilitam que o governo arque com as
necessidades coletivas e redistribua as rendas entre as unidades familiares e empresas
por meio de pagamento de benefícios e concessão de subsídios.
Mercado de fatores de
produção
Trabalho
Tecnologia
Máquinas Salários
Equipamentos Juros
Lucros
Alugueis
Empresas
Benefícios Governo Subsídios
Famílias
Impostos
Impostos
Bens e Bens e
Serviços Serviços
Gastos
Bens e
Serviços
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Fluxo monetário ($)
Fluxo real (bens e serviços)
Antes de prosseguirmos é importante conhecer alguns termos que serão utilizados ao longo do
curso.
3. CONCEITOS BÁSICOS
Capitalismo
Produtos primários
São bens originários do setor primário da produção, resultantes das atividades de extração
mineral, agropecuárias e pesca. Os produtos primários predominam nas exportações dos países
em desenvolvimento e seus preços costumam sofrer oscilações no mercado internacional, ao
contrário dos produtos manufaturados, característicos dos países desenvolvidos.
Infra-estrutura
Globalização
Pode ser definido como um processo por meio do qual as economias nacionais se integram de
forma abrangente em várias dimensões: integração dos mercados financeiros, a cadeia produtiva,
rompendo as fronteiras através das empresas internacionais (transnacionais), mobilidade de mão-
de-obra etc. O fenômeno da globalização tem origem na época das grandes navegações no século
XV com o sistema colonial onde as colônias forneciam matérias-primas e as metrópoles produtos
manufaturados, posteriormente no sistema imperialista e depois com o desenvolvimento das
telecomunicações dos sistemas de transporte, e nos grandes movimentos migratórios.
Um exemplo de globalização seria o de uma empresa que é abastecida por fornecedores de várias
partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo melhores condições de preço e qualidade
naqueles produtos em que têm maiores vantagens comparativas, ou ainda da interligação dos
mercados financeiros internacionais.
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Alguns estudiosos apontam como efeitos negativos da globalização:
O PIB constitui um dos principais agregados macroeconômicos pois corresponde a todos os bens
e serviços produzidos na economia em determinado período e, portanto, reflete o impacto de
todos os agregados macroeconômicos como taxa de juros, desemprego, inflação, taxa de câmbio
etc.
Pela ótica da produção, o PIB corresponde à soma dos valores agregados líquidos, ou seja, o
valor da produção dos bens e serviços descontados os insumos utilizados para determinado fim,
dos setores primário, secundário e terciário da economia, mais os impostos indiretos, mais a
depreciação do capital, menos os subsídios governamentais.
Pela ótica da renda, é calculado a partir das remunerações pagas dentro do território econômico
de um país, sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos; somam-se a isso os
lucros não distribuídos, os impostos indiretos e a depreciação do capital e, finalmente, subtraem-
se os subsídios.
Pela ótica do dispêndio, resulta da soma dos gastos em consumo das unidades familiares e do
governo, mais as variações de estoques, menos as importações de mercadorias e serviços e mais
as exportações. Sob essa ótica, o PIB é também denominado Despesa Interna Bruta.
PIB = C + I + G + (X – M)
Rankin
Onde C é o consumo das famílias, I é o investimento das g
País
2006
empresas – que somam a formação bruta de capital fixo 1 United States 13.245
(FBKF) e a variação dos estoques – G é o valor do gasto do 2 Japan 4.367
governo, X exportações M importações.
3 Germany 2.897
4 China 2.630
2
5 United Kingdom .374
6 France 2.232
7 Italy 1.853
1
8 Canada .269
9 Spain 1.226
Na tabela ao lado são apresentados o PIB de
alguns países em 2006. O Brasil aparece na 10ª 10 Brazil 1.068
colocação com um PIB de 1,06 trilhões de 11 Russia 979
dólares, à frente da Rússia México e Austrália. 12 Korea 888
13 India 887
20
14 Mexico 840
15 Australia 754
Fonte: FMI (US$ Bilhões)
No Brasil a mensuração do PIB é calculada trimestralmente e anualmente pelo IBGE - Instituto
Brasileiro de Geografia Estatística.
Balanço de Pagamentos
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Estrutura do Balanço de Pagamentos:
1. Balança Comercial:
É o primeiro item da estrutura do Balanço de Pagamentos. A Balança Comercial (ou Balanço
Comercial) contabiliza todas as exportações e importações do país. O saldo da Balança
comercial é o total das exportações menos as importações. Este pode ser superavitário, quando as
exportações superam as importações, ou deficitário, quando as importações são maiores que as
exportações.
É importante frisar que os valores são contabilizados sob a forma FOB (Free on Board), que
nada mais é do que o preço do produto já dentro do navio, incluindo o transporte até o porto,
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porém excluindo o frete (preço do transporte até o seu destino final) e o seguro das mercadorias,
importante para se garantir contra qualquer contratempo durante o transporte do produto.
2. Balanço de Serviços:
A segunda conta do Balanço de Pagamentos é o Balanço de Serviços. Podemos dividir esta conta
em duas: Serviços de Fatores e de Não Fatores. Na primeira, se contabilizam todos os
pagamentos efetuados e recebidos do exterior dos derivados dos fatores de produção, como
lucros, salários, dividendos e juros.
Serviços de não fatores incluem os pagamentos e recebimentos dos serviços de fretes e seguros
dos produtos importados e exportados. Os gastos realizados por brasileiros na compra de
produtos e serviços em suas viagens internacionais também são saídas de dinheiro e entram no
Balanço de Serviços, assim como os gastos dos turistas em nosso território. Serviços
governamentais e demais serviços, como royalties e direitos autorais e de publicidade,
completam o Balanço de Serviços de Não Fatores.
3. Transferências Unilaterais:
As transferências unilaterais são doações e remessas de dinheiro de imigrantes para seus
familiares nos seus países de origem, assim como remessas de dinheiro de brasileiros no exterior
para suas famílias aqui.
4. Transações em Conta Corrente:
O Saldo das Transações Correntes é a principal conta do Balanço de Pagamentos. Ela é a soma
dos resultados da Balança Comercial, da Balança de Serviços e das Transferências Unilaterais. É
também a conta mais valorizada pelo mercado, pois leva em consideração a capacidade que o
país tem de efetivamente acumular reservas. O superávit desta conta significa que entraram
dólares que efetivamente ficarão no país. Não há pagamentos de volta para estes.
Como o Brasil é um país naturalmente importador de capitais, precisa importar máquinas e
tecnologia, para crescer. Não se deve esperar que o país passe a ter superávit em Transações
Correntes. A entrada de capitais, investimentos diretos e financiamentos externos é importante
para o desenvolvimento da economia do país. Mas, em contrapartida, o país envia grandes
remessas de lucros, dividendos e, principalmente, juros para o exterior.
Isto não significa, porém, que o Brasil deva ter grande déficit em Transações Correntes. Quando
isso ocorre, faz-se necessária a entrada de grandes montantes de capitais externos para financiar
este déficit e os investidores passam a ter dúvida quanto à capacidade do país cumprir seus
compromissos.
O país deve manter um déficit controlado. Assim, consegue seu objetivo de importações e ao
mesmo tempo, se mantém atraente à entrada de capitais externos.
5. Movimento de Capitais Autônomos:
A conta seguinte do Balanço de Pagamentos é o Movimento de Capitais Autônomos. Estes
movimentos se dão na forma de empréstimos, financiamentos, investimento externo direto,
amortização de empréstimos obtidos, reinvestimentos e capitais de curto prazo.
Como o próprio nome diz, é todo o dinheiro que saiu ou entrou no país ao sabor do mercado, por
mera vontade dos investidores, seja para investimentos em bolsas e fundos, seja em
investimentos de prazos mais longos.
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Esta é outra conta muito importante para o país. O Brasil consegue ter um grande superávit nesta
conta, principalmente pela entrada de grandes montantes de capitais em investimentos externos
diretos. Estes investimentos são representados por remessas de empresas estrangeiras para o país
para a construção de novas fábricas, por exemplo. Quando uma estatal é privatizada e comprada
por empresa estrangeira, o dinheiro que entra para o pagamento também é contabilizado como
investimento direto. Este superávit possibilita ao país manter um déficit controlado em
transações correntes, como já explicado acima.
Inflação
Consiste no aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma contínua perda do
poder aquisitivo de moeda. Normalmente pode resultar de fatores estruturais (inflação de
custos), monetários (inflação de demanda) ou de uma combinação de fatores. Entretanto,
independente da causa inicial do processo de elevação dos preços, a inflação adquire autonomia
suficiente para se auto-alimentar por meio de reações em cadeia (a elevação de um preço
“puxando” a elevação de vários outros). Desse modo, configura-se a chamada espiral
inflacionária.
No Brasil utiliza-se vários índices para medir a inflação: Índices de Custo de Vida (ICV),
calculado pelo DIESE ou de Preços ao Consumidor (IPC) elaborado pela Fundação IBGE, tendo
como base os hábitos de consumo de uma família-padrão (para toda a sociedade ou para certa
classe). Para se medir a variação nos preços dos insumos e fatores de produção (e demais
produtos intermediários), usam-se índices de Preços ao Produtor ou, em termos agregados, o
Índice de Preços ao Atacado (IPA) e o Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getúlio
Vargas.
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O gráfico a seguir mostra o efeito dos vários programas de estabilização implementados no
Brasil nas décadas de 1980 e 1990 para combater a inflação.
Inflação de custos
É a inflação que resulta, principalmente, da elevação dos custos de produção, especialmente dos
salários, das matérias-primas, ou dos preços das importações.
Inflação de demanda
Inflação inercial
Este conceito se aplica aos casos em que a inflação é mantida ou elevada por mecanismos de
realimentação, geralmente em economias onde a indexação é amplamente utilizada. O processo
inflacionário é muito intenso, gerado pelo reajuste pleno de preços, de acordo com a inflação
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observada no período imediatamente anterior.
Indexação
Correção monetária
Mecanismo financeiro criado em 1964 pelo governo Castelo Branco com o objetivo de atenuar
os efeitos inflacionários sobre a economia e consistiu na aplicação de um índice oficial para o
reajustamento periódico do valor nominal de títulos públicos e privados (letras de câmbio,
depósitos a prazo fixo e poupança), ativos financeiros institucionais como o PIS, PASEP, e
FGTS, tributos e ativos patrimoniais das empresas. O mecanismo funcionou bem até meados da
década de 70 em virtude das baixas taxas de inflação e do crescimento da economia. Com o
processo de aceleração da inflação, a correção monetária passou a ser um problema, consistindo
num dos principais mecanismos de propagação e de resistência à queda.
Deflação
Uma variável (salário, juro, lucro, aluguel, PIB, PNB etc.) é real (a preços constantes) quando o
seu valor nominal (a preços correntes) é deflacionado por um índice de inflação (IGP-DI, INPC,
IGPM etc.).
Vno min al Taxa
Vreal I Inflação 1
I inf lação 100
Taxa de Juros
A taxa de juros tem papel estratégico nas decisões dos mais variados agentes econômicos. Ao
nível das empresas, as decisões dos empresários quanto à compra de máquinas, equipamentos,
aumentos ou diminuição de estoques, de matérias-primas ou de bens finais, e de montantes de
capital de giro, serão determinadas não só pelo nível atual, mas também pelas expectativas
quanto aos níveis futuros das taxas de juros. Se as expectativas quanto à trajetória das taxas de
juros se tornarem pessimistas (aumento), os empresários deverão manter níveis baixos de
estoques e mesmo de capital de giro no presente, uma vez que o custo de manutenção desses
ativos poderá ser extremamente oneroso no futuro. O nível da taxa de juros também vai afetar as
decisões de investimento em bens de capital: se as taxas estiverem elevadas, isso inviabilizaria
muitos projetos de investimentos, e os empresários optarão por aplicar seus recursos no mercado
financeiro.
Os consumidores, por sua vez, exercerão um maior poder de compra à medida que as taxas de
juros diminuírem, e o contrário, se as taxas de juros aumentarem. Desse modo, se as autoridades
governamentais optam por uma redução do nível da demanda, a taxa de juros tem um importante
papel, pois a determinação de seu patamar acabará por influenciar o volume de consumo,
notadamente de bens de consumo duráveis, por parte das famílias. Além de representar um
aumento do custo do financiamento de bens de consumo, taxas de juros elevadas acarretam
também uma diminuição no consumo, porque as pessoas passam a preferir poupança a consumo,
e dirigem sua renda não gasta para os bancos, com o intuito de auferirem receitas financeiras.
A fixação da taxa de juros doméstica, por outro lado, está relacionada com a demanda de crédito
junto aos mercados financeiros internacionais. Se, por exemplo, tudo o mais constante, a taxa de
juros no Brasil se tornar relativamente mais elevada do que a taxa praticada nos Estados Unidos,
haverá uma maior demanda de crédito externo por parte das empresas brasileiras
comparativamente à situação anterior; o contrário se observará se a taxa de juros diminuir no
mercado interno. O movimento de capitais financeiros internacionais está, desse modo,
condicionado aos diferenciais de taxas de juros entre os diversos países.
Investimento
Consumo
Produção
(Renda)
Poupança Investimento Produção de
mais bens
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Relação entre investimento e taxas de juros
A primeira questão que podemos levantar é: o que determina a decisão de investir? Não é uma
resposta tão fácil como no caso da função consumo, devido tanto ao caráter multiforme dos
investimentos, que podem ser de vários tipos (casas, máquinas, estradas, estoques), como
também a fatores não perfeitamente previsíveis que afetam as expectativas dos investidores.
A rigor, podemos dizer, numa primeira abordagem, que a decisão de investir, de comprar um
bem de capital, dependerá da rentabilidade esperada e da taxa de juros de mercado.
Sendo ‘r’ a taxa de retorno esperada e ‘t’ o número de anos previstos para a duração do
equipamento. O lado direito dessa expressão constitui no valor presente dos rendimentos líquidos
esperados, que são os rendimentos futuros descontados pela taxa de retorno esperada (TIR)
Custo de oportunidade;
Taxa de juros de mercado;
Eficiência marginal do capital (EMC); => Taxa Interna de Retorno (TIR)
Preço de aquisição dos bens de capital;
Valor presente dos retornos líquidos esperados;
Perspectivas sobre o ambiente de negócios; e
Grau de risco.
Assim, a decisão de investir, por parte da empresa, depende das informações disponíveis
sobre todas essas variáveis. Ela deve estimar o faturamento esperado, bem como os custos
de operação e manutenção, descontá-los a valor presente e compará-los com o preço de
aquisição do bem de capital.
Com isso, a empresa obtém a taxa de retorno líquido esperado, ou EMC 1 , e a compara
com a taxa de juros de mercado, decidindo-se pela aquisição ou não do equipamento .
Taxa de Câmbio
Consiste no preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional ou vice-versa. Dessa forma
é indiferente dizer que um dólar vale dois reais e noventa e cinco centavos de real (US$ 1,00 =
R$ 2,95) ou dizer que um real equivale a trinta e quatro centavos de dólar (R$ 1,00 = US$ 0,34).
No Brasil adota-se o primeiro critério, utilizando a seguinte equação para o caso do dólar:
A desvalorização cambial ocorre quando a moeda nacional vale menos em relação à moeda
estrangeira e a valorização acontece quando a moeda nacional valoriza em relação à moeda
estrangeira, ou seja, gasta-se menos para comprar a mesma quantidade de moeda.
A taxa de câmbio é importante para as contas externas de um país, pois determina o nível de
importação. Se a taxa de câmbio for relativamente alta, haverá aumento das exportações e
redução das importações (saldo comercial positivo). Se a taxa for relativamente baixa, ocorre o
inverso.
Carga tributária
É um indicador que visa medir quanto da produção gerada internamente no país é destinada a
financiar os gastos do governo. A carga tributária é a Receita Tributária do governo dividida
pelo Produto Interno Bruto a preços de mercado. O gráfico abaixo mostra a evolução da carga
tributária no Brasil nos últimos anos.
40,0
35,0
35,0 31,0 32,0 33,0
30,0 29,0 29,0 29,0
30,0 28,0 28,0
25,0 25,0
24,0
(%) do PIB
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Fonte: Ipeadata.
O peso dos tributos pode constituir um dos problemas para o crescimento econômico uma vez
que a renda disponível para consumo e poupança fica reduzida. O Brasil é um dos países com
maior carga tributária no mundo, conforme demonstrado no gráfico a seguir.
21,0% 20,3%
18,3% 17,9% 17,6% 17,3% 17,2%
14,0%
,
Canadá
Japão
Costa
Coréia do
Peru
México
Chile
Índia
Brasil
Alemanha
Tailândia
Rica
Sul
29
Fonte: IBPT (2004)
Receita tributária
Déficit público
Ocorre quando as despesas do governo são maiores que as receitas (déficit orçamentário).
Sempre que as despesas do governo superam as receitas há a necessidade de dinheiro para cobrir
o déficit. Para isso, as autoridades podem optar por três soluções: emissão de papel moeda,
aumento da carga tributária e lançamento de títulos. A emissão de moeda na maioria das
vezes tem como conseqüência o aumento da inflação. O aumento da carga tributária, além de ser
uma medida politicamente difícil, pode trazer conseqüências recessivas, pela redução do
consumo e diminuição da moeda em circulação. Finalmente, a colocação de títulos junto ao
público pode gerar altas violentas na taxas de juros que também provocaria uma recessão, pela
redução do crédito e um aumento da própria dívida interna (agora acrescida dos juros). Dessa
forma, dependendo do nível do déficit, podem ser combinadas as três soluções, com maior ou
menor ênfase em cada uma das alternativas, de tal maneira que sejam evitados os males de cada
uma delas.
Dívida Pública
Consiste nos déficits acumulados, ou seja, o déficit é um fluxo, definido num certo período,
geralmente de um ano. Os conceitos de déficit e dívida são interdependentes. A dívida é um
estoque representada pelo motante monetário resultante da ocorrência de vários déficits
Dívida externa
Corresponde ao somatório dos débitos de um país, garantidos por seu governo, resultantes de
empréstimos e financiamentos contraídos com entidades financeiras internacionais, como o
Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, bancos e empresas privadas ou mesmo
outros governos. Os débitos podem ter origem no próprio governo, em empresas estatais ou em
empresas privadas. Neste caso, com aval do governo para o fornecimento das divisas que
servirão às amortizações e ao pagamento dos juros.
Políticas Econômicas
30
a) política fiscal;
b) política monetária;
c) política cambial e comercial; e
d) controles de preços a salários (política de rendas).
Mercado financeiro
Recursos W
W Recursos 31
Renda LL
Renda
Mercado
Mercadode
deRecursos
Recursos
Poupança Financiamento
Spread
Fluxo real
Fluxo monetário
Bolsa de valores
Instituição onde se negociam títulos e ações (valores mobiliários). As bolsas de valores são
importantes nas economias de mercado por permitirem a canalização rápida das poupanças para
sua transformação em investimentos. As bolsas constituem, para os investidores, um meio
prático de “jogar” lucratividade com a compra e venda de títulos e ações, escolhendo os
momentos adequados de baixa ou alta nas cotações. Na atualidade, as mais importantes bolsas de
valores do mundo são as de Nova York, Londres, Paris e Tóquio. Atualmente, as mais
importantes bolsas do Brasil são as de São Paulo-Bovespa e Bolsa de Mercadorias e Futuros-
BM&F (atual Bovespa BM&F).
Desenvolvimento e Subdesenvolvimento
32
O desenvolvimento econômico consiste no crescimento econômico indicado pelo Produto
Interno Bruto per capta (PIB/população), acompanhado de outros indicadores que traduzem o
bem estar da população, tais como: saúde, educação, hospitais, urbanização, baixa concentração
de renda, etc. Por outro lado, o subdesenvolvimento é caracterizado por indicadores econômicos
e sociais abaixo do nível dos países desenvolvidos, tais como: altos índices de analfabetismo,
baixo PIB per capta, alta concentração de renda, altas taxas de desemprego, etc. Além desse
indicadores há outros que caracterizam um país como subdesenvolvido. Geralmente estes países
apresentam uma balança comercial baseada em exportações primárias e importações de produtos
industrializados, baixo nível de poupança interna e conseqüente dependência de capitais
externos.
Dependendo dos indicadores, o país é classificado como “em desenvolvimento”, indicando que
o mesmo se encontra em nível intermediário entre os subdesenvolvidos e o desenvolvidos. Neste
caso, o país apresenta melhora em alguns dos indicadores como, por exemplo, melhora nas
condições de saúde, nutrição e educação da população, bem como um parque industrial de porte
e maior diversificação da pauta de exportações.
33
34