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AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E

OBESIDADE EM CRIANÇAS DE UMA ESCOLA DE VIDEIRA, SANTA


CATARINA.

Anthropometric Evaluation and Prevalence of Overweight and Obesity in Children of a


Videira School, Santa Catarina.

Leonardo A. De Almeida
19 de Setembro de 2019

Resumo

A obesidade infantil, na atualidade, é vista como um grande problema da sociedade moderna,


atingindo uma elevada porção da população infantil. Sendo assim, o presente estudo teve como
objetivo identificar o estado nutricional e a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças
em idade escolar. Trata-se de um estudo de diagnóstico realizado com escolares do 1º ao 9º ano,
entre 6 e 17 anos de idade, em uma escola pública localizada no município de Videira, SC. O
trabalho foi realizado entre nos dias 26 e 27 de agosto de 2019, para avaliação do estado
nutricional foram coletadas medidas antropométricas, como peso e altura, para a determinação
do Índice de Massa Corporal foram classificadas por meio das curvas de referências por
percentis. A população total estudada somou 223 alunos, tendo participação de 100% dos
estudantes. Os resultados encontrados indicam a prevalência do estado nutricional eutrófico
(65,91%) entre os estudantes avaliados na escola, seguido de obesidade (16,59%), sobrepeso
(15,24%) e desnutrição (2,24%). Portanto, conclui-se que a população avaliada encontra-se
classificada em eutrofia, pois mais da metade dos escolares avaliados apresentaram esse perfil
nutricional, entretanto, a escola apresenta alta incidência de alunos com estado nutricional de
sobrepeso e obesidade.
Palavras-chaves: excesso de peso; escolares; índice de massa corporal; estado nutricional.

Abstract

Child obesity nowaday is seen as a major problem in modern society, affecting a large portion
of the child population. Therefore, this study aimed to identify the nutritional status and
prevalence of overweight and obesity in school-age children. It is a diagnostic study conducted
with schoolchildren from the 1st to the 9th year, between 6 and 17 years old, in a public school
located in the city of Videira, SC. The study was performed between August 26 and 27, 2019,
to evaluate the nutritional status anthropometric measurements were collected, as weight and
height for determining the Body Mass Index were classified by means of reference percentile
curves. The total population of students studied totaled 223 students, with participation of 100
% of students. The results found indicate the prevalence of eutrophic nutritional status (65.91%)
among students evaluated at school, followed by obesity (16.59%), overweight (15.24%) and
malnutrition (2.24%). Therefore, it is concluded that the evaluated population is classified as
eutrophy, since more than half of the evaluated students presented this nutritional profile,
However, the school has a high incidence of students with nutritional status overweight and
obesity.
Keyboards: overweigh; schoolchildren; Body mass index; nutritional status.
INTRODUÇÃO

Podemos descrever a obesidade como sendo uma doença onde o excesso de gordura
corporal se acumula de tal forma que a saúde pode ser prejudicada e, portanto, é apontada como
fator de alto risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a hipertensão
arterial, diabetes mellitus tipo 2, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, entre outras
doenças (DE ALMEIDA XAVIER et al., 2016).
Nos últimos anos, presenciamos situações de mudança na trajetória epidemiológica de
um panorama onde se era mais comum o quadro de desnutrição para agora um predomínio de
excesso de peso e obesidade. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (Brasil,
2004), pela primeira vez, o total de pessoas pesando acima do recomendado superou o total de
desnutridos em todo o planeta, atingindo mais de um bilhão de adultos com sobrepeso, sendo
destes 300 milhões considerados clinicamente obesos (FERREIRA et al., 2018).
Hoje em dia a obesidade é responsável por cerca de 5% das mortes em todo o planeta.
Se essa predominância continuar em sua rota atual, até 2030 estimasse que quase metade da
população mundial adulta poderá estar com sobrepeso ou obesidade. A obesidade é um dos três
principais fardos globais na sociedade gerados pelos seres humanos, ao lado do tabagismo e da
violência armada, e gera enormes custos pessoais, sociais e econômicos para o sistema de saúde.
Em menos de uma geração pode ser observado um grande aumento na prevalência de sobrepeso
e obesidade infantil em todo o mundo (BAHIA et al., 2019).
A obesidade infantil, na atualidade, é vista como um grande problema da sociedade
moderna, atingindo uma elevada porção da população infantil. O sedentarismo, alimentação
inadequada, hábitos alimentares errados dos pais, entre outros, são fatores que contribuem para
a predominância da doença nessa fase da vida (DE LMEIDA XAVIER et al., 2016). ‘
Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o estado nutricional e a
prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças em idade escolar de uma escola localizada
no município de Videira, SC.

MATERIAIS E MÉTODOS

A coleta dos dados foi realizada em período de aula durante a realização do projeto
semana da saúde na escola, em uma sala apropriada, cedida pela direção da escola nos dias 26
e 27 de agosto de 2019 na Escola Estadual de Ensino Fundamental Josefina Caldeira De
Andrade localizada no município de Videira, SC.
A amostra foi composta por crianças de ambos os sexos, regularmente matriculadas em
turmas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, totalizando 223 alunos. A equipe responsável
pela coleta de dados foi formado por três acadêmicos do curso de graduação em Nutrição da
Universidade do Oeste de Santa Catarina, todos devidamente treinados.
Foram coletados peso e altura. A medida do peso foi coletada utilizando-se balança
digital da marca Omron modelo HBF-214, com capacidade para 150 Kg. A aferição do peso
foi realizada de acordo com os padrões estabelecidos pelo SISVAN (BRASIL, 2011). As
crianças foram pesadas com roupas leves e sem calçados. A medida de altura foi coletada
utilizando-se fita métrica inelástica com precisão de 0,5 cm. Para a medida de altura, foi
orientado a posicionar-se sem os calçados e próximo a fita fixada na parede em posição ereta,
com a cabeça erguida.
Após a coleta de dados foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) de cada criança
dividindo-se o peso (Kg) pela altura (m2). Em seguida, as crianças foram classificadas de
acordo com seu estado nutricional conforme os pontos de corte propostos pela OMS (2007) por
sexo e idade, (Tabela 1 e 2).
Tabela 1. Classificação antropométrica segundo os pontos de corte de estatura para a idade, de
crianças de 5 a 19 anos, propostos pela OMS (2007).

Percentil Escore-Z Classificação

Muito Baixa Estatura


< 0,1 -3
para Idade
≥ 0,1 < 3 ≥ - 3 e < -2
Baixa Estatura para
Idade

Estatura Adequada para


≥3 ≥-2
Idade

Tabela 2. Classificação antropométrica segundo os pontos de corte de IMC para a idade, para
crianças de 5 a 19 anos, propostos pela OMS (2007)

Percentil Escore-Z Classificação


< 0,1 <-3 Magreza Acentuada

≥ 0,1 < 3 ≥ - 3 < -2 Magreza

≥ 3 ≤ 85 ≥ - 2 ≤ +1 Eutrofia

>85 e ≤ 97 ≥ +1≤ +2 Sobrepeso

>97 ≤ 99,9 ≥+2≤+3 Obesidade

> 99,9 >+3 Obesidade Grave

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente estudo, apresenta-se resultados que refletem o perfil nutricional de alunos


do, 1º ao 9º ano da escola pesquisada. Foi avaliada uma população total de 223 estudantes, com
idades entre 6 a 17, anos. Destes, 109 (48,88%) eram do sexo feminino e 114 (51,12%) do sexo
masculino os quais foram divididos em dois grupos: o primeiro compreende os que eram
menores de 10 anos (n=120), e o segundo compreende os que possuíam mais de 10 anos
(n=103). Por meio da antropometria obteve-se a classificação de estatura-para-idade das
crianças, onde observamos que a quase totalidade dos estudantes avaliados apresentaram
estatura-para-idade adequados (97,75%). Com relação ao indicador IMC-para-idade, observou-
se que (31,83%) dos avaliados apresentaram sobrepeso ou obesidade (Tabela 5).

Tabela 3. Prevalência de sobrepeso e obesidade de acordo com o indicador IMC para-idade


menores de 10 anos.
Classificação Total de Alunos (N) Porcentagem (n %)
Baixo Peso 1 0,83%

Eutrofia 78 65%

Sobrepeso 21 17,5 %

Obesidade 20 16,66%

Tabela 4. Prevalência de sobrepeso e obesidade de acordo com o indicador IMC para-idade


maiores de 10 anos.

Classificação Total de Alunos (N) Porcentagem (n %)


Baixo Peso
4 3,88%
Eutrofia
69 66,99%
Sobrepeso 13 12,62 %

Obesidade 17 16,5%

Tabela 5. Prevalência de sobrepeso e obesidade total de acordo com o indicador IMC para-
idade de 5 a 19 anos.

Classificação Total de Alunos (N) Porcentagem (n %)


Baixo Peso 5 2,24%

Eutrofia 147 65,91%

Sobrepeso 34 15,24 %

Obesidade 37 16,59%

Conforme as tabelas 3 e 4, os resultados mostram que o grupo 1 apresentou maior taxa


de sobrepeso (17,5%) e obesidade (16,66%) respectivamente. Esse alto índice de sobrepeso e
obesidade pode ser justificado devido ao processo de repleção energética que precede o estirão
pubertário, pois até os 10 anos as crianças preparam-se para um crescimento futuro (DELWING
et al., 2010). No entanto quando ocorre o prosseguimento do aumento de peso conforme o
aumento da idade, torna-se relevante, pois indivíduos obesos na infância apresentam elevado
risco de seguirem obesos na adolescência e na fase adulta (RAMIRES et al., 2014).
Em relação ao indicador de IMC-para-idade, verificou-se a prevalência do estado
nutricional eutrófico entre os estudantes, conforme uma pesquisa feita por Ruiz et al. (2009),
com escolares de 1° a 4° série em Santa Maria, RS, pode-se verificar nos resultados das
avaliações nutricionais também a prevalência de eutrofia na população estudada, seguido de
sobrepeso, obesidade e baixo peso. Mas observou-se que (31,83%) dos alunos avaliados
apresentaram sobrepeso ou obesidade (Tabela 5). Esses resultados são espantosos pois indicam
que cerca de 1/3 das crianças analisadas apresentam excesso de peso ou obesidade. A literatura
nos relata achados similares, dado que Polla e Scherer (2011) constataram que 30% das crianças
avaliadas apresentavam excesso de peso. Um outro estudo realizado na cidade de Gravataí, RS
trouxe que (31,1%) da público estudado estava acima do peso (MONTEIRO et al., 2010).
Segundo Manfrinato et al. (2012) em um estudo realizado na cidade de Maringá (PR),
as prevalências de sobrepeso e obesidade entre escolares foram 17% e 7 %, respectivamente.
No presente trabalho diferentemente do estudo citado anteriormente a prevalência de obesidade
foi de (16,59%) ultrapassando a de sobrepeso (15,24%). Isso coincide com a pesquisa de Costa,
Cintra e Fisberg (2015) realizada em Santos (SP), que também indica a prevalência de
obesidade como sendo maior a de sobrepeso.
Foram observados 76 alunos com alterações segundo o IMC para idade sendo destes 37
(48,68%) com obesidade, 34 (44,74%) com sobrepeso e 5 (6,58%) com baixo peso. A tabela 6
apresenta a distribuição destes dados divididos por sexo.

Tabela 6. Distribuição de sobrepeso, obesidade e baixo peso por sexo de acordo com o
indicador IMC para-idade.

Classificação Masculino Feminino Porcentagem (M) Porcentagem F)

Baixo Peso 2 3 40% 60%


Sobrepeso 16 18 47,05 % 52,95%
Obesidade 17 20 45,95% 54,05%

Conforme a tabela 6 pode se observar que o sexo feminino apresentou prevalência em


todos os itens avaliados principalmente em obesidade e excesso de peso respectivamente. O
que vai de encontro segundo o estudo de Marques et al. (2015) que permite observar-se uma
proporção maior de crianças do sexo feminino com IMC acima do valor normal, sendo
encontradas 17,5% com sobrepeso e 25% com obesidade entre meninas, enquanto entre
meninos esses valores foram de 4,3% para sobrepeso e 13% para obesidade. Já uma outra
pesquisa de Castilho et al. (2014), verificou maior prevalência de excesso de peso nos meninos
onde foram avaliados 3130 alunos de escolas públicas e particulares da cidade de Campinas
(SP), no qual o sexo feminino apresentou 32,7% e o sexo masculino 37 ,5%.

CONCLUSÃO

Tomando como base os resultados obtidos a população estudada encontra-se


classificada em eutrofia, visto que mais da metade (65,91%) dos escolares avaliados
apresentaram esse perfil nutricional. Entretanto também é possível observar que a prevalência
de sobrepeso e obesidade nesse estudo se apresentou elevada. Por meio desses resultados
apresentados pode-se concluir que aproximadamente 1/3 do grupo avaliado apresenta
sobrepeso ou obesidade infantil. Embora o índice de massa corporal não seja preditivo para
diferenciar tecido adiposo de massa corporal magra, a distribuição do IMC-para-idade das
crianças analisadas apresenta um desvio a direita, indicando maior prevalência de sobrepeso e
obesidade.
Os resultados deste estudo podem auxiliar no planejamento de ações para redução do
sobrepeso e obesidade em crianças em idade escolar com estratégias que aumentem o nível de
atividade física, reduzam o tempo de exposição ao comportamento sedentário e incentivem uma
alimentação saudável e equilibrada.
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