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Assinado pelo General Figueiredo, o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.

815/80)
ditou as regras legais da política migratória do país por quase quarenta anos. Já a nova
Lei de Migração (Lei nº 13.445/17), fruto do projeto de lei proposto em 2013 pelo
Aloysio Nunes (PSDB-SP), vem adicionar um teor humanitário ao antigo conjunto de
leis sancionado pelo General.

O antigo Estatuto do Estrangeiro explicita a preocupação do país com aspectos


de natureza militar, como segurança nacional, logo em seu primeiro artigo. O referido
Estatuto cita também a “defesa do trabalhador nacional”, como sendo uma das
justificativas para a existência de tal instrumento legal.

Por outro lado, a legislação atual entende a migração como um fenômeno da


humanidade e simplifica diversos procedimentos administrativos para o imigrante. A
nova lei e o seu regulamento são instrumentos que devem ser utilizados em prol da
integração dos imigrantes.

Dessa forma, é perceptível que o Estatuto aprovado pelos militares na década


de 80 trata o imigrante como um estranho, como uma possível ameaça à segurança
nacional. A nova lei, por sua vez, se encarrega para que os imigrantes não sejam
vitimados pela xenofobia.

O Estatuto do Estrangeiro, nacionalista e conservador, prioriza excessivamente


a segurança e restringe a liberdade dos imigrantes em território nacional. Desse modo,
eles são concebidos como indivíduos de menor importância em relação aos cidadãos
do país. Já a Lei de Migração é mais humanitária, e trata o imigrante como um
concidadão do mundo, com direitos universais garantidos, todos providos gratuita e
legitimamente pelo Estado, em conformidade com a política internacional de Direitos
Humanos. No artigo terceiro da nova lei, está expresso que “igualdade no tratamento”
e “igualdade de oportunidades aos migrantes e seus familiares” fazem parte dos
princípios e diretrizes que regem a nova política migratória do país (inciso IX).

Além da concepção do indivíduo, as duas leis divergem também,


explicitamente, na extradição do imigrante, onde a atual lei permite a extradição
apenas em duas circunstâncias: em caso de crime cometido no território do estado
que solicitar a extradição e quando estiver respondendo a processo investigatório ou
tiver sido condenado em seu país de origem. O Estatuto do Estrangeiro, por sua vez,
prevê extradição por várias circunstâncias, tais como: atentar contra a segurança
nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a
economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais e até mesmo para casos de imigrantes em situações de
“vadiagem” ou “mendicância”.

A antiga lei veta, ainda, a participação de imigrantes em qualquer tipo de


representação de sindicato ou associação profissional, bem como de entidade
fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada. Por outro lado, a nova Lei de
Migração, a fim de introduzir o imigrante na sociedade brasileira em situação igualdade
com os nacionais, assegura ao indivíduo de qualquer nacionalidade o pleno direito de
associação, inclusive sindical, para fins lícitos.

São essas algumas das mais notáveis diferenças entre as duas legislações,
ambas instituídas em épocas marcantes para o país.

JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Nova lei de migração está em vigor para facilitar
regularização de estrangeiros. Disponível em: https://www.justica.gov.br/news/nova-lei-de-
migracao-esta-em-vigor-para-facilitar-regularizacao-de-estrangeiros-no-brasil Acesso em: 07
de Setembro de 2019

SIQUEIRA, Fernanda. Entenda as diferenças entre o Estatuto do Estrangeiro e Lei de


Migração. Disponível em: https://fernandasial.jusbrasil.com.br/noticias/469957698/entenda-
as-diferencas-entre-o-estatuto-do-estrangeiro-e-lei-de-migracao Acesso em: 07 de Setembro
de 2019

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