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SUMÁRIO
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Processo Civil – Leonardo Valladares
Aula 08 | Jurisdição e Competência - Declaração de Incompetência
1. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Na aula passada o professor abordava os temas jurisdição e competência e qual a relação
entre estes.
Para uma melhor prestação do serviço judiciário, foram criadas regras onde existem
limites para se exercer legitimamente a atribuição jurisdicional. Essas regras são chamadas de
competência jurisdicional. Existem ainda vários critérios para que o ordenamento jurídico
atribua a competência a um ou a outro órgão. Exemplo: o art. 114, I, CF, estabelece uma norma
de competência em razão da matéria para a Justiça do Trabalho. É como se o legislador
destacasse uma matéria do ordenamento jurídico e direcionasse à Justiça do Trabalho o
processo e julgamento das lides que tratam da relação de trabalho.
Por outro lado, para os candidatos ao TRF, importa destacar que a principal da Justiça
Federal é in ratione personae, ou seja, em razão da pessoa, em razão da presença de alguns
entes do art. 109, I, CF.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
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2. DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
A declaração de incompetência visa estudar quais as consequências do desrespeito de
norma de competência absoluta e de norma de competência relativa.
Supondo que a incompetência passe ilesa ao juiz, qual a forma de alegação da incompetência
absoluta?
A mesma forma já positivada no CPC/73, ou seja, se o juiz não perceber que é
absolutamente incompetente a partir do contato com a petição inicial, incumbe ao réu alegar
essa incompetência absoluta como preliminar de contestação, na forma do art. 337, II c/c art.
64, caput, ambos do CPC.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
(...)
II - incompetência absoluta e relativa;
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Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
O momento processual recomendado pelo Código para o réu realizar a alegação de
incompetência é na própria contestação, isto é, na primeira oportunidade que o réu tem para se
manifestar nos autos, qual seja, na contestação.
No CPC/73 já havia a possibilidade de o juiz reconhecer oficiosamente sua incompetência
e, também, a forma que o réu alegava essa incompetência, na ausência do reconhecimento
oficioso pelo juiz, era a preliminar de contestação. O NCPC prevê este mesmo procedimento.
A incompetência absoluta não é preclusiva, o que quer dignificar que, se o juiz não
reconhecer no primeiro contato com a petição inicial e se o réu não alegar em preliminar de
contestação, o réu pode alegar a qualquer momento do processo (por simples petição, por
alegação oral, nas alegações finais, etc.), o juiz pode reconhecer de ofício a qualquer momento
processual, conforme disposto no art. 64, §1º, CPC. A matéria não está sujeita à preclusão.
A respeito no tema, a novidade trazida pelo NCPC reside na consequência do
reconhecimento da incompetência absoluta. O reconhecimento pode gerar duas consequências
distintas no processo civil:
a) O envio dos autos ao juízo competente, sem gerar extinção do processo, pois é
puramente dilatória. Esta consequência já constava no CPC/73.
No CPC/73 estava positivada uma consequência com relação aos atos do juiz quando a
incompetência absoluta. Quando o processo está sob a jurisdição de um juízo, ele pode praticar
3 tipos de atos processuais quanto à sua natureza: atos ordinatórios, que geralmente decorrem
de um despacho (“cite-se”, “intime-se”), são atos relativos ao andamento processual;
instrutórios, por exemplo, colhendo uma prova, ouvindo uma testemunha, determinando a
realização de uma perícia; e decisórios, por exemplo, decidir uma tutela antecipada, um
requerimento incidental, proferir uma sentença, etc.
No CPC/73, o reconhecimento da incompetência absoluta levava à nulidade de todos os
atos decisórios proferidos pelo juiz incompetente. Exemplo: retomando o caso do dano moral
por traição na relação conjugal, se a ação fosse proposta perante juízo incompetente e ele tivesse
proferido uma decisão interlocutória concedendo uma tutela cautelar do arresto de algum bem,
o simples reconhecimento da incompetência absoluta na ocasião levava à nulidade do ato
decisório.
b) No NCPC, os efeitos de atos decisórios do juiz permanecem, a princípio, intocados, de
acordo com o disposto no art. 64, §4°, CPC.
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
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Portanto, em regra, a incompetência relativa não pode ser reconhecida pelo juiz.
Entretanto, excepcionalmente, o CPC reconhece hipótese em que o juiz pode ter a sua
incompetência territorial declarada de ofício. A hipótese está positivada no art. 63, §3°, CPC,
in verbis:
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§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo
juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.