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Que o registro é obrigatório não se discute. A questão que agora a gente passa a
abordar: afinal de contas, quais são os requisitos de identificação do empresário individual?
Requisitos de identificação do empresário:
O tema é mencionado no artigo 972, CC. Nos termos deste artigo o sujeito para ser considerado
empresário tem que ter:
a) Plena capacidade
b) Exercício efetivo da empresa
c) Ausência de impedimento/proibição legal
IV – qualquer credor.
Diz a doutrina: esse profissional não é empresário, mas como a lei faculta a
realização da matrícula, uma vez registrado na junta comercial esses profissionais passam a ser
empresários em razão do que dispõe o artigo 32, I. Esse é o entendimento amplamente
dominante, caratê esses profissionais que se transformam em empresário após a averbação ou
realização do registro através da matrícula. Tecnicamente não são empresários, mas após a
matrícula na Junta Comercial esses agentes se transformariam em empresário. Então para esses
sujeitos o registro através da matrícula teria efeito constitutivo, ainda que a atividade
econômica não envolva produção/circulação de bens ou prestação de serviços.
Tirando essas exceções, regra: registro não tem efeito constitutivo, no máximo
caracteriza o empresário regular. Para ser considerado empresário regular, assim como
sociedade empresária, necessário registro.
1) Plena capacidade
Essencialmente quando uma pessoa natural adquire a plena capacidade?? Os principais
fenômenos que podem atribui a plena capacidade: maioridade e emancipação. A plena
capacidade, em regra, ocorre com a maioridade (18 anos) ou com a emancipação (a partir dos 16
anos), de forma excepcional. Ambos os assuntos são disciplinados no artigo 5º, caput e
parágrafo único, do NCC.
II - pelo casamento;
Em regra para ser empresário individual o sujeito tem que ter plena capacidade,
tendo plena capacidade ele pode essencialmente iniciar uma atividade econômica empresária.
Em regra antes dos 16 anos o sujeito não pode ou não pode produzir efeitos uma atividade
econômica realizada por um adolescente. Excepcionalmente é possível que um incapaz possa
também ser identificado como tal, mesmo sem ser emancipado mesmo sem ser maior, possa ser
identificado como empresário individual. Essa exceção está estabelecida lá no artigo 974, NCC.
1.a) Empresário individual plenamente capaz exerce sua atividade econômica e morre.
Essencialmente em razão de sua morte o patrimônio e, claro, o estabelecimento desse
empresário são transferidos a título de herança ao seu herdeiro. O que diz o artigo 974? Que a
criança, p. ex., de três anos de idade pode continuar a atividade econômica antes exercida pelo
seu pai, responsável, ou seja quem for. O incapaz ele não pode iniciar um atividade econômica
como empresário individual. Se o incapaz inicia uma atividade econômica se interpreta que
essa atividade ou os atos praticados por esse incapaz são presumidamente praticados por seu
responsável, isso é uma presunção de representação. Aqui a hipótese é bem delicada. Primeira
observação, o artigo 974 parágrafo 1º vai estabelecer que para haver essa continuidade o
incapaz necessita de uma autorização judicial.
Outra observação: essa autorização judicial – art. 974, §1º -, não se confunde com
emancipação, eis que é precária. Pode ser revogada diante da alteração de circunstâncias fáticas.
A emancipação não se revoga, tem causas próprias para sua concessão, essa autorização judicial
ela é precária.
Cuidado: Alguns autores (p. ex. Ricardo Negrão) sustentam que essa autorização
judicial seria um dos exemplos de administração pública de interesses privados. Lá no processo
se dá um nome específico, qual seja, jurisdição voluntária. A atividade econômica empresarial
envolve interesse privado? Até antes de 88, em razão do sistema econômico, a atividade
econômica é exercida com o fim de atender às necessidades do interesse público.
Em relação a este aspecto, vale ressaltar a postura do professor Araken de Assis diz
que essa autorização judicial se identifica como um ato administrativo-judicial
excepcionalmente praticado pelo juiz. É uma função anômala.
No direito empresarial quase todo mundo defende a primeira posição.
Tem que ser visto com cuidado, com reservas. E a função social da empresa onde fica?? Não há
apenas interesse privado na continuidade da empresa pelo incapaz. Pelo contrário, a
autorização judicial só será concedida caso verificada a conveniência, circunstância fáticas e etc.
(tal como dispões o artigo 974, parágrafo 1º), é bem a idéia de conveniência e oportunidade dos
para a manutenção da atividade econômica não somente em função do incapaz, mas
essencialmente em razão das pessoas que colaboram que circundam aquela atividade
econômica.
Pergunta: Nessa autorização o MP participa??
Sim, acrescente aí (no artigo 974) também a oitiva do MP. O MP de acordo com o artigo 82 e 83
do CPC o MP deve ser ouvido em todos os casos que envolvam interesse de incapaz.
O artigo 974 traz duas situações em que um incapaz possa vir a continuar a
atividade empresarial. O sujeito é empresário individual plenamente capaz e por um infortúnio
do destino tem um AVC. Enquanto capaz, empresário individual, responde com todos os bens
disponíveis. Uma vez ocorrendo o AVC, o sujeito foi interditado um ano depois, considerando
que a sentença tem efeito declaratório e retroage à data do fato. Esse sujeito passou a ser
considerado incapaz e em razão disso foi autorizado a continuar a empresa. Agora a situação
ficou mais delicada porque o patrimônio é o mesmo. Aqui não há morte. O patrimônio do
empresário capaz é o mesmo do empresário incapaz. A literalidade do art. 974, parágrafo 2º, diz
que os bens que o incapaz já possuía ao tempo da interdição não estão suscetíveis ao pagamento
de obrigações. O empresário que exercia atividade econômica tinha bens pessoais e os bens que
integravam o estabelecimento, quando interditado continua com todos esses bens, e ficam
estranhos ao acervo, não são utilizados na atividade econômica, estariam excluídos do
pagamento de credores. Os bens pessoais desvinculados da atividade econômica estariam
protegidos. Vejam que esse sujeito passaria a ter responsabilidade limitada, a propósito dos
bens estranhos ao acervo, estranhos ao estabelecimento.
Aí e que entra a ponderação, a razoabilidade, fudamentalmente para a
procuradoria. A Fazenda Pública não vê assim. Por quê? A interpretação adequada para PGE
sustenta o seguinte: que deve ser agregado ao art. 974, parágrafo 2º, CPC uma ponderação de
cunho cronológico para evitar uma redução na garantia de credores, notadamente fazenda
pública. Que valor cronológico é esse?? Quando o empresário era plenamente capaz dispunha
de responsabilidade ilimitada, para os credores do empresário plenamente capaz à época de sua
plena capacidade, para esses credores anteriores à interdição, e claro, anteriores à autorização
judicial, esses credores para garantia da satisfação de seus créditos dispõem de todo o
patrimônio do devedor, mesmo que esse devedor esteja interditado. Porque a constituição do
crédito se deu em face do empresário capaz, essa incapacidade superveniente não retira a
pretensão de satisfação desses credores. Ao passo que após a autorização judicial, após a
interdição, os novos credores, a relação jurídica estabelecida nessa hipótese não se deu com o
empresário plenamente capaz, a relação jurídica seu deu com o empresário incapaz autorizado
judicialmente. Nesse momento o patrimônio já estava protegido, os bens pessoais que ele tinha
antes não estão sujeitos ao pagamento de credores posteriores à interdição. A responsabilidade
limitada é restrita aos credores novos, aos credores do incapaz. Os credores anteriores à
interdição não podem ter a sua garantia reduzida em razão de um fato externo.
Só que essa interpretação não é dominante, essa interpretação é minoritária.
Outra observação: no que concerne ao incapaz criança/adolescente, o incapaz tem
três anos de idade, esse incapaz pode ter a falência decretada. O empresário incapaz pode
falir?? Quem pode falir em regra no Brasil?? Empresário e sociedade empresária. A nova lei de
falências não faz qualquer restrição quanto à decretação da falência em razão da maioridade.
Empresário incapaz pode falir. Esse incapaz pode responder por crime falimentar?? Não,
somente poderá responder por ato infracional do ECA, artigo 112 e 116, esses artigos viabilizam
a definição de ato infracional e imputação de medidas sócio-educativas. Quem pode responder
por crime falimentar dependendo do fato típico é o representante na qualidade de
administrador.
Outra observação: Possibilidade do empresário incapaz ter acesso à recuperação judicial.
A lei de falências, tanto no seu art. 48, quanto no art. 51, trata dos principais requisitos para o
pedido (da petição inicial) e para a concessão da própria recuperação. Praticamente pacífico, ele
pode ter acesso à recuperação desde que preencha os requisitos.
a) balanço patrimonial;
O que significa dizer que está superada uma corrente de pensamento que negava
ao incapaz o acesso a concordata. Ela estava lastreada no enunciado 197 do Conselho de Justiça
Federal que vedava a concordata para o empresário incapaz.
Esse artigo está tratando de outro assunto, daí a aparente confusão. Uma coisa é a
identificação do empresário e outra situação, completamente diferente, diz respeito à
possibilidade de um contrato de sociedade, o sócio tenha três anos de idade. A doutrina faz
alusão... menor pode ser sócio de uma sociedade?? Esse assunto já está praticamente
consolidado. A dúvida que persiste é a seguinte. O ordenamento jurídico ao estabelecer esse
sistema de incapacidade criou o sistema protetivo. O incapaz ao participar de uma sociedade
ele não exerce atividade econômica, aliás o sócio não exerce atividade econômica. Quem realiza
é a sociedade. Ela responde pelas obrigações, sempre em primeiro lugar e de forma ilimitada.
Os sócios podem ter sues bens pessoais atingidos por dívidas oriundas da sociedade?? Regra,
notadamente em razão do padrão de sociedade adotada pelo CC que é a sociedade simples, os
sócios podem ter seu patrimônio pessoal atingido, conforme disposto no artigo 1024, do CC.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Outro requisito – o incapaz não pode ser o administrador, inciso I, parágrafo 3º.
Por que não pode ser administrador?? Porque os administradores todos, sem exceção,
respondem subsidiariamente e, para alguns autores, solidariamente pelas obrigações sociais.
Sugestão de remissão art. 1016 c/c parágrafo 3º, I.
FIM!!!