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REPRESENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE SAPEZAL

ATRAVÉS DO GEOPROCESSAMENTO DE IMAGENS DE SATÉLITE

Resumo: Uma prospecção do ordenamento físico-territorial para o município de Sapezal, MT


é um passo importante para compreensão do seu avanço. Com base neste contexto, este trabalho
trouxe a elaboração de uma sequência de mapas do ordenamento físico do município de
Sapezal, MT, que se deu desde antes de sua emancipação, por meio de geotecnologias. Para
esse trabalho foram seguidas as seguintes etapas: levantamento e aquisição de material
bibliográfico, cartográfico e de imagens de satélite; geração dos mapas em sequência
cronológica do ordenamento físico-territorial; e divulgação dos resultados à comunidade.
Esperou-se que com esse trabalho auxiliar as políticas públicas indicando as áreas mais e menos
desenvolvidas do município, para que a partir disso o planejamento do ordenamento territorial
tenha outra forma de visualizar o desenvolvimento do município.

Palavras-chave: Sapezal, Georeferenciamento, Território Mato-grossense.

INTRODUÇÃO
O ordenamento territorial de maneira geral consiste em dividir uma área em zonas, estas
possuem características específicas, que podem ser selecionadas e classificadas de acordo com
o objeto de estudo (SILVA et al., 2006).
Sabe-se que ações antrópicas em geral podem causar inúmeras consequências, tanto no
âmbito ambiental, como econômico, desta forma, é necessária a identificação das áreas
ocupadas (MESSIAS, 2012; CREPANI et al., 2001). Bheringet et al. (2014), utilizaram
geotecnologias para o zoneamento agroecológico no Mato Grosso do Sul e sugeriram a análise
integrada de práticas de conservação do solo, água e biodiversidade, a fim de planejar o uso e
ocupação sustentável, resultando então no ordenamento físico-territorial.
Mendonça et al. (2011) discorrem geotecnologias como um conjunto de tecnologias que
manipulam dados e informações sobre feições e/ou fenômenos, sendo essas informações
georreferenciadas. Segundo Messias (2012), a diversidade de geotecnologias à disposição
permite ao usuário pautar a melhor forma de conduzir a pesquisa, sendo que a escolha da
metodologia depende dos fatores a serem observados.
Bacani e Luchiari (2014) realçaram a importância da escolha dos procedimentos e
técnicas de composição do banco de dados, sendo que as geotecnologias abrigam diversas áreas
de conhecimento, como o sensoriamento remoto (SR), o sistema de informações geográficas
(SIG), o sistema de posicionamento por satélites (GPS, GALILEO, GLONASS e COMPASS),
dentre outras.
Neste contexto, Barbosa et al. (1998) relataram a importância do desenvolvimento de
ferramentas que auxiliem na elaboração do zoneamento ambiental, automatizando atividades
complexas e repetitivas. Para isto, a utilização do SIG, que possui a funcionalidade de

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armazenar, visualizar, manipular, interpretar e exportar dados geográficos viabiliza a correta
gestão ambiental de forma rápida e acessível (MENDONÇA et al., 2011).
Para um zoneamento elaborado no SIG são empregados operadores de análise espacial,
onde são aplicados os conceitos previamente determinados, como a legislação ambiental ou
metodologias de análises texturais a fim de identificar a forma de ocupação do espaço
(BARBOSA et al., 1998).
Através do SIG é possível integrar dados de diversas fontes e formatos, como mapas
matriciais e mapas vetoriais (BARBOSA et al.,1998), permitindo uni-los e estratificá-los de
acordo com parâmetros escolhidos e características a serem observadas, a fim de classificar
áreas de forma qualitativa e quantitativa (BHERING et al., 2014).
Silva (2014) esclarece que há diversas formas de se analisar, caracterizar e quantificar
imagens e ressalta que é de interesse do usuário definir a melhor forma de coletar e manipular
os dados, que deve ser correlacionada ao objetivo do estudo. Neste cenário, Mendonça et al.
(2011) afirmam que, boas fontes de dados e conhecimento do aspecto observado são necessárias
para o efetivo aproveitamento das geotecnologias.
Diante das informações expostas, é possível observar que as geotecnologias se
apresentam como ferramenta vantajosa no reconhecimento de áreas a fim de tornar as ações
públicas mais ágeis no desenvolvimento dos municípios. Com isto, esta pesquisa tem como
objetivo a observação do desenvolvimento da cidade de Sapezal-MT, sendo realizada através
do tratamento de imagens, que colocadas em ordem cronológica, permitirão a compreensão da
ocupação do espaço urbano, procedendo o ordenamento físico-territorial do município.

MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo corresponde ao município de Sapezal/MT, criado pela Lei Estadual n.º
6.534, de 19-09-1994, localizado na Região Centro-Oeste do país, no estado de Mato Grosso.
Localiza-se a uma latitude 13º32'33" sul e a uma longitude 58º48'51" oeste, estando a uma
altitude de 370 metros, seu território abriga cerca de 23.496 habitantes e possui uma extensão
de 13.624,368 km² (IBGE, 2016).
Para elaboração dos mapas foram utilizadas imagens do satélite Landsat 5, que
proporcionou a visualização de imagens de 1994 a 2010, e imagens do satélite Landsat 8, que
viabiliza imagens recentes, com maior resolução espectral que o instrumento anterior.
Essas imagens foram adquiridas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), e posteriormente foram tratadas e analisadas no software Arcgis 10. Os mapas regionais
foram construídos a partir dos dados vetoriais (“shapes”) disponíveis em banco de dados INPE,

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e todos os mapas foram transportados para o sistema de coordenadas projetadas UTM, datum
SIRGAS 2000, fuso 21S. Assim como as imagens matriciais reprojetadas para coordenadas
geográficas SIRGAS 2000.
Os dados vetoriais foram elaborados e classificados quanto às suas características, sendo
elas área urbana e área em desenvolvimento, onde a área urbana corresponderá à área com no
mínimo 50% de recobrimento de solo com construções, e a área em desenvolvimento aquela
que não alcançar recobrimento de solo superior a 50%, porém já apresentar indícios de
habitação, como loteamento e delimitação de ruas.
Os mapas foram dispostos em ordem cronológica para possibilitar a compreensão do
crescimento da área urbana e consequentemente o ordenamento físico da evolução da cidade
desde sua emancipação em 1996 até o ano de 2016.

RESULTADO E DISCUSSÃO
Os alunos da disciplina de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto do campus
participaram fielmente da análise cronológica e despertaram interesse pelo estudo que faz parte
da área do profissional da agronomia. E assim pudemos obter as imagens da FIGURA 1 onde
verificamos na escala de 1: 50.000 m² o crescimento do município estudado. No qual o ano de
1994 foi o ano de emancipação do município onde se tinha 1,1682 km², com a construção de
algodoeiras e armazéns houve um incremento de disponibilidade de emprego que pode-se
observar um maior crescimento do município em 2006 onde se observava 5,0828 km²,onde o
crescimento médio fica de aproximadamente 18% a cada dois anos, chegando até o ano de 2016
com 7,7446 km² com novos bairros e extensões. O município possui atualmente um território
total de 13.624,368 km². Sendo visível e tátil os pontos de maior crescimento e desenvolvimento

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da região. O que propicia a gestão e planejamento municipal.

FIGURA 1- Principais anos de desenvolvimento do município de Sapezal, MT.


(Desenvolvido); (Em Desenvolvimento).

O material serviu para apreciação dos anos de maior desenvolvimento do município,


que foi correlacionado com melhoria da acessibilidade habitacional ou até mesmo aumento de
empregos. Espera-se que em momento posterior, os mapas gerados possam auxiliar autoridades
do município na gestão do espaço, demonstrando a velocidade de ocupação e anos de maior
desenvolvimento, o que pode gerar uma visão mais ampla da necessidade de atenção para cada
região do município. Uma vez que observamos o aumento na expansão do município de
Sapezal, MT, como mostra a FIGURA 2, onde de 1994 até 1998 se teve um crescimento de
aproximadamente 0,63 km², e em 2006 aparece com crescimento notável, com os possíveis
fatores de expansão sendo as algodoeiras da empresa Bom Futuro, e do Grupo Scheffer, abrindo

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possibilidades de novas oportunidades de emprego, ocasionando aumento populacional e
desenvolvimento. A partir do ano de 2006 o desenvolvimento municipal foi lento sendo
aproximadamente 9,09% a cada 2 anos, relativamente aos anos anteriores que continham cerca
de 27,80% de crescimento.
Embora isso a área que se tem em 2016, com loteamentos, bairros e assentamentos no
decorrer dos anos e que no ultimo senso do IBGE apresentou que o município de Sapezal, MT
conta com aproximadamente 23.496 mil habitantes.

FIGURA 2- - Análise cronológica visual do desenvolvimento do município de Sapezal, MT, e suas


respectivas áreas urbanas. (Desenvolvido); (Em Desenvolvimento).

5. Conclusões
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 As geotecnologias possibilitaram a observação clara das áreas de maior crescimento
urbano;
 Através dos dados coletados podemos acompanhar o desenvolvimento e identificar
as áreas para melhor gestão pública do espaço;
 O município de Sapezal, MT, teve rápido desenvolvimento e expansão aos 12
primeiros anos, após isso seu desenvolvimento foi mais lento;
 As algodoeiras e fazendas foram as responsáveis pelo grande desenvolvimento
urbano e territorial do município de Sapezal, MT.

6. Referências Bibliográficas
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bacia do alto rio Coxim-MS. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 184-197,
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BARBOSA, C. C.; CAMARA, G.; MEDEIROS, J. S. de; CREPANI, E.; NOVO, E.;
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v. 26, n.1, p. 171-187, 2014.

CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. de; HERNANDEZ FILHO, P.; FLORENZANO, T. G.;


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ao Zoneamento Ecológico-Econômico e a o ordenamento territorial. INPE, 2001

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Mato Grosso: Tangara da Serra,


Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=510795&
search=mato-grosso|tangara-da-serra>, Acesso em: 10 de Dezembro de 2016.

MENDONÇA, R. A. M. de; BERNASCONI, P.; SANTOS, R. dos; SCARANELLO, M. Uso


Das Geotecnologias Para Gestão Ambiental: Experiências na Amazônia Meridional. Cuiabá:
Icv- Instituto Centro De Vida, 2011.

MESSIAS, C. G.; FERREIRA, M. F. M.; RIBEIRO, M. B. P.; MENEZES, M. D. Análise


comparativa entre o mapeamento de uso do solo e cobertura vegetal utilizando imagens de
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SILVA, J. dos S. V. da; VENDRUSCULO, L. G.; SANTOS, E. H. dos; CRUZ S. A. B.;


MAURO, R. de A.; Zoneamento ecológico-econômico do estado de Mato Grosso do Sul: uma
proposta. In: I Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Anais... INPE, 2006,
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VALE, R. C. de M.; LOBÃO, J. S. B.; ROCHA, W. de J. S. F.; NOLASCO, M. C.
Contribuições das Geotecnologias ao Zoneamento Ambiental Do Setor Sul Do Parque Nacional
Chapada Diamantina/BA. Revista RA´E GA, n. 16, p. 149-165, UFPR, 2008.

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