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Janaina Ramos Marcos

Jocimara Rodrigues de Sousa

Estética e História da Arte


Sumário
CAPÍTULO 4 – Você conhece a arte brasileira?..................................................................05

4.1 Barroco, Rococó e Neoclassicismo..............................................................................07

4.1.1 Barroco...........................................................................................................07

4.1.2 Rococó...........................................................................................................10

4.1.3 Neoclassicismo................................................................................................11

4.2 Romantismo versus Realismo......................................................................................12

4.2.1 Romantismo.....................................................................................................13

4.2.2 Realismo.........................................................................................................14

4.3 Modernismo.............................................................................................................15

4.3.1 Oscar Niemeyer e Brasília.................................................................................17

4.4 Contemporaneidade..................................................................................................18

Síntese...........................................................................................................................20

Referências Bibliográficas.................................................................................................21

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Capítulo 4
Você conhece a arte brasileira?
Sabemos que o Brasil foi “descoberto” em 1500, quando Pedro Álvares Cabral aportou no Monte
Pascoal, abrindo caminho para as influências artísticas que iriamos receber da Europa. Mas a
nossa “arte” não está ligada somente à influência europeia. Você saberia identificar algum tipo
de manifestação artística brasileira? De onde ela se origina? Segundo historiadores, há registros
artísticos brasileiros que dão conta de uma manifestação rica por parte de povos pré-históricos
e indígenas.

A partir de agora você passa a entender melhor o surgimento da arte no Brasil. Segundo Proen-
ça (2000), o Brasil possui inúmeros e valiosos sítios arqueológicos em seu território. Podemos
citar manifestações em Minas Gerais, nas cidades de Lagoa Santa, Vespasiano, Pedro Leopoldo,
Matosinhos e Prudente de Morais. Com o passar dos tempos, alguns desses sítios foram com-
pletamente destruídos, restando alguns poucos sítios, como a Gruta de Cerca Grande. A gruta,
também localizada em Minas Gerais, é conhecida por suas pinturas rupestres (feitas em rochas)
e fósseis descobertos em seu interior, indicando que haviam povos antigos em nosso país.

Também é possível encontrar arte rupestre no nordeste do país, mais precisamente no estado do
Piauí, no município de São Raimundo Nonato. Neste sítio pesquisadores encontraram vestígios
de povos que habitaram esta região por volta de 6.000 a.C. As manifestações artísticas desse
grupo foram classificadas em dois grandes grupos, conforme Proença (2000): obras com motivos
naturalistas e obras com motivos geométricos.

Nas obras com motivos naturalistas, observam-se desenhos de figuras humanas, em alguns de-
senhos representadas isoladamente, em outros participando de grupos, representando cenas de
caça, guerra e trabalhos coletivos. Ou seja, uma representação do cotidiano de quem vivia por
aqui há muito tempo.

Já nas obras com motivos geométricos os desenhos são variados. São linhas paralelas, grupos
de pontos, círculos, círculos concêntricos, cruzes, espirais e triângulos.

Figura 1- Pintura rupestre encontrada no Piauí.


Fonte: Shutterstock, 2015.

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Estética e História da Arte

No que diz respeito às produções artísticas dos povos indígenas brasileiros devemos observar que
muito do que havia no início do século XVI acabou se perdendo durante o processo de coloniza-
ção do país. É o que você aprenderá a partir de agora.

De acordo com Battistoni Filho (1990) a arte indígena está voltada à manifestações de dança,
cerâmica e pintura. É relevante ressaltar aqui que a arte indígena tem um aspecto peculiar. Se-
gundo Proença (2000), os objetos de arte feitos pelo indígenas são mais representativos a toda a
comunidade do que propriamente à personalidade do indivíduo criador. Ou seja, a coletividade
é mais importante para o Índio do que o individualismo. Sendo assim, os estilos de pintura cor-
poral, de arquitetura, de trançado e de cerâmica são diferentes em cada tribo.

Battistoni Filho (1990) relata que o grande empreendimento arquitetônico coletivo indígena é a
maloca. Mas você sabe o que é uma maloca? É uma construção que apresenta grandes dimen-
sões e acabamento perfeito. É construída com o objetivo de ser uma habitação coletiva, cumprin-
do a função social e exprimindo o orgulho tribal.

Passando para a produção de objetos, outra técnica artística que os povos indígenas dominam
é a da cerâmica. Proença (2000) afirma que as poucas peças cerâmicas que se conservaram de
diferentes povos indígenas impressionam por sua beleza. Ainda, Battistoni Filho (1990, p. 19)
ressalta que na cerâmica marajoara a plasticidade das peças, apesar de uma “pobreza temática
relativa, não há exagero; predomina o equilíbrio com uma extraordinária variedade de desenhos,
simples linhas que se tornam graciosas, ingênuas, paralelas que se transformam em elegantes
efeitos decorativos”.

Especificamente sobre a produção de cerâmica de Santarém, Battistoni Filho (1990, p. 21) des-
taca o predomínio do desenho de “animais e figuras humanas, mais parecendo um catálogo da
fauna da bacia amazônica” retratando o ambiente onde a tribo vivia.

Os povos indígenas também se manifestavam artisticamente na arte plumária, uma forma de


arte que confecciona objetos com penas e plumas de aves. Foi desenvolvida apenas para fins
estéticos, sem utilidade prática, mas de grande beleza. De acordo com Proença (2000, p. 194)
existem dois grandes estilos de criação de peças de plumas pelos índios brasileiros:

as tribos do cerrado faziam trabalhos majestosos e grandes, como os diademas dos Índios
Bororo ou os adornos dos Kayapó. As tribos silvícolas dos Munduruku e dos Kaapor faziam
peças mais delicadas, sobre faixas e tecidos de algodão.

A produção artística dos povos indígenas é vasta e diversificada. Destaca-se também a produ-
ção de máscaras e a pintura corporal, esta, por sua vez, bastante admirada por colonizadores.
Battistoni Filho (1990, p. 21) cita que quando os portugueses aportaram no Brasil ficaram “as-
sombrados” com a beleza da pintura de rosto e de corpo que o índio brasileiro apresentava. Mas
você sabe por que os índios se pintam? De onde vem a tinta usada para “embelezar” o corpo?
A pintura para os índios simboliza a beleza, a alegria e é uma espécie de “oferenda” aos deuses,
que querem vê-los sempre bonitos. Proença (2000, p. 195) cita que as cores mais usadas pelos
índios são o vermelho vivo extraído do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jeni-
papo e o branco da tabatinga.

Quanto à produção de máscaras, Proença (2000, p. 194) afirma que os índios atribuíram um
caráter duplo a elas, ao mesmo tempo que são artefatos produzidos pelo homem, as máscaras
representam a figura viva do ser sobrenatural que representam.

Logo, Battistoni Filho (1990, p. 23) conclui que os índios ao construírem estes adornos, expres-
sam sua vontade de beleza, seu orgulho e sua alegria de viver.

Agora que você conheceu um pouco mais sobre a arte dos povos nativos brasileiros, vamos es-
tudar os movimentos artísticos mais importantes no Brasil e o papel dos colonizadores europeus
na arte brasileira.

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4.1 Barroco, Rococó e Neoclassicismo
Com a chegada dos portugueses, o Brasil começou a receber influências Europeias, tanto nos hábi-
tos e costumes, quanto nas artes e arquitetura. Um dos movimentos artísticos europeus que mais se
propagou pelo país foi o estilo Barroco. Vamos conhecer um pouco sobre esta forma de expressão?

4.1.1 Barroco
Na Europa, de acordo com Proença (2000), os artistas da época já haviam abandonado o estilo
Barroco por volta do século XVIII, voltando-se novamente para os modelos clássicos. Mas no
Brasil, este estilo ganhou força justamente a partir deste século .

VOCÊ QUER LER?


No livro Brasil – Uma História, o autor Eduardo Bueno transforma a História do Brasil
em uma conversa animada, como se estivesse entre amigos, onde se desconstrói mitos
e verdades sobre o país e se traça uma narrativa atual sobre as conquistas da socie-
dade brasileira desde a chegada dos portugueses até os dias atuais. Uma obra que
traça um paralelo sobre o que aconteceu a cinco séculos atrás e que hoje se reflete na
cultura do país.

O estilo no Brasil sofreu intervencão de diversas tendências barrocas da Europa: a portuguesa, a


francesa, a italiana e a espanhola. Isso fez com que houvesse uma mistura no estilo. Veja:

tal mistura é acentuada nas oficinas laicas, multiplicadas no decorrer do século, em que mestres
portugueses se unem aos filhos de europeus nascidos no Brasil e seus descendentes caboclos
e mulatos para realizar algumas das mais belas obras do barroco brasileiro. Pode-se dizer que
o amálgama de elementos populares e eruditos produzido nas confrarias artesanais ajuda a
rejuvenescer entre nós diversos estilos, ressuscitando, por exemplo, formas do gótico tardio
alemão na obra de Aleijadinho (1730-1814). O movimento atinge o auge artístico a partir de
1760, principalmente com a variação rococó do barroco mineiro (ITAU CULTURAL, sp.).

Sendo assim, percebe-se duas características marcantes desse estilo no Brasil. Uma delas é o
estilo das região ricas pelo comércio de açúcar e minérios; a outra é o estilo das regiões onde
não existiam estes produtos.

Mas como essas características podem ser identificadas na arquitetura? Nas regiões ricas, per-
cebe-se construções em relevo com madeira entalhada coberta com finas camadas de folhas de
ouro, janelas e portas decoradas com esculturas detalhadas. Podemos observar exemplos deste
estilo em construções no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.

Nas regiões mais empobrecidas, no entanto, a arquitetura assumiu outra aparência. As igrejas
possuíam talhas mais simples e trabalhos realizados por artistas menos experientes e famosos.

A arte barroca é claramente associada à religião Católica, atuando como uma espécie de pa-
trocinadora da arte colonial brasileira. Encontra-se em quase todo o país, grande quantidade de
igrejas que possuem esse estilo arquitetônico. Mas há outras edificações civis erguidas com base
na arte barroca, como por exemplo, cadeias, câmaras municipais, moradias de pessoas ilustres
e chafarizes de praças. Este estilo pode ser encontrado não só na arquitetura, mas na literatura
e nas artes plásticas (pintura e escultura), como veremos a seguir.

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4.1.1.1 Arquitetura
A arquitetura brasileira foi influenciada pelas Ordens religiosas (forma de vida consagrada na
igreja Católica, podem ser monges ou frades) e dos Mouros (povos oriundos do Norte da África),
de onde herdou-se a tradição da azulejaria.

No início do século XVII surgiu na colônia o estilo barroco, caracterizado – segundo Battistoni Fi-
lho (1990, p. 29) – pela exuberância das formas e pela pompa litúrgico-ornamental, exprimindo
a afirmação gloriosa e o poder temporal da igreja.

Já na segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste começou
a se transformar, exibindo formas mais elegantes e decoração luxuosa. Nesta época, Salvador,
na Bahia, era uma das cidades mais importantes, por ser a Capital do país e o centro econômico
da região mais rica do Brasil.

Mas foi no século XVIII, que o estilo barroco predominou completamente na arquitetura do país.
Em Salvador encontram-se construções muito ricas, como a Igreja e Convento de São Francisco
de Assis – construída em 1708 – cujo interior possui entalhes revestido de ouro, azulejos portugue-
ses e fachada em pedra, onde o frontão de linhas curvas é o elemento barroco mais característico.

Figura 2- Interior da Igreja São Francisco de Assis, Salvador - Bahia.


Fonte: Schutterstock, 2015.

Saindo da então Capital, a cidade do Recife – em Pernambuco – começou a se destacar eco-


nomicamente. Neste período, surgiram construções barrocas tão exuberantes, que ainda hoje
podem ser consideradas exemplos da riqueza que circulou na região, por exemplo, a Igreja de
São Pedro dos Clérigos, concluída em 1782, com projeto de Manuel Ferreira Jácome. De acordo
com Proença (2000) a obra apresenta algumas características peculiares da arquitetura colonial
brasileira. Na parte externa, destacam-se a porta trabalhada em pedra e a verticalidade da cons-
trução, que não era comum nas igrejas brasileiras do século XVIII.

A exuberância do interior de igrejas barrocas contrasta – muitas vezes – com uma fachada exte-
rior um pouco mais simples, justamente para simbolizar a virtude do recolhimento, característica
do cristianismo.

Os primeiros 30 anos do Barroco no Brasil foi então marcado pela disseminação do estilo “na-
cional português”, verificando-se poucas variações estilísticas entre as regiões do país.

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A presença da arquitetura Barroca não estava associada somente à construções em cidades
ricas. Proença (2000) relata que até o início do século XVIII o Rio de Janeiro ainda era conside-
rada uma cidade sem grande expressão econômica e cultural no Brasil, mas já possuía algumas
construções barrocas, como o Mosteiro de São Bento e o Colégio dos Jesuítas.

Mas já na segunda metade do século, devido ao processo de mineração nas Minas Gerais, o Rio
de Janeiro assume um papel importante, em virtude da sua localização geográfica e seu porto,
tornando-se um grande centro de intercâmbio entre Brasil e Portugal. Fato que culminou na
transferência da capital do país para a cidade, em 1763..

A partir desse momento, houve um incremento nas edificações do Rio, promovendo melhorias
no aspecto urbano. Se você quiser conferir de perto, uma importante obra deste período é o
Aqueduto Carioca, famosa até hoje por seus arcos superpostos. Perceba que novamente arte,
economia e arquitetura se entrelaçam.

Por falar em economia, a cidade de São Paulo, embora tenha sido fundada no século XVI, so-
mente começou a se destacar a partir da notícia de ouro em Minas, com a organização das
famosas expedições chamadas de bandeiras.

Neste período as construções paulistas podem ser consideradas modestas, uma vez que o povo
paulista não tinha o hábito de colaborar financeiramente com as igrejas. Proença (2000) cita que
a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, localizada no largo de São Francisco
iniciou com uma construção simples, em 1686, mas somente a partir de 1782, construiu-se a
igreja definitiva como conhecemos hoje. Ao lado dessa igreja, podemos observar o Convento de
São Francisco. Se observado, ambas as edificações possuem fachadas externas que caracterizam
o estilo sombrio e modesto do barroco paulista.

O contraste de estilos do movimento pode-se notar nas construções do barroco mineiro, onde
encontramos um dos mais importantes expoentes deste período da arte brasileira. Quer saber
qual é? A seguir você terá a oportunidade de conhecer tudo sobre o barroco mineiro.

Proença (2000) cita que a evolução da arquitetura mineira não foi muito rápida. Neste processo
foram testadas algumas técnicas como taipa de pilão e lentamente surgiram construções em
pedra. Um dos exemplos desse tipo de construção que você pode conferir é a Igreja de Nos-
sa Senhora do Pilar, de Ouro Preto. Você sabia que, para que o interior desta igreja pudesse
comportar uma decoração mais rebuscada, foi necessário remodelar o projeto? Foi assim que
surgiu um dos interiores mais ricos do Brasil, utilizando mão de obra de escultores, entalhadores,
pintores e douradores.

Segundo Proença (2000) o ponto alto desta integração entre diversas técnicas artísticas como
escultura, pintura, arquitetura e talha, aconteceu em Minas Gerais e pode ser observado no tra-
balho de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

4.1.1.2 Pintura e Escultura


Não é novidade o fato de que a obra de Aleijadinho figura entre as maiores expressões da arte
brasileira. Nasceu Antônio Francisco Lisboa, em 1738 na cidade de Ouro Preto. Morreu em
1814, também em Ouro Preto. Conviveu com os frades de Ouro Preto, onde pôde conhecer
obras de artistas Europeus do Barroco e do Rococó, que muito influenciaram a sua obra.

Segundo Battistoni Filho (1990) a escultura mais antiga do mestre Aleijadinho é o busto de mu-
lher em cima do chafariz do Alto da Cruz de Ouro Preto. Sua técnica de esculpir em pedra-sabão
produziu obras que podem ser encontradas até os dias de hoje nas ladeiras da cidade mineira.

Já Proença (2000) detalha que Aleijadinho foi um excelente arquiteto, decorador de igrejas e
incomparável escultor. Em Ouro Preto podemos encontrar uma série de trabalhos do mestre. Po-
rém, o mais importante conjunto de escultura do artista está localizado na cidade de Congonhas

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do Campo. Nele podemos observar uma igreja e no adro (área externa, geralmente cercada)
estão posicionadas 12 esculturas em pedra-sabão dos profetas cristãos. “Cada uma dessas
obras está numa posição diferente e executa gestos que se coordenam” Proença (2000, p. 207).

Figura 3 - Escultura dos profetas em Congonhas do Campo, de Aleijadinho.


Fonte: Schutterstock, 2015.

As obras de Aleijadinho produzidas para o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos compõem, na


opinião de Proença (2000) um momento único de forte apego religioso e de grandiosa beleza
plástica na arte brasileira. Isso, sem dúvida, demonstra que o Barroco foi um movimento único
na história da arte no Brasil.

VOCÊ QUER VER?


Conheça através do documentário Aleijadinho um pouco mais sobre a vida e a obra de
um dos mais famosos expoentes do Barroco no Brasil, importante escultor, entalhador e
arquiteto do Brasil colonial. Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, a principal
fonte documental sobre ele é uma nota biográfica escrita somente cerca de 40 anos
depois de sua morte. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja
de São Francisco de Assis, de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus, de Matosinhos.
Veja o documentário no link <https://youtu.be/4FrtVo48x-o >

Outro movimento artístico que influenciou as artes brasileiras foi o Rococó que vamos começar
a estudar agora.

4.1.2 Rococó
De um modo geral, Proença (2000) define o estilo Rococó como requintado, aristocrático e con-
vencional, que ocupou-se em expressar sentimentos positivos e agradáveis e que buscou dominar
a técnica de execuções perfeitas. Iniciou-se na França, no século XVIII, sendo posteriormente
propagado por toda Europa.

No Brasil, o Rococó foi introduzido pelos colonizadores portugueses e sua manifestação mais
importante ocorreu no mobiliário, sendo o principal exemplo desse estilo, a cadeira “Estilo Dom
João V”.
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O Rococó se desenvolveu no país no período de decadência da extração do ouro. Dessa forma,
os artistas passaram a usar em suas composições mais branco, tons claros de rosa em azul, em
substituição ao dourado. As principais características deste estilo são, segundo Bidu (2013, p.
23): cores claras, tons pasteis e douramento, representação da vida profana da aristocracia,
representação de alegorias, estilo decorativo, leveza na estrutura das construções, unificação do
espaço interno, com maior graça e intimidade e texturas suaves.

Assim como o Barroco, o Rococó também se destaca na arquitetura religiosa de meados do sé-
culo XVIII no Rio de Janeiro, em diversas cidades mineiras (como Ouro Preto, São João Del Rey,
Congonhas do Campo), em Pernambuco, Paraíba e Belém.

No Rio de Janeiro, também podemos observar o estilo rococó em algumas construções. O estilo
difundiu-se no período de transição da cidade para capital do país, na segunda metade do sé-
culo XVIII. Um dos exemplos mais fortes deste estilo notamos na Igreja de Santa Rita - na esquina
da Avenida Marechal Floriano com a Rua Miguel Couto - a primeira a adotar o estilo, realizado
entre 1753 e 1759.

4.1.3 Neoclassicismo
Chegamos a um novo período da História da Arte. Aqui começamos a estudar o Academicismo
ou Neoclassicismo. Surgido na Europa nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três pri-
meiras décadas do século XIX, tratava-se de um movimento que procurou expressar os valores
próprios de uma burguesia que se fortalecia na sociedade europeia, principalmente após a
Revolução Francesa. Este item abordará o surgimento do Neoclassicismo, suas características e
como ele se manifesta no Brasil.

De acordo com Argan (1992) o “clássico” relaciona-se com a arte do mundo antigo, greco-
-romana, um renascimento na cultura humanística do séculos XV e XVI. O termo Academicismo
foi originado no fato de que os valores greco-romanos tornaram-se conceitos básicos ensinados
nas academias de arte da Europa.

As principais característica deste movimento são: a valorização de temas e padrões estéticos da


arte clássica antiga, tais como heróis e seres da mitologia grega, temas recorrentes nas obras
neoclássicas; forte influencia dos ideais iluministas e das formas clássicas do renascimento; uso
de cores frias e eliminação da perspectiva; simplicidade e pureza estética

O ideal neoclássico não era imóvel. Com a cultura da Revolução Francesa, o modelo clássico
faz sentido na sua identificação ética e ideológica como a solução ideal para o conflito entre
liberdade e dever; e, agindo como absoluto e universal, transcende e destrói as tradições e
“escolas” nacional. Este universalismo se espalhou pela Europa com o Império Napoleônico
(ARGAN, 1992, p. 6).

No Brasil, o movimento iniciou-se com a chegada da Família Real Portuguesa ao país, fugindo
do conflito entre a França de Napoleão e a Inglaterra e instalando-se no Rio de Janeiro. A cidade
sofreu uma grande transformação econômica e uma forte influência cultural para adaptar-se aos
padrões dos nobres europeus que chegaram na comitiva real.

Com o objetivo de criar o ensino clássico das artes no Brasil, D. João VI ordena a vinda ao país
de uma missão de artistas franceses. Sem dúvida você pode imaginar como o fato mexeu com
a economia e a cultura da cidade. Battistoni Filho (1990, p. 45) relata que “faziam parte desta
delegação nomes como: Joaquim Le Breton – crítico de arte; os pintores Nicolas Antoine Taunay
e Jean Baptiste Debret; Grandjean de Montigny – arquiteto; Auguste Marie Taunay – escultor;
Charles Pradier, e os irmãos Ferrez, gravadores”. Este grupo organizou em 1816 a Escola Real
das Ciências, Artes e Ofícios.

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Estética e História da Arte

Mas não foi só a cultura que recebeu atenção especial. Na arquitetura, Grandjean de Montigny
(1776-1850), chegou com a Missão Francesa e construiu a sede da reitoria da Pontifícia Uni-
versidade Católica no Rio de Janeiro. É possível observar que o arquiteto procurou adaptar a
estética neoclássica ao clima tropical.

Além dessa construção, Proença (2000) destaca os edifícios neoclássicos da época a Casa da
Moeda e o Solar dos Marqueses de Itamarati. O Solar dos Marqueses serviu posteriormente de
sede do Ministério das Relações Exteriores.

O pintor Jean Baptiste Debret certamente é o nome mais conhecido desta missão francesa entre
os brasileiros. Seus trabalhos sobre o Brasil produzidos no século XIX, conforme explica Proença
(2000) são os mais reproduzidos nos livros escolares do país.

Figura 5 – Nativo Brasileiro, Debret.


Fonte: Schutterstock, 2015.

Em 1791, Debret já era um artista premiado na Europa, pintando obras com temas relacionados
ao Imperador Napoleão. A obra deixada por Debret foi bem expressiva, retratos da família real,
cenários para o Teatro São João, ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para festas públicas
de professor de pintura histórica na Academia de Belas Artes. Debret realizou a primeira exposi-
ção artística no Brasil, em 2 de dezembro de 1829.

Proença (2000) destaca que a obra mais popular de Debret consiste em três volumes denomi-
nada Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. O primeiro volume, datado de 1834 conta com 36
ilustrações contendo o tema indígenas brasileiros, seus usos e costumes. O segundo volume, de
1835, contem 48 ilustrações com foco na cidade do Rio de Janeiro e sua sociedade. Já o terceiro
volume, de 1839, contem assuntos diversos como as paisagens da cidade do Rio de Janeiro,
retratos da corte imperial, estudos de plantas e florestas do Brasil.

4.2 Romantismo versus Realismo


A partir de agora passamos a estudar dois importantes movimentos artísticos: o Romantismo
e o Realismo. Você os conhece? Sabe identificar a presença de cada um dele na arquitetura?
Certamente você passará a admirar cada um desses movimentos. O século XIX foi marcado no
mundo por grandes agitações sociais, políticas e culturais em grande parte por conta da Revo-
lução Industrial e pela Revolução Francesa. Neste período de grande agitação social surgiram

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movimentos artísticos que opuseram ao academicismos e o excesso de regras e normas, entre
eles o Romantismo e o Realismo. Veja a seguir as características de ambos.

4.2.1 Romantismo
O Romantismo foi um movimento de oposição ao Neoclassicismo. Situa-se entre 1820 e 1850.
O artistas deste período procuravam libertar-se do academicismo em detrimento de sua liberdade
pessoal e artística. Sendo assim, “a principal característica deste movimento é a valorização dos
sentimentos e da imaginação como princípios de criações artísticas” (PROENÇA, 2000, p.126).

Outras características que podem ser destacadas no Romantismo são o sentimento de presente,
o nacionalismo e a valorização da natureza.

Figura 5 – Parlamento de Londres, construído pelos arquitetos Barry e Puguin, exemplo de arquitetura Romântica.
Fonte: Shutterstock, 2015.

No Brasil, o movimento romântico iniciou-se em 1836 com a publicação na França da Revista


Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Havia no país um sentimento de euforia e naciona-
lismo provocado pela Independência, em 1822. Os artistas brasileiros buscavam inspirar-se na
rica natureza, nos temas sociais e políticos daquele tempo. As obras procuravam valorizar o so-
frimento por amor, o cristianismo, a natureza, a formação histórica do nosso país e o cotidiano
da sociedade.

Já nas artes plásticas do Brasil, as obras buscavam retratar um sentimento de nacionalismo,


narrando fatos históricos marcantes. Dois artistas que ganharam destaque foi Pedro Américo e
Vitor Meireles, que contribuíram para a criação de uma identidade nacional. Dentre as obras
produzidas por eles, citam-se A Batalha do Avaí, de Pedro Américo, e Batalha dos Guararapes,
de Victor Meireles.

O romantismo brasileiro transpôs a mitologia europeia do romantismo europeu de castelos e


guerreiros para um contexto patriótico, ufanista e nacionalista, conforme resumiu o escritor Jo-
aquim Manuel de Macedo em Noções de Corografia do Brasil, Rio de Janeiro,1873. Para saber
mais sobre este escritor, ele é mais conhecido por ser o autor de A Moreninha.

Também houveram expressões deste movimento artístico no Teatro, na Música e na Literatura.


No teatro podemos citar a peça o Noviço, de Martins Pena, na música a ópera o Guarani, de
Carlos Gomes, e na literatura a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves
de Magalhães, considerado o marco do romantismo no país.

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4.2.2 Realismo
No final do século XIX e início do século XX surge um novo movimento artístico na Europa, prin-
cipalmente na pintura francesa, chamada Realismo. Mas como ele se desenvolveu? Esta nova
tendência estética evoluiu em virtude da crescente industrialização das sociedades europeias.
Isso ocorreu pois o homem estava convencido de que necessitava ser mais realista, abandonando
as visões subjetivas e emotivas da realidade.

Enquanto o romantismo era dotado de um forte caráter ideológico, carregado de linguagem


política e de denúncia dos problemas sociais como a miséria, a exploração e a corrupção. Os
artistas e escritores realistas procuravam chegar ao foco da questão, negando de certa forma,
ao subjetivismo do romantismo. Dentre as vertentes do realismo, o naturalismo procurou explorar
esta objetividade, mas sem ostentar ideologias.

Figura 6 – Escultura O Pensador, de Auguste Rodin exemplo de arte Realista.


Fonte: Shutterstock, 2015.

VOCÊ SABIA?
Que a Torre Eiffel, cartão postal da cidade francesa de Paris, foi erguida durante o
movimento realista? Foi construída em 1889, pelo arquiteto Gustave Eiffel.

Proença (2000) cita que estes novos ideais estéticos manifestaram-se em todas as esferas artísti-
cas. Uma delas, a arquitetura, teve de adaptar-se a este novo contexto social, onde os profissio-
nais de engenharia e arquitetura deveriam atender às novas demandas da população. Você sabe
o que isso significa? De modo geral, as cidades necessitavam de infraestrutura como hospitais,
estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas e casas tanto para operários quanto
para a nova burguesia. Basicamente foi isso que os arquitetos realistas desenvolveram. Constru-
íram o que podemos ver hoje nas ruas das grandes cidades.

Os principais expoentes artísticos deste período na Europa são Gustave Courbet, Auguste Rodin e
Edouard Manet. Dentre as principais obras arquitetônicas, cita-se a Torre Eiffel, em Paris, na França.

Sabemos que as características deste movimento são a crença de que a ciência é capaz de
explicar todos os fenômenos, a valorização do objeto, o sóbrio e o minucioso, a expressão da
realidade e dos aspectos descritivos.

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Veja que no Brasil ocorreram duas correntes do realismo. A primeira está relacionada aos pro-
blemas sociais, às cidades e ao cotidiano. E a segunda, uma posição ideológica regionalista, na
qual se elevou a cor local, a vida difícil no ambiente rural brasileiro e o determinismo.

O marco inicial do Realismo no Brasil foi a obra Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de
Machado de Assis. Também fatos sociais históricos como a Abolição da Escravatura e a queda
do Império, que tornaram a vida social mais ativa no país. Por aqui o Realismo foi influenciado
por ideais europeus, como o liberalismo, socialismo, positivismo e cientificismo.

4.3 Modernismo
Neste tópico observa-se o surgimento do Modernismo, movimento que permitiu ao país dar
um salto na produção artística. Você sabe como isso ocorreu? Proença (2000) descreve que o
início do século XX no Brasil foi marcado por fatos que deram uma identidade ao país. Nota-se
um período de progresso, advindo da cafeicultura e da criação de novas fábricas nas cidades.
Somando-se as este fato, cita-se a grande massa de imigrantes que desembarcou no país. Sur-
gem forças sociais e o movimento anarquistas, encabeçado em boa parte pelos imigrantes, os
primeiros a questionar o capitalismo paulista.

Em meio a todas estas agitações sociais, os novos tempos estão “à espera de uma arte nova que
exprima a saga destes tempos e do porvir” (PROENÇA, 2000, p. 228).

O prenúncio desta arte nova surge na obra crítica e literária de três grandes artistas: Oswald de
Andrade, Menotti Del Picchia e Mario de Andrade. Oswald de Andrade, por sua vez, cria o movi-
mento Pau-brasil, onde expõe suas ideias inovadoras e grupos começam a surgir com propósito
de criar um novo conceito estético.

Certamente você já deve ter ouvido falar da Semana de Arte Moderna. O evento foi realizado
pela primeira vez em 1922 na cidade de São Paulo, no Teatro Municipal - entre os dias 13 a
17 de fevereiro – e foi o marco da arte moderna no país. Provocou forte tendência nacionalista,
procurou reviver os valores indígenas e o caráter futurista. O principal idealizar da SAM foi Paulo
Prado, historiador, intelectual e homem de negócios responsável pelo financiamento do evento.
Foi realizada uma exposição “antiacadêmica” reunindo artistas plásticos, poetas, escritores e
músicos. Dentre os participantes, destacam-se: “na arquitetura – Antonio Moya e George Pr-
zyrembell; na escultura – Victor Brecheret, Hildegardo Leão Veloso, Haarberg; na pintura – Anita
Malfatti, Di Cavalcantti, Ferrignat, Zita Aita, Martim Ribeiro, Regina Graz, Yan de Almeida Prado
e Rego Monteiro” (BATTISTONI FILHO, 1990, p. 66).

A Semana de Arte Moderna iniciou uma ruptura com as expressões artísticas do passado. As
ideias modernistas na arquitetura somente se institucionalizaram no Brasil, quando o arquiteto
Lúcio Costa foi nomeado diretor da Escola Nacional de Belas Artes. (BATTISTONI FILHO, 1990)

Dessa forma, na arquitetura há uma série de fatores que implicam na adoção de movimentos
artísticos. Uma arquitetura será realmente nova quando houver, segundo Proença (2000, p. 262)
uma série de fatores:

as escolas de arquitetura destinadas a formar novos profissionais, a descoberta de novas técnicas


construtivas – sejam elas recursos humanos ou materiais – o atendimento das necessidades
culturais, o clima com suas implicações, as condições físicas e topográficas, as condições
financeiras do empreendedor e até mesmo a legislação.

Não foi só na literatura, música ou artes plásticas que a Semana de Arte Moderna interferiu. Deu
início ao processo de modernização também da arquitetura brasileira. Em 1927, “o arquiteto
russo Gregori Warchavchick constrói a primeira casa modernista no país, em São Paulo, na Vila
Mariana. A casa possuía linhas geométricas desprovidas de ornamentações florais ou figurativas”
(BATTISTONI FILHO, 1990, p. 66).

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Estética e História da Arte

Passando para a pintura, um dos grandes nomes da Semana de Arte Moderna e do movimento
Modernista foi Anita Malfatti. O traço característico do trabalho de Anita Malfatti, de acordo com
Battistoni Filho (1990, p. 68) é a “cor descompromissada, o traço-pincelada rasgado, a valori-
zação do primeiro com o segundo plano, figuras simplificadas e a dramaticidade de seu estilo
expressionista, carregado de forte emoção”. Sua exposição foi duramente criticada por Monteiro
Lobato, um defensor das tradições academicistas.

No entanto estas críticas serviram para unir os artistas que apoiavam Anita, tornando sua obra de
grande importância histórica, revelando que a arte necessitava de um novo caminho.

Figura 4- A estudante Russa, Anita Malfatti.


Fonte: Proença, 2000

Lasar Segall também foi um dos precursores do movimento modernista no Brasil. Em 1913 o
artista realizou no país uma exposição com nítidas características expressionistas. Em 1924, a
obra de Segall assumiu uma temática carregada de brasilidade, pintando mulatas, marinheiros,
favelas e bananeiras.

Apesar de não ter participado da Semana de 22, Tarsila do Amaral trouxe para a arte brasileira
uma expressão moderna, ligada às raízes do país, produzindo uma obra que indicou um novo
rumo na arte.

VOCÊ A CONHECE?
Tarsila do Amaral (1886 – 1973) foi sem dúvida, uma das artistas mais expressivas do movimento
modernista brasileiro. O quadro Abaporu, é uma de suas obras mais importantes e considerada
ícone do Modernismo brasileiro. O nome de acordo com a artista é de origem indígena e signifi-
ca “antropófago”. Tarsila já foi retratada no cinema e na televisão, no filme “Eternamente Pagu”
(1987), e nas miniseries da Rede Globo de Televisão “Um Só Coração” (2004) e “JK” (2006).

Em 1924 Tarsila iniciou uma fase de produção chamada Pau-brasil – mesmo nome do movimen-
to encabeçado por Oswald de Andrade – com características que se utilizam de “cores caipiras,
rosas e azuis, as flores de baú, a estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos cabo-
clos e negros, da melancolia das cidadezinhas, enquadrado na solidez da construção cubista”
(PROENÇA, 2000, p.235).

Em 1928, inicia-se uma nova fase na obra de Tarsila: a antropofágica. Com o quadro Abaporu.
Inaugura-se no Brasil a teoria antropofágica, organizada por Oswald de Andrade. Você sabe que
conceitos essa teoria pregava? Esta teoria pregava que o artista deveria se inspirar e conhecer os mo-
vimentos estéticos europeus, mas que criassem uma arte com expressão brasileira (PROENÇA, 2000).
16 Laureate- International Universities
O início desse estilo por aqui é datado de 1935, quando o então ministro da Educação e Saúde
Gustavo Capanema formou uma equipe de jovens arquitetos – Lucio Costa, Jorge Moreira, Carlos
Leão, Afonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer, Ernâni Vasconcelos – para projetar um novo edifício
destinado ao Ministério da Educação e Saúde (PROENÇA, 2000).

Um ano depois, com os projetos já prontos, um deles, Lucio Costa, convidou Le Corbusier – famoso
arquiteto francês – para analisar os projetos da equipe de arquitetos, fato que marcou o aparecimen-
to de uma nova tendência na arquitetura brasileira.

4.3.1 Oscar Niemeyer e Brasília


Dentre os nomes de arquitetos citados a cima, certamente um deles lhe é bem familiar: Oscar Nie-
meyer. Você sabia que foi o francês Le Corbusier que influenciou as obras do brasileiro? Essa influ-
ência é registrada desde os anos 40, quando Oscar Niemeyer inaugurou o conjunto arquitetônico
da Pampulha, em Belo Horizonte. Você conhece ou já viu alguma imagem do projeto? Um dos
destaques do conjunto é a Igreja de São Francisco, considerada um rompimento com os padrões
arquitetônicos religiosos do passado. Nesta obra, segundo Proença (2000) usou-se pela primeira
vez o concreto armado para criar/formar curvas, rompendo com a tradição de paredes retas. Veja
que trata-se da primeira igreja brasileira que não tem um projeto “comportado” e simétrico.

VOCÊ QUER VER?


No vídeo Oscar Niemeyer - O arquiteto do século você encontra um pouco mais sobre
as obras e seu processo criativo, além de conhecer mais sobre a infância e a vida do
mais famoso arquiteto brasileiro. Podemos ver também neste vídeo depoimentos de
personalidades nacionais e internacionais sobre a obra do grande mestre da arquitetu-
ra. Acesse o link e confira: < https://youtu.be/Gjvt_e5V9-s >.

Você já pensou em projetar uma cidade inteira? Pois foi isso que Lucio Costa e Oscar Niemeyer
fizeram, cada qual na sua área. A cidade, toda projetada, foi construída entre os anos de 1956
e 1961, na região centro-oeste, em pleno sertão brasileiro.

Lúcio Costa assumiu o projeto da cidade e Oscar Niemeyer os edifícios mais importantes da ci-
dade. Você sabia que “a planta da cidade foi concebida em forma de avião, em que um grande
eixo central divide um eixo transversal em duas metades, uma ao norte e outra ao sul, como se
fossem as asas de uma aeronave”? (PROENÇA, 2000, p. 267).

Figura 5 - Catedral de Brasília.


Fonte: Schutterstock, 2015.
17
Estética e História da Arte

Observando a arquitetura de Brasília, nota-se claramente o trabalho de Niemeyer. Observe que


os espaços foram pensados para serem abertos aos espaços externos, sem muros, sem grades,
sem portas de ferro, sem limites e acessíveis ao povo.

4.4 Contemporaneidade
No último tópico deste capítulo você terá contato com a Arte Contemporânea. Como ela se di-
fundiu, como se desenvolveu no Brasil e suas características podem ser conferidas a seguir.

A Arte Contemporânea é um movimento que apresenta como principal característica a explora-


ção e mistura de diversas técnicas e suportes, como nanquim, óleo, bronze, mármore e nos anos
60 a introdução da fotografia e do vídeo para criação de performances e instalações. No Brasil
ela teve início nos anos 50 justamente com a construção de Brasília, na arquitetura, e com a ex-
posição de Lygia Clark e Waldemar Cordeiro no recém inaugurado Museu da Arte de São Paulo
(MASP), em 1951. A primeira Bienal Internacional de Arte de São Paulo recebeu inúmeros artistas
internacionais do abstracionismo. A partir deste momento, a arte brasileira evoluiu em vários e
diferentes caminhos. Quer saber que caminhos são esses? Como isso se deu e que artistas se
destacaram? Acompanhe nos próximos parágrafos. Com a primeira Bienal Internacional de Arte
apareceram novas técnicas como a gravura. Os nomes que tiveram destaque expressivo foram:
Carlos Scliar, Fayga Ostrower e Iberê Camargo.

A arte brasileira contemporânea possui história tão longa quanto a dos países culturalmente
hegemônicos. Dela participam umas quatro gerações ou safras de artistas que aqui
produziram e hoje emprestam sentido genealógico às gerações mais novas, referenciando-as.
(COCCHIARALE, 2004, p. 67)

Já na pintura a arte contemporânea brasileira foi muito bem representada por nomes como Ma-
nabu Mabe, Tomie Ohtake, Lygia Clark, que se aproximaram com diferentes correntes artísticas
como o Abstracionismo e o Concretismo.

Por outro lado, Tomie Ohtake se opôs de forma radical ao movimento chamado Realismo Social. Mas
por que isso? Observe que Tomie citava que embora o artista não devesse estar alheio aos problemas
e à realidade social vivida, a obra de arte, em sua essência, não deveria registrar esta realidade.

Os anos 50 realmente marcaram época. Foi neste período que muitos pintores – alguns nascidos
no Brasil, outros estrangeiros naturalizados – ligaram-se ao movimento chamado Informalismo.
Dentre os nascidos, citamos Iberê Camargo, Helena Wong, Glauco Rodrigues, entre outros. Os
naturalizados são nomes como Frans Krajcberg, Donato Ferrari e Danilo Di Prete. Toda essa
euforia se deu, porque foram estes artistas que evoluíram a arte da escultura através do uso de
materiais diversificados e muitas vezes, até inusitados.

Indo mais além, chegamos a um movimento que ainda perdura nos dias de hoje; o concretismo.
Este movimento foi uma tendência que surgiu nos final dos anos 30 para se opor ao movimento
abstracionista. Esta distinção entre abstracionismo e concretismo foi feita por Max Bill, um dos
artistas que mais influenciou a arte brasileira contemporânea. Sua participação na Primeira Bie-
nal de Arte Moderna serviu como incentivo aos artistas concretistas brasileiros que formaram dois
grandes grupos: O Grupo de São Paulo e o Grupo do Rio de Janeiro.

O Grupo do Rio de Janeiro era formado por nomes como Ivan Serpa, Lygia Clark, Hélio Oiticica,
Lygia Pape, entre outros. Veja que este grupo não era muito apegado às crenças da linguagem
concretista, considerando o estilo um “campo aberto de experiência e indagação” (PROENÇA,
2000, p. 257).

18 Laureate- International Universities


Já o Grupo de São Paulo compunha-se de artistas como os pintores Waldemar Cordeiro, Geral-
do de Barros, Judith Lauand e muitos outros. Este artistas, podemos destacar, eram mais focados
nos princípios matemáticos da arte concreta, buscando efeitos ópticos de linhas e cores.

Indo mais além, observa-se que os escultores contemporâneos caracterizavam-se por obras abs-
tratas, volumes geométricos e aplicação de formas vazadas. Dentre os principais artistas destaca-
mos Mário Cravo Junior e Frans Krajcberg. Por meio de diferentes técnicas suas obras utilizam-se
de pedras, madeiras, cipós e areia da praia.

Chegamos a um momento bastante complicado para a produção artística brasileira. Os anos 60


e 70 marcaram um período triste da nossa história, a Ditadura Militar. Como sabemos, nestas
décadas os artistas necessitaram de uma dose maior de criatividade para “driblar” censura e
expor suas obras.

VOCÊ O CONHECE?
A Ditadura Militar deixou cicatrizes em todas as esferas artísticas do país. Na moda, a
estilista Zuzu Angel, que teve seu filho preso e desaparecido pelos militares, usou sua
arte para protestar contra as atrocidades cometidas na época. Zuzu passou a usar sua
moda como forma de protesto fazendo - como ela mesma dizia – “a primeira cole-
ção de moda política da história”, usando ao lado dos anjos, as figuras de crucifixos,
tanques de guerra, pássaros engaiolados, sol atrás das grades, jipes e quepes. Para
conhecer mais sobre essa grande personagem das artes que lutou bravamente contra a
ditadura, veja o filme Brasileiro Zuzu Angel, disponível nas locadoras.

Com o fim da ditadura e a Lei da Anistia, em 1985 o país voltou a respirar liberdade e artistas
renomados começaram a deixar o exílio e voltar a produzir obras em seu país natal.

Atualmente, a Arte Contemporânea brasileira conta com diversos expoentes e linguagens, como
o grafite, a colagem, a pintura, vídeo instalações, performances e muitas outras. Dentre os no-
mes mais expressivos, podemos destacar o trabalho com grafite dos gêmeos Otávio e Gustavo
Pandolfo, de Beatriz Milhazes, que mistura técnicas de colagens, pinturas e decalques em suas
obras, e ainda da artista plástica Adriana Varejão, que busca referências na colonização e na
cultura brasileira para fazer uma releitura dos azulejos portugueses. Dentre os artistas que se uti-
lizam de suportes como a web, a imagem e o vídeo, destaca-se o trabalho de Luiza Prado, com
uma obra que explora o próprio corpo para criar fotografias, videoarte e instalações urbanas.

Neste capítulo estudamos alguns dos principais movimentos artísticos de nossa história. Ao longo
deste estudo, percebemos que a arte contemporânea “bebeu na fonte” de vários movimentos
considerados clássicos. A arte neoclássica se apropriou dos conceitos greco-romanos, as obras
dos gravuristas do século XX, utilizava a técnica da litogravura, muito popular no início do século
XIX. Outros artistas contemporâneos buscavam contestar os acontecimentos sociais através de
sua arte. Os modernistas, buscavam uma identidade brasileira, em oposição à “arte importada
da Europa. Nomes como Frans Krajcberg, com sua “arte concreta, abstrata, mas também natu-
ral”, procura conscientizar as pessoas para a degradação do meio ambiente.

19
Síntese Síntese
Nesta aula, você estudou sobre os mais importantes movimentos artísticos que influenciaram as
artes e o comportamento da sociedade no Brasil. Neste capítulo você também pôde:

• Estudar sobre registros artísticos brasileiros, conhecendo as manifestações dos povos pré-
históricos e indígenas;

• Estudar sobre o Barroco, identificando suas características baseadas na pujança econômica


de cada região, conhecer as obras de Aleijadinho;

• Identificar a influência dos portugueses através do Rococó;

• Reconhecer as novas tendências artísticas que surgiram na Europa, como o Academicismo


ou Neoclassicismo, e como elas chegaram ao Brasil;

• Aprender sobre o Romantismo e suas características que valorizavam os sentimentos e a


imaginação;

• Conhecer a Semana de Arte Moderna, movimento que deu inicio ao processo de


modernização da arquitetura brasileira;

• Estudar as ideias modernistas institucionalizadas no Brasil pelo arquiteto Lúcio Costa e


difundidas por artistas como Anita Malfatti;

• Observar que os anos 50 marcaram no Brasil o início da arte contemporânea, propagada


pela arquitetura com a construção de Brasília, por Oscar Niemeyer;

• Perceber que os anos 70 foi um período triste da nossa história, com a Ditadura Militar,
onde os artistas necessitaram de uma dose maior de criatividade para “driblar” censura e
apresentar suas obras, tanto no teatro, quanto nas artes ou na música.

20 Laureate- International Universities


Referências Bibliográficas
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COCCHIARALE, Fernando. A (outra) Arte Contemporânea Brasileira: intervenções urbanas mi-


cropolíticas. Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais EBA. UFRJ, 2004.
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PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2000, p. 232.

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