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RESUMO MIKE SENIOR “TIMING AND TUNING

ADJUSTMENTS”
http://www.cambridge-mt.com/ms-ch6.htm

O processo de edição é completamente necessário atualmente dada as expectativas de


audição do mercado. Em diversas produções, é extremamente esperado que se dedique
um tempo especial para esse processo.

É necessário ter precaução para não exagerar nos processamentos da edição. Correções
de afinação e de tempo devem sempre fazer sentido e servir à música em que se está
trabalhando.

“If an ostensibly out-of-tune note encapsulates the emotion of the music, then have the
courage to let it lie. If the most emotional vocal take has some distractingly duff pitching,
then consider that the general public (and indeed the artist) will probably thank you for
tastefully drawing a veil over it”.
Toda correção de tempo e afinação está sujeita a efeitos colaterais (mesmo que sejam
mínimos). Cabe ao responsável pela edição julgar se o processamento aplicado está
adequado e se ele serve à música.
Por conta da natureza chata do processo de edição, muitos engenheiros de som em
formação não dedicam o tempo suficiente a esse processo e, por conta disso, as mixagens
também ficam mais distantes da realidade comercial.
A dificuldade de corrigir os problemas de uma música sem efeitos colaterais indesejados
também é algo que trava muitos engenheiros em formação quanto ao processo de edição.

Groove and timing.

Corrigir o tempo de determinada performance não significa que isso irá deixá-la sem vida.
Um groove que soa bem naturalmente é diferente de uma performance medíocre.

“True, if you try to turn the drummer into a drum machine, then you’ll probably lose more
in vibe than you gain in consistency; but if you edit the other parts such that they agree
better with the drummer, then the sense of natural rhythmic flow will usually shine
through much more strongly”.
É interessante iniciar o processo de correção de tempo ouvindo e corrigindo inicialmente
um instrumento e depois ir adicionando e corrigindo os outros instrumentos em relação
ao que foi escolhido inicialmente.

Por conta da segurança rítmica, muitos preferem realizar esse processo utilizando a
bateria como o ponto de partida. Em casos de o arranjo não conter uma bateria, é ideal se
começar pelo instrumento que exerce a função rítmica na obra.
É extremamente importante garantir que o groove inicial já tem qualidade antes de tentar
alinhar outros elementos em relação a ele.

A percepção humana de ritmo e groove é relativa e baseada nas expectativas que criamos
em relação a eventos musicais anteriores. A grid de um DAW é útil, mas não deve ser a
única ferramenta utilizada para percebermos e julgarmos o ritmo.

Não é possível realmente avaliar um groove fora do contexto da música, por isso é
interessante começar a analisar o ponto a ser corrigido por volta de dois compassos antes.

Às vezes, ao ouvirmos uma nota fora do tempo, é possível que tenha de se ajustar as notas
anteriores antes de corrigir a nota que parece fora.

Por conta do processo de seleção de takes, é possível que seções diferentes se relacionem
de maneira diferente com a grid do DAW e o bpm da música (algumas mais adiantas,
outras mais atrasadas). É comum que o primeiro instinto seja editar tudo individualmente,
por mais que seja mais prático simplesmente ajustar a seção como um todo para que ela
fique mais próxima da métrica desejada.

É sempre bom verificar o trabalho que já foi feito anteriormente, pois nossa percepção
sobre a qualidade da edição muda de acordo com a quantidade de tempo que estamos
trabalhando.

Uma vez que o instrumento primário (como a bateria) teve seu ritmo corrigido, é
importante continuar editando os seguintes instrumentos de forma hierárquica (do mais
rítmico para o menos rítmico). Depois que alguns instrumentos já estejam solidificados
com o ritmo, é possível que não tenha que se corrigir tanto nos instrumentos que o ritmo
não é um elemento principal.

Em caso de se realizar double tracking com um instrumento, fica mais difícil de perceber
as variações rítmicas quando essas partes estão soando juntas. Por conta disso, é
importante editá-las isoladamente para que elas corroborem com o groove geral da música
antes de realizar a audição de ambas para devida sincronização.

A dificuldade de mesclar elementos sintéticos com elementos humanos é que deve ter a
certeza de que ambos estão bem sincronizados.

É importante prestar atenção na finalização das notas para garantir que o groove soa
natural.

O formato das ondas pode ser um bom guia para sincronizar os instrumentos
“secundários” com o instrumento rítmico principal da música.

Apesar de que editar baseado nas formas de onda e na visão, o julgamento final sempre
deve ser feito pela audição.

Audio editing techniques for timing adjustment


Boa parte da edição de tempo é feita através do processo de cortar o pedaço do áudio que
está fora do tempo, colocá-lo no tempo e fazendo crossfades para evitar cliques e outros
problemas no áudio. Basicamente todos os DAWs atuais possibilitam esse processo.

Para a edição não parecer tão brusca, é importante camuflar os pontos editados colocando
os crossfades em momentos de silêncio. No caso da voz, alguns pequenos pontos de
silencio podem ser encontrados antes de consoantes como “b”, “d”, “g”, “k”, “p” e “t”.

Além de pontos de silencio, momentos ruidosos também podem permitir a camuflagem


de pontos de crossfades por conta da natureza aleatória de ruídos. Em sons musicais,
podemos notar alguns ruídos em momentos de respiração, algumas consoantes como “f”,
“s”, “sh”, “ch”, deslizadas pelas casas de um violão/guitarra e até mesmo uma guitarra
distorcida já é previamente ruidosa o suficiente.

Em casos de ter de editar um ponto de áudio continuo, é ideal colocar os crossfades antes
de transientes ou ataques percussivos. Nesses casos, crossfades curtos funcionam melhor.

No contexto da música, também pode se camuflar muitos pontos de edição em um


instrumento quando outro instrumento tem um ataque/transiente forte acontecendo
simultaneamente. Quase tudo pode ser editado por baixo de um ataque de caixa,
instrumentos mais graves podem ser editados por baixo de ataques do bumbo e
instrumentos mais agudos por baixo dos ataques dos pratos. Em momentos mais
energéticos de uma música (como o refrão), a quantidade de ataques fortes pode ser tão
grande a ponto de mascarar diversas edições.

Em casos de vocais e instrumentos realizando melodias, a forma de onda de notas


sustentadas tende a se repetir regularmente permitindo pontos de edição, desde que
respeitem os ciclos da onda. No entanto, deve-se prestar atenção porque nem todos os
pontos de uma melodia (especialmente cantada) permitem que esse tipo de edição seja
realizado de maneira simples.

Sempre que você move uma nota de lugar, você corre o risco de abrir um buraco próximo
ao ponto editado. Às vezes, esse buraco pode ser deixado lá sem algum problema, mas
em alguns casos – como de uma gravação realizada ao vivo ou com muito vazamento –,
esses buracos podem causar estranhamentos se apenas deixados lá.

Se a peça não permite uma edição natural com crossfades ou os buracos causados por ela
são problemáticos, processamento de time stretching pode ser muito útil para esticar uma
nota de maneira que o buraco deixado anteriormente não seja tão perceptível.

Apesar disso, esse tipo de processamento pode causar muitos defeitos digital no áudio
que não compensam a sua utilização, fazendo com que se recorra simplesmente a edições
com crossfades e processos mais simples.

É importante sempre verificar o que já foi feito assim que terminam os ajustes em um
instrumento, a fim de manter a perspectiva macroscópica da música.
Porque a nossa percepção de tempo também depende dos níveis de cada pista, talvez
tenha de ser necessário revisar algumas dessas edições durante a mixagem a fim de manter
o groove e o ritmo consistente.

Tuning adjustments.

Para evitar problemas de afinação de instrumentos e até mesmo do cantor, o ideal é


resolver esses problemas durante o estágio de gravação.

As pessoas se acostumaram a ouvir vozes perfeitamente afinadas.

Quanto mais os instrumentos estiverem afinados entre si, mais “redondo” vai parecer o
arranjo, facilitando a mixagem. (Isso inclusive leva muitos engenheiros de mixagem a
“afinarem” a bateria de acordo com a tonalidade da música).

Muitos engenheiros de som em formação tendem a ignorar problemas de afinação,


especialmente na voz, dificultando o processo de mixagem visto que é mais difícil de
atingir qualidade comercial em casos assim.

No lado oposto do espectro, muitos engenheiros em formação tendem a corrigir


excessivamente os problemas de afinação de maneira a sugar toda a naturalidade da obra.

Assim como ferramentas de time stretching mencionadas anteriormente, softwares de


correção de afinação tendem a gerar efeitos colaterais no áudio. Mas, ainda assim, não
garantir que uma voz está afinada por medo dos efeitos colaterais não é justificável. O
ideal é aprender a usar as ferramentas de maneira que esses efeitos não sejam perceptíveis.

No geral, softwares de correção de afinação leem melhor frases monofônicas limpas e


sustentadas. Ruídos, distorção, respirações, notas com timbre áspero etc. introduzem
dificuldades para o código do programa ler, de maneira que o resultado analisado poderá
se comportar de forma imprevisível.

Transientes muito fortes ou crepitações no áudio também farão com que o software se
comporte da mesma maneira.

Por mais que os softwares de correção de afinação estejam cada vez mais avançados
(alguns até podendo analisar áudios polifônicos) o seu código ainda está sujeito a todos
esses problemas.

Devido a esses efeitos colaterais específicos, deve-se escolher com cautela quais
instrumentos deve-se afinar. Ex.: Se uma guitarra distorcida está com leves problemas de
afinação, talvez seja melhor editar o baixo ou o vocal para corroborarem com ela e não o
contrário. Se o sinal limpo da guitarra esteja disponível, talvez seja melhor editar a
guitarra e depois adicionar a distorção.

Também por conta dos efeitos colaterais, o ideal é que o material a ser corrigido já esteja
previamente editado e preparado para receber o tratamento corretivo.
Diversos DAWs atuais também permitem a edição de afinação sem utilizar plug-ins
externos. As vantagens de corrigir afinação direto no DAW são os menores riscos de
estragar a musicalidade/naturalidade da peça e encoraja o editor a prestar mais atenção
em cada nota, mesmo que isso leve mais tempo.

Também existem plug-ins que permitem editar a afinação da mesma maneira que seria
feito dentro de um DAW, e geralmente esses softwares também dão mais controle sobre
as formantes – evitando possíveis timbres e pronúncias estranhas durante o processo.

Independente do processo de correção de afinação escolhido, é importante sempre utilizar


os ouvidos e confiar neles para garantir a qualidade do que está sendo corrigido.

Existem também plug-ins que corrigem a afinação automaticamente em tempo real (tal
qual o famigerado Auto-Tune). Apesar desses softwares serem mais rápidos, a sua postura
de encorajar a não prestar tanto atenção em notas individuais pode ser muito prejudicial
em pontos que você provavelmente gostaria de ter um maior controle.

Nesses plug-ins, pedaços de áudio problemáticos mencionados anteriormente (ruídos,


transientes muito fortes etc.) tendem a ser mais problemáticos ainda.

A correção de afinação requer habilidade de escuta musical e um software automatizado


não necessariamente tem essa habilidade, então de qualquer forma você terá de domar o
plugin ou ajustar as correções propostas por ele.

Nesses plug-ins, provavelmente existe um jeito de suprimir a análise das notas e fazer
isso por conta própria, através de midi ou do próprio mixer do DAW. Fazer isso torna o
uso de tal plugin mais musical.

O principal ponto a ser feito na edição de afinação é garantir que o centro tonal de cada
nota está correto e aplicar a correção de maneira mais suave possível.

Um terceiro tipo de software de correção de afinação são plug-ins que primeiro analisam
o áudio previamente de aplicar qualquer correção, em tese prevenindo maiores erros, e
ainda permitem que o usuário corrija as notas manualmente – como é o caso do
famigerado Melodyne. Esses softwares são muito benéficos para correções mais sensíveis
sem alterar momentos em que não precisam ser corrigidos.

Ainda assim, por mais que esses softwares sugiram onde está o problema é mais
importante confiar na própria percepção auditiva do que nas sugestões de uma máquina.

Para corrigir os problemas de afinação de algum elemento do arranjo é importante analisá-


los e aplicar a correção em relação a esse arranjo.

Pausas são extremamente necessárias durante o processo de correção de afinação pois


ajudam a “refrescar” o ouvido e garantir que você não está sugando toda a naturalidade
de uma música.
Além disso, ao final da correção de uma seção, é sempre importante ouvir e analisar a
música como um todo e sem a influência gráfica do plugin para garantir que, de acordo
com a sua percepção, tudo está musical, natural e correto.

The need for speed

Na realidade de um estúdio pequeno, é provável que tenha muito trabalho de edição a ser
feito. Por conta disso, é importante saber como e investir para acelerar esse processo (que
convenhamos, é bem chato).

https://www.youtube.com/watch?v=kb2BOY2hSqY

https://www.youtube.com/watch?v=Gymfz5kcqyQ

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