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2ª VARA CÍVEL
SENTENÇA
I - RELATÓRIO
II - FUNDAMENTAÇÃO
1
Devido a maior relevância da ação ordinária para o deslinde do feito, reportaremos prioritariamente às folhas
desses autos (autos nº 0521.16.001537-1) no decorrer da fundamentação.
II - Os valores cobrados pelo ECAD, em face da natureza privada
dos direitos reclamados, não estão sujeitos a tabela imposta por
lei ou pelo Poder Judiciário. Precedentes do STJ.
III - Ao trazer documentos comprobatórios de pagamentos de
mensalidades ao ECAD, reconhecendo que reproduz música
ambiente para seus clientes, reconhece a ré o direito do autor.
Recurso especial provido.
(REsp 509086/RJ, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 15/08/2006, DJ 11/09/2006, p. 247) (g.n)
Neste ponto, como se verá a seguir, faz-se necessário conferir razão ao autor.
Quando são reproduzidas obras musicais protegidas em eventos realizados por
entes públicos, tem-se inegável a possibilidade de cobrança de direitos autorais pelo
ECAD aos respectivos entes. No entanto, o artigo 71 da Lei nº 8.666/93 traz novo
regramento para as hipóteses em que os eventos festivos forem realizados por
empresas que venceram processo licitatório para exercer tal função. Se não,
vejamos:
“Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do
contrato.
Vejamos:
Não obstante, cumpre ressaltar que o entendimento ora defendido tem por
propósito apenas retirar eventual responsabilidade de recolher os valores devidos
ao ECAD atribuída ao requerente. Tal qual o requerido salientou às ff. 33/41, o
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição é pessoa jurídica legítima para
efetuar a cobrança dos direitos autorais constitucionalmente assegurados aos
autores de obras musicais. Deveria realizá-la, no entanto, em face das empresas
que venceram a licitação, por certo que o requerente não pode dispor arbitrariamente
dos recursos municipais, desonerando as contratadas e prejudicando o interesse
público.
Nesse sentido, conclui-se que o então Prefeito não poderia confessar uma
dívida que jamais foi contraída pelo ente municipal, por certo que estaria dispondo
livremente do patrimônio público. Assim ocorre em função da natureza jurídica do
requerente, pessoa federativa que constitui a Administração Pública direta.
Como se sabe, o Poder Executivo não possui livre disposição dos bens e
interesses públicos, uma vez que atua em nome da coletividade. Por consequência,
encontra-se cercado de sujeições administrativas, impostas pela Lei com o intuito de
evitar lesões ao interesse público. A título de exemplo, citamos as restrições
enfrentadas pelos entes federativos para a alienação de bens, que só podem ocorrer
nos termos previstos em lei.
III – DISPOSITIVO
Consoante Art. 71 da Lei nº 8.666/93, que rege a contratação e licitação pelo poder
Público, "o contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato". E conforme seu § 1º, " A
inadimplência do contratado com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento".
Logo, os referidos instrumentos atendem aos requisitos estipulados no art. 585, II,
do CPC, sendo, portanto, títulos executivos extrajudiciais, revestidos de liquidez,
certeza e exigibilidade.