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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS REFRATÁRIOS


ENGENHARIA FÍSICA

ESTIMA DA RESISTIVIDADE DO ALUMÍNIO A PARTIR DO MÉTODO DAS


QUATRO PONTAS

ÂNGELO MARCOLIN – 9268861


DANILO BELLINTANI – 7963647
DOUGLAS SARDISCO – 8912968

DATA DE ENTREGA: 20/05/19

LORENA – 2019
RESUMO

O método das quatro pontas, desenvolvido por Wernner (1915), é um dos mais confiáveis e
precisos para a determinação da resistividade elétrica de materiais. O presente relatório visa
demonstrar a análise de resistividade de quatro amostras de alumínio e compará-las com a
informação encontrada na literatura. O resultado final obtivo foi factível, mesmo possuindo um
erro experimental na faixa dos 12%.

Palavras chave: Quatro pontas, resistividade, alumínio


1 INTRODUÇÃO
O experimento realizado visa a determinação da resistividade de pequenas placas de alumínio de
diferentes dimensões. Quatro placas foram analisadas a partir do método das quatro pontas, na
qual a distância de medição de tensão foi mantida igual para que os resultados fossem o mais
próximo possível da literatura.

Sucintamente, a variação de tensão entre dois pontos, distantes 1cm um do outro, foi medida a
partir de uma variação gradual e padronizada de corrente aplicada. A partir disso, os dados foram
plotados e o resultado foi trabalhado algebricamente para determinarmos a resistividade do
material em questão.

2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Objetivos
O presente relatório visa analisar a resistividade de placas de alumínio de diferentes dimensões a
partir do método das quatro pontas.

2.2 Teorias e Metodologias


2.2.1 Resistividade de materiais metálicos
Desde o início do início da física, nos deparamos com a grandeza Resistência Elétrica, que é,
basicamente, o quanto o material consegue “restringir” da passagem de corrente. Porém, a
resistência elétrica depende diretamente das dimensões do material, o que a torna variável
conforme as condições de experimento.

Porém, há outra propriedade, padronizada e, portanto, mais confiável, que também está
relacionada com a “restrição” de passagem de corrente por um material: a Resistividade Elétrica
(GIROTTO; SANTOS, 2001). Essa grandeza não depende das dimensões do material, é uma
propriedade intrínseca da matéria. No caso do alumínio, a sua resistividade de acordo com
Newnham (2005), encontra-se em 2,5 ∗ 10−8 Ω. 𝑚.

2.2.2 Método das quatro pontas


O método das quatro pontas foi elaborado por Wenner (1915) para medir a resistividade do globo
terrestre. Porém, em 1954, Valdes adaptou a metodologia para que pudesse ser aplicada a análise
de resistividade elétrica de sólidos.

A Figura 1 mostra o arranjo experimental do método. Basicamente, as duas pontas da extremidade


são responsáveis por alimentar a amostra com uma corrente controlada. Enquanto isso, as pontas
do meio fazem a leitura da voltagem. A variação controlada da relação corrente/tensão possibilita
a análise da resistência analisada que, subsequentemente, possibilita a determinação da
resistividade do material.
Figura 1 - Arranjo para medidas de resistividade pelo método quatro pontas. A letra “s” representa a distância entre
as pontas, que deve ser conhecida.

Fonte: GIROTTO; SANTOS, 2001.

De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2009), a relação entre a resistência e a resistividade
pode ser dada por
𝑙
𝑅= 𝜌∗
𝐴
Nessa equação, 𝑅 é a resistência do material, 𝜌 é a resistividade intrínseca ao material, 𝑙 é a
distância entre as duas pontas de medição de tensão e 𝐴 é a área da secção transversal do material
em análise. Rearranjando, temos que
𝐴
𝜌=𝑅∗
𝑙

2.3 Procedimento Experimental


Conforme explicado anteriormente, o método das quatro pontas foi utilizado para determinar a
variação de tensão a partir de uma variação controlada de corrente aplicada. Primeiramente, as
dimensões de interesse de cada amostra foram medidas. Nos contatos das extremidades
(fornecedores de corrente), a corrente foi variada de 0𝐴 até 0,5𝐴, com passo de 0,1𝐴 e, a partir
de 0,5𝐴, a corrente foi incrementada até 2,5𝐴, com passo de 0,5𝐴.

A partir da variação de corrente, a tensão em cada ponto foi medida e os dados foram plotados
utilizando a plataforma Microsoft Excel. Com auxílio dessa plataforma, os dados foram
linearizados e equacionados para que fosse obtido a resistência média da cada uma das quatro
amostras. Após isso, a resistividade para cada amostra foi calculada, a média das resistividades
foi obtida e comparada com o encontrado na literatura.
2.4 Resultados
As dimensões medidas foram apresentadas pela Tabela 1 e os dados obtidos de tensão a partir da
variação da intensidade de corrente foram apresentados pelas tabelas de 2 a 5

Tabela 1 – Dados de largura e espessura das amostras, em metros, e área da secção transversal calculada, em metros
quadrados.

Área da Secção
Transversal
Nº da Amostra Largura Espessura
(Largura x
Espessura)
1 0,00390 0,0007 0,00000273
2 0,00385 0,0010 0,00000385
3 0,00300 0,0008 0,00000240
4 0,00300 0,0006 0,00000180
Fonte: o Autor.

Tabela 2 – Dados de corrente versus tensão da amostra 1 Tabela 3 – Dados de corrente versus tensão da amostra 2

Corrente (A) Tensão (mV) Corrente (A) Tensão (mV)


0,1 0,007 0,1 0,012
0,2 0,015 0,2 0,016
0,31 0,025 0,3 0,02
0,4 0,032 0,4 0,026
0,51 0,04 0,5 0,032
1,01 0,082 1 0,059
1,5 0,121 1,5 0,088
2 0,165 2 0,117
2,5 0,207 2,5 0,144

Tabela 4 – Dados de corrente versus tensão da amostra 3 Tabela 5 – Dados de corrente versus tensão da amostra 4

Corrente (A) Tensão (mV) Corrente (A) Tensão (mV)


0,1 0,002 0,1 0,016
0,2 0,011 0,2 0,03
0,3 0,017 0,3 0,039
0,4 0,026 0,4 0,052
0,5 0,032 0,5 0,065
1 0,068 1 0,124
1,5 0,101 1,5 0,185
2 0,136 2 0,244
2,5 0,166 2,5 0,307

Fonte: o Autor.
A partir desses dados, foi realizada uma plotagem, mostrada pela Figura 2, e posterior linearização
para que encontremos a resistência média (em 𝑚Ω). Tal linearização gerou as seguintes equações:

 Amostra 1: 𝑉(𝑖) = 0,0831𝑖 − 0,0016; logo 𝑅1 = 0,0000831 Ω


 Amostra 2: 𝑉(𝑖) = 0,0559𝑖 + 0,0044; logo 𝑅2 = 0,0000559 Ω
 Amostra 3: 𝑉(𝑖) = 0,0685𝑖 − 0,0026; logo 𝑅3 = 0,0000685 Ω
 Amostra 4: 𝑉(𝑖) = 0,1207𝑖 + 0,0040; logo 𝑅4 = 0,0001207 Ω

Figura 2 – Plotagem dos dados de corrente versus tensão

V (MV) X I (A)
0,35
Tensão
0,3 (mV)
0,25
Tensão
0,2 (mV)

0,15 Tensão
0,1 (mV)

0,05 Tensão
(mV)
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Fonte: o Autor.

A distância entre os terminais de leitura de tensão foi mantida em 𝑙 = 1 𝑐𝑚. Aplicando os valores
obtidos de área e resistência de cada amostra, obteve-se o valor de resistividade para cada uma
delas.

 Amostra 1: 𝜌1 = 2,26863 ∗ 10−8 Ω. 𝑚


 Amostra 2: 𝜌2 = 2,15215 ∗ 10−8 Ω. 𝑚
 Amostra 3: 𝜌3 = 1,64400 ∗ 10−8 Ω. 𝑚
 Amostra 4: 𝜌4 = 2,17260 ∗ 10−8 Ω. 𝑚

Com os valores apresentados obtivemos a resistividade média de 𝜌̅ = 2,16238 ∗ 10−8 Ω. 𝑚.

2.5 Discussão
Em comparação com a literatura, o resultado possui um erro aproximado de 12%. Apesar de
relativamente grande, o resultado é factível tendo em vista algumas dificuldades ocorridas. No
desenvolver do experimento, não foi possível realizar uma correta fixação das pontas de corrente
e tensão, porque, por algum motivo não compreendido pelo grupo, a solda com tintura de prata
não funcionou. Então foi necessário fixar os terminais de corrente com as pontas do tipo “jacaré”
e as pontas de tensão foram seguradas na mão com terminais finos na própria amostra.

A fixação provavelmente colaborou para essa porcentagem de erro, além disso, os valores de
resistividade característicos são dados para temperaturas próximas a 20ºC e um controle de
temperatura não foi estabelecido para a realização do experimento.

2.6 Conclusão
O experimento foi realizado com certo sucesso, porém alguns detalhes, como os já discutidos
anteriormente, não possuíram a atenção necessária. Além disso, ao analisar o trabalho de Girotto
e Santos (2001), pode-se perceber que talvez uma outra relação de resistividade que leva em
consideração também a distância entre as pontas de corrente poderia ter sido utilizada para
diminuir o erro experimental.
REFERÊNCIAS
GIROTTO, Emerson; SANTOS, Ivair. MEDIDAS DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA DC EM
SÓLIDOS: COMO EFETUÁ-LAS CORRETAMENTE. Química Nova, São Carlos, v. 25, n. 4,
p.639-647, 24 ago. 2001.

NEWNHAM, Robert. Properties of Materials: Anisotropy, Symmetry, Structure. New York:


Oxford University Press Inc., 2005.

WENNER, F. et al. Bulletin of the Bureau of Standards. V. 12, p. 469-478, 1915.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física. 8. ed. S.l:
Ltc, 2009.

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