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ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA

24 a 26 de agosto de 2011

XVII CONSIN A M Claret Incêndio: Risco e Vulnerabilidade 1


Prof. A M Claret, UFOP
claretgouveia@uol.com.br

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 Discutir:
 Conceitos de Risco e Vulnerabilidade em
Engenharia de Incêndio (EI)
 Incêndios como “Desastres”
 Aplicação de conceitos do Gerenciamento do
Risco de Desastres Naturais (DRM) à EI

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Apartment Building Fire, Chicago Thinking of Global Disaster
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 Origem nos anos 50s:
 O conceito de risco merece atenção da
Sociologia, Psicologia, Filosofia, Economia.
 São investigadas as consequências de
determinados eventos – “outcome risk” – como
de uma “guerra nuclear”, “invasão russa”,
“ataque terrorista”.

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 Eventos sobre os quais não decidimos, mas
cujos efeitos sofremos.
 Eventos inexoráveis – “fatalidades”.
 Grande número de vítimas.
 Incêndios poderiam ser incluídos pela
inexorabilidade desses eventos.
 Incêndios não poderiam ser incluídos pelo
número de vítimas (em geral, não muito
grande, em torno de 50).

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 1992: U. Beck publicou Risk Society: towards
a new modernity (versão do original alemão
de 1986).

 1993: N. Luhmann publicou Risk: a


sociological theory

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 “Na sociedade moderna, a produção de
bem-estar é acompanhada pela produção de
riscos” (U. Beck)
 O risco específico para uma pessoa existe
ou surge apenas com sua decisão de
assumí-lo, isto é, o risco é “manufaturado”
e não “natural” ou “externo”.
 Conceito de “risk takers”.

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É Proibido Fumar
Skank

É proibido fumar
Diz o aviso que eu li
É proibido fumar
Pois o fogo pode pegar
Mas nem adianta o aviso olhar
Pois a brasa que agora eu vou mandar
Nem bombeiro pode apagar
Nem bombeiro pode apagar

Eu pego uma garota


E canto uma canção
Nela dou um beijo
Com empolgação
Do beijo sai faísca
E a turma toda grita
Que o fogo pode pegar
Nem bombeiro pode apagar
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 Duas categorias de “riscos”:
 Riscos produzidos internamente pelas
sociedades modernas – riscos
“manufaturados”, causados por forças
humanas
 Riscos “externos” – riscos não causados por
forças humanas – incluem os desastres naturais.
 Conceitos racionalistas, na esteira de Jürgen
Habermas.

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 Incêndios em edificações como “risco”
produzido pelas sociedades modernas (e
em todos os tempos!)

 Incêndios não são riscos externos (e não


seriam desastres).

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 C. Starr, 1969, UCLA, Social benefit versus
social risk
 N. Rescher, 1983, U. Pittsburgh, Risk: a
philosophical introduction to theory of risk
evaluation and management

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 “Risk takers” versus “risk runners”
 Quanto a sociedade está disposta a pagar
pela sua segurança?
 Quão seguro é suficientemente seguro?

 Risk management, risk evaluation


 Não importa se os riscos são naturais ou
não: incêndios se incluem ao lado dos
desastres naturais.
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 J Persson, 2007, Lund, Sweden, Risks in the
interstices of knowledge
 Riscos, naturais ou não, são “gerenciáveis”
 Perigos (Hazards) “não são gerenciáveis”

 Semelhança entre “gerenciável” e


“racionalmente admitido”
 Ética e Controle Social

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 Incêndios situam-se “ao lado” dos
Desastres (Naturais)
 Número de vítimas
 Incêndios – de zero a centenas
 Desastres naturais – de zero a milhares
 Ocorrência aleatória
 Incêndios: abordada pela Teoria das
Probabilidades
 Desastres Naturais: ?

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 Ocorrência simultânea
 Incêndios conseqüentes a desastres naturais
 Desastres naturais conseqüentes de incêndios

 Utilidade do “intercâmbio” de conceitos


 Incêndios são velhos conhecidos
 Desastres naturais recebem maior atenção no
momento
 Desastres naturais: “solidariedade” por serem
eventos globais
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... seria melhor buscar a resposta
no Gerenciamento de Riscos de
Desastres (DRM).

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 Contraste
 Conceito de Risco: abordagem por teorias
científicas, elaboradas dentro de diversos
domínios a exemplo da Filosofia e da
Sociologia.
 Risk Management: desenvolveu-se a partir de
experiências práticas de diferentes
comunidades “políticas” (Humanitárias, pró-
Desenvolvimento, Ambientalistas)

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 Propostas de métodos de abordagem
prática do risco de desastres naturais
surgiram no setor de ajuda humanitária
para situações de emergências.
 Desastre natural é visto como um evento
natural (também chamado de perigo,
hazard) como terremotos, enchentes,
deslizamento de terras, tempestades,
erupções vulcânicas.
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 O evento natural é igual ao risco:

R=H
 A grandeza do risco é igual à grandeza ou
intensidade do evento natural.
 H é visto como inevitável.
 DRM é na verdade um “Disaster
Management”.

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 Governos, agências internacionais e
pesquisadores focalizam um
“gerenciamento de desastres stricto-
sensu”, isto é:
 Modos de reagir prontamente aos desastres
naturais;
 Na melhor das hipóteses, preparações in
advance para reagir prontamente quando o
desastre ocorre.

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 O incêndio visto como uma “fatalidade”
para cujo “combate” era preciso estar de
plantão.
 O Estado deveria estar apto para prover o
atendimento de emergência a vítimas e
auxiliar o escape dos envolvidos.
 As edificações deveriam ter proteção
passiva para evitar o colapso estrutural.
 Joelma, Andraus e Caixa Econômica –
grandes incêndios brasileiros dessa época.
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 Início dos anos 70s – os profissionais de
planejamento urbano começam a chegar ao DM por
causa da necessidade de preparar alojamentos
temporários e projetar a reconstrução de áreas
atingidas.
 Nessa época, já se havia concluído que o mesmo
desastre natural poderia ter impactos diversos
sobre o ambiente construído. Isto promoveu a
chamada de outras áreas da engenharia a contribuir
na “redução do risco”.
 Houve o amadurecimento de que o Risco envolve as
conseqüências e que estas dependem da
vulnerabilidade do “sistema”.

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R=H+V
 “Disaster Management” se transforma em
“Disaster Risk Management” porque o foco
de atenção se transfere para a
vulnerabilidade social e econômica das
populações.

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 Grau no qual as comunidades ou os
sistemas são susceptíveis às perdas
materiais, ambientais e humanas em
conseqüência de desastres naturais.
 Vulnerabilidade descreve as condições
existentes em um sistema que o fazem
não resistir ao impacto de um evento
natural (perigo ou hazard).

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 O oposto da “vulnerabilidade” é a
“resiliência” que é a medida da capacidade
de uma comunidade, organização ou
sistema de manter um nível aceitável de
operacionalidade no caso da ocorrência de
um evento desastroso, ou ainda, a
capacidade do sistema de se adaptar
rapidamente à nova situação, tornando-se
apto a “resistir” a novos ataques ou
ameaças.

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 Físicas
 Geologia do local
 Clima
 Falta de infraestrutura urbana, de transportes e para
atendimento à saúde

 Sociais
 Nível de educação da população
 Cumprimento das leis
 Bom Governo
 Acesso a direitos humanos
 Ambiente de paz e segurança
 Valores tradicionais e crenças

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 Econômicas:
 Altos níveis de corrupção
 Dependência externa em produtos básicos de consumo
 Ambientais:
 Poluição do ar
 Falta de instalações sanitárias
 Organizacional e Institucional
 Falta de instituições para DRM
 Falta de leis para DRM
 Falta de cooperação interinstitucional
 Falta de aprendizado mútuo

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 Minorias étnicas
 Crianças e idosos
 Portadores de necessidades especiais
 Mulheres mães-chefes de família
 Pobres
 Menos instruídos

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 No início dos anos 90s, surge “de fato” a
Engenharia de Incêndio com os grandes
ensaios de incêndios naturais da Austrália e
de Cardington (UK).
 A EI se propõe não a “resistir ao incêndio”
(como na fase anterior) mas a reduzir a
probabilidade do início de ignição, de seu
desenvolvimento e da sua propagação.

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 A proteção ativa (alarmes, chuveiros
automáticos, detectores de calor e fumaça,
meios de acesso das viaturas de combate) é
utilizada como meio para reduzir a
vulnerabilidade física das edificações.
 A educação para a segurança, a boa
organização, a cultura de segurança e a
obediência às normas de segurança são
preconizadas como meios para reduzir a
vulnerabilidade social.

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 A manutenção periódica das instalações de
proteção, a redução da carga de incêndio e
o controle de combustibilidade dos
materiais de acabamento reduzem a
vulnerabilidade ambiental.
 A atuação dos órgãos de fiscalização, a
disponibilidade de ensaios e a pesquisa
reduzem a vulnerabilidade institucional.

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 International Decade for Natural Disaster
Reduction – IDNDR que resultou em
programas pilotos no domínio do DRM.
 Início de um movimento do DRM para a
“redução de riscos” nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
 Mas, o foco se efetivou no contexto pós-
desastre (emergência, reabilitação e
reconstrução).
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 Evolução das tecnologias de CFD para a
simulação de escape em grandes edifícios.
 Abordagens experimentais dos problemas
de escape em túneis.
 Consolidação dos estudos de Cardington e
novos métodos de proteção estrutural.
 Novas normas européias que consagraram
novas tecnologias.

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 Entende-se que o processo de
desenvolvimento é que cria diferentes
níveis de vulnerabilidade.
 A integração do DRM com o planejamento
de desenvolvimento (contexto pré-
desastre) torna-se o foco principal.
 United Nations entende que a redução de
risco de desastres requer o engajamento
em um longo processo de
desenvolvimento.

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 Trata-se da edificação geneticamente
segura: o processo construtivo inclui a
segurança contra incêndio em todas as sua
etapas.
 Os órgãos de fiscalização se aparelham
para discutir as soluções que não se
enquadram em soluções padrões.
 Adota-se o performance based design.

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 Desastre:
 interrupção da “operação” normal de um
sistema, disparada por um gatilho natural ou
humano, causando danos sociais, econômicos,
ambientais e à vida, e deixando as comunidades
afetadas sem condições de subsistir sem
assistência externa.

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 Perigo (Hazard)
 Evento geológico, atmosférico ou hidrológico
(por exemplo: terremoto, deslizamento de
terra, erupção vulcânica, tempestade, secas,
enchentes) que tem o potencial de causar
desastres.
 Perigos naturais não são necessariamente
causados por forças puramente naturais. A
atividade humana contribui para a sua criação
(como, por exemplo, um deslizamento de terra
causado por degradação ambiental).

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 Perigo:
 Evento devido a forças gravitacionais, térmicas,
químicas, eletromagnéticas e geodinâmicas que
tem o potencial de causar desastres.
 Incluem os incêndios florestais e os incêndios de
edificações.

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 Risco:
 Probabilidade de conseqüências negativas ou
danos resultantes da interação entre perigos
naturais ou induzidos pelo homem (H), e da
vulnerabilidade (V) do sistema.

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 Incêndios podem se situar entre os
desastres naturais.
 A Engenharia de Incêndio pode se
beneficiar das pesquisas que vêm sendo
conduzidas na área dos desastres naturais.

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Obrigado pela atenção!

claretgouveia@uol.com.br

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