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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CAMPUS - ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

Cornelio Samuel Soto Fuentes


RGM 20185201
Laudelino Lima de Sant Ana
RGM 1820397
Jansen Ferecini Alves
RGM 1830056
AVARÉ - GRUPO 1

PROJETO INTEGRADOR l

“GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE


BIOMASSA CARBONIZADA ”

AVARÉ-SP
2018
2

UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CAMPUS - ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

Cornelio Samuel Soto Fuentes


RGM 20185201
Laudelino Lima de Sant Ana
RGM
Jansen Ferecini Alves
RGM
AVARÉ - GRUPO 1

PROJETO INTEGRADOR l

“GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE


BIOMASSA CARBONIZADA ”

Engenharia da computação da Universidade Virtual


do Estado de São Paulo - campus – Avaré -SP,como
requisito parcial à obtenção de nota avaliatória.

Tutor :Prof. Roger Soares de Jesus Mello

AVARÉ-SP
2018
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GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE BIOMASSA CARBONIZADA

1 . RESUMO

O objetivo do presente trabalho é transformar em energia térmica rejeitos de biomassa rica cm


propriedades térmicas e energéticas, que são descartados no meio ambiente causando muitos
transtornos e poluição. Dando como exemplo: restos de galhadas de podas de arvores e pomares,
restos vegetais provenientes de carpinas , cascas de diversos cereais (palha de arroz, trigo, soja
,etc..), descartes de obras (madeiras utilizadas em obras, marcenarias, moveis velhos ) , restos
sólidos orgânicos de industrias, etc.. Estes compostos orgânicos são triturados e em seguida são
carbonizados através de uma estufa térmica. Após este processo concluído, esta biomassa é
compactada em forma de briquetes com objetivo de dar maior poder calorífico e energético,
tornando a uniforme e denso com propriedades térmicas ideais. Estes briquetes servem de
combustível térmico para o acionamento de um motor do tipo stirling , que tem o funcionamento
baseado na diferença de temperatura , ar quente e ar frio , com a combustão externa, nos extremos
da câmara do êmbolo variável (pistão) , que segundo o cientista CARNOT do séc. XVIlI ,
pioneiro neste conteúdo, a maior eficiência de um motor térmico está na maior diferença de
temperatura que uma máquina pode alcançar.

Palavras-chave – biomassa renovável, motor stilling .


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2. INTRODUÇÃO

O conceito de sustentabilidade é um elemento chave no movimento global. A busca


por combustíveis fósseis é contínua. Assim, são cada vez maiores os investimentos em
fontes de energia renováveis de forma a diversificar a matriz energética mundial. Neste
contexto, a biomassa exerce um papel bastante relevante, sendo uma das fontes de energia
renovável mais explorada no planeta ( RODRIGUES,2009).
Uso da Biomassa como combustível de uma forma simplificada, “Biomassa” é toda
forma de vida vegetal existente acima da superfície utilizada como fonte de energia. Entram
nesse espaço efetivamente: árvores, plantas, arbustos, frutas etc. (Lora, 2003).
Certamente o primeiro combustível utilizado pela humanidade foi a biomassa. Com
a descoberta dos combustíveis fósseis seu uso ficou mais restrito. Com a redução constante
das reservas de combustíveis fósseis, sendo estes não renováveis, aliado à grande poluição
causada com a queima dos mesmos, o uso da biomassa como combustível volta a ganhar
força. Os países tropicais apresentam grande vantagem em relação a tal combustível,
devido ao clima tropical, o qual, favorece o cultivo de biomassa. Este é o caso do Brasil,
que se destaca pela grande riqueza vegetal.
.Nos países desenvolvidos, onde os combustíveis fósseis se constituem com a base
energética, a biomassa também se faz presente, sendo comum o aproveitamento de resíduos
florestais, urbanos e industriais como fonte de energia ( RODRIGUES,2009).
Segundo Filippetto (2008), na busca por fontes energéticas alternativas e sustentáveis,
a utilização de biomassa é vista como uma das possíveis alternativas a uso das fontes
fósseis. A sustentabilidade do uso de biomassa, todavia, requer um manuseio cuidadoso e
consciente dos recursos naturais, para evitar desequilíbrios ambientais e destruição de
ecossistemas.
Para Gonçalves (2010), a produção de biomassa para fins energéticos renováveis,
gera empregos e requer menor investimento por posto de trabalho criado do que os
combustíveis fósseis.
Além disso, tem o ciclo de carbono fechado (o que significa diminuição das emissões
de poluentes) e economiza as fontes não renováveis.
Devido a estes fatos, a reciclagem de produtos provenientes da biomassa descartadas
no meio ambiente que não são de costume utilizadas ,se torna importante tanto no ponto de
vista econômico quanto ambiental, pois resulta em menor consumo de matéria-prima não
renovável e na diminuição de áreas de deposição de resíduos (Lora, 2003).
No entanto, o hábito inconsequente de se livrar deste tipo de biomassa, através de
queimadas, contribui para o aumento do efeito estufa, que nos tempos atuais , são os
causadores de todo o desequilíbrio climático e ambiental. Usar a biomassa de forma
consciente, como forma de fonte energética renovável se torna uma alternativa responsável
e viável.
Para comprovar esta viabilidade desta biomassa foi desenvolvido dois protótipos : um
protótipo de uma mini estufa de carbonização , acoplada com um moedor de matéria
carbonizada e outro protótipo de um motor “stiling” ,que consiste numa maquina
termodinâmica simples de combustão externa , além de uma prensa simples para formar
briquetes carbonizados . Neste motor é acoplado um gerador elétrico que fornece energia
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elétrica suficiente para acionar aparelhos domésticos e iluminação elétrica através de


lâmpadas de leads.
O princípio do Motor Stirling é completamente diferente dos motores de combustão
interna comuns. Motor Stirling e um motor térmico, que trabalha a partir da energia
proveniente da expansão e contração de um gás. De acordo
com a lei dos gases ideais, que relaciona as propriedades do gás: temperatura (T), pressão
(P) e volume (V) com número de moles (n).
PV= nRT
onde R é a constante dos gases.
Ou seja, todo ciclo termodinâmico envolve transformações com a variação de uma destas
três grandezas fundamentais dos gases, que podem ser relacionadas de acordo com a
equação (HIRATA, 1995).

Histórico

O motor Stirling foi inventado em 1816 pelo reverendo Robert Stirling, na Escócia, e
apresentou na época, a vantagem de ser um motor mais seguro comparado com os motores
a vapor utilizados até então, principalmente pelo menor nível de pressão utilizado pelo
motor inventado por Stirling. O motor Stirling teve um uso comum até os anos de 1920,
quando os motores de combustão interna e os motores elétricos o tornaram redundante. O
motor Otto foi inventado em 1877 e o motor diesel em 1893, e estes apresentavam maior
potencia comparado aos motores Stirling da época. (HIRATA, 1995). Além disso, os
motores Stirling requeriam uma atenção especial em sua manufatura, que tinha uma
tolerância mais estreita do que a requerida pelos motores de combustão interna. A
combinação de um menor custo de manufatura e uma maior potência gerada pelos motores
de combustão interna levaram ao desaparecimento comercial do motor Stirling (HIRATA,
1995).
Após a segunda Guerra Mundial, com a invenção da classe dos aços inoxidáveis, e
com o aumento do conhecimento matemático que explica a operação do ciclo do motor
Stirling, acarretou no desenvolvimento de um motor mais barato e mais eficiente. Quando a
tecnologia do motor aumentou, a sua capacidade de usar qualquer combustível disponível
passou a gerar interesse em seu principio novamente (HIRATA, 1995). Devido ao motor
Stirling ser de combustão externa, e não requerer re-enchimento, ele é indicado para regiões
isoladas, onde não se necessitam geração de potência, ou seja, trabalhando como geração
distribuída (HIRATA, 1995).
.

Como Funciona o Motor Stirling ?

O “ciclo” é composto por quatro processos termodinâmicos seqüenciais (ciclo


termodinâmico ideal). Cada fase do ciclo corresponde a uma transformação termodinâmica
(processo) do fluido de trabalho (gás). Na realidade as fases não se processam
isoladamente, o funcionamento aqui descrito é o teórico. Serão usadas as denominações:
“pistão frio” para se designar o pistão do lado frio do motor da configuração já apresentada,
e “pistão quente” para o pistão do lado que trabalha com as temperaturas mais elevadas.
(Barros, R. W. 2003).
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3. OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo transformar rejeitos de biomassa em energia de


grande potencial energético , fornecendo uma energia renovável com muitos benefícios aos
que se dedicarem a implantar este projeto. Energia esta que é indispensável para a o
cotidiano das pessoas e para o desenvolvimento econômico de uma população. Além de
diminuir muito o impacto ao meio ambiente, evitando a contaminação de mananciais e
quando depositados indiscriminadamente em terrenos baldios e incinerados, que é o mais
comum, poluem o ar, favorecendo efeito estufa.
Este projeto não tem a intenção de concorrer com os grandes fornecedores de energia,
mas sim, conscientizar as pessoas que é possível aproveitar tais rejeitos de biomassa com
responsabilidade , protegendo o meio ambiente deixando um mundo melhor para as
próximas gerações.
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4 . MATERIAIS E MÉTODOS

Existe uma grande quantidade de tecnologias para os processos de conversão da


biomassa em energia, que incluem desde a simples combustão para obtenção da energia
térmica até processos físico-químicos e bioquímicos complexos para a obtenção da energia
térmica de combustíveis líquidO e gasosos e outros produtos (MME, 2007).

Alguns dos processos de conversão de biomassa estão listados na fig.2

fig. 2 processos de conversão


de biomassa . (MME, 2007)

4.1 . Analisando as biomassas para teste

Como fonte energética, a biomassa pode ser utilidazada tanto na combustão direta como na
gasificação. Para que seu uso seja eficaz, exige-se algum processo de limpeza, para
remoção de resíduos, terra, areia, entre outros, e, posteriormente, por um tratamento
termomecânico tal como: secagem, torrefação, carbonização, trituração ou compactação
(briquetes ou páletes) (RENDEIRO, 2008).

Com o objetivo de analisar o poder calórico e seu poder energético e posterior


rendimento , foram selecionados três tipos diferentes de biomassa:
a) Rejeito de galhada
b) Cavaco de serraria
c) Capim braquiária
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Para cada tipo de biomassa o processo executado foi o mesmo ,que consiste em
primeiro lugar a trituração dos mesmos, para posteriormente serem melhor acondicionados
no compartimento interior da estufa. Neste procedimento de carbonização, tem o objetivo
de retirar o máximo possível da umidade da biomassa , aproveitando o máximo do seu
potencial energético, pois quando incineramos a biomassa crua (não carbonizada) , ela usa
parte de seu potencial calorífico para retirar a água existente em sua estrutura. Já com o
material carbonizado o rendimento é maior, pois existe um mínimo de umidade no
material, além de que devido, o material ter pouca umidade corre menos risco de
contaminação por microorganismos que deterioram o material deixando-o sem
aproveitamento calorífico. Por isso pode ser armazenado por um longo tempo , que um
fator importante para os dias de chuvas e entre safra. Na seqüencia são apresentados os
procedimentos utilizados para tratamento da biomassa a ser analisadas:

4.2 .Secagem

A proposta deste tratamento térmico é a remoção da água contida na biomassa ou a


redução da impureza denominada umidade e como consequência o aumento do poder
calorífico do combustível. Durante a secagem é necessário fornecer calor para evaporar a
umidade do material e também deve haver um sorvedor de umidade para remover o vapor
de água, formado a partir da superfície do material a ser seco. Em consequência da
quantidade e variedade de produtos a serem secos, existem diversos equipamentos
comerciais disponíveis para tal prática (PARK,et al, 2007).
Segundo Lippel (2012b) , a secagem de biomassa (bagaço de cana , casca de madeira,
cavacos, serragem , maravalha e outros tipos) serve como um estágio preliminar da
paletização, briquetagem e gaseificação. Ressalta-se ainda que este processo reduz os
custos de transporte e estocagem e cria condições ideais para a queima direta ou para obter
briquetes (biomassa compactada) de alta qualidade.
Quando a biomassa é utilizada pára a geração de energia , a umidade influência
negativamente na qualidade de calor liberado durante a queima, diminuindo a eficiência
energética. Durante a queima da biomassa, parte da energia liberada é utilizada para
evaporar a água relativa ao teor de umidade, diminuindo o poder calorífico superior
(FARINHAQUE, 1981; LIMA,et al, 2008, RODRIGUES, 2009 et al, 2012)
LIMA et al (2008), avaliaram a variação do poder calorífico superior em função da
umidade da madeira ( Eucalytos benthamii de sete anos) utilizando-se um calorímetro
(IKA,modelo 5000), conforme a norma ABTN NBR 8633/1984.
E concluíram que o poder calorífico da madeira é inversamente proporcional ao seu teor de
umidade no momento da queima. Quando se utiliza a secagem da madeira no campo, o
poder calorífico do eucalipto Benthamii varia de 3358,889 kcal/kg a 3713,819 kcal/kg
(14063 kj/kg a 15549 kj/kg). Sendo que a partir de 60% de umidade, não ocorre combustão
da madeira devido a elevada quantidade de águas presente.
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4.3. Tratamento e compactação da biomassa em Briquetes

A biomassa in natura como combustível possui baixa eficiência energética, pois se


trata de um combustível heterogêneo de baixa qualidade, devido algumas características
gerais que dificultam o seu uso direto, como por exemplo: o alto teor de umidade, o baixo
poder calorífico, a granulométrica irregular e o baixo teor de carbono fixo associado ao alto
teor de matérias voláteis. Assim, na maioria dos casos , é necessária a utilização de
processos industriais com o intuito de melhorar e padronizar essas propriedades energéticas
(RODRIGUES, 2009; GONÇALVES, et al, 2012).
A Transformação da lenha em outros combustíveis mais “nobres” limita-se
praticamente á produção de carvão vegetal, provando que o mercado se encontre
praticamente “monopolizado”por apenas dois produtos: lenha e carvão. A eventual
disponibilidade de outros bicombustíveis tornaria o mercado mais competitivo e dinâmico,
promovendo melhoras na qualidade das ofertas e conseqüentemente obrigando o segmento
produtivo a modernizar-se para aproveitar de forma mais racional as fontes energéticas
disponíveis (Fonseca Felfi , 2003).
Equipamentos comerciais disponíveis para tal prática A briquetagem consiste em um
processo mecânico de compactação ou densificação de pequenas partículas de material
sólida, no qual , a pressão de compactação adotada e as temperaturas geradas têm influência
direta nas propriedades do briquete produzido (PARK et al, 2007).
Filippeto (2008) define esse processo como a aplicação de certa pressão,com ou sem
apresença de um agente aglutinante, em uma massa de partículas dispersas com objetivo de
torná-las um sólido geométrico compacto de alta densidade. O aumento de temperatura
durante a briquetagem ocorre devido ao atrito e ´pressões envolvidas. Alguns fatores
podem afetar este processo, como por exemplo , o tamanho das partículas, a pressão e
temperatura de briquetagem e a umidade das partículas.
A compactação de resíduos vegetais providencia um produto (briquete), diretamente
competitivo com a lenha e o carvão vegetal, podendo , em alguns casos,9 ser um ótimo
substituto. A compactação é uma alternativa não somente para aproveitar resíduos, como
para facilitar o transporte destes para aplicações em lugares distantes da fonte
(FILIPPETTO, 2008 ; VILAS BOAS, 2011).
Em relação às tecnologias de compactação , Silva (2007) e Filippeto (2008) e
Gonçalves (2010) citam os equipamentos referenciados por Bhattacharya et al (1989)
empregados na compactação da biomassa :
a) Prensas de pistão mecânico:
A matéria-prima é alimentada e compactada em uma matriz por meio de um pistão
que se movimenta alternadamente (fig. . 4).
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Fig.4 Prensa mecânica(Fonte: AMODEL ,2008)

b) Prensas de parafuso sem fim :


O trabalho de adensamento é realizado por um, parafuso que transporta e empurra a
matéria-prima através de uma matriz, onde sofre a extrusão que forma o briquete (fig.5).

Fig.5 Prensa parafusonsem (Fonte: RAC220)

c) Prensa de rolo:
A matéria-prima é direcionada contra um par de rolos que giram em sentidos opostos.
O material é comprimido no espaço entre os rolos produzindo um briquete na forma de uma
pequena almofada (fig. 6).

Fig.6 Prensa de rolo(Fonte: AMODEL


,2008)
d) Prensa peletizadra:
Consiste em um rolo gira contra a matriz dotada de vários furos de pequeno diâmetro.
A matéria prima é colocada entre o rolo e a matriz e a passagem do rolo provoca a extrusão
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do material através dos furos. O produto extrudado é denominado de pellete (não briquete)
devido ao pequeno diâmetro (fig.7).

Fig.7 Prensa peletizadora(Fonte: AMODEL ,2008)

4.4 Carbonização

Carvão vegetal é o termo genérico do produto sólido obtido a partir da carbonização


da biomassa , este possui basicamente duas funções na siderurgia , reduzir óxidos
agregados ao minério de ferro e fornecer energia ao alto forno, tais características fazem
com que o carvão vegetal seja conhecido como termo-redutor.
A carbonização de biomassa é o processo de pirólise lenta de maior aplicação para a
produção de carvão com o intuito de gerar energia. Para Pinheiro et al (2006) é um
processo de aquecimento entre 450°C e 550°C em ambiente fechado, com pequena
quantidade ou exclusão total do ar e durante o qual são liberados gases, vapores de água e
líquidos orgânicos, permanecendo como resíduos sólidos, principalmente o alcatrão e o
carvão vegetal.
A carbonização é explicada por Sampaio e Mello (2001) , como processo de
transformação da biomassa em uma fração sólida rica em carbono – o carvão vegetal – é
uma fração gasosa composta por vapores e gases. Parte da fração gasosa, por sua vez, pode
ser condensada , permitindo a obtenção do chamado líquido piro lenhoso, constituído por
água e compostos químicos como os ácidos acético e fórmico , o éter ,o álcool metílico e
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etílico , a acetona , o alcatrão dentre outros e a outra parte resulta em gases não
condensáveis e inflamáveis como CO ,H2, CH4 e C2H6.
Desta forma, Sampaio e Mello (2001) identifica os elementos apresentados na figura 8
, como os produtos oriundos da carbonização em base seca. No entanto, na grande maioria
dos ciclos de produção reais há ainda a formação de tico, ou seja , madeira carbonizada que
não se transformou em carvão.

Fig 8. Produtos resultantes da carbonização

De acordo com Figueroa (2009) , a degradação térmica da biomassa acontece em


intervalos de temperatura até 200°C ocorre o processo denominado de pirólise lenta , com
liberação de vapor d’àgua e gases , a madeira não se igniza ,ocorrem reações exotérmicas
de oxidação e mudança de cor. Nas temperaturas entre 200°C e 280°C , tem-se o aumento
das reações químicas e eliminação de gases, reações exotérmicas poém sem inflamação,
esta fase pode ser denominada a fase de pirólise rápida. Por fim , a fase de 280°C a 380°C
é caracterizada por grandes quantidades de destilados (ácidos acéticos e metanol) , nesta
fase o resíduo final é o carvão vegetal.
Briane e Doat apresentam em seu trabalho a influência da temperatura de carbonização
na quantidade e qualidade de carvão produzido , conforme a fig. 9, verifica-se que na faixa
de 300°C a 400°C ,tem-se carvão com rendimento gravimétrico superior a 40% e carbono
fixo superior a 70% , o que é desejável tanto para as empresas produtoras de carvão quanto
para o mercado consumidor.
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Fig.9 Relação entre temperatura, percentual de carbono fixo e rendimento gravimétrico


(fonte:Briane ,DOAT, 1985)

A fumaça gerada no processo de carbonização contém vários poluentes que são


nocivos ao ser humano e que também contribuem para o efeito estufa. A carbonização de
lenha é praticada de forma tradicional em fornos de alvenaria com ciclos de aquecimento e
resfriamento que duram vários dias, como mostrado na figura 10. Tal método de produção
data de três mil anos atrás, sendo que o processo consome parte da madeira como
combustível a fim de fornecer a energia necessária para o início da carbonização no interior
do forno. Dentre as diversas configurações de fornos, os retangulares
Equipados com sistemas de condensação de vapores e recuperadores de alcatrão, como
mostrado na figura11 , são os de maior uso atualmente no país (CARDOSO et al, 2010).

Fig.10 Fornos de alvenaria


(Fonte: AMODEL ,2008)
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Fig.11 Fornos retangular . (Fonte: RAC220)

Ainda existem , os fornos cilíndricos verticais e container metálicos , nos quais os


gases de carbonização são queimados e reutilizados para a secagem da madeira como
mostrado na figura 12 .

Fig.12 Fornos metálicos cilíndricos


(Fonte: COLOMBO et al, 2006)

Basicamente, o baixo rendimento gravimétrico está relacionado a pouca tecnologia


utilizada neste setor.
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4.5. Etapas para elaboração do experimente.

Foram selecionados três tipos de biomassa:


a) Rejeito de galhada
b) Cavaco de serraria
c) Capim branquearia (carpina)
Em seguida, foram expostos ao sol para deixar sair parte da umidade . Com uma
peneira , retirou-se a maior parte das impurezas (areia ,pedras,plásticos ,etc..) , após esta
separação concluída , triturou-se em pequenos pedaços para serem melhor acomodados no
interior da estufa (protótipo especialmente projetado para o experimento). Depois de
acomodar os materiais de biomassa na estufa , são acendidos os briquetes anteriormente
produzidos , cuja acomodação está posicionada em seus respectivos lugares , onde vão
fazer a função de desidratar por completo a biomassa , se transformando em carvão vegetal
através do processo de “carbonização “. Após decorridos um tempo que variou de 30 a 40
minutos. O produto resultante é uma massa de carvão vegetal heterogênea, que vai ser
triturada e compactada para em seguida ser briquetada em moldes previamente
dimensionados, que consiste em estruturas de carvão reciclado de formato cilíndrico
vazado, medindo 30 mm de altura e 20 mm de diâmetro. Estes briquetes são introduzido
num motor denominado ”MOTOR STIRLING “
que consiste num motor de combustão externa, onde é aproveitado o calor térmico dos
briquetes carbonizados, para fazer acionar um sistema termodinâmico baseado em fazer
movimentar um êmbolo no interior de cada extremo da câmara de gaseificação , onde
temperaturas altas e baixas são responsáveis por esta movimentação, conforme as teorias
de CARNOT . Através deste processo termo dinâmico é possível fazer movimentar um eixo
que proporciona um giro angular com suficiente rotação para ser acoplado um gerador de
energia elétrica capaz de acionar lâmpadas de leds ou qualquer aparelho elétrico.
Feito todos estes processos para carbonização para cada tipo de material : a) rejeito de
gallhada ,b) cavaco de serraria e c) capim branquearia
( resultante da carpina), obteve-se resultados bem satisfatórios ,quanto ao teor energético
destas biomassas ,com igual desempenho para todos. Isto se explica, pelo fato de todos os
materiais analisadas serem constituídos da mesma materia prima , ou seja da mesma
estrutura molecular que é a celulose ,e terem o formato estrutural diferente.

4.6 Inserindo os briquetes na estufa para gerar energia

O produto fabricado nesta experiência é denominado “Briquetes carbonizados”. Tem


infinitas utilidades práticas: desde a utilização doméstica como forma de aquecedor ,
estufas , fogão, fornos ,água aquecida, etc. Até na utilização industrial como aquecedores
hidráulicos, geradores termodinâmicos para geração de energia elétrica , na indústria
siderúrgica para produção de aço , turbinas termodinâmicas, etc.
Para este projeto, como é um protótipo como meio lúdico didático foi utilizado os
briquetes produzidos para fazer movimentar um motor stirling de baixa potencia ,
suficiente para acionar um gerador elétrico de 12 volts ,com boa amperagem.
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4.7. Aproveitando a energia gerada

A energia gerada nesta experiência foi suficiente para acender painel de leds com a
potencia 30 watts, carregar celulares e fazer funcionar pequenos aparelhos domésticos
como radio , TV de 12 volts , notebook , tablete , e outros aparelhos elétricos
indispensáveis no nosso cotidiano. Como este projeto é exclusivamente lúdico didático ,
podemos através dele, conscientizar as pessoas do grande potencial energético que estamos
desperdiçando . Este potencial energético ,pouco aproveitado, é um grande problema social
e principalmente ambiental, pelo fato de nos centros urbanos não dar um destino adequado
para esta biomassa, por falta de conhecimento técnico , que através deste projeto é possível
ser melhor entendido.

4.8 Gerador de indução

A máquina de indução com rotor tipo gaiola (MIG) é freqüentemente comparada de


modo favorável em relação aos demais tipos de máquinas elétricas por ser robusta,
apresentar custos e manutenção reduzidos e possuir alta densidade de potência (W/kg). A
despeito de suas vantagens, a MIG raramente é empregada como gerador, devido à sua
regulação de tensão insatisfatória e à variação da freqüência síncrona, mesmo quando
acionada sob velocidade constante no rotor e alimentando cargas com potência totalmente
ativa (Chapman, 1998).
A máquina de indução pode ser usada como motor ou como gerador. O nome máquina de
indução reporta-se ao fato de o enrolamento do estator criar um campo magnético girante
que induz corrente alternada no enrolamento do rotor.
O desenho do enrolamento do rotor varia dependendo da necessidade de torque ou controle
de velocidade. Duas categorias podem ser distinguidas: O rotor em gaiola de esquilo e o
rotor tipo bobinado. Entretanto, a máquina de indução com rotor em gaiola de esquilo é a
preferida para ser usada como gerador. O rotor em gaiola de esquilo consiste de barras de
alumínio ou cobre, inseridas nas ranhuras do rotor. Todas as barras são ligadas em curto-
circuito por dois anéis (Chapman, 1998).
17

5. CONCLUSÃO

A busca por fontes alternativas de energia é notável atualmente, principalmente devido


ao esgotamento das fontes não renováveis de energia e devido à grande poluição gerada
pela queima dos combustíveis fósseis amplamente utilizados até então. Assim, o uso de
matérias primas renováveis como a biomassa de materiais descartados nas grandes cidades
( galhadas provenientes da poda de árvores ,capim provenientes de carpinas de terrenos
vazios,descarte de serragem de serrarias , moveis velhos jogados nos terrenos baldios,
descartes de indústria e da construção civil , entre outros) se tornam uma matéria prima de
grande valor , não só ,do ponto de vista econômico , mais também, que é de suma
importância, o do ponto de vista social e ambiental, pois nós ,devemos ser responsáveis
pelo futuro de nosso meio ambiente e do bem estar de nossas futuras gerações, por que
nossos descendentes devem receber um mundo melhor do que nos recebemos, não
devemos deixar como legado problemas que nos provocamos. Com isso, utilizando
tecnologia simples de conversão de energia térmica em outros tipos de energia , como a
energia elétrica e motriz, conseguiremos avançar no desenvolvimento de nossa
humanidade , sem agredir o meio ambiente, e nem a qualidade de vida das pessoas . A
grande vantagem observada nos motores stirling é o fato destes serem de combustão
externa, podendo se utilizar qualquer fonte de calor, inclusive solar. A possibilidade de
estes motores trabalharem como pequenas plantas de cogeração, gerando potência elétrica e
água aquecida, esta proveniente do sistema de refrigeração pode aumentar a sua eficiência.
Neste trabalho, a discussão sobre o uso de motores Stirling como máquina primária na
geração de eletricidade de baixa potência , representa uma opção atrativa para
comunidades isoladas. Para a geração de eletricidade a baixas potências, o uso de geradores
de indução representa uma boa opção, devido ao seu baixo custo de aquisição e
manutenção .

6. REFERENCIAS BIBLIGRÁFICAS

CHAPMAN, J. Electrical Machinery Fundamentals, McGraw-Hill Series,1998.

FARINHAQUE, R. Influência da Umidade no Poder Calorífico da Madeira de


Bracatinga(Mimosa scabrella, Benth) e Aapectos Gerais da
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FILIPPETTO, D. Briquetagem de Resíduos Vegetais : Viabilidade Técnico-Econômica


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Morfológica de Biomassa de Capim-Elefante, Capim-Mombaça, Brachiaria, Sorgo-
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Agroindustrial Waste Management .March 12- 14 ,2013 . São Pedro , SP, Brazil.

GONÇALVES, J. E. Avaliação Energética e Ambiental de Briquetes Produzidos


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HSU, S.T; LIN F.Y; CHIOU, J.S. Heat-transfer aspects of Stirling power generation
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