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Colonização e

Pedagogia Jesuítica no
Brasil
Sobre a Companhia de Jesus

•Fundada em 1534, em Paris, por


Inácio de Loyola (confirmação em
Bula Papal de 1540). Ver história em
Gambini, 2000, p. 58-61;
•Ordem extinta em 1773 (Clemente
XIV). Restabelecida em 1814 (Pio
VII). Retorno ao Brasil em 1847.
OBJETIVOS
•Pregar, confessar e consagrar-se à
educação da juventude católica,
segundo os princípios da fé e as
regras da Ordem;
•Dirigir Colégios e Seminários.
•Lema: “Por Deus e pela pátria”
Diretrizes básicas dos “Regimentos” (D.
João III- 1548)

Consolidar o processo de
colonização por meio da
catequese e instrução
dos índios;
Aculturação dos índios
aos valores ocidentais
cristãos;
Escolarização como
instrumento da política
portuguesa de
colonização.
A ação jesuítica no Brasil

•1549 –Chegada ao Brasil de seis


jesuítas sob o comando do Padre
Manoel da Nóbrega. Acompanhavam
o governador geral Tomé de Sousa.
•Colonização – educação - catequese
SIGNIFICADO DA ALFABETIZAÇÃO

•O que representava a
alfabetização para os jesuítas a
ponto de quererem, desde o
início, alfabetizar os índios,
quando nem em Portugal o povo
era alfabetizado?
Significado da alfabetização
• “As letras deviam significar adesão plena à cultura
portuguesa. Quem fez as letras nessa sociedade? A quem
pertencem? Pertencem à corte, como eixo social. Não se
trata, a meu ver, de possibiliar o acesso ao livro, ao livro
sagrado ... Trata-se de uma atitude cultural de profundas
raízes: pelas letras se confirma a organização da sociedade.
Essa mesma organização vai determinar os graus de acesso
às letras, a uns mais, a outros menos. A certa altura da
catequese dos índios, os próprios jesuítas vão julgá-las
desnecessárias. E os colégios, estes sobretudo, se voltam
para os filhos dos principais. A cultura hegemônica assim o
dispunha” (PAIVA, 2000, p. 43-44).
OS COLÉGIOS

• Os colégios eram frequentados por (filhos de


funcionários públicos, de senhores de
engenho, de criadores de gado, de oficiais
mecânicos e, no século XVIII, também de
mineiros, o que representava no Brasil a
nobreza e a burguesia européias, embora
estas duas denominações sejam um pouco
fictícias transportadas ao Brasil dos primeiros
séculos” (Serafim Leite apud Tobias, p. 53-
54).
O COLÉGIO
•A realidade, ali [nos colégios],
parecia estar suspensa. O mundo ali
dentro funcionava com perfeição,
não havendo falhas na distribuição
das funções. Um mundo perfeito.
Uma sociedade perfeita” (PAIVA,
2000, p. 47).
FORMALISMO PEDAGÓGICO
• “Intra ou extra muros, a linguagem e a
interpretação eram as mesmas. Não
havia percepção de incoerência entre
discurso e prática. Era natural que os
interesses de vida, determinassem a
prática e que a explicação lhe fosse
consentânea. Implantava-se, assim,
culturalmente, o formalismo pedagógico”
(PAIVA, , 2000, p. 47).
FORMALISMO PEDAGÓGICO

• “O que chamei de formalismo


pedagógico – resultado do contraste
entre prática e princípios – não deve ser
atribuído ao estilo jesuítico: era validado
pela aprovação social; correspondia à
interpretação que a sociedade fazia de
seus próprios comportamentos ... Para
além de pedagógico, tratava-se de um
formalismo cultural” (PAIVA, 2000, p.
48).
• “Acultura portuguesa, baseada na crença de
um mundo teocêntrico e, por isso mesmo,
acabado, impunha a correção individual,
mesmo que a maioria incorresse em desvios.
Não havia lugar para pensar uma
transformação estrutural da sociedade.
Nesse contexto, princípios, de um
lado, e práticas divergentes, de outro,
podiam conviver numa paralela
infinita” (PAIVA, 2000, p. 49).
O colégio plasmava o estudante
• “
para desempenhar, no futuro, o
papel de vigilante cultural, de forma
que a prática, mesmo desviante,
pudesse ser recuperada. O colégio
era a adesão à cultura
portuguesa. Lendo a gramática do
colégio, entenderemos a
gramática da cultura” (PAIVA, 2000, p. 49).
Currículo
• Seguindo as tradições medieval e renascentista, o
currículo proposto pelos jesuítas compreendia:
• (a) a fase humanista;
• (b) a fase filosófica e;
• (c) a fase teológica.
• Após a morte de Nóbrega, os estudos médios
compreendiam: “gramática, humanidades e retórica,
como o ensino auxiliar de erudição histórica, geográfica
e artística” (Tobias, p. 68-69).
Ensino elementar
“Aqui estamos ...numa barraquinha de caniço e barro,
coberta de palha. É isto a escola, a enfermaria, o dormitório, a
cozinha. Quando a fumaça da cozinha incomoda os
professores e alunos, a educação prossegue ao ar livre,
porque é melhor sofrer o incomodo de frio de fora do que o
fumo de dentro” (Carta de Anchieta).
A “desilusão” com os índios – apenas catequese.
Ensino Superior
• Embora, oficialmente, a universidade
brasileira seja tardia, o Colégio da Bahia, já na
Segunda metade do século XVI, oferecia um
tipo de ensino que poderia ser equiparado ao
ensino de “qualquer boa universidade” (ver
Tobias, p. 59). O Colégio da Bahia, na verdade,
chegou a oferecer os graus de Bacharel em
Artes (1575) e Mestre em Artes (1578). A
metrópole, como se sabe, jamais concordou
com a criação da Universidade no Brasil.
ATIVIVIDADES PARALELAS

•Educação artística: música,


pintura, escultura
•Educação profissional:
rudimentos da indústria têxtil,
marcenaria, metalurgia,
engenharia de estrada,
hidráulica e militar.
A pedagogia jesuítica

• Ensino autoritário, formal e abstrato.


Exposições, sabatinas, recapitulações e
disputas.
• Pedagogia centrada no adulto e de
caráter objetivo, coletivo, formal e
analítico.
• Ênfase ao passado. Dogmatismo.
CONSIDERAÇÕES
• Extremamente rígido, o ensino jesuítico
descartou o desenvolvimento da
independência intelectual ou do espírito
crítico. Segundo as regras da Ordem, os
professores “amigos das novidades e de
espírito demasiado livre, devem ser afastados
do serviço docente” (Ratio Studiorum).
• Educação humanista – espírito científico não
florescia.
CONSIDERAÇÕES
• As seguintes características do ensino jesuítico
mostravam-se convenientes à política colonial
portuguesa:
• 1) Orientação universalista com base nos
clássicos e no latim (distanciamento da vida
pública, do poder civil).
• 2) Complementação dos estudos na Europa.
• 3) Privilegiamento do intelecto em detrimento
das atividades manuais.
No Brasil colônia, o ensino secundário serviu à formação e à manutenção de
duas classes:
“a primeira dirigente, educada, de posse tanto dos imóveis quanto da
gramática latina, era a classe de pessoas de escola e de vida humana
decente para si e para os seus; a Segunda, a dos trabalhadores, a do
pessoal da roça, a dos negros, a dos pardos, a do brasileiro humilde e das
profissões manuais, dos ofícios, a dos brasileiros sem escola e sem vida
humana decente para si e para os seus” (Tobias, História da educação
brasileira).
Exclusão social
• Os marginalizados: índios, mulheres, negros e
pobres. Em 1668, foi negada a entrada no
Colégio da Bahia às pessoas pardas. Os
jesuítas tiveram que reconsiderar a decisão,
tendo em vista o protesto popular e a ordem
real.
• Trabalho manual considerado inferior.
• Os filhos das famílias privilegiadas seguiam o
seguinte destino: o primogênito herdava os
negócios paternos, o segundo era o letrado e o
terceiro o padre.

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