Você está na página 1de 7

Johann Sebastian Bach

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Nota: Para outros significados, veja Bach (desambiguação).

Johann Sebastian Bach

Retrato de 1748 pintado por Elias Gottlob Haussmann

Informação geral

Nome Johann Sebastian Bach


completo

Nascimento 21 de março de 1685

Origem Eisenach

País Sacro Império Romano-Germânico (atual Alemanha)

Morte 28 de julho de 1750 (65 anos), em Leipzig

Gênero(s) Barroco

Ocupação(ões) Compositor, multi-


instrumentista, professor, cantor e maestro.

Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de março de 1685[nota 1] — Leipzig, 28 de


julho de 1750) foi
um compositor, cravista, Kapellmeister, regente, organista, professor, violinista e violista ori
undo do Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha.
Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo
tornou-se um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da
música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em
cortes e igrejas alemãs, mas suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja
de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e
mais importante de sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande repertório de
música contrapontística germânica como base de seu estilo, recebeu mais tarde a
influência italiana e francesa, através das quais sua obra se enriqueceu e transformou,
realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos
os gêneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável exceção da ópera, embora
suas cantatas maduras revelem bastante influência desta que foi uma das formas mais
populares do período Barroco.[1]
Sua habilidade ao órgão e ao cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e se
tornou lendária, sendo considerado o maior virtuoso de sua geração e um especialista na
construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor
e violinista, mas como compositor seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi
exatamente popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como
grande. A maior parte de sua música caiu no esquecimento após sua morte, mas sua
recuperação iniciou no século XIX e desde então seu prestígio não cessou de crescer. Na
apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos o
vêem como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que
constituem a consumação de seu gênero. Entre suas peças mais conhecidas e
importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as Sonatas e
Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão
segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias de suas cantatas.[1]

Índice

• 1Vida
o 1.1Primeiros anos em Eisenach
o 1.2Ohrdruf
o 1.3Lüneburg
o 1.4Weimar
o 1.5Arnstadt
o 1.6Mühlhausen
o 1.7Novamente em Weimar
o 1.8Köthen
o 1.9Leipzig
▪ 1.9.1Anos finais
• 2Personalidade e iconografia
• 3Obra
o 3.1Visão geral
o 3.2Música instrumental solo
▪ 3.2.1Cravo e similares
▪ 3.2.2Órgão
▪ 3.2.3Cordas e flauta
o 3.3Música de câmara
o 3.4Música orquestral
o 3.5Música vocal
▪ 3.5.1Cantatas
▪ 3.5.2Missas e motetos
• 4A posteridade de Bach
o 4.1Mitos, primeiros estudos críticos e resgate da obra
o 4.2Estudos recentes
o 4.3Bach na cultura popular
• 5Notas
• 6Referências
• 7Bibliografia
• 8Ligações externas

Vida
Primeiros anos em Eisenach

Casa de Bach em Eisenach

Johann Sebastian Bach (IPA: [joˈhan] ou IPA: [ˈjoːhan zeˈbastjan ˈbax]) nasceu
em Eisenach, pequena localidade da Turíngia, em 21 de março de 1685. Era o filho caçula
de Johann Ambrosius Bach e Maria Elisabetha Lämmerhirt. Foi batizado na Igreja de São
Jorge dois dias depois, tendo como padrinhos o músico Sebastian Nagel e o guarda-caça
Johann Georg Koch. Os Bach eram uma família luterana integrada por músicos e
compositores há várias gerações, entre eles Veit Bach (o fundador da dinastia
Bach), Heinrich, Johann Michael, o próprio pai de Sebastian e muitos outros. A sua mãe
era de uma família de peleteiros e agricultores, também com alguns músicos, todos
profundamente religiosos, seguidores de uma doutrina anabatista de inclinação mística.[2]
Pouco se conhece sobre sua primeira infância, salvo que desde cedo seu talento musical
foi reconhecido, sendo instruído em instrumentos de cordas por seu pai e
em órgão e teclado possivelmente por seu primo Johann Christoph.[3] Com oito anos de
idade ingressou na Lateinschule (escola latina) de Eisenach, a mesma escola
onde Lutero havia estudado dois séculos antes. Ali o núcleo do aprendizado era a doutrina
luterana, acompanhada de gramática, história e aritmética. Os níveis superiores
incluíam latim, grego, hebreu, lógica, filosofia e retórica.[4] Graças à educação musical que
recebeu em casa, pôde logo ser aproveitado pelo coro da escola e também da
congregação de São Jorge, destacando-se pela sua bela voz de soprano infantil.[3]
Ohrdruf
Catálogo de alunos matriculados na escola de Ohrdruf, 1700. Bach é o quarto da segunda lista.
Stadtarchiv Ohrdruf

Contudo, as condições de vida na Turíngia naquela época eram precárias, seguidamente


assolada por guerras e epidemias. Estando com apenas nove anos perdeu a mãe e,
meses depois, o pai, depois de ter já perdido dois irmãos.[4] Órfão, foi entregue aos
cuidados de seu irmão mais velho, também chamado Johann Christoph, que era organista
em Ohrdruf. Sua adaptação à nova vida não parece, segundo Geiringer, ter sido fácil.
Sebastian mal conhecia seu irmão, que saíra de casa pouco anos antes de ele nascer e a
esta altura estava casado e esperava um filho, contando com um salário magro. Por outro
lado, Christoph parece ter sido hospitaleiro e atencioso. Em seguida Bach conseguiu um
emprego de cantor no coro local, contribuindo para cobrir as despesas domésticas, e
ingressou na escola local para continuar seus estudos gerais, onde revelou-se um ótimo
aluno, ultrapassando colegas mais velhos. Ao mesmo tempo, se aperfeiçoava na música
com o irmão, que fora aluno de Pachelbel, e iniciava na composição, dedicando uma de
suas primeiras peças para teclado ao seu irmão e mentor.[5]
Quando Elias Herda foi admitido como novo Kantor da escola de Ohrdruf, divulgou entre
seus alunos a animação musical que existia então em Lüneburg. Bach entusiasmou-se
com o cenário narrado e solicitou dispensa para lá estudar. Com as boas referências de
que já dispunha, recebeu uma bolsa de estudos e no início de 1700, sem ter completado
quinze anos e acompanhado de seu colega Georg Erdmann, deixou Ohrdruf e se dirigiu a
Lüneburg, afortunadamente pouco antes de uma nova epidemia atingir a cidade. Em abril
já fazia parte do quadro de cantores do coro da Igreja de São Miguel em Lüneburg. Sua
renda na posição era escassa, mas podia complementá-la, como era o hábito, cantando
nas ruas, em funerais e casamentos, além de ter moradia e um auxílio extra garantidos
pela sua pensão.[6]
Lüneburg
A vida musical em Lüneburg era muito mais dinâmica do que em Ohrdruf. A Igreja de São
Miguel era um importante centro musical, oferecendo um variado repertório através de um
corpo de músicos qualificados, além de ter uma enorme biblioteca de partituras, que vinha
sendo compilada desde sua fundação em 1555 por Michael Praetorius. Pouco depois de
sua chegada sua voz juvenil mudou. Ao contrário de outros lugares, onde isso significava a
exclusão do coro, a prática local era de aproveitar os membros então
como baixos ou tenores. Bach tinha a vantagem de ser proficiente em violino e viola,
provavelmente participando também da orquestra. O programa musical para os estudantes
era extenso e pesado, e somava-se às obrigações do currículo extramusical da
Michaelisschule (Escola de S. Miguel). Residia e se alimentava no convento da igreja,
onde se instalara a Ritterakademie (Academia dos Cavaleiros), destinada aos filhos da
nobreza e um centro da cultura francesa, e o contato com esse universo lhe foi muito
instrutivo, conhecendo a língua, o teatro e a música da França. Bach então conheceu o
professor de dança da Ritterakademie, Thomas de la Selle, que fora aluno de Lully, e com
ele fez visitas a Celle, cuja corte se esmerava por imitar a corte de Versalhes e tudo o que
se referisse à França. Outros contatos importantes que fez em Lüneburg foram com o
construtor de órgãos Johann Balthasar Held e com Georg Böhm, organista da Igreja de
São João.[7]
É possível que Böhm tenha-lhe dado cartas de apresentação ao famoso organista Johann
Adam Reincken, que atuava em Hamburgo. Bach fez a viagem de 50 km a pé para ouvir o
grande músico, e com toda a probabilidade seu primo Johann Ernst Bach, que vivia na
cidade, lhe apresentou outros músicos destacados. Não se sabe se Bach estudou com
Böhm ou com Reincken, mas de fato tornou-se um amigo íntimo do último até que este
faleceu cerca de vinte anos depois, e o visitou sempre que esteve em Hamburgo. Do
período em Lüneburg sobrevivem poucas obras, entre elas algumas variações corais no
estilo de Böhm.[8]
Weimar

Registro de pagamentos a Bach em seu tempo em Weimar, 1703. Staatsarchiv Weimar

No início de 1702 Bach terminou seus estudos regulares na Michaelisschule e se


qualificara para ingressar na universidade, mas a perspectiva de uma vida acadêmica não
parece ter-lhe atraído. Em 1703 solicitou um posto como organista da Jacobikirche (Igreja
de S. Tiago) em Sangerhausen, perto de Halle. Foi eleito por unanimidade pelo conselho
municipal, atestando que Bach já era reconhecido como um talento excepcional.
Infelizmente, o duque de Saxe-Weissenfels anulou a nomeação em favor de Johann
Kobelius, um músico mais maduro, sendo prometido a Bach, contudo, o favorecimento em
alguma outra ocasião. Alguns meses depois Bach estava em Weimar. Coexistiam ali duas
cortes ducais, uma do duque reinante, e outra de seu irmão. Em março de 1703 Bach
recebeu a nomeação de violinista e lacaio da corte do segundo duque, Johann Ernst, para
quem o avô de Bach havia trabalhado. Bach certamente não encontrou em Weimar o
ambiente musical que desejava, e possivelmente aceitou o cargo como um emprego
temporário. Seus parentes começaram a ajudá-lo a encontrar uma posição, o que acabou
se concretizando quando a Neue Kirche (Igreja Nova) de Arnstadt o convidou para testar
seu órgão recém-construído.[9]
Arnstadt
A récita de Bach ao novo órgão maravilhou os cidadãos de Arnstadt, que dispensaram a
apresentação de outros organistas, como era a praxe, e lhe ofereceram o posto de
organista titular com uma renda anual de 50 florins, mais 34 florins para alojamento e
alimentação, uma soma considerável para um músico da época, sendo investido em suas
funções em 14 de agosto de 1703. Suas obrigações não eram muitas: tocar por duas
horas aos domingos, segundas e quintas-feiras. Como a igreja não contratara um Kantor,
Bach também treinava o coro. A posição parecia ideal para um jovem músico que
precisava de tempo livre para se aprofundar na composição. A cidade era além disso
agradável, belamente ajardinada, e vários de seus parentes viviam ali. Entre eles Maria
Barbara Bach, sua prima em segundo grau, com quem anos mais tarde veio a se casar.[10]
Em outubro de 1705 obteve uma licença de um mês para poder ir a Lübeck e ouvir o
famoso Buxtehude, o mais destacado organista do norte da Alemanha, e os concertos
vespertinos que ele regia na época entre a festa da Trindade e a do Advento, e fez a pé o
trajeto de mais de 350 km. Sua visita deve ter sido proveitosa, pois ele não retornou antes
de janeiro de 1706, e de imediato sua maneira de acompanhar os hinos revelou a
influência do outro mestre, com passagens virtuosísticas e grande
elaboração contrapontística, o que não deixou de despertar protestos entre a congregação
que, perplexa, estava acostumada com acompanhamentos simples. Este não foi o único
dos problemas que Bach enfrentou. Foi censurado pelo consistório pela sua longa
ausência e por causa daquelas "escandalosas" liberdades e improvisos ao órgão que
confundiam os fiéis. Tendo de acatar as ordens, pouco depois foi censurado por fazer os
acompanhamentos demasiado curtos. Além disso, o coro de meninos que ele tinha de
reger era tudo menos competente e dócil, registrando-se vários episódios de confrontos e
altercações violentas, incluindo uma luta com espada, a despeito de repetidas
reclamações e solicitações de Bach de medidas para melhorar a situação. Logo se tornou
claro para ele que não mais poderia permanecer em Arnstadt por muito tempo.
Aparentemente o derradeiro pomo de discórdia foi a reprimenda que recebeu por ter
acompanhado ao órgão uma donzela cantora - presumivelmente Maria Barbara - em uma
ocasião em que a igreja estava vazia.[1][11]
Sua obra deste período demonstra que ele tinha aprendido tudo o que seus antecessores
alemães poderiam ensiná-lo e chegou a uma primeira síntese dos estilos do norte e do sul
da Alemanha. Entre os poucos trabalhos que podem lhe ser atribuídos nesta fase estão
o Capricho sobre a partida do seu amado irmão BWV 992, o prelúdio coral Wie schön
leuchtet der Morgenstern BWV 739, e uma primeira versão, fragmentária, do Prelúdio e
Fuga em sol menor BWV 535a.[1]
Mühlhausen

Página autógrafa da Tocata e Fuga em ré menor BWV 565

Em junho de 1707 Bach obteve um posto na Blasiuskirche em Mühlhausen. Ele se mudou


para lá logo depois e casou com Maria Barbara em 17 de outubro. As coisas parecem por
um tempo ter sido mais simples. Começou a produzir várias cantatas sacras, todas
compostas em um molde conservador, sem exibirem qualquer influência do operismo
italiano que mais tarde apareceu em sua obra. Algumas de suas mais famosas peças para
órgão datam deste período, como a Tocata e Fuga em ré menor BWV 565, escrita no
estilo rapsódico do norte, o Prelúdio e Fuga em ré maior BWV 532 e a Passacaglia em dó
menor BWV 582, um exemplo precoce do instinto de Bach para a organização em grande
escala. A cantata Gott ist mein König BWV 71, de 4 de fevereiro de 1708, foi impressa a
expensas da câmara municipal e foi a primeira das composições de Bach a ser
publicada.[1]
Enquanto em Mühlhausen Bach copiou muita música para ampliar a biblioteca do coro,
tentou incentivar a música das aldeias vizinhas, e convenceu seu empregador a reformar o
órgão. Sua permanência ali também foi breve: em 25 de junho de 1708 demitiu-se.
Segundo ele próprio, seu plano de prover a igreja de boa música foi prejudicado pelas
pobres condições em Mühlhausen, e por causa de seu baixo salário. [1] Outra influência em
sua decisão pode ter sido a controvérsia teológica que se formou entre os pietistas e os
luteranos ortodoxos, que acabou afetando a música de Bach.[12] Pouco depois mudou-se
de volta para Weimar, mas continuou em bons termos com Mühlhausen, para a qual
supervisionou a reconstrução do órgão e compôs uma cantata em 4 de fevereiro de 1709,
que foi impressa, mas perdeu-se.[1]
Novamente em Weimar
Em Weimar Bach recebeu desde logo um excelente salário de 229 florins, e desempenhou
as funções de organista e violinista da corte do novo duque reinante, Wilhelm Ernst, cujos
interesses musicais eram semelhantes aos seus. Incentivado pelo patrão, que era um
luterano ferrenhamente ortodoxo e valorizava muito a música sacra, durante os primeiros
anos Bach concentrou-se na obra para órgão, mais uma vez induzindo seu empregador a
reformar o instrumento. Ocasionalmente visitava outras cidades e exibia seu talento como
intérprete e improvisador virtuoso, e nesta época começaram a ser registradas várias
narrativas altamente elogiosas sobre suas capacidades incomuns, bem como passou a ser
reconhecido como um perito na construção de órgãos, seguidamente consultado por
várias cidades e igrejas e convidado a testar instrumentos.[13]
Em fevereiro de 1713 participou em Weissenfels de uma celebração que inclu

Você também pode gostar