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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA 31ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL


FEDERAL DE CARUARU - SEÇÃO JUDICIÁRIA EM PERNAMBUCO

Processo Nº: 05011971320194058302

ELIZEU CARNEIRO DOS SANTOS JUNIOR, devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, por meio de sua advogada que ao final subscreve, vem
respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência apresentar sua
IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito que passa a
expor.
DA NÃO CELEBRAÇÃO E ASSINATURA DE CONTRATO/AUTORIZAÇÃO
PARA A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
Com efeito, Excelência, a Requerida não apresentou o contrato ou autorização assinada
pelo consumidor autorizando o desconto mensal da cesta de serviços, vez que nunca foi
autorizado pelo autor. Dessa forma, resta provado que o desconto sempre foi indevido,
fazendo jus o autor à repetição do indébito, conforme previsão do parágrafo único do art
42 do CDC:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto
a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito
à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em
excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

DA EXISTÊNCIA DOS REQUISITOS PARA O RECONHECIMENTO DA


RESPONSABILIDADE CIVIL
A requerida alega em sede de contestação que não existe no caso em questão os
requisites para o reconhecimento da responsabilidade civil. Porém, diante da má fé da
requerida em face do autor, conforme alegado na inicial e após a negative de solução
administrativamente junto ao PROCON, percebe-se claramente a existência dos
requisitos para o reconhecimento do dano moral, analisando-se um trecho da
contestação, alegação da propria requerida:
“Em sendo assim, para o surgimento da obrigação de indenizar, é necessária a
ocorrência de quatro pressupostos, a saber: a) Dano a ser ressarcido; b) Ato
ilícito; c) Dolo ou culpa pelo agente; e d) Nexo de causalidade entre o
dano verificado e o ato culposo ou doloso do agente.”

Ora, em análise detalhada do caso, percebe-se facilmente que existe um dano a ser
ressarcido, qual seja, os valores descontados indevidamente da conta do autor, desde a
abertura da conta, mesmo sem existir nenhuma autorização ou solicitação para que fosse
feita; O ato ilícito cometido pela requerida foi exatamente descontar, indevidamente,
tais taxas, por ato doloso da mesma, sem qualquer dúvida da exist~encia de nexo
de causalidade entre o dano e o ato do agente.
Desta forma, resta comprovada sim a existência dos requisites necessários para o
reconhecimento da responsabilidade civil, devendo ser arbitrado, pelo Douto Juízo,
a indenização pelos danos sofridos.
Conforme nos ensina Maria Helena Diniz: A responsabilidade objetiva funda-se num
princípio de equidade, existente desde o direito romano: aquele que lucra com uma
situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes (ubi
emolumentum, ibi onus; ubi commoda, ibi incommoda) (2004, p. 48, grifo nosso).
Em consonância, Caio Mário da Silva Pereira destaca que: A doutrina objetiva, ao invés
de exigir que a responsabilidade civil seja resultante dos elementos tradicionais (culpa,
dano, vínculo de causalidade entre uma e outro) assenta na equação binária cujos pólos
são o dano e a autoria do evento danoso. Sem cogitar da imputabilidade ou de investigar
a antijuridicidade do fato danoso, o que importa para assegurar o ressarcimento é
a verificação se ocorreu o evento e se dele emanou prejuízo. Em tal ocorrendo, o autor do
fato causador do dano é o responsável (1990, p. 35, grifo nosso).
Nesse sentido, a jurisprudência pátria pacificou o entendimento pela aplicação da
responsabilidade objetiva às atividades exercidas pelos Bancos e instituições
financeiras, bem como assentou a sua obrigação em indenizar o agente prejudicado por
danos causados por essas atividades, ainda que decorra de ilícitos praticados por
terceiros, senão vejamos: STJ - Súmula 297 O Código de Defesa do Consumidor
é aplicável as instituições financeiras Artigo 927 da lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002
código civil Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
Com efeito, CPC o Art. 355.
O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução
de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no ART. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do ART. 349.

Excelência, os documentos anexados nos autos por ambas as partes, demonstram,


de forma cabal e incontroversa do banco réu, que o Requerente não contratou a cesta de
serviços com a Instituição Ré, sendo, portanto, indevidas todas as cobranças referents a
este serviço debitadas de sua conta.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto e pelo que de mais nos autos consta, e do que será suprido pelo
notório saber jurídico de Vossa Excelência, vem autor respeitosamente a vossa
presença para REQUERER:
1- Seja REJEITADA “IN TOTUM” a CONTESTAÇÃO, apresentada pela Requerida, por
ser medida de inteira e salutar JUSTIÇA, que ora se faz necessária.
2- Seja antecipado o julgamento da lide, nos termos do CPC o ART. 355, inciso I, do
Código de Processo Civil.
3- Repetições de indébito do valor descontado da conta corrente do autor Sejam
julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados no bojo da inicial.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, assim como
a posterior juntada de documentos que se fizerem necessários para o deslinde da causa.
Termos em que, Pede e Aguarda Deferimento.
Caruaru, 01 de Julho de 2019

Suzana Oliveira da Silva


OAB/PE 36.843

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