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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA


MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA

O TUBO DE RUBENS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE


ONDAS

ROSIMAR SEBASTIANA BARBOSA SILVA

BARRA DO GARÇAS-MT
2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA

O TUBO DE RUBENS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE


ONDAS

ROSIMAR SEBASTIANA BARBOSA SILVA

ORIENTADOR: DR. ADELLANE ARAUJO SOUSA

Produto educacional desenvolvido no programa de pós-graduação do


Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física como um dos
requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Ensino
de Física.

BARRA DO GARÇAS-MT

2016
3

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................................... 4
2 INTRODUÇÃO..............................................................................................................................5

3. TUBO DE RUBENS ............................................................................................................................ 6


3.1. FÍSICA DO TUBO DE RUBENS ................................................................................................... 6
3.2. CONDIÇÃO DE RESSONÂNCIA ................................................................................................. 8
3.3. MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DO TUBO DE RUBENS ....................................... 14
3.4. MONTAGEM DO TUBO DE RUBENS ...................................................................................... 15
4. COMO USAR O TUBO DE RUBENS EM SALA DE AULA ................................................................... 19
4.1. ............. ROTEIRO PARA CALCULAR A VELOCIDADE DO SOM NO GÁS CLP USANDO O TUBO DE
RUBENS ................................................................................................................................................. 23
5. MANUAL DE SEGURANÇA PARA USAR O TUBO DE RUBENS ......................................................... 24
6. CONTEÚDOS QUE DEVEM SER TRABALHADOS ANTES DE SE UTILIZAR O TUBO DE RUBENS ....... 25
6.1. ONDAS ................................................................................................................................... 25
6.2. PROPRIEDADES DAS ONDAS.................................................................................................. 26
6.3. INTERFERÊNCIA DE ONDAS ................................................................................................... 27
6.4. ONDAS SONORAS .................................................................................................................. 27
6.5. ONDAS ESTACIONÁRIAS ........................................................................................................ 28
6.6. ONDAS ESTACIONÁRIAS EM INSTRUMENTOS DE CORDA..................................................... 29
6.7. VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO SOM .............................................................................. 30
6.8. TUBOS SONOROS .................................................................................................................. 31
6.8.1 TUBOS ABERTOS.......................................................................................................... 32

6.8.2 TUBOS FECHADOS 33

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 34


4

1. APRESENTAÇÃO

O grande desafio para os professores da disciplina de Física é o de tornar o seu ensino


prazeroso e instigante sendo capaz de desenvolver no aluno a educação científica fazendo-o
alcançar o conhecimento e permitindo que este tenha sentido e possa ser utilizado na
compreensão da realidade que o cerca

O experimento Tubo de Rubens foi concebido como um recurso didático para apoio ao
ensino contextualizado da ondulatória, no ensino médio. Para realizar esta atividade com seus
alunos você deve agir como mediador, ou seja, aquele que auxiliará os participantes a
compreender o experimento e a seguir as etapas para recolhimento dos dados e fazer
corretamente as medições. O seu papel é o de um mediador ativo e participativo, sendo sua
ação imprescindível antes, durante e após a utilização do experimento.

Nossa proposta com esse produto foi de contribuir para o ensino de Física de uma
forma criativa, trabalhando com material concreto que têm por finalidade proporcionar aos
alunos através da sua riqueza visual, a compreensão dos fenômenos físicos e isso acontecendo
de uma maneira interessante e lúdica.
Sugerimos que realize esta atividade com as turmas do segundo ano do Ensino Médio
em 03 horas-aula. Caso o professor queira trabalhar com alguns conceitos sobre ondas
mecânicas e ondas sonoras antes do experimento, ao final deste texto sugerimos alguns
conceitos que devem ser trabalhados em cerca de 06 horas-aula. Caso você trabalhe em escola
onde o número de aulas é reduzido, pode adaptar o roteiro à sua realidade.
5

2. INTRODUÇÃO

Enfrentamos no ensino de Física em nosso país, várias dificuldades de aprendizagem e


pouco interesse por essa ciência por boa parte de nossos jovens alunos.
Nas últimas décadas, artigos publicados acerca do Ensino de Física, apontam para uma
insatisfação entre os alunos, classificando o ensino de física como desinteressante e
desmotivadora e, principalmente, centrada na resolução de problemas e memorização de
fórmulas.
O estudo da Física Ondulatória se mostra cada vez mais necessário em nossa
sociedade, tendo em vista a quantidade de fenômenos e equipamentos presentes em nosso
cotidiano que funcionam com a utilização de ondas, principalmente as eletromagnéticas,
como os telefones celulares, a internet, os aparelhos de TV, as estações de rádio, etc. Somente
sua aplicabilidade já justificaria a extrema importância do seu ensino para alunos do ensino
fundamental e médio. No entanto, apesar da importância do tema, seu ensino em sala de aula,
carece de uma maior fundamentação experimental.
No intuito de contribuir para reverter esta situação apontada acima e motivar os alunos
nas aulas de física sobre ondas mecânicas e ondas sonoras, propomos a construção de um
aparelho experimental chamado de Tubo de Rubens para a demonstração da existência das
chamadas ondas estacionárias em sala de aula.
Este tubo foi desenvolvido pela primeira vez pelo Físico alemão Heinrich Rubens
(1865-1922) no início do século XX. Desde então tem sido utilizado no ensino do
comportamento ressonante acústico, principalmente em feira de ciências e demonstrações em
sala de aula.
Este tubo constitui-se de um tubo fechado, com um alto-falante em uma das suas
extremidades e gás GLP em seu interior. Por meio de pequenos furos, o gás é liberado e entra
em combustão, e devido à diferença de pressão do gás, dentro do tubo, produzida pela
frequência de oscilação do alto-falante, as chamas produzem um padrão de ondas
estacionárias. Este padrão é representado através das diferentes alturas das chamas oriundas
da queima do gás em furos contidos ao longo do tubo. Este experimento demonstra então
claramente a ocorrência do fenômeno das ondas estacionárias que são formadas a partir de
superposição de ondas em tubos fechados.
Espera-se assim, com este experimento, introduzir aos alunos do ensino médio, de
maneira mais lúdica e contextualizada, os conceitos de ondas mecânicas, tais como
frequência, comprimento de onda, velocidade do som, ondas estacionárias e ressonância. Em
6

particular, os alunos podem, observando as alturas das chamas, medir o comprimento de onda
das ondas estacionárias no tubo e calcular a velocidade das ondas sonoras no gás GLP.
O estudo da parte da física denominado de ondas é importante, pois esta é a base para
o entendimento de ondas sísmicas que provocam fenômenos como terremotos, ondas sonoras,
ondas eletromagnéticas como a luz, os raios x, as ondas de rádio e as microondas que são a
base do funcionamento de nossa tecnologia. Serve também para entender sobre as vibrações
dos corpos e o fenômeno de ressonância. Esses estudos também servem como base no
entendimento de alguns aspectos envolvendo o fenômeno ressonância em outras áreas da
física como eletromagnetismo, óptica e física moderna.

3. TUBO DE RUBENS

Em 1858, John Le Conte descobriu que as chamas em um tubo cheio de gás eram
sensíveis ao som. Em 1862 Rudolph Koenig demonstrou que a altura de uma chama poderia
ser afectada pela transmissão do som no gás, e as alterações ao longo do tempo poderia ser
mostrado com espelhos rotativos. Kundt, em 1866, demonstrou a existência de ondas
acústicas estacionárias colocando sementes ou pó de cortiça em um tubo.
Em 1904, baseado nessas descobertas importantes, Heinrich Rubens (cujo nome
leva este experimento) usou um tubo de 4 metros de comprimento com 200 perfurados
pequenos buracos, com intervalos de 2 cm, com um gás inflamável (propano ) em seu interior.
Ele observou que o som produzido em uma extremidade do tubo pode criar uma onda
estacionária, cujo comprimento de onda é igual ao do som que a produziu. Esse tubo passou a
ser conhecido como tubo de chamas de ondas estacionárias, ou simplesmente tubo de chamas.
Através deste tubo é possível visualizar as ondas sonoras de pressão no gás, como um
osciloscópio primitivo.

3.1. FÍSICA DO TUBO DE RUBENS

O tubo é perfurado ao longo da parte superior e selado em ambas as extremidades -


um selo está ligado a um pequeno alto-falante ou gerador de frequências, e o outro a um
fornecimento de um gás inflamável ( GLP ). O tubo é preenchido com o gás, e o gás que
escapa a partir das perfurações pode ser inflamado através de um palito de fósforo ou
isqueiro. Se uma frequência constante adequada é utilizada, uma onda estacionária pode
formar-se no interior do tubo pelo princípio da superposição de ondas incidentes e refletidas
numa das extremidades do tubo que explicaremos mais adiante. Quando o alto-falante é
7

ligado, a onda estacionária irá criar pontos com oscilação de pressão (antinodos de pressão) e
pontos com pressão constante (nodos de pressão) ao longo do tubo. Quando há uma pressão
oscila devido às ondas sonoras, menos gás irá escapar das perfurações no tubo, e as chamas
terão uma altura menor nesses pontos (fluxo de gás menor saindo pelo buraco). Nos nodos de
pressão, as chamas são mais elevados (fluxo de gás maior saindo pelo buraco). No final do
tubo de gás, a velocidade das moléculas é zero e a pressão oscilante é máxima , assim são
observados chamas baixas. O tubo de Rubens ilustra uma onda estacionária formado pelas
ondas sonoras da fonte que está produzindo o som (música ou um gerador de frequências).
Quando o gás fluindo pelos buracos entra em ignição, as chamas terão aproximadamente a
mesma altura, devido à pressão constante. Entretanto, uma vez que o som é transmitido
através do tubo, as chamas começam a variar em altura porque há mudança de pressão
(ANDERSON et. al., 2015). A figura 4 ilustra o fenômeno. Mais adiante demonstraremos
como estas ondas estacionarias de pressão podem ser modeladas no tubo.

Figura 1: Esquema da formação de onda estacionária no tubo de Rubens. Disponível em:


http://www.flowvis.org/OldGalleries/2011/Team-3/Reports/Molina_Piper_Daniela.pdf. Acesso em
18/01/2016

Em resumo, podemos descrever qualitativamente o que ocorre da seguinte maneira:


1- Onda sonora criada pelo alto-falante no início.
2- Agora há duas ondas viajando em direcções opostas desde que a primeira onda atingiu
a extremidade do tubo e foi refletida de volta.
3- a combinação das duas ondas cria uma onda estacionária com as áreas adicionais de
pressão oscilante ( antinodos ou ventres ) e pressão constante ( nodos ) .
4- Chamas curtas são produzidas pelas áreas de pressão oscilante e chamas longas
produzidos por áreas de pressão constante.
As ondas estacionárias de pressão no tubo formam zonas de compressão e rarefação
do gás. Na figura 5, pode ser visto que nos antinodos da onda estacionária há uma rarefação
de gás produzindo os vales da onda de chama, enquanto que nos nodos da onda estacionária
8

ocorre uma condensação de gás formando os picos da onda de chama (Kirchner, 2006). O
diagrama sinuoso das chamas é a variaçao na pressão média ao longo do tubo.

Figura 2: Esquema mostrando as ondas de chama no tubo de Rubens. Figura adaptada oriunda do site:
http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem1_2006/ElvinW_Dirceu_
RF1.pdf. Acesso 15/01/16

3.2. CONDIÇÃO DE RESSONÂNCIA

Passemos agora a determinar a condição de ressonância e assim explicar


quantitativamente a distribuição de máximos e mínimos das chamas no tubo. Antes, é preciso
estabelecer a condições para a existência de ondas estacionárias no tubo de Rubens. O alto-
falante cria na extremidade esquerda do tubo (em x = 0), uma perturbação periódica
longitudinal, de amplitude B pequena, e frequência ω. (BARATTO, 1998).
Chamamos de X o deslocamento de uma infinitesimal camada de gás, na direção x, a
partir de sua posição de equilíbrio x.
A perturbação iniciada pelo alto-falante se propaga pelo tubo, devendo obedecer à
equação de movimento:
X 1 2 X 1

x 2 v 2 t 2
A equação 1 é a equação diferencial geral que governa a propagação de ondas de todos os
tipos, onde v é a velocidade do som no gás, e pode ser dada em termos do módulo
volumétrico de elasticidade adiabático B e da densidade ρ do gás pela equação II:
1 2
K 2
v   ad 
  
9

No tubo, a onda estacionária é formada quando duas ondas de mesma amplitude e mesmo
comprimento de onda se propagam em sentidos opostos produzindo interferência mútua.
Essas as duas ondas, incidente e refletida são representadas pelas equações III e IV:
X 1 x, t   xm sen kx  t  3

2 x, t   xm senkx  t  4

 2
, respectivamente. Na equação acima, k   é o número de onda angular,  é a
v 
frequência angular e  é comprimento de onda. De acordo com o princípio de superposição,
a onda resultante é dada por
X x, t   X 1 x, t  + X 2 x, t  5

X x, t   xm senkx  t  + xm sen kx  t  6

Aplicando a relação trigonométrica: sen     sen cos   cossen temos:


X x, t   xm senkx cost  cos kxsen t  xm senkx cost  cos kxsen t 7

X x, t   2 xm senkx cost 8

Esta é a equação a onda estacionária para os deslocamentos X da camada de fluido. Podemos

ainda reescrever essa equação como


X x, t   Asenkx   cost 9

 2
onde  é uma constante a ser determinada k   e A  2 xm é a amplitude. Assim a
v 
condição de contorno em x = 0 é escrita como:
X 0, t   Asen0   cost 10

X 0, t   Asen cost 11

Chamando Asen   B , temos:


10

X 0, t   B cost 12

A outra condição de contorno é X L, t   0 , pois, o deslocamento do gás em x= L


(extremidade oposta ao alto-falante) é nulo.
Temos, pois:
  13
X L, t   0  sen L     0
v 
 14
L    n  n  1,2,3,...
v

  n  L
v
 15
L    n  n  1,2,3,...
v
Como :
16
X 0, t   B cost  Asen  cost

Temos:
B 17
B  Asen   A 
sen
B 18
A
 L 
sen n  
 v 
e assim
 L 
X  x, t  
B
sen kx  n   cost
 L   v 
sen n  
 v 

 L  19
X  x, t  
B
sen kx  n   cost
 L   v 
sen n  
 v 

A função nos permite ver que, a amplitude das perturbações se tornará virtualmente
infinita quando L / v  n , não obstante a amplitude da perturbação inicial B ser pequena.
Isso caracteriza um comportamento ressonante. Essa divergência só não se manifesta na
prática devido à existência de forças dissipativas não consideradas nesse tratamento.
As condições de ressonância são, portanto:
11

2 2L 20
kL  n  L  n   
 n

A descrição das ondas sonoras em termos de ondas de pressão é mais adequada em


muitas situações, pois o ouvido humano é sensível à variação de pressão do ar e pouco
sensível ao deslocamento das suas camadas de fluido. No ensino médio e, muitas vezes, no
ensino superior, não é dado ênfase para a descrição das ondas em termos de ondas de pressão
(SOUZA e AGUIAR, 2011). Por exemplo, um balão esvaziando lentamente é um processo
silencioso para o nosso ouvido, mas o processo de estourar o balão é ruidoso.

Em termos da pressão, a onda estacionária é escrita como

P( x, t )  P0 cos kx cost 21

onde P(x, t) é pressão em qualquer ponto no tubo e P0 é a amplitude da onda de pressão.


Como se trata de uma onda estacionária, a amplitude de pressão da onda estacionaria é
variável e passa por máximos e mínimos de pressão como no caso da onda estacionária de
deslocamento. Essa onda é defasada de 90 graus em relação à onda de deslocamento. Assim,
temos nodos de deslocamento (antinodos de pressão) em x = L e (aproximadamente) em x =
0. Para pequenas intensidades ou volumes de som, o comprimento da onda estacionária dada
pela expressão 20, não segue a fórmula para o comprimento de onda em tubos fechados que é:
4L

n
onde temos apenas harmônicos ímpares. Como explicar isso então? É importante notar que no
tubo de Rubens conforme podemos ver nas extremidades do tubo (figura 4), existem nós de
deslocamento nulo (ou aproximadamente nulo na extremidade onde está o alto-falante, pois a
amplitude de vibração é muito pequena). Assim o comportamento do tubo se assemelha ao
das cordas de um violão (figura 6) que apresenta todos os harmônicos pares e ímpares
(Universidade de São Paulo, 2016; Universidad Complutense Madrid, 2016).
12

Figura 3 Modos de formação da onda estacionária nas cordas de um violão. Disponível em


http://brasilescola.uol.com.br/fisica/a-fisica-os-intrumentos-musicais.htm. Acesso 10/01/2016

Sendo assim, como entre dois nós (pontos sem vibração), teremos sempre um ventre ou
2L
antinodo, poderemos generalizar e escrever que n  , onde n é o número de modos.
n
Temos que a sobrepressão total (descontada a pressão atmosférica) dentro do tubo
devido a presença do gás e das ondas estacionárias de pressão é

P( x, t )  Pman  P0 cos kx cost 22

Onde Pmam é a sobrepressão dentro do tubo chamada também de pressão relativa ou


manométrica.
Essa expressão mostra que em pontos de ressonância, onde temos nodos de deslocamento
(antinodos de pressão)
cos kx  1 23

e assim
kx  n
e.
 24
xn
2
Quando cos kx  1 , de acordo com o efeito Bernoulli (admitindo sua validade), a
velocidade de saída do gás, nesses pontos dados pela Equação 24, será menor do que aqueles
pontos onde cos kx  0 , ou seja, nos antinodos de deslocamento (nodos de pressão). E assim
as chamas serão mais baixas. Nesses pontos de nodos de pressão, a equação da pressão indica
que pressão do gás será a pressão manométrica (constante) e a velocidade do gás e portanto,
as chamas serão mais altas. Isso explica a distribuição de chamas no tubo de Rubens na
chamada “operação normal” onde a pressão média do gás é mantida constante ao longo do
tubo e as amplitudes de ondas de pressão são baixas (FICKEN AND STEPHENSON, 1979).
13

Essa distribuição também pode ser explicada em termos do fluxo médio temporal do gás,
como veremos a seguir.
Aplicando-se a equação de Bernoulli para pontos dentro (com sobrepressão mais a
pressão atmosférica) e fora (pressão atmosférica) do orifício no tubo, temos que a velocidade
média temporal v (x) do gás pelos furos ao longo do tubo é dada por (BARATTO, 1998)
1/ 2
 2 Pman   1  P 2  25
v ( x)   
 1   0  cos2 (kx)
    16  Pman  

e o fluxo temporal médio de gás, em cada furo de área A, em função da posição x, é

 2 Pman 
1/ 2
 1  P 2  26
 ( x)  Av ( x)  A  1   0  cos2 (kx)
    16  Pman  

Essa expressão mostra que a velocidade de saída e fluxo do gás pelos furos é constante nos
nodos de pressão (antinodo de deslocamento) da onda,localizada nos pontos onde

cos2 (kx ) =0, 27

conforme podemos ver na equação da onda estacionária de pressão. Nesses nodos de pressão,
a pressão permanece igual a pressão manométrica do gás conforme podemos ver na equação
da pressão no interior do tubo e as chamas serão maiores nesses pontos. A velocidade média
temporal de saída do gás e o fluxo médio temporal do gás pelos furos são menores em pontos
de antinodos de pressão

cos2 (kx )  1 28

e, portanto, as chamas mais baixas. A figura 7 ilustra essa distribuição de chamas.

Figura 4 : modos de formação da onda estacionária no tubo de Rubens. Disponível em


http://www.feiradeciencias.com.br/sala10/10_18.asp. Acesso em 28 de janeiro de 2016
14

Isso caracteriza, segundo Baratto (1998), um comportamento ressonante. Essa


divergência só não se manifesta na prática devido à existência de forças dissipativas não
considerando nesse tratamento simples.
As condições de ressonância são, portanto:
2 2L
kL  n  L  n    A separação entre os nodos de deslocamento
 n
(antinodos de pressão) é calculada como
 29
x 
2
e assim meio comprimento de onda corresponde à distância entre duas zonas sucessivas de
antinodos de pressão (chamas mínimas) da onda sonora. A partir da medição da distância
entre os antinodos no tubo, e tendo a frequência de ressonância f conhecida, podemos
determinar a velocidade do som no gás dentro do tubo através da fórmula V  . f .A
nV
frequência de ressonância é dada como f n  , sendo V a velocidade de propagação da
2L
onda sonora no tubo.

3.3. MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DO TUBO DE RUBENS

Fizemos a construção do Tubo de Rubens seguindo o vídeo “Aprenda a construir o


Tubo de Rubens” disponível em https://www.youtube.com/watch?v=8f0FcDPUqRk. Para sua
construção foram utilizando os seguintes materiais

Figura 5: materiais utilizados na construção do tubo de Rubens.

 Um tubo de alumínio de 75 mm com 1,5m de comprimento;


 Um suporte de madeira para o tubo com 1,8m x 30cm;
 Uma luva cirúrgica látex tamanho g;
 Uma fita crepe
 Duas braçadeiras;
15

 Dois parafusos para as braçadeiras;


 Um adaptador de PVC para caixa de água rosqueável de 0,5 polegadas
 Uma mangueira para gás com rosca de 0,5polegadas;
 Um registro completo para gás com biqueira e torneira para duas saídas;
 Um botijão de gás de 8 kg cheio de GLP.
 Uma chave de fenda;
 Uma régua;
 Um alicate;
 Um martelo;
 Uma tesoura;
 Um cortador de fórmica;
 Um lápis;
 Uma caneta para cortar cd;
 Uma furadeira;
 Uma tampa cega para PVC de 75 mm;
 Uma caixa de som amplificada de 15W
 Um notebook;
 Brocas de aço rápido de 2 mm de 5mm.
 Uma lixa de 150.

3.4. MONTAGEM DO TUBO DE RUBENS

O tubo de Rubens foi construído através de três etapas: A primeira foi à construção do
suporte de madeira. Essa tarefa foi realizada por um marceneiro. Além de construir o suporte
de madeira o marceneiro também fixou as braçadeiras e a tampa cega para cano PVC. A
segunda etapa foi perfurar o tubo de alumínio. Devido à dureza do material e a grossura da
broca essa atividade teve que ser realizada por um especialista em concerto de armas de fogo.
A última etapa, que foi fazer o encaixe de cada peça e colocar a luva foi realizada pela autora.
Segue abaixo cada etapa da construção:

 Foi fixado o tubo de alumínio no suporte de madeira parafusando as duas braçadeiras;


16

Figura 6: tubo de alumínio fixado na base de madeira. Fonte: arquivo pessoal

 Usando a régua foi traçada uma linha reta no meio do tubo e com a furadeira foram
feitos furos de 2 mm de diâmetros com espaçamento de 1cm. Nas extremidades foram
deixados uma distância de 8 cm sem furos;
 Foi feito uma marca na tampa cega do tamanho do adaptador de PVC para caixa de
água rosqueável;
 Usando a furadeira e a broca de 5 mm foram feitos um furo na tampa cega seguindo a
marca feita com adaptador de PVC para caixa de água rosqueável;
 Foi feito o acabamento no furo da tampa cega usando a lixa de 150;
 Usando a lixa, foi feito um polimento na tampa cega e no tubo de alumínio para
facilitar o encaixe;
 O adaptador para caixa de água de 0,5 pol foi encaixado na tampa cega e esta
encaixada no tubo;
 Para finalizar o encaixe da tampa cega no tubo de alumínio foi usado um martelo;
17

Figura 7: Encaixe da tampa cega. Fonte: arquivo pessoal

 A outra extremidade do tubo foi coberta com uma luva de látex. Esta foi presa com o
uso de fita crepe;

Figura 8: Encaixe da luva de látex Fonte: arquivo pessoal

 Em uma das pontas de mangueira de gás foi colocado o registro e adaptador para
botija e na outra ponta foi colocada um adaptador rosqueavel para cano de 0,5 pol;
18

Figura 9: Encaixe da mangueira para botija.Fonte: arquivo pessoal

 Depois foi encaixada a mangueira no adaptador de PVC para caixa de água apertando
com alicate;

 Depois de todas essas etapas a mangueira foi encaixada no botijão de gás com a
certificação que não havia vazamento.

Figura 10: Tubo de Rubens pronto e com a caixa de som próxima a uma extremidade. Fonte:
Arquivo pessoal
19

4. COMO USAR O TUBO DE RUBENS EM SALA DE AULA

Após o tubo de Rubens montado, propomos o seu uso pelo professor em sala de aula em
03 horas-aula, conforme o seguinte roteiro:

1) Com a válvula de gás desligada, aproxime a caixa de som amplificada (ou um alto-
falante ligado à um amplificador) à extremidade do tubo contendo a membrana. Ligue
a caixa de som à um gerador de frequências ou à saída de um computador com um
cabo apropriado. Ao usar o computador, é necessário que este contenha o programa
Audio SweepGen (gratuito) ou outro similar e um programa para executar músicas.
Mantenha a caixa de som desligada.

Figura 11: Tubo de Rubens montado. Fonte: Arquivo pessoal

2) Abra a válvula do gás GLP e após 1minuto, acenda o gás saindo nos furos com um
isqueiro ou palito de fósforo e observe se as chamas aparecem. Acenda começando da
região próxima da entrada de gás na extremidade do tubo. Certifique-se que todos os
furos estão acesos, com as chamas visíveis, antes de começar o experimento. Nesse
momento, as chamas terão alturas constantes e distribuídas uniformemente ao longo
do tubo.
20

Figura 12: Tubo de Rubens ligado. As chamas têm altura constante distribuídas
uniformemente ao longo do tubo. Fonte: Arquivo pessoal

3) Escolha uma música do gênero clássica no reprodutor de som. Execute o reprodutor de


som e ligue a caixa amplificadora de som. Peça aos alunos para observarem o
comportamento da distribuição de chamas.

4) Questões propostas aos alunos


a) A distribuição das chamas observada é a mesma daquela antes de ligar a caixa? O
que está diferente?
b) Em algum momento, a distribuição de chamas segue o padrão de ondas
estacionárias?
5) Escolha agora uma música do gênero rock and roll e repita o procedimento anterior.
Questões propostas aos alunos
a) A distribuição das chamas segue em algum momento, o padrão de ondas
estacionárias?
b) Existe alguma relação entre certas notas ou frequências da música com a altura das
chamas?
6) Abra o programa Audio SweepGen e escolha uma onda senoidal. A seguir escolha no
menu a opção de varrer automaticamente as frequências entre 20 e 20000 Hz (faixa
audível para o ouvido humano). Execute o comando de varredura de frequências.
21

Figura 13: Programa Audio SweepGen com frequências entre 20 e 20000 Hz. Fonte: Arquivo
pessoal

Questão proposta aos alunos:

a) Qual a relação entre os valores das frequências e o número de antinodos (ventres)


ou chamas altas?
b) Quando as frequências se aproxima de 20 Hz ou 20000 Hz o que acontece com a
distribuição de chamas?
c) Existe alguma dificuldade ou desconforto em ouvir as frequências desse intervalo?

7) Abra o programa Audio SweepGen e escolha uma onda senoidal e por exemplo, uma
frequência inicial de 300 Hz. Peça aos alunos para observarem o comportamento da
distribuição de chamas.

Figura 14: Formação de ondas estacionárias com frequência de 300 Hz. Fonte: Arquivo pessoal

Questões propostas aos alunos

a) A distribuição das chamas segue o padrão de ondas estacionárias?


22

b) Quantos máximos e mínimos (altura das chamas) podem ser observados na


distribuição?
8) Varra as frequências com o programa Audio SweepGen até encontrara próxima
frequência que tenha um padrão definido de máximos e mínimos das chamas.
9) Uma vez que se encontre uma frequência em que a distribuição das chamas apresente
os máximos e mínimos, peça aos alunos para contarem o número de furos entre um
ponto de máximo da chama e outro ponto de máximo.

Figura 15: Aluno contando os furos para saber o comprimento de onda da onda estacionária.
Fonte: Arquivo pessoal
Questões propostas aos alunos
a) Determine a distância entre os nodos de pressão (chamas altas)
b) Determine a distância entre os antinodos de pressão (chamas baixas)
10) Se for usada apenas uma frequência para determinar a velocidade do som, repita o
procedimento 03 vezes com a mesma frequência e peça ao grupo para distância entre
os nodos de pressão.
11) Percorra outras frequências possíveis através do programa Audio SweepGene encontre
outros modos de ressonância no tubo.Para cada frequência de ressonância ou modo de
oscilação, peça aos alunos para anotarem o número de harmônicos contando o número
de nodos ou antinodos (ventres) de pressão. Peça aos alunos para contarem o número
de furos entre os nodos de pressão (chamas altas) e determinarem as distâncias entre
esses nodos. As medidas precisam ser rápidas, pois o tubo aquece muito e isso pode
prejudicar as medidas ou mesmo danificar o experimento.
Questões propostas aos alunos:
a) Existe uma relação entre a distribuição de chamas e os nodos ou antinodos das
ondas estacionárias?
23

b) Qual a relação entre a altura das chamas e pressão do gás?


12) Peça aos alunos para construírem uma tabela contendo os números de harmônicos e o
comprimento de onda medido.
Questões propostas aos alunos:
a) Determine a velocidade do som para cada frequência ressonante.
b) Calcule a média das velocidades do som no gás GLP e compare com a literatura.
c) Quais são as fontes de erros envolvidos nesse experimento?

4.1 ROTEIRO PARA CALCULAR A VELOCIDADE DO SOM NO GÁS CLP


USANDO O TUBO DE RUBENS

O tubo de Rubens ou áudio osciloscópio de chamas constitui-se de um tubo fechado,


com um alto-falante em uma das suas extremidades e gás GLP em seu interior, por meio de
pequenos furos o gás é liberado e entra em combustão, e devido à diferença de pressão do gás,
dentro do tubo, produzida pela frequência de oscilação do alto-falante, as chamas produzem
um padrão de onda estacionaria.
O tubo de Rubens ilustra uma onda estacionária (comprimento de onda ) que representa o som
que está sendo tocado.
Objetivo: Determinar a velocidade do som no gás GLP.

Primeiro passo: Identificar 5 frequências de ressonância e anotar na tabela abaixo;

Segundo passo: Medir com a régua a distância entre os nodos ou antinodos para cada
frequência, como mostra a foto. Determinar o valor do comprimento de onda  ;

Figura 16: Exemplo de como contar os furos para medir o comprimento de onda da onda estacionária.
Fonte: Arquivo pessoal

Terceiro passo: Com base no valor do comprimento de onda e na frequência mostrada no


computador, calcular a velocidade do som no gás GLP;

Quarto passo: Fazer a média das velocidades;


24

Frequência ( f ) Distância entre os Comprimento de onda v  . f


nodos (ventre) ou ( )

antinodo ( )
2
f1 =
f2
f3
f4
f5
Média das velocidades

Quinto passo: Contar os nós ou ventres de acordo com cada frequência registrada. Verificar
qual harmônico corresponde a cada frequência.

Frequência ( f ) Número de nodos (ventres) Harmônico


f1 =
f2
f3
f4
f5

5. MANUAL DE SEGURANÇA PARA USAR O TUBO DE RUBENS

O tubo de Rubens é um experimento que requer alguns cuidados ao ser utilizado,


principalmente na presença de alunos, por funciona com gás butano e propano que são
altamente inflamáveis. Alguns cuidados devem ser tomados ao usar esse aparelho para
amenizar os perigos de um possível vazamento de gás e uma possível explosão. Algumas
precauções podem ser tomadas para garantir a segurança na utilização do tubo de Rubens
como:

 Montar o equipamento em local com ventilação, para dispersar um eventual


vazamento de gás;
 Realizar testes de vazamento de gás, em todas as juntas do equipamento, com a
utilização de espuma ou de água;
 Abrir primeiramente a válvula de gás do botijão e em seguida abrir lentamente a
válvula do osciloscópio e acender as chamas depois de alguns minutos. É necessário
esperar encher o tubo de gás;
25

 Ao ligar o sinal de áudio regular o registro do osciloscópio até a altura da chama


desejada, não aumentar a chama ou o volume do som demasiadamente, pois a chama
se apaga e ocorre vazamento de gás;
 Utilizar fósforo de tamanho grande para ascender às chamas. Não utilizar isqueiros,
pois corre o risco de se queimar;
 A esse modelo de tubo deve ser usado cola Super Bonder para colar a tampa cega, pois
quando usado por um longo período, com o aquecimento do tubo a tampa cega
começa a se soltar oferecendo grande risco de vazamento de gás. Com o uso da cola
esse problema é resolvido.
 Utilizar a tampa cega da marca Tigre, pois foram testadas outras marcas e estas não
aguentaram a alta temperatura quebrando-se e se soltando do tubo;
 Utilize a válvula Corta Fogo cuja função é impedir o retrocesso de chama e o refluxo
de gases provenientes das mangueiras e/ou retrocessos repetidos. Não fizemos uso
dessa válvula quando trabalhamos com o tubo, mas achamos uma boa sugestão. Essa
válvula é um Filtro de aço inox sintetizado que absorve calor e extingue a chama.

6. CONTEÚDOS QUE DEVEM SER TRABALHADOS ANTES DE SE UTILIZAR O


TUBO DE RUBENS

A seguir, faremos de forma detalhada a apresentação dos conceitos físicos que devem
ser trabalhados antes de se usar o tubo de Rubens. Estes conteúdos são requisitos necessários
para que os alunos possam compreender como é formada a onda estacionária no tubo. Todos
esses conceitos foram tirados dos livros Física II: Termodinâmica e Ondas de Hugh D. Young
(2003), Fundamentos de Física de Halliday e Resnick (2012) e Os Alicerces da Física:
Termologia, Óptica e Ondulatória de Fuke, Carlos e Kazuhito (2007). Sugerimos que estes
conceitos sejam trabalhados em 06 horas-aula. Todas as imagens foram retiradas da internet e
legendadas com os respectivos endereços eletrônicos, seguidos da data de acesso.

6.1. ONDAS

Segundo Young (2003) uma onda é qualquer perturbação de uma condição de


equilíbrio que se propaga de uma região para outra. Uma onda mecânica sempre se propaga
no interior de um material denominado meio.
Segundo Halliday e Resnick (2012) de acordo com a sua natureza, as ondas podem ser
classificadas em três tipos:
26

Ondas mecânicas: As principais características de todas as ondas mecânicas são que, além de
governadas pelas Leis de Newton necessitam de um meio físico como o ar, a água para
existir. Temos como exemplo as ondas do mar, as ondas sonoras e as ondas sísmicas
Ondas eletromagnéticas: São resultados da combinação de campo elétrico com campo
magnético. Sua principal característica é que não precisam de um meio físico para existir. A
luz das estrelas, por exemplo, propaga em nossa direção através do quase vácuo do espaço
profundo. Todas as ondas eletromagnéticas se propagam através do vácuo com velocidade c,
dada por c  299.792.458m / s
A mais familiar das ondas eletromagnéticas é a luz visível, mas quase tão familiar temos os
raios X, as micro-ondas e as ondas de rádio.
Ondas da matéria: Essas ondas são mais usadas nos laboratórios. Estão associadas a
elétrons, prótons e outras partículas elementares e mesmo a átomos e moléculas. São
chamadas ondas da matéria porque normalmente pensamos nas partículas como elementares
da matéria.

6.2 PROPRIEDADES DAS ONDAS

Aparte elevada da onda denomina-se crista da onda e a cavidade entre duas cristas
chama-se vale.
Período: O período T é definido como o espaço de tempo necessário para uma onda caminhar
um comprimento de onda.
Frequencia: Chama-se freqüência f o número de cristas consecutivas que passam por um
mesmo ponto, em cada unidade de tempo. O número de oscilações por segundo. A frequência
1 1
é medida em Hertz e é o inverso do período. f = =
T s
Comprimento de onda: é o tamanho de uma onda, que pode ser medida em três pontos
diferentes: de crista a crista, do início ao final de um período ou de vale a vale. Crista é a parte
alta da onda, vale, a parte baixa. É representada no SI pela letra grega lambda (λ)

Figura 17: Elementos de uma onda. Figura disponível em


http://ww2.unime.it/weblab/awardarchivio/ondulatoria/ondas.htm. Acesso 20/01/2016
27

Amplitude: é a "altura" da onda, é a distância entre o eixo da onda até a crista. Quanto maior
for a amplitude, maior será a quantidade de energia transportada.
Velocidade: todas as ondas possuem uma velocidade, que sempre é determinada pela
distância percorrida, sobre o tempo gasto. Nas ondas, essa equação fica: s = vt.
Fazendo s = λ, temos t = T. Logo:

1
S  v.t    v.T    v.  v  . f
f

6.3. INTERFERÊNCIA DE ONDAS

A interferência de ondas acontece devido ao cruzamento delas, quando se movimentarem


no mesmo meio. A interferência pode ser construtiva ou destrutiva.
a) Na interferência construtiva, os pulsos se encontram em concordância de fases (crista
com crista ou vale com vale).

Figura 18: Interferência construtiva. Disponível em http://pt.slideshare.net/JeffersonCardoso2/2ondas.


Acesso 20/01/2016

b) Na interferência destrutiva, os pulsos se encontram com fases invertidas (crista com


vale).

Figura 19: Interferência destrutiva. Disponível em http://pt.slideshare.net/JeffersonCardoso2/2ondas.


Acesso 20/01/2016

6.4 ONDAS SONORAS

As ondas sonoras são ondas mecânicas, isto é, precisam de um meio para se propagar
e longitudinais (são aquelas que a direção do movimento vibratório coincide com a de
28

propagação); no ar, conforme o som se propaga, as moléculas formam regiões de compressão


e rarefação.

Figura 20: Onda sonora. Disponível em


http://www.rc.unesp.br/showdefisica/99_Explor_Eletrizacao/paginas%20htmls/Ondas.ht
m. Acesso em 19/01/2016.

6.5 ONDAS ESTACIONÁRIAS

De acordo com Halliday e Resnick, no livro Fundamentos de Física, volume 2, se duas


ondas senoidais de mesma amplitude e mesmo comprimento de onda se propagarem em
sentidos opostos a interferência mútua produz uma onda estacionária. Evidentemente, não se
trata de uma onda, na acepção normal do termo, mas de um particular padrão de interferência.

Figura 21: Onda estacionária. Disponível em http://trabalhoondasestacionarias.blogspot.com.br.


Acesso em 19/01/2016.

Uma onda estacionária resulta da combinação dos fenômenos de reflexão e


interferência. Podem ocorrer em cordas, tubos sonoros (como flauta), antenas, etc.
O caso mais simples desse tipo de interferência é o que ocorre em uma corda esticada, na qual
as ondas produzidas em uma das extremidades superpõem-se às ondas refletidas na
extremidade oposta. Os pontos do meio no qual ela é estabelecida oscilam em MH
(Movimento Harmônico Simples), com amplitudes que dependem da posição do ponto
considerado.
Nos pontos de interferência construtiva (V), denominados ventres ou pontos ventrais,
a amplitude de oscilação é máxima, correspondendo ao dobro da amplitude de cada onda
constituinte.
29

Aos pontos de interferência totalmente destrutiva (N) damos o nome de nós ou pontos
nodais, que não oscilam, permanecendo, portanto, em equilíbrio. A distância entre dois
ventres consecutivos, ou entre dois nós consecutivos, é igual à metade do comprimento de
onda da onda estacionária.

Figura 22: Formação de nós e ventres numa onda estacionária. Disponível em


http://slideplayer.com.br/slide/1240712. Acesso em 19/01/2016

Como os nós estão em repouso, não pode haver passagem de energia por eles, não
havendo, então, em uma corda estacionária o transporte de energia. Algumas observações
sobre as medidas envolvendo o comprimento de onda:

a) A distância entre dois nós consecutivos vale .
2

b) A distância entre dois ventres consecutivos vale .
2

c) A distância entre um nó e um ventre consecutivo vale
4

6.6 ONDAS ESTACIONÁRIAS EM INSTRUMENTOS DE CORDA

Os instrumentos de corda, como o violão, produzem sons a partir da vibração de suas


cordas. Quando vibra, a corda desses instrumentos faz com que o cavalete também oscile,
fazendo com que seu tampo vibre, produzindo o som audível.
Como a área do tampo é grande, ele, ao vibrar, pode produzir ondas sonoras com
volume mais alto do que as produzidas unicamente pela vibração da corda, funcionando como
uma caixa de ressonância. Cada corda de um violão pode vibrar produzindo ondas
estacionárias, tendo sempre um nó nas extremidades onde a corda está fixa.
Nesses instrumentos, o som é produzido a partir de cordas, que quando acionadas
provocam compressões e rarefações no ar, chamadas ondas sonoras.
Também chamada de cordas vibrantes, as cordas dos instrumentos musicais, quando vibram
produzem ondas transversais que, superpondo-se às refletidas nas extremidades, originam
uma onda estacionária.
30

O modo mais simples de vibração da corda caracteriza sua freqüência fundamental,


correspondente à vibração entre as extremidades de fixação da corda (nós) e um ponto médio.
O segundo modo de vibração corresponde aos nós das extremidades e a um nó no ponto
central. O terceiro modo corresponde a mais um nó entre os nós extremos, e assim, cada novo
modo de vibração corresponde a mais um nó intermediário.

Figura 23: Onda estacionária nas cordas de um violão

Temos que o comprimento de onda da onda estacionária formada na corda será:


2L
yn  , (n  1,2,3,4...) onde n representa o número do harmônico gerado.
n
A frequência pode ser obtida da equação
v v nv
f   fn   fn 
 2L 2L
n

6.7 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO SOM

De acordo com Halliday e Resnick a velocidade de uma onda mecânica, seja ela
transversal ou longitudinal, depende tanto das propriedades inerciais do meio ( para
armazenar energia cinética) como das propriedades inerciais do meio(para armazenar energia
potencial) generalizar que a velocidade de uma onda transversal em uma corda é:

T propriedade  elática
v 
 propriedade  inercial
Por ser uma onda mecânica longitudinal, o som se propaga por meio de pequenas
variações do meio material, ou seja, microscópicas contrações e expansões dos materiais que
31

provocam esse tipo de onda. Dessa forma, conclui-se que o meio em que o som se propaga
afeta a sua velocidade, da mesma forma que a temperatura e a pressão.
Quando uma onda sonora se propaga no ar, a energia potencial está associada à
compressão e expansão de pequenos elementos de volume do ar. A propriedade que
determina quanto um elemento do meio muda de volume quando é submetido a uma pressão
(força por unidade de área) é o módulo de elasticidade volumétrico B.
A equação da velocidade fica:

B
v

Onde: v = velocidade de propagação do som,
B= módulo de elasticidade volumar do meio
ρ = densidade do ar.
Quanto mais denso o meio, maior a energia para perturbar suas partículas. Como a
velocidade depende da densidade, essa é maior nos sólidos, em seguida nos líquidos e possui
menor velocidade nos gases.
Na tabela apresentada abaixo, estão indicadas as diferentes velocidades de propagação
do som consoante o meio material em que este se propaga.

Tabela 1: Velocidade do ar em diferentes meios. Disponível em http://www.colegioweb.com.br/nocoes-


gerais-de-ondas/velocidade-do-som.html. Acesso em 19/01/2016

6.8 TUBOS SONOROS

De acordo com Kazuhito (2007) da mesma forma que existem cordas vibrantes o ar
(ou gás) contido em um tubo pode vibrar de modo estacionário, com determinada frequência,
produzindo ondas sonoras. Instrumentos musicais de sopro, como flauta, pistão, corneta, tuba,
32

etc., são essencialmente constituídos por tubos sonoros, nos quais uma coluna de ar é posta a
vibrar, soprando-se a extremidade chamada de embocadura, que possui dispositivos vibrantes
apropriados.
Os tubos sonoros mais simples, podem ser abertos ou fechados. No caso do tubo
aberto, as duas extremidades são abertas, e, no caso tubo fechado, uma das extremidades é
fechada e a outra é aberta.
Se uma fonte sonora for colocada na extremidade aberta de um tubo, as ondas sonoras
emitidas irão superpor-se às que se refletirem na outra extremidade, produzindo ondas
estacionárias com determinadas frequências. Nessas condições, a coluna de ar no tubo entra
em ressonância com a frequência emitida pela fonte.
Uma extremidade aberta sempre corresponde a um ventre (interferência construtiva), e a
fechada, a um nó (interferência destrutiva).
Nas figuras a seguir, têm-se tubos sonoros de comprimento L, cujas ondas propagam-
se com velocidade v.

6.8.1 TUBOS ABERTOS

As três primeiras possíveis configurações de ondas estacionárias são:


33

Figura 2: Três primeiros harmônicos de um tubo aberto. Disponivel em:


http://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/Acustica/tubos.php. Acesso em 30/03/2016.

O enésimo modo de vibrar será:

n 2L
n.  L  n  , onde n= 1, 2, 3,...
2 n

A frequência dos harmônicos será:

v v v
fn    f n  n. , onde n= 1, 2, 3,...
n 2L 2L
n

f n  n. f1

No tubo aberto, obtêm-se frequências naturais de todos os harmônicos ( Como nas


cordas vibrantes).

6.8.2 TUBOS FECHADOS

As três possíveis configurações de ondas estacionárias são:


34

Figura 3: Três primeiros harmônicos de um tubo fechado: Disponível em


http://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/Acustica/tubos2.php. Acesso em 30/03/2016

O iésimo modo de vibrar será:


 4L
i  i  L  i  , onde i = 1, 3, 5, ...
4 i
A frequência dos harmônicos será:
v v v
fi    fi  i , onde i = 1, 3, 5, ...
i 4 L 4L
i
f i  i. f i

No tubo fechado, obtêm-se frequências naturais dos harmônicos ímpares.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasileira de Ensino de Física, v. 20, n. 1, p. 6-10, 1998.
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