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PREPARATÓRIO ENADE

VENEZUELA
ENTENDENDO A CRISE ATUAL

• Uma compreensão do que ocorre na Venezuela só é possível por meio de uma breve
análise sobre o chavismo nesse país. A ascensão política de Hugo Chávez na Venezuela
aconteceu na década de 1990.
• QUEM FOI CHÁVEZ?
• Foi um paraquedista do exército venezuelano e envolveu-se em uma tentativa de
golpe contra o então presidente Carlos Pérez no ano de 1992.
• Chávez era membro do Movimento Bolivariano Revolucionário 200, um
movimento de esquerda que visava à tomada do poder no país. O golpe fracassou,
Chávez foi preso, mas tornou-se uma figura extremamente popular no país e foi
libertado pelo presidente seguinte da Venezuela, Rafael Caldeira.
• Chávez, quando saiu da prisão e lançou-se à candidatura presidencial, criou um discurso de ataque aos políticos
do país e prometendo refazer a democracia venezuelana. Afirmava buscar a realização de maior justiça social por
meio do principal produto do país, o petróleo. Hugo Chávez venceu a eleição em 1998 e iniciou um longo
processo no poder, que se estendeu por catorze anos. Nesse período, Chávez venceu quatro eleições (1998,
2000, 2006 e 2012).
• Durante os catorze anos no poder, Hugo Chávez promoveu uma ampla distribuição de renda no país.
Conseguiu aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela, diminuiu sensivelmente o número de pobres do
país, reduziu a mortalidade infantil etc. O chavismo, porém, contribuiu abertamente para a erosão da democracia
venezuelana.
• CHAVISMO
• projeto político recebeu o nome de chavismo e foi baseado nos ideais de SÍMON BOLÍVAR, além de ideais
socialistas.
• O chavismo tem como elementos centrais a defesa de medidas que ampliam a participação social na política,
bem como defende a importância da igualdade social. O chavismo também é caracterizado por uma política anti-
imperialista, a qual defende a integração dos povos sul-americanos e o combate à influência dos Estados Unidos.
O governante – no caso Chávez – apresentava-se como líder da nação, e seu poder era baseado em um forte
militarismo.
• Chávez aparelhou o Supremo Tribunal do país ao aumentar o número de juízes de 20 para 32. Os 12 novos
juízes eram adeptos do chavismo. Durante seu governo, Hugo Chávez também promoveu a
perseguição de opositores e procurou, por meio de pequenas reformas, perpetuar-se no
poder.
• As contradições do chavismo criaram uma situação na qual muitos tornaram-se defensores convictos
do governo, porque as ações de distribuição de renda e de combate à pobreza beneficiaram essas pessoas.
Por outro lado, as ações do governo criaram uma oposição, que atuou de maneira radicalizada, inclusive
tentando retirar Chávez do poder à força, como ocorreu em 2002.
• Depois do falecimento de Hugo Chávez, vítima de um câncer, o poder do país passou de maneira
provisória para o vice, Nicolás Maduro. De 2013 em diante, Maduro tornou-se presidente de fato do país,
após ser eleito com uma vitória apertada sobre Henrique Caprilles. Desde então, o quadro na Venezuela
agravou-se consideravelmente, e a crise econômica embrionária tomou grandes proporções.
• A crise política e econômina na Venezuela tem causado continuamente violentos protestos, pois os
opositores que manifestam sua insatisfação reagem violentamente e têm sido respondidos pelas tropas do
Governo também com violência. Essa crise gerou um forte desabastecimento, o que aumentou a fome no
país, assim como contribuiu para um princípio de crise humanitária.
• Em meio a esse caos, parte da população não viu outra saída a não ser procurar uma vida mais estável em
outros países. Isso deu início a um ciclo migratório, responsável pela saída de milhares de venezuelanos
de seu país.
A CRISE ECONÔMICA NA VENEZUELA

• A crise na Venezuela está diretamente ligada com a desvalorização do petróleo no mercado internacional,
o que aconteceu a partir de 2014. As reservas de petróleo foram descobertas na Venezuela no começo do
século XX e, desde então, tornaram-se a principal fonte de riqueza do país sul-americano.
• A Venezuela é membro da ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO (OPEP) e,
atualmente, é o país com as maiores reservas de petróleo do mundo. Durante o governo chavista, todos os
ganhos sociais da Venezuela foram financiados com o dinheiro que era trazido ao país por meio da venda de
petróleo.
• Porém, a riqueza do petróleo criou um país extremamente dependente dessa commodity(produto que
tem seu valor baseado pela oferta no mercado internacional). A dependência do petróleo fez com que a
Venezuela não investisse o suficiente na sua própria indústria e agricultura. Assim, o país comprava tudo o
que não produzia.
• O estopim da crise foi a queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional. Em junho de
2014, o preço do barril de petróleo era de US$111,87 e, em janeiro de 2015, o valor era de US$48,07. Isso
teve resultado direto no PIB do país, que caiu quase 4% no ano de 2014. A queda do valor do petróleo
impactou diretamente o abastecimento do mercado venezuelano, uma vez que, sem dinheiro, o governo
parou de comprar itens básicos do cotidiano da população.
• Além disso, a partir de 2017, o governo americano, liderado pelo presidente Donald Trump, começou a
impor uma série de sanções à economia venezuelana, em represália ao autoritarismo de Nicolás Maduro
no comando da Venezuela. Essas sanções agravaram a situação econômica e forçaram o país a reduzir a
quantidade de petróleo exportado, por exemplo. Essa redução da produção de petróleo também é fruto
da má gestão da estatal venezuelana, a Petróleos de Venezuela (PDVSA).
• Essa atual crise econômica da Venezuela transformou-se na maior crise da história econômica do país. A
redução do valor do barril do petróleo, a ineficiência do governo e as sanções americanas levaram o país
à situação atual. Itens básicos, como medicamentos, alimentos e papel higiênico, não são encontrados
facilmente nos supermercados, e, quando são encontrados, seus preços são exorbitantes.
• A falta de alimentos levou milhares de venezuelanos a passarem fome, e dados comprovam que, em
2017, a população emagreceu, em média, 11 kg|1|. Muitas mães têm entregado seus filhos às autoridades
por não terem condições de sustentá-los, e muitas famílias têm sido obrigadas a comprarem carne
estragada, pois é a única a que têm acesso.
A crise da economia venezuelana pode ser mais bem entendida por meio das estatísticas:
• A inflação da Venezuela em 2018 ultrapassou 1.300.000%.
• A pobreza extrema do país saltou de 23,6%, em 2014, para 61,2%, em 2017.
• Entre 2013 e 2017, o PIB do país caiu 37%, e a estimativa para 2018 é de que ele tenha caído 15% (ainda
não existem dados oficiais sobre o PIB venezuelano em 2018).
• O salário-mínimo atual da Venezuela corresponde atualmente a R$77.
• Em decorrência da crise política e econômica no país, quase três milhões de venezuelanos deixaram o país
• A crise política, econômica e humanitária que atingiu a Venezuela fez com que sua população procurasse
refúgio em nações vizinhas. Como recém-mencionado, quase três milhões de venezuelanos já
fugiram do país desde 2015, e acredita-se que, até o fim de 2019, esse número possa alcançar a
quantidade de cinco milhões de pessoas. Os dois países que mais receberam refugiados venezuelanos foram
Colômbia e Peru. A entrada de refugiados venezuelanos no Brasil resultou em uma crise migratória
em Roraima, estado de poucos recursos localizado no norte do país.
CRISE POLÍTICA

• A crise política é outra faceta do quadro caótico que a Venezuela encara atualmente.
No governo de Hugo Chávez, a relação com a oposição já era tumultuada — como
mencionado, houve uma tentativa de golpe contra Chávez em 2002. No entanto, durante
o governo de Maduro, a guinada do país rumo ao autoritarismo foi total, e sua situação
atual é delicada.
• Como já visto, o projeto político do chavismo começou a ser intensamente criticado por
conta de sua guinada ao autoritarismo. Depois da morte de Chávez, a disputa pelo poder
intensificou-se, e a eleição de 2013 foi um símbolo disso: Maduro venceu a disputa contra
Henrique Caprilles, obtendo 50,61% dos votos contra 49,12% de seu opositor, uma
margem de diferença muito pequena.
• Maduro assumiu a Venezuela quando a crise da economia do país começava a despontar. Isso reforçou a
oposição do país contra o governo e levou Maduro a usar de mecanismos de força para combater e calar
seus opositores. Em 2016, por exemplo, a oposição de Maduro começou a articular-se para convocar
um referendo revogatório do mandato de Maduro. O Conselho Nacional Eleitoral do país, porém, adiou a
data de acolhimento das assinaturas necessárias, e o processo de referendo revogatório não evoluiu por isso.
• A pressão sobre o governo Maduro era grande, porque, em 2015, a correlação de forças no Legislativo
venezuelano alterou-se quando a oposição conseguiu eleger a maioria de parlamentares. A pressão sobre
Maduro vinda da Assembleia Nacional o fez adotar um mecanismo para enfraquecê-la, e, em 2017, Maduro
propôs a convocação de uma Constituintepara redigir uma nova Constituição para a Venezuela.
• A oposição acusou Maduro de utilizar a convocação de uma Constituinte como uma forma para combater e
enfraquecer a atuação dos parlamentares na Assembleia Nacional, e, por isso, a oposição não lançou nenhum
candidato para se eleger por esse modo. O referendo de convocação da Constituinte foi acusado de ser
fraudado pelo governo.
• Enquanto toda essa disputa política acontecia, as ruas venezuelanas ferviam com as manifestações sociais
contra o governo de Maduro. A reação do governo foi a de reprimir os protestos com violência. Além disso,
os opositores começaram a ser perseguidos e presos. Existem denúncias de que tropas do governo estão
coordenando execuções de pessoas que se manifestam contra Maduro.
• Em 2018, foi realizada eleição presidencial na Venezuela, com Nicolás Maduro concorrendo à reeleição
contra Henri Falcón. A oposição venezuelana estava enfraquecida devido à perseguição promovida pelo
governo, e Maduro obteve a vitória ao conquistar quase 68% dos votos. Acontece que essa eleição não foi
reconhecida pela oposição e nem por parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil. A denúncia da
oposição foi de fraude realizada por agentes do governo na contagem e por meio da compra de votos.
• O mais recente capítulo da crise política da Venezuela deu-se pelo pronunciamento do presidente da
Assembleia Nacional, Juan Guaidó, realizado no começo de 2019. O político venezuelano de 35 anos
autoproclamou-se presidente interino da Venezuela enquanto o país estiver em processo de transição de
poder.
• Desnecessário mencionar que o anúncio de Guaidó foi imediatamente rejeitado por Maduro. A situação
deste, por sua vez, está cada vez mais delicada, porque parte da comunidade internacional reconheceu Juan
Guaidó como presidente venezuelano. Isso inclui os
países: Estados Unidos, Canadá, Espanha, França e, até mesmo, o Brasil.
• Os países como Rússia, China, África do Sul e Cuba declararam apoio a Maduro, e o presidente
venezuelano sustenta-se no poder única e exclusivamente pelo fato de ter ainda o apoio das Forças
Armadas venezuelanas. Isso acontece porque Maduro reforçou seu apoio aos militares, fornecendo-lhes
importantes cargos no governo venezuelano em troca de fidelidade. Até o momento, a presidência do país
segue em disputa, com Nicolás Maduro sendo o presidente de fato do país, mas com Juan Guaidó tendo
certo reconhecimento internacional.
• Os riscos atuais que envolvem a crise da Venezuela são o de ameça de guerra e o de
uma intervenção americana no país. Estudiosos e especialistas de Relações Internacionais apontam que
os Estados Unidos têm conduzido a situação da Venezuela de maneira a forçar a troca de regime no país.
Com o agravamento da crise, a comunidade internacional passou a pressionar a Venezuela para que o país
recebesse equipes de ajuda humanitária.
• A Venezuela, por sua vez, nega essa ajuda humanitária, alegando que ela é apenas uma justificativa dos
Estados Unidos para intervirem diretamente no país. A reação do presidente Maduro foi ordenar
o fechamento das fronteiras do país com Colômbia, Brasil e Aruba. A situação nas fronteiras com
Colômbia e Brasil está tensa, com notícias de que militares venezuelanos têm reprimido a população, que
se aglomera nas regiões fronteiriças exigindo passagem.
• A tensão levou muitos a levantarem a possibilidade de um conflito armado entre Brasil e Venezuela, mas
declarações de agentes do governo brasileiro deram conta de que o país continuará com a linha de não
intervenção no país vizinho. A tensão atual segue devido a uma possível intervenção dos Estados Unidos
na Venezuela — ação criticada por muitos como forma de os Estados Unidos obterem acesso à
produção petrolífera do país. A situação na Venezuela segue indefinida, e somente a transição
democrática deve servir de solução para a crise que se instalou no país.

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