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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA

Ciências Econômicas: História do Pensamento Econômico

Professor (a): Shirley

Trabalho realizado pelos


alunos; Adriano
Gonçalves de Luna
Freire, Emannuelle
Macedo Viana, Rayanne
Souza de Araújo.
Referente à disciplina
História do Pensamento
Econômico, prof(a):
Shirley, para
composição da nota do
3° estágio.
1

SUMÁRIO

1 –Escola Marxista________________________________________________2

1.1 Caio Prado___________________________________________________2

1.2 FHC ________________________________________________________3

2-Escola Heterodoxa______________________________________________4

2.1 Ignácio Rangel________________________________________________6

2.2 Mário Henrique Simonsen_______________________________________8

2.3 Pérsio Árida_________________________________________________11

2.4 Lara Resende ( André Lara Resende )_____________________________12

3-Escola Neoliberal_______________________________________________14

3.1-Eugênio Gudin Filho__________________________________________14

3.2 Octávio Bulhões______________________________________________15

4-Escola Desenvolvimentista_______________________________________17

4.1 Celso Monteiro Furtado________________________________________17

4.2 Roberto Cochrane Simonsen____________________________________19

4.3 Maria da Conceição de Almeida Tavares__________________________20

Referências
2

Escola Marxista

A Escola Marxista desafiou os fundamentos da teoria clássica. Escrevendo durante


meados do século 19, Karl Marx viu o capitalismo como uma fase evolutiva no
desenvolvimento econômico. Ele acreditava que o capitalismo acabaria sendo destruído
por si mesmo e sucedido por um mundo onde não haveria propriedade privada. Numa
teoria sobre o valor do trabalho, Marx dizia que toda produção pertencia ao trabalho
porque os trabalhadores produzem todos os valores dentro de uma sociedade. Ele dizia
que o mercado permitia os capitalistas proprietários das máquinas e fábricas explorar os
trabalhadores negando a eles uma parcela justa sobre o que eles produzem. Marx previu
que o capitalismo iria trazer crescimento da miséria dos trabalhadores através da
competição dos capitalistas por maiores lucros incorporando mais máquinas e
substituindo trabalho humano criando um "exército industrial de reserva dos
desempregados", capitalistas que acabariam aumentando e apropriando os meios de
produção. Para o marxismo, o capitalismo é um sistema no qual a burguesia concentra o
capital e os meios de produção (instalação, máquina e matéria-prima) e explora o
trabalho do proletariado, mantendo-o numa situação de pobreza e alienação. Por estar
baseado nessa característica contraditória, a de explorar seu próprio alicerce - a classe
trabalhadora -, o sistema prepara o caminho para sua própria destruição. O capitalismo
levaria a luta de classes a um ponto crítico, em que o proletariado, privado de sua
liberdade por meio da contínua exploração, acabaria por se unir. A derrota da burguesia
coincidiria com a instalação do comunismo.
Como pensadores da escola marxista podemos destacar:

Caio Prado
Político e historiador brasileiro nascido em São Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros e
que desenvolveu obras essenciais para a compreensão do processo de formação histórica do
Brasil, além de se destacar como ativista político.

Nasceu na cidade de São Paulo em 11 de fevereiro de 1907. Pertencia à aristocrática família


Prado, de certa tradição na sociedade paulista, dona de riquezas e importante participação na
economia local. Assim, Caio Prado sempre pôde levar uma vida de conforto; estudou no
Colégio São Luís, realizando depois um ano de estudos secundários no Colégio Chelmesford
Hall, em Eastborn (Inglaterra). Voltou para o Brasil para estudar Direito na Faculdade de Direito
do Largo São Francisco, onde formou-se em 1928.
Como pensador Caio Prado Júnior destaca-se como um dos principais representantes da
utilização do marxismo no estudo da História e teoria política brasileiras. Sua obra abrange os
campos da História, Geografia, Sociologia, Economia, Política e Filosofia.

Teve como principais obras: Evolução Política do Brasil (1933), História Econômica
do Brasil (1945), A Revolução Brasileira (1966),
3

Evolução Política do Brasil: Esta é a primeira obra de Caio Prado Júnior, e também a primeira
análise marxista e materialista da história nacionalNo livro, Caio Prado, prega e prova a não
existência do feudalismo no Brasil (pois considera que desde o início da colonização nossa
estrutura econômica é capitalista). O que mais se pode destacar é que ele dá uma nova análise às
rebeliões regenciais, colocando-as como movimentos que tentaram romper a ordem colonial

História Econômica no Brasil: O livro é um texto interpretativo da formação econômica


nacional, desde o período colonial até os anos 30 deste século. Trata-se de um relato simples e
didático; afinal, Caio é um historiador que sabe economia, mas não fala “economês” (apresenta
menos números e mais história). O que se aponta como falha do autor é o fato de que alguns
capítulos não possuem dados econômicos (números, análises, tabelas,…) para comprovar as
interpretações ou exemplificá-las. Isso atrapalha o entendimento de certas partes. Mas, num
todo, trata-se de uma boa obra, abordando nossa trajetória econômica de maneira diferente.

Revolução Brasileira: O livro critica a atuação das forças de esquerda brasileiras. Ele aponta as
falhas das propostas políticas da esquerda e como isso compromete o destino nacional. Critica,
entre outros temas, a distância entre as análises do partido comunista brasileiro sobre o Brasil e
nossa realidade. Da mesma forma, abre espaço para ressaltar a importância do povo na
sociedade e história nacional.

FHC
Fernando Henrique Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, numa família de militares de grande
tradição nacionalista. Mudou-se para São Paulo aos 8 anos, onde se formou em Ciências Sociais
pela Universidade de São Paulo (USP), completando seus estudos de pós-graduação na
Universidade de Paris.Nasceu em 19 de junho de 1931. Formou-se em Sociologia pela Universidade de
São Paulo.

Em 1962 publica o livro Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional. Na época da ditadura militar,
FHC vai para o Chile, onde continuaria trabalhando como professor e lança mais um livro: Dependência
e Desenvolvimento na América Latina. Em 1969, após 5 anos no exterior, volta para o Brasil, anistiado
pelo AI-5. Compulsoriamente aposentado pela USP, FHC junto com outros membros do seu partido funda
o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Ainda que silenciado pela ditadura militar, Fernando Henrique continuou pesquisando, fazendo
palestras e escrevendo artigos na imprensa, sempre como crítico do regime militar e defensor de
uma transição pacífica para a democracia.

De 1978 a 1986, FHC disputa três eleições. Assume a vaga de senador suplente de Franco Montoro
quando este se elege governador de São Paulo em 1983. Perde a Prefeitura de São Paulo para Jânio
Quadros em 1985, quando se antecipou ao resultado, sentou-se na cadeira do prefeito e passou por um
vexame ao ouvir de Jânio que a cadeira iria ser desinfetada. Em 1986 é eleito senador por São Paulo com
6,2 milhões de votos. Em 1988, funda o PSDB. Com o impeachment de Fernando Collor de Melo, em
1992, e a posse de Itamar Franco, FHC é convidado para assumir o Ministério das Relações Exteriores e

em maio de 1993, o da Fazenda. Participa da elaboração do Plano Real e se lança candidato à presidência
da República em 1994. Fernando Henrique é escolhido presidente por 34,3 milhões de eleitores, com
54,28% dos votos válidos. Seu mandato vem sendo marcado por baixos índices de inflação, pela
crescente onda de desemprego e pelas privatizações de várias companias estatais.

Escola Heterodoxa

Economia heterodoxa é uma categoria que se refere a abordagens ou escolas de


pensamento econômico que são consideradas fora da economia ortodoxa. A economia
heterodoxa é uma expressão ampla que cobre campos, projetos ou tradições separados e
às vezes distantes, que incluem o (antigo) institucionalismo, a economia pós-
keynesiana, feminista, marxiana e austríaca, dentre outras.

Enquanto a economia ortodoxa pode ser definida em torno do nexo "equilíbrio-


racionalidade-individualismo", a economia heterodoxa pode ser definida em termos de
um nexo "estrutura histórico-social-institucional". Perceba que existe uma ênfase
distinta ao se distinguir as economias ortodoxas e heterodoxas dessa maneira em
camparação com a interpretação dessa divisão como sendo entre um sistema-fechado
em oposição a um sistema-aberto, respectivamente (Lawson,1997); (Dow, 2000)

É difícil definir a economia heterodoxa. A Confederação Internacional das Associações


pelo Pluralismo na Economia (CIAPE) tem prudentemente evitado dar definições muito
precisas para a "heterodoxia", escolhendo afirmar sua missão como sendo a de
"promover o pluralismo na economia". Todos os tipos de socialismo são considerados
heterodoxos, mas nem todas as escolas heterodoxas são socialistas. Um desafio central
para a heterodoxia é se auto-definir de forma mais precisa do que simplesmente
economia não-neoclássica. Ao definir um denominador comum no "comentário crítico"
alguns economistas heterodoxos, como Steve Cohn (Knox College, USA), tem tentado
fazer três coisas: (1) identificar idéias compartilhadas que gerem um padrão de crítica
heterodoxa através de tópicos e capítulos de textos didáticos introdutórios de
macroeconomia; (2) dar atenção especial a idéias que liguem diferenças metodológicas
com diferenças em relação à formulação de políticas; e (3) caracterizar as semelhanças
de maneira que permita que paradigmas distintos desenvolvam diferenças comuns com
a economia dos livros didáticos de diferentes formas. Os heterodoxos aceitam a
intervenção do estado, enquanto que os ortodoxos acreditam no livre equilibrio entre
oferta e demanda.

O grupo de economistas heterodoxos no Brasil

O grupo de economistas da PUC-RJ envolvido na compreensão do problema


inflacionário brasileiro e na formulação de alternativas concretas de estabilização para o
Brasil pode ser facilmente identificado. Ele foi criado no início dos anos 1980, logo
após o retorno de Pérsio Arida e de André Lara Resende dos Estados Unidos, onde

cursaram doutorado em Economia no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Na


PUC-RJ, eles se juntaram a outros três expertos em estabilização também treinados em
universidades norte-americanas — Chico Lopes (Harvard), Edmar Bacha (Yale) e
Eduardo Modiano (MIT, Sloan Business School) — e uns outros poucos interessados
em questões tangenciais à estabilização, como política trabalhista (José Márcio
Camargo), economia do setor público (Rogério Werneck) e questões relacionadas ao
endividamento externo (Pedro Malan).

Lopes, Arida e Lara Resende desenvolveram uma nova interpretação do processo


inflacionário brasileiro. Após empreenderem diversas investigações sobre a validade da
Curva de Philips para explicar a escalada da inflação no Brasil, eles chegaram a uma
conclusão muito diferente, que destacava a importância de mecanismos institucionais —
cláusulas de indexação — para explicar a falha dos programas de estabilização
ortodoxos implementados no início da década de 80. Sua contribuição teórica foi
chamada de Teoria da Inflação Inercial.

Alguns dos membros do grupo de estabilização da PUC-RJ fizeram parte do governo


federal nas administrações dos presidentes Sarney, Collor, Itamar Franco e Fernando
Henrique Cardoso. Arida e Lara Resende eram filiados ao partido governante — o
PMDB — e se juntaram à equipe econômica de Sarney na segunda metade de 1985.
Uma vez no governo, ajudaram a projetar o primeiro plano de estabilização, o Cruzado
(1986).1 O Programa Cruzado foi, em grande parte, influenciado por suas idéias, ainda
que incluísse um congelamento de preços, derivado da abordagem de Chico Lopes —
ao qual Arida e Lara Resende se opunham.

Medidas heterodoxas. Características básicas do programa:


(i) uma nova moeda: o cruzado (Cz$) substituiu o cruzeiro (Cr$) em 28 de fevereiro de
1986, na proporção de Cr$ 1 mil para Cz$ 1;

(ii) os preços foram congelados, por decreto, por tempo indeterminado. A taxa de
câmbio também foi fixada. Essas duas ações tiveram por base a idéia de que a meta de
inflação zero seria imediatamente atingida e mantida;

(iii) na conversão dos contratos salariais vigentes para cruzados, os valores iniciais
(entry values) deveriam ser iguais à média do poder de compra nos seis meses
anteriores, acrescidos de um abono de 8% (15% para o salário mínimo). Anualmente, os
salários seriam ajustados em pelo menos 60% da taxa de inflação acumulada desde o
ajuste anterior. Os outros 40% deveriam ser negociados entre trabalhadores e patrões;

(iv) criou-se uma cláusula de indexação determinando que, toda vez que as taxas
mensais de inflação acumuladas atingissem 20% ou mais, todos os salários seriam
automaticamente ajustados pela taxa total de inflação acumulada (gatilho);15

(v) depósitos, cédulas de cruzeiro e ações nos fundos financeiros públicos foram
convertidos em cruzados imediatamente. A Tablita — um mecanismo de desvalorização
diária baseado no desconto de valores indexados implícitos nos contratos futuros — foi
estabelecida para a conversão dos passivos com vencimentos futuros. Passivos
indexados explicitamente não estavam sujeitos à Tablita;

(vi) indexação: novos contratos só poderiam ser indexados (oficialmente) se durassem


mais de um ano. Nesse caso, o índice seria a OTN — Obrigações do Tesouro Nacional,
que substituiu a ORTN como índice de preços públicos. A OTN seria congelada por
doze meses, quando seria ajustada à inflação. A indexação de contratos em vigência por
menos de um ano foi proibida.

Embora tanto Arida quanto Lara Resende fossem teoricamente contra a idéia de um
congelamento de preços, especialmente devido a seus efeitos de longo prazo na
economia, eles aceitaram sua inclusão no Plano como instrumento de curto prazo. Eles
estavam convencidos da importância do sistema de preços para determinar uma
alocação eficiente de recursos entre diferentes setores da economia, mas escolheram o
congelamento de preços por três razões. Primeiramente, havia problemas
constitucionais envolvidos na idéia de criar um período de transição, durante o qual a
nova e a antiga moedas fossem válidas. Pode um país ter duas moedas diferentes?
Apenas em 1992, depois do fracasso de quatro choques de estabilização não-ortodoxos,
Arida planejou uma forma de evitar esse debate por meio de uma idéia muito criativa: a
nova moeda seria apenas virtual, isto é, ela não precisaria circular na economia como
meio de troca — essa foi a lógica aplicada no Plano Real.

Ignácio Rangel

Nascido em 20 de fevereiro de 1914, na cidade de Mirador, Maranhão, Ignácio Rangel


Mourão foi Bacharel em Direito e fez-se formalmente economista no ano de 1954, pela
CEPAL, defendendo a tese sob o título de El Desarollo Econômico em Brasil. Ainda na
adolescência, começa a ler obras de Marx e Engels, que o incentivam a se tornar
militante, no início da década de 30, do Partido Comunista Brasileiro. Mais tarde
começou a se afastar da militância à medida que cresciam os desacordos ideológicos
entre ambos, sobretudo, no que se refere à idéia defendida pelo partido de que a reforma
agrária seria fundamental para a industrialização. Durante a década de 1940, começa a
trabalhar no Rio de Janeiro como tradutor de novelas policiais e, em seguida, também
como tradutor para a agência de notícias Reuters. Paralelamente, dedicava-se ao estudo
e criação de artigos voltados à análise da economia. Em 1950, Rangel é apresentado por
Rômulo de Almeida, seu chefe, que assessorava a Conferência Nacional da Indústria, ao
presidente Getúlio Vargas, que o convida para assessorá-lo.
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Entre inúmeras atribuições, contribuía na elaboração de projetos para a Petrobrás e na


criação da Eletrobrás. Nesta mesma década faz pós-graduação na CEPAL,
desenvolvendo a teoria da dualidade brasileira, publicada em 1957 sob o título A
Dualidade Básica da Economia Brasileira. Em 1955 integra o BNDE (Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico), onde chega a chefe de Departamento Econômico.

Realiza dois trabalhos inspirados em suas atividades, dando origem ao longo artigo
Desenvolvimento e projeto e à obra Elementos de economia do planejamento. Um
apanhado de sua monografia escrita no Chile encontra-se em Introdução ao
desenvolvimento econômico brasileiro. Rangel publica Apontamentos para o 2° Plano
de Metas e A questão agrária brasileira, ambos em 1961, e o clássico Inflação
Brasileira (1963). Em 1965, Rangel é acometido de enfarte e se licencia do
BNDE, mas três anos após retorna. Apesar de se aposentar em 1976, continua a dar
consultoria ao banco até a véspera do governo Collor. Redigiu, então, mais três coleções
de ensaios – Recursos ociosos e política econômica (1980), Ciclo tecnologia e
crescimento (1982) e Economia brasileira Contemporânea (1987) – e uma análise da
economia brasileira no período autoritário: Economia, milagre e antimilagre.

No início dos anos 90, a Universidade do Maranhão publica uma entrevista biográfica
de Rangel. Após a publicação de diversos artigos na Revista de Economia Política e
tornar-se colaborador assíduo da Folha de S. Paulo, com a saúde bastante debilitada,
Ignácio Rangel falece em março de 1994 na cidade do Rio de Janeiro.

Pensamento econômico:

Conhecido por sua singularidade claramente autodidata e grande maturidade ideológica,


Ignácio Rangel ganhou destaque como um dos maiores estudiosos do desenvolvimento
econômico brasileiro a partir da segunda metade do século XX. Por possuir opinião
própria e linha de pensamento peculiar não pode ser rotulado, embora possuísse grandes
influências de Marx, Schumpeter e Keynes. Participou ativamente da ascensão da
Segunda Revolução Industrial no Brasil e da reorganização do governo central, sendo
parte integrante do desenvolvimento deste processo. A principal questão abordada por
Rangel é a formação de um capital mercantil desenvolvido e oligopolista, o qual seria
capaz de romper o sistema feudal da agricultura, suprindo as cidades – este tema é
nitidamente abordado pelo economista na obra A questão Agrária Brasileira. Para ele, a
criação de oligopólios, para a comercialização de produtos agrícolas ao mercado urbano
interno, gerou um expressivo progresso. Uma vez que era uma alternativa eficaz de
organização do abastecimento dos grandes centros urbanos, numa época em que a
produção estava fundamentada em alicerces feudais. O conjunto formado pelo
oligopólio e pelo comércio representava o aspecto externo do latifúndio internamente
feudal e exacerbadamente comerciante.

Contudo, ainda fica por esclarecer onde e em que condições originam-se esse segmento
modernizador do capital mercantil. Seria
necessário debater a lógica da reprodução da esfera clássica, com traços econômicos e
político e aspectos ideológicos e operacionais. Este trabalho foi o primeiro de um
economista contemporâneo a considerar a questão agrária como
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parte da dinâmica inerente aos interesses do capital. Sendo assim, esta questão não é um
problema rural, mas é um componente do movimento do capital, uma vez que ele se
desdobra no espaço nacional e apoia-se nas estruturas tradicionais de poder. “Não há um
problema agrário fixo, que permanece ou se resolve, se não um espaço de conflito de
interesses que se desloca segundo varia a mobilidade dos trabalhadores e flexibiliza o
acesso aos recursos humanos.”

Além dos estudos feitos sobre a questão agrária em nosso país, Ignácio Rangel
preocupou-se em fazer análises voltadas às transformações do capital e ao sistema
institucional – a influência do capital financeiro na construção do bloco de poder no
capitalismo monopolista. Além das implicações imediatistas, a inflação também deveria
ser analisada pela sua função de acumulação de capital. Neste
modelo disposto os aspectos monetários e os aspectos de distribuição de renda são
diferentes. O Brasil é representado para Rangel como uma economia complementar às
economias mais desenvolvidas, sendo formada por três níveis econômicos: a) economia
natural, indicando uma produção cujo consumidor seria o próprio produtor; b) economia
de mercado, que é parecida com o sistema capitalista do século XIX, e; c) economia de
monopólio, semelhante ao capitalismo contemporâneo.

A imensa contribuição de Ignácio Rangel para discussão econômica teve inicio


efetivamente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Tal experiência lhe
proporcionou grande aprendizado técnico, para a construção de uma visão acerca da
formação social brasileira. O economista teve como principais referências teóricas
Marx, Engels e Lênin, mas por possuir, por natureza própria, senso crítico singular e
inovador, analisava as questões de acordo com sua própria ideologia, sempre
preocupado com o desenvolvimento do Brasil. Uma das mais importantes reflexões foi
a de considerar a economia um grande sistema, no qual setores interagem entre si,
carecendo de planificação. Havia também um perfil político em suas críticas.
Fez uso do método histórico e dialético, principalmente nas teses da Dualidade
Brasileira, para explicar o processo de desenvolvimento do país, e dos mecanismos de
defesa, manifestados na inflação.

Mário Henrique Simonsen

1934-1996

Carioca, formou-se em Engenharia Civil em 1957 e em economia em 1963. Colaborou


com Roberto Campos durante o Governo Castello Branco. Assumiu o Ministério da

Fazenda durante todo o governo Geisel e deixando o comando da economia somente em


1979, já no governo Figueiredo.

Contribuição
Foi o principal economista da EPGE, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e
um dos principais economistas com contribuições na área de Teoria Econômica.
Realçou, entre outras idéias, a importância da educação para o desenvolvimento
econômico.

Linha de Pensamento

É um economista de idéias liberais e em sintonia com a tradição econômica norte-


americana "mainstream", principalmente em relação as correntes dominantes na Escola
de Chicago..

Obras Principais

O Brasil 2001

Mario Henrique Simonsen nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1935, e


faleceu precocemente dez dias antes de completar 62 anos, em 9 de fevereiro de 1997.
Engenheiro com sólida formação matemática, foi um dos mais brilhantes economistas
brasileiros e contribuiu decisivamente para a constituição do campo da economia no
Brasil. Nos anos 60 fundou a Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da
Fundação Getulio Vargas, numa época em que eram reduzidas as possibilidades de
especialização na área, e tornou-se responsável pela formação de várias gerações de
economistas. Na mesma década, já com larga experiência na elaboração de projetos de
viabilidade econômica, participou da concepção do Plano de Ação Econômica do
Governo (Paeg) e de algumas das reformas econômicas empreendidas pela
administração Castello Branco, como o Sistema Financeiro de Habitação e a Lei de
Mercado de Capitais. Ao mesmo tempo, atuava no setor privado: fundou, com Julio
Bozano, o Banco Bozano, Simonsen e foi membro de conselhos consultivos de diversas
empresas e instituições. Após exercer a presidência do Movimento Brasileiro de
Alfabetização (Mobral), assumiu o Ministério da Fazenda durante o governo Ernesto
Geisel (1974-1979) e foi durante oito meses ministro do Planejamento no governo de
João Figueiredo, o último do regime militar. Voltou então para a EPGE e para o mundo
dos negócios.

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Os 142 artigos reunidos neste livro foram publicados após o retorno de Mario Henrique
Simonsen às atividades acadêmicas e empresariais, entre 1981 e 1996, em periódicos de
alcance nacional, revistas especializadas e publicações de circulação dirigida. Nessa
fase de sua vida, Simonsen havia consolidado a reputação de arguto observador da cena
econômica e congregava um conjunto significativo de leitores e seguidores, que
buscavam em suas análises a clareza sintética e a forma incisiva com que apresentava
suas propostas.

Resultado de um projeto desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Documentação de


História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas, com apoio da
Cia. Bozano, este livro permite reviver conjunturas decisivas da história recente do
Brasil e do mundo e apreciar, com o privilégio da distância temporal, as análises que
delas fazia Mario Henrique Simonsen, em um diálogo regular com seus leitores. Os
textos selecionados apresentam as principais características do articulista, que era
observado como o mais preciso barômetro da ambiência econômica, e ressaltam o papel
singular que o ex-ministro passou a ocupar: o de consultor formal e informal de
políticos, gestores públicos e privados, empresários e toda uma gama diferenciada de
indivíduos interessados em acompanhar as oscilações da economia brasileira e mundial.

O período histórico em que estes textos se situam também se reveste de características


particulares. A fase áurea do "Simonsen articulista" correspondeu a uma conjuntura em
que o processo de endividamento público do Estado brasileiro se agravou drasticamente,
a vertiginosa espiral inflacionária se combinou a um agudo cenário recessivo, e as
experiências heterodoxas de gestão da política econômica engendraram uma seqüência
de planos e fracassos econômicos.

Nesse cenário, marcado pela imprevisibilidade e pelo caráter provisório das diretrizes
econômicas, o texto de Simonsen funcionava como uma clara e precisa cosmografia do
universo econômico, combinando as variáveis econômicas com um exato senso de
percepção das conjunturas políticas e sociais.

Talvez essas características fiquem ainda mais explícitas no formato escolhido para a
apresentação desta coletânea, sem dúvida influenciado por nosso próprio perfil de
organizadores. Em vez de buscarmos uma forma de observar a obra de Mario Henrique
Simonsen a partir de um referencial interno ao próprio campo da economia, que ele
ajudou a constituir com seus textos, abordamos sua produção a partir de uma percepção
histórica, referenciando seus discursos aos contextos específicos e aos lugares sociais de
sua elaboração. Usando as ferramentas próprias de nosso ofício de historiadores,
procuramos referenciar o indivíduo e a obra a conjunturas históricas determinadas. O
critério de seleção dos artigos foi a possibilidade de estabelecer sólidas referências entre
os textos e o ambiente social, político e econômico em que eles tiveram circulação. Essa
estratégia de organização acabou por evidenciar a clareza argumentativa com que Mario
Henrique Simonsen buscava associar os diversos referenciais que galvanizavam o
debate econômico, e permitiu compreender a aura de "guru" com que passou a ser

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identificado: era um intelectual capaz de antecipar-se aos lances de seus


contemporâneos no tabuleiro em que se confrontavam diferentes formas de
interpretação e de intervenção na realidade econômica.

Pérsio Árida

Pérsio Arida (São Paulo, 1 de março de 1952) é um economista brasileiro.

Na adolescência participou do movimento estudantil e fez oposição ativa ao regime


militar, tendo sido preso e torturado em 1970. Formado pela Universidade de São Paulo
e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), foi um dos idealizadores
do Plano Cruzado, (1986), durante o governo do presidente José Sarney e em 1994
participou da elaboração do Plano Real. Foi casado com Elena Landau que era diretora
de desestatização do BNDES, de onde comandou as privatizações ocorridas no governo
FHC.

Ocupou a presidência do Banco Central do Brasil em 1995; a carreira pública abriu


portas para uma sociedade com o banqueiro Daniel Dantas no Banco Opportunity --
mas após alguns anos deixou a instituição. Publicou junto com José Márcio Rego e
outros o livro "História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica".

Foi um dos diretores Opportunity Fund, ao lado de Daniel Dantas e Verônica Dantas na
versão de 1998 do Private Placement Memorandum (que foi arquivado na CVM e lá
pode ser consultado) daquele fundo internacional.

Em 2008, fundou, junto com André Esteves, alguns sócios do Banco Pactual e diretores
do Banco suíço UBS, o BTG, firma de investimentos globais com mais de 100
empregados e escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York, Londres e Hong
Kong. (consulta pode ser feita no site do BTG Pactual). Também faz parte do conselho
executivo do Instituto Moreira Salles.
Persio Arida participou do esforço coletivo de formulação de política de estabilização
em dois momentos especialmente marcantes de nossa história econômica recente: fez
parte da equipe responsável pela elaboração do Plano Cruzado em 1986 e do bem-
sucedido Plano Real em 1994. O que se mostra singular nesta trajetória é a presença da
mesma base conceitual nos dois Planos, ou seja, o diagnóstico da inflação inercial,
apesar da solução experimentada em 1986 não ser a proposta "Larida".1 Esta última
propunha estabilizar a inflação brasileira por meio de uma reforma monetária com
indexação plena, estratégia que acabou sendo adotada no Plano Real.

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Arida (1999) identifica como quatro os princípios da proposta "Larida"2 que nortearam
o plano de 1994: o pré-anúncio do programa, a introdução da moeda alternativa na fase
de transição, a livre conversão de contratos para a nova moeda via mercados, o uso da
reforma monetária como instrumento para remover a inércia inflacionária. Ressalta
somente duas diferenças do Plano Real com a proposta "Larida": a moeda indexada
existiu apenas virtualmente na fase de transição; e o papel atribuído à âncora dos preços.
A crise da dívida externa de 1982, e sua conseqüente restrição à liquidez internacional,
impossibilitavam a adoção do câmbio para esse papel.

Persio Arida deixa a Presidência do Banco Central em julho de 1995 em decorrência de


sua discordância quanto à condução da política cambial. A alteração no regime cambial,
com a adoção do sistema de bandas, foi introduzido em março daquele ano. Segundo
Arida, "já em 1995 propus evoluir para uma banda larga, passo prévio para a adoção
de um câmbio inteiramente flutuante." (Arida, 1999a). No entanto, venceu a proposta de
bandas estreitas defendida por Gustavo Franco, então Diretor de Assuntos
Internacionais, que em agosto de 1997 assumiria a Presidência do Banco.

Lara Resende ( André Lara Resende )

André Pinheiro de Lara Resende (Rio de Janeiro, 1951) é um economista brasileiro,


filho do escritor Otto Lara Resende. Formado em Economia pela PUC-Rio, obteve
posteriormente o título de Phd em Economia pelo Massachusetts Institute of
Technology.

Trabalhou no Banco de Investimentos Garantia, no Unibanco e foi sócio fundador do


Banco Matrix, junto com Luiz Carlos Mendonça de Barros. Ao lado de Persio Arida,
Edmar Bacha, João Sayad e Dilson Funaro, entre outros, arquitetou o Plano Cruzado,
durante o governo do ex-presidente Sarney (1986), numa tentativa fracassada de
combater a inflação.
Foi diretor do Banco Central do Brasil, negociador chefe da dívida externa e um dos
integrantes da equipe econômica que elaborou o Plano Real. Deixou o posto de sócio-
diretor do Banco Matrix a convite do Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso para assumir o cargo de assessor especial da Presidência e, posteriormente, a
presidência do BNDES, em abril de 1998.

Filho do escritor mineiro Otto Lara Resende, criado em meio à fina flor da
intelectualidade carioca, André era professor da Pontifícia Universidade Católica, PUC,
do Rio de Janeiro, em 1985, quando foi convidado a ser diretor do Banco Central.
Economista brilhante, um dos melhores no Brasil na formulação teórica, André Lara
Resende ajudou a criar o Plano Cruzado, juntamente com o colega Persio Arida. Sua
competência no trato da coisa pública levou-o para a iniciativa privada. Daí por diante,
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sua vida obedeceu a um movimento pendularmente incestuoso entre uma área e outra,
como acontece com muitos economistas competentes que passam pelos órgãos
financeiros do governo. Depois de passagens pelos bancos Garantia e Unibanco, Lara
Resende fundou o banco de investimentos Matrix, justamente ao lado de Mendonça de
Barros. O desempenho da instituição foi nada menos do que excepcional em matéria de
lucros. Voltou ao governo, teceu as bases do Plano Real, outra vez na companhia de
Persio Arida, e retornou ao banco, de onde finalmente se desligou para, uma vez mais,
voltar ao governo.

Em novembro de 1998 foi obrigado a renunciar à presidência do BNDES devido ao


escândalo do grampo do BNDES, que também derrubou seu ex-sócio Luiz Carlos
Mendonça de Barros da chefia do Ministério das Comunicações.

Acusado de improbidade administrativa em ação movida pelo Ministério Público


Federal, em razão do processo de privatização da Telebrás ocorrido em 1998, durante o
governo Fernando Henrique Cardoso, foi absolvido pela Justiça Federal de primeira
instância em março de 2009, em sentença proferida pelo juiz titular da 17ª Vara Federal
de Brasília.

Hoje, está no mercado com uma companhia de investimentos.


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Escola Neoliberal

Eugênio Gudin Filho


Nasceu em 12 de Julho de 1886 na cidade do Rio de Janeiro, economista brasileiro,
ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955.Formou-se em Engenharia
Civil no ano de 1905 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, passou a interessar-se
por Economia na década de 1920. No período de 1924 e 1926, publicou seus primeiros
artigos sobre Economia em O Jornal, do Rio de Janeiro.Sendo também,patrono da
biblioteca do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na década de 30, Gudin se destacou pelo interesse em ensinar a lógica econômica a


alunos de direito e engenharia.

O ministro da Educação, Gustavo Capanema, designou Gudin para redigir o Projeto de


Lei que institucionalizou o curso de Economia no Brasil,escolhido delegado brasileiro
na Conferência Monetária Internacional, nos Estados Unidos, que decidiu pela criação
do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird)

Ministro da Fazenda durante alguns meses, promovendo uma política de estabilização


econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão
monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria.

Professor na Universidade do Brasil. Vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas no


período entre 1960 e 1976,Responsáveis pela implantação, na FGV, do Instituto
Brasileiro de Economia (IBRE) e da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE),
dos quais tornou-se diretor.Aposentou-se no ano de 1957.

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Octávio Bulhões

Filho de Otávia Gouveia de Bulhões e do diplomata Godofredo de Bulhões, passou a


primeira infância na França e na Áustria. Voltou a residir no Rio de Janeiro aos oito
anos de idade. Casou-se com sua prima, dona Yedda, e teve quatro filhos.

Considerado um modelo de liberal brasileiro, teve uma atuação marcante como servidor
público. Criador do Banco Central e da SUMOC e ministro da Fazenda entre 1964 e
1967, notabilizou-se pela constante preocupação com questões monetárias e financeiras,
principalmente com o problema da inflação. Filiado à corrente de pensamento que teve
como líder Eugênio Gudin, apresenta uma produção acadêmica que trata das questões
de política econômica com o foco central sobre a estabilidade, que considerava fator
fundamental para o crescimento econômico. É classificado como neoliberal dentro do
pensamento econômico brasileiro. Fora influenciado desde jovem pelos livros do
economista Adam Smith. Professor universitário e membro do Instituto Brasileiro de
Economia, Octavio Gouvêa de Bulhões, tanto pela vida como pela obra, é uma
referência das mais relevantes para o entendimento da economia brasileira.

A contribuição de Bulhões acerca da economia brasileira, veio através de um conjunto


substancioso de quase centena de trabalhos que apresentou como livros, artigos e
conferências, individualmente ou em co-autoria, o que melhor exprime seu pensamento
econômico. O sentido prático ou aplicado de seus trabalhos tratou de uma maneira geral
do desenvolvimento brasileiro e do aumento da produtividade. A despeito da dificuldade
de fazer uma súmula de tantos trabalhos, é possível destacar desde logo que Bulhões
entendia o desenvolvimento econômico como resultado das ações da livre iniciativa,
dentro de um regime de produção descentralizado, orientado pelo sistema de preços
relativos com intervencionismo estatal mínimo, auxílio do capital estrangeiro e
principalmente, com baixa inflação.

Merece destaque especial é À margem de um Relatório, fruto de sua participação na


Missão Abbink. A par de constituir um documento de grande valia para entender a
situação da economia brasileira na segunda metade da década de 40, pode-se observar a
defesa que fazia naquela ocasião da intervenção estatal na economia. Certamente deve
ter pesado em parte para esta defesa, o quadro de desalento que vigorava no país nos
anos do imediato pós-guerra, o que revela o lado que aqui se chamou de pragmatismo
de suas idéias e ações.

Em dezembro de 1988, Octavio Bulhões apresentou ao presidente Sarney uma proposta


de combate à inflação baseada no corte drástico das despesas públicas, bloqueio à
emissão de moedas e títulos, e conseqüentemente fim da correção monetária e demais
instrumentos de indexação.

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Exercia o cargo de Diretor da Superintendência da Moeda e do Crédito quando viu-se


nomeado em caráter interino para o cargo de Ministro da Fazenda na gestão do Ministro
Eugênio Gudin. Na sua administração como titular do cargo destacaram-se: autorização
da emissão de Obrigações Reajustáveis do Tesouro; elaboração do projeto de
sistematização tributária que encaminhado ao Congresso Nacional se converteu na
Emenda Constitucional nº 18 de 1º de dezembro de 1965 e do Anteprojeto do Código
Tributário Nacional consubstanciado na Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966;
instituição do cruzeiro novo; reformulação da Legislação do Imposto de Consumo que
passou a se denominar Imposto sobre Produtos Industrializados do Imposto de Renda e
do Imposto de Importação; criação do Imposto sobre Transporte Rodoviário do Imposto
único sobre Minerais e do Imposto sobre Operações Financeiras; transformação da
Superintendência da Moeda e do Crédito em autarquia federal sob a denominação de
Banco Central da República do Brasil; criação do Banco Nacional da Habitação - BNH;
criação da Sociedade de Crédito Mobiliário e Letras Imobiliárias; reorganização da
Divisão do Imposto de Renda e das Diretorias de Rendas Internas e Rendas Aduaneiras
transformando-as em Departamentos; criação do Departamento de Arrecadação e
recolhimento de receitas federais por intermédio de estabelecimentos bancários oficiais
e privados; extinção do Imposto do Selo. Criação do Conselho Monetário Nacional;
concessão de estímulos fiscais à capitalização das empresas (Dec.-Lei n° 157/67);
criação do Cadastro Geral de Pessoas Físicas e Jurídicas; criação do SERPRO (Serviço
Federal de Processamento de Dados).

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A escola Desenvolvimentalista

A escola Desenvolvimentalista foi caracterizada como uma política econômica baseada


na meta de crescimento da produção industrial e da infra-estrutura, com participação
ativa do estado, como base da economia e o conseqüente aumento do consumo.
O desenvolvimentismo é uma política de resultados, e foi aplicado essencialmente em
sistemas econômicos capitalistas, como no Brasil (governo JK) e no governo militar,
quando ocorreu o "milagre econômico brasileiro". Onde foi criado o Instituto Superior
de Estudos Brasileiros – ISEB, em 1955, e logo passou a ser peça essencial, com a
atribuição de formar uma mentalidade nacional para o desenvolvimento, onde a entrada
de capitais externos era discutida como opção para acelerar o seu desenvolvimento.
Havia o consenso entre os grupos sociais na defesa da industrialização como forma de
desenvolver o país. No entanto, a burguesia brasileira estava dividida entre os que
defendiam a industrialização sob o controle total do capital nacional e os partidários da
participação e comando do processo de industrialização brasileira dos capitais
estrangeiros. Foi durante esse momento que surgiram nomes como os de Celso Furtado,
Maria da Conceição de Almeida Tavares e Roberto Cochrane Simonsen, intelectuais que
buscaram por conhecer e solucionar os problemas do financiamento na economia do
país e como se articulavam ao funcionamento do capital financeiro internacional,
sempre procurando identificar quais os interesses da grande maioria da população,
excluída dos frutos do desenvolvimento.

Celso Monteiro Furtado

Biografia
Celso Monteiro Furtado foi reconhecido mundialmente como um dos principais
economistas e pensadores sociais latino-americanas de nosso tempo.
Nascido em 1920 na Paraíba, Brasil. Ele se formou em Direito no Rio de Janeiro (1944)
e obteve um doutorado em economia pela Universidade de Paris (1948), e esteve entre
os primeiros membros da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe).
Escreveu "Formação Econômica do Brasil", uma das principais, se não a principal,
análises da história econômica brasileira.
Em 1958 e 59 é diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social,
onde concebeu e criou a SUDENE, da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste, uma agência governamental de desenvolvimento econômico pioneiro no
Nordeste. Ele era superintendente da agência 1959-1964. O trabalho desenvolvido por
Celso Furtado na SUDENE foi objeto de um estudo de muitos teóricos do
desenvolvimento.
Em 1962, 63 anos, Furtado foi ministro do Planejamento no governo João Goulart. O
golpe militar de 1964 foi privado de direitos políticos e conduziu a sua migração e sua
dedicação ao ensino na Universidade de Yale, Cambridge e Paris.

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Depois da restauração da democracia no Brasil, Celso Furtado foi nomeado embaixador
do Brasil junto das Comunidades Europeias em Bruxelas (1985-86) e mais tarde
Ministro da Cultura do Brasil (1986-90). Mais tarde trabalha na Comissão da Cultura e
Desenvolvimento UNESCO, quando criou a primeira legislação de incentivos fiscais à
cultura. Nos anos seguintes, retomou a vida acadêmica e participou de diferentes
comissões internacionais. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1997. Foi
duro crítico da era FHC. Embora apoiador de Lula, em 2003, recusou convite do
governo para reformular a Sudene.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004. No dia 25 de setembro de 2009
foi inaugurada a Biblioteca Celso Furtado contendo os 7542 livros que pertenceram ao
autor.

Contribuições
O instrumental teórico importado, no caso de Furtado, era o keynesianismo ativista
típico do pós-guerra (Furtado foi condecorado pela Força Expedicionária Brasileira, na
qual lutou na Itália). Furtado reinterpretou a história econômica brasileira como uma
série de oportunidades de desenvolvimento catalisadas por um Estado em formação. A
sua "Formação Econômica do Brasil" (1959) - um dos mais importantes livros da
história econômica do país, que pode ser lido como uma história das possibilidades de
intervenção racional do Estado no processo de desenvolvimento.
A receita de Celso Furtado: planejamento estatal. O economista sugeria, numa época em
que a ortodoxia já recomendava as políticas tradicionais de ajuste fiscal e combate à
inflação, uma ação mais efetiva do Estado, ao qual caberia o papel de direcionar os
recursos e apoiar a diversificação econômica.
Celso Furtado faz parte dos pensadores que consideram o subdesenvolvimento como
uma forma de organização social no interior do sistema capitalista, sendo contrário à
idéia de que seja uma etapa para o desenvolvimento, como podem sugerir os termos de
país "emergente" e "em desenvolvimento". Na verdade, o subdesenvolvimento é um
processo estrutural específico e não uma fase pela qual tenham passado os países hoje
considerados desenvolvidos.
Os países subdesenvolvidos tiveram, segundo Furtado, um processo de industrialização
indireto, ou seja, como consequência do desenvolvimento dos países industrializados.
Este processo histórico específico do Brasil criou uma industrialização dependente dos
países já desenvolvidos e, portanto, não poderia jamais ser superado sem uma forte
intervenção estatal que redirecionasse o excedente, até então usado para o "consumo
conspícuo" das classes altas, para o setor produtivo. Note-se que isto não significava
uma transformação do sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento da
política econômica e social do país que levasse em conta o verdadeiro desenvolvimento
social.
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Roberto Cochrane Simonsen

Biografia
Engenheiro, empresário, historiador e economista brasileiro nascido em Santos, SP, um
dos fundadores da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (1933), a primeira
do país, onde ministrou o curso de história da economia nacional. Estudou como interno
no Colégio Anglo-Brasileiro, no Rio de Janeiro, e formou-se em engenharia pela Escola
Politécnica de São Paulo, estado onde destacou-se pelo espírito progressista e
empreendedor, tornando-se também industrial e atuante na política paulista e brasileira.
Fundou a Companhia Construtora de Santos (1910), e representou o Brasil em missões
comerciais e congressos no exterior. Como político apoiou o movimento
constitucionalista que eclodira em São Paulo (1932), participou da fundação do Serviço
Social da Indústria (SESI) e foi eleito deputado à Assembléia Nacional Constituinte
(1934). Tornou-se membro da Academia Paulista de Letras (1939), foi eleito senador
por São Paulo (1946) e também neste ano ingressou na Academia Brasileira de Letras,
sucedendo a Filinto de Almeida, o segundo ocupante da Cadeira n. 3. Faleceu, no salão
nobre da Academia Brasileira de Letras, em 25 de maio (1948), quando saudava o
primeiro-ministro belga, Paul van Zeeland, em visita oficial ao Brasil.

Contribuições
No entendimento Simonsen, a participação do Brasil na origem do capitalismo advém
de nossos produtos sendo o motor do sistema capitalista. Afirma que devido ao sistema
econômico capitalista foi difícil a nossa capacidade de evolução, cujo fato escreveu: “É
fruto também desse sistema econômico, a adoção, pelos grandes Estados, de definidas
políticas coloniais, cuja interferência sofremos no passado e que ainda hoje atuam de
modo inequívoco em nossa evolução, devido, principalmente, à natureza tropical da
maioria de nossas produções”.
O autor Simonsen considerou que a História do Brasil é recente, uma tentativa de
conseguir um empenho para obter as condições necessárias ao seu desenvolvimento,
que se identifica num “do aperfeiçoamento dessas condições, resultará o fortalecimento
do Estado, numa linha ascendente de progresso, e a segurança de uma posição
respeitável, econômica e politicamente, no concerto das demais nações.
Simonsen busca o entendimento das dificuldades da evolução do Brasil, e afirmava que,
industrialização está diretamente ligada à construção da nação, significando
instrumentalizar o país com mecanismos econômicos racionais, elaborados com base
em uma certa imagem mitificada da Ciência, como também na utilização de um amplo
artefato técnico.
Como intelectual, seus mais importantes livros foram Orientação industrial brasileira
(1928), As crises no Brasil: outubro de 1930 (1930), As finanças e as indústrias (1931),
Ordem econômica e padrão de vida (1934), a coleção Brasiliana sua História econômica
do Brasil: 1500-1820 (1936), obra clássica da historiografia brasileira, A indústria em
face da economia nacional (1940) e Evolução industrial do Brasil (1973), publicado
postumamente.

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Maria da Conceição de Almeida Tavares

Biografia
Maria da Conceição de Almeida Tavares, nascida em Portugal, foi uma das economistas
de maior influência sobre o pensamento econômico brasileiro desde os anos 60.
Após estudar matemática em Lisboa, veio para o Brasil onde se formou economista pela
então Universidade do Brasil, hoje UFRJ, influenciada por três clássicos do pensamento
econômico brasileiro: Celso Furtado (1920-2004) Caio Prado Jr. (1907-1990) e Ignácio
Rangel (1908-1994), que a despertou para as questões relacionadas ao capital
financeiro. Trabalhou na cepal e tornou-se professora da UFRJ e, mais tarde, da
Unicamp. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, Maria da Conceição já foi deputada
federal pelo estado do Rio de Janeiro e é autora de diversos livros sobre
desenvolvimento econômico.
Seu espírito de luta acabou por levá-la a pleitear uma cadeira na Câmara de Deputados,
mandato obtido e exercido de 1995 a 1999. Entretanto sentiu não ser ali que melhor
poderia servir às suas idéias e voltou às lides acadêmicas após esse período, formando
gerações de economistas e líderes políticos brasileiros.

Contribuições
Economista, professora, uma referência para gerações de intelectuais. Maria da
Conceição Tavares é por não poucos considerada uma das mais influentes pensadoras
brasileiras da história recente.
Dona de sólido trabalho acadêmico uniu à produção intelectual o intenso engajamento
político. Compromissada desde sempre com a construção de um país mais justo. Suas
obras relacionava-se com os problemas do financiamento na economia do país e como
se articulavam ao funcionamento do capital financeiro internacional, sempre procurando
identificar quais os interesses da grande maioria da população, excluída dos frutos do
desenvolvimento, e tomar o seu partido.
Sua obra é bastante diversificada: escreveu artigos e livros influentes, tanto no campo
teórico quanto acerca de aspectos variados da economia brasileira.
Seu primeiro trabalho relevante foi "Auge e declínio do processo de substituição de
importações no Brasil". Neste artigo já estavam presentes as questões que priorizaria
mais adiante. A compreensão da dinâmica própria de economias como as latino-
americanas, em particular a brasileira, foi o que o norteou: como se inserem essas
economias no mercado internacional, como evolui sua distribuição de renda, como se dá
o progresso técnico, como é possível financiar o investimento e o consumo, superando a
precariedade dos sistemas financeiros locais. Uma preocupação fundamental,
característica de seu pensamento, já estava aí presente: a assimetria de poder existente
entre as diversas economias.

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Referências:

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_roberto_simonsen.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki
http://www.consciencia.net/arquivo/celsofurtado.html
http://www.historianet.com.br/conteudo/
http://www.fpabramo.org.br/blog/maria-da-conceicao-tavares-80-anos-sobre-
esperancas-democracia-e-nova-esquerda-brasileira

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