SIB – 28/07/2019 – DOMINGO – “EXPOSIÇÃO LIVRO DE OSEIAS” 1

A REPREENSÃO E PUNIÇÃO
“A repreensão e punição visam a amorosa restauração”
 Oseias 2.2-23

INTRODUÇÃO

Já vimos que a mensagem do profeta Oseias é sua própria vida. No primeiro capítulo vimos
que naqueles dias havia muita prosperidade e isto levou o povo à infidelidade usando os
recursos que possuíam na adoração aos deuses cananeus (Baal). Isto provocou a revolta do
Senhor, porém, mesmo assim Deus demonstrou lealdade para com a aliança e garantiu que
restauraria o povo dando-lhes esperança.

No capítulo o roteiro é semelhante. Começa com repreensão que segue para uma ameaça de
punição e termina com uma palavra de restauração. Mais uma vez o Senhor demonstrando seu
amor fiel (Hesed). E baseado no que lemos podemos afirmar que:

A REPREENSÃO E PUNIÇÃO VISAM A AMOROSA RESTAURAÇÃO

Vamos ao texto:

A. O SENHOR MANDA OS FILHOS REPREENDEREM A MÃE ADULTERA – 2.2-8

 V. 2 – os filhos deveriam repreender a mãe “porque ela não é minha mulher e eu não sou
seu marido” – uma das características do livro é que não “meias palavras” – o profeta é
direto e o tom é bastante firme. Tal declaração “não é minha mulher e eu não sou seu
marido” seria uma declaração de divórcio, que no AT só podia ser proferida/decidida pelo
homem, e a mulher tinha que aceitar. A repreensão era “para que ela afaste a marca da sua
infidelidade do rosto e os seus adultérios de entre os seios”. A infidelidade dela gerou a
repreensão e a declaração de divórcio.

 V. 3 – “caso contrário” – ela ficaria sem nada como um deserto/terra seca - imagem
terrível para o povo visto que sua subsistência era da agricultura e agropecuária, culturas
que não podiam ser desenvolvidas no deserto.

 V. 4 – “não terei compaixão de seus filhos” – pois são filhos da infidelidade (aqui dá-se a
impressão de que os filhos não era de Oseias, mas a linguagem poética quer transmitir que
“o que Israel faz como nação (a mãe) deixa suas marcas em cada indivíduo ou grupo (os
filhos); outra possibilidade é que “os filhos estão contaminados pela fornicação da mãe”.

 V. 5 – “Seguirei meus amantes que me dão pão e água, lã e vinho, óleo e bebidas” – a
mulher adúltera esquecera que tudo vem de Deus – Tiago 1.17 “Toda boa dádiva e todo
dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes, em quem não há mudança nem
sombra de variação”. O erro de Israel foi achar que suas conquistas vinham deles mesmos,
ou de outras nações. Erro nosso, quando achamos que nossas conquistas são resultado
de nossa capacidade.
o Pão de cevada ou trigo;
o Água para beber e irrigar;
o Lã e linho para cobertas e roupas.
o Óleo, azeite de oliva para cozinhar, combustível para lâmpadas, remédios, cosméticos, e
para cerimônias religiosas;
o Bebidas alcoólicas
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 V. 6 – “...cercarei o caminho com espinhos... para que não ache suas veredas” – o Senhor
não ficaria indiferente à atitude pecaminosa.

 V. 7 – “Ela irá atrás de seus amantes, mas não os alcançará... então dirá: Voltarei (deixa-
me ir) ao primeiro marido, porque eu estava melhor do que agora” – (lembra as palavras do
filho pródigo Lucas 15)...

 V. 8 – “Ela não reconhece que fui eu que lhe dei o trigo, o vinho, o azeite e lhe
multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram em favor de Baal”. O impacto nesse verso é
“ela não reconhece” e “usaram em favor de Baal”. Tudo o que possuía dado pelo
esposo, ela não reconheceu a origem verdadeira e pior, dedicou tudo ao amante (Baal).
Israel fez isso. Nós fazemos isso.
**Baal considerado pelos cananeus como “deus da tempestade” (o que favorecia as
plantações).

Por isso essa mulher/Israel precisava ser repreendida para que mudasse sua atitude... pois...

“A REPREENSÃO E PUNIÇÃO VISAM A AMOROSA RESTAURAÇÃO”

Os filhos deveriam repreendê-la, caso não ouvisse viria punição...

B. O SENHOR AMEAÇA TRAZER PUNIÇÃO POR CAUSA DA INFIDELIDADE-2.9-13

O versículo 9 começa com “Portanto”... indicando uma ação visto que não houve
arrependimento.

 V. 9 – “tornarei a tirar o meu trigo... meu vinho... arrancarei dela minha lã e o meu linho” –
como ela achava que estas coisas haviam sido dadas a ela pelo amantes, o marido (Senhor)
enfatiza que tudo é dele – ênfase no “meu, minha”.

 V. 10 – “vou expor a sua vergonha na presença do seus amantes, ninguém a livrará da

minha mão” – a ameaça de punição é clara sem possibilidade de escapar.

 V. 11 – “acabarei também com toda a sua alegria, festas...” – “Coisa terrível é cair nas mãos
do Deus vivo!” (Hebreus 10.31)

 V. 12 – “Devastarei sua vinha e sua figueira” – aqui ele diz a “sua vinha/figueira”, mas
deixa claro que o controle/soberania é dele, Deus.

 V. 13 – “E eu a castigarei pelos dias em que queimaram incenso aos baalins” – nenhum dia
passaria. O Senhor puniria por toda a infidelidade.
*Baalins:
Baal significa “meu senhor” expressão hebraica para um deus cananeu. Haviam vários
deuses e antes de seus nomes era colocado a expressão Baal. Ex. Baal-Peor, Baal-Zefom... e
outros, o conjunto desses deuses era chamado de Baalins.
 Baal-Berite – “Senhor do pacto” – Juízes 8.33; 9.4 – adorado em Siquém.
 Baal-Gade – “Senhor de sorte” – Josué 11.17; 12.7; 13.5 – nome de cidade.
 Baal-Hamom – “Senhor das multidões” – Judite 8.3; Cantares 8.11 – nome de cidade.
 Baal-Hanã – “Senhor gracioso” – nome de pessoas.
 Baal-Hazor – “Vila de Baal” – II Samuel 13.23 – lugar onde Absalão guardava o
rebanho.
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 Baal-Hermom – “Senhor de Hermom” – ou Baal-Gade – Juízes 3.3 – lugar onde Baal
era adorado.
 Baal-Meom – “Senhor da habitação” – Números 32.38; I Crônicas 5.8 – cidade
construída pelos descendentes de Ruben.
 Baal-Peor – “Senhor de Peor” – adorado em Moabe – Deuteronômio 4.3.
 Baal-Perazim – “Senhor dos calções” – II Samuel 5.20; I CrÕnicas 14.11; Isaias 28.21
– Davi deu esse nome ao lugar onde venceu uma batalha contra os filisteus.
 Baal-Salisa – “Senhor de Salisa” – 1 Samuel 9.4 – localidade.
 Baal-Tamar – “Senhor da palma” – Juízes 20.33 – lugar perto de Gibeá.
 Baal-Zebube (no AT) – “Senhor das moscas” (Belzebu no AT) – II Reis 1.2,3,6,16 –
Mateus 10.25,27.
“...se adornavam com seus anéis e suas joias, e ia atrás dos seus amantes, esquecendo-se de
mim, diz o Senhor” (v. 13)

O tom aqui me parece melancólico. Deus expressando todo o sentimento de seu coração pela
rejeição do povo da aliança ao Deus fiel à aliança e ao povo. Tudo isso faria.

*E é claro que sabemos que isso não ficou apenas na ameaça. Israel foi realmente punido
e levado cativo para a Babilônia onde ficou por 70 anos. Lá sofreu, mas quando retorna
para sua terra abandona a idolatria.

REFLEXÃO:
*Se rejeitamos o Senhor ele também nos punirá, não ficará na ameaça. Ele nos punirá; pois
ele corrige a quem ama – Hebreus 12.6 e propósito dele é a restauração. E este é o nosso
próximo ponto.

“A REPREENSÃO E PUNIÇÃO VISAM A AMOROSA RESTAURAÇÃO”

C. O SENHOR MOSTRA COMPAIXÃO E PROMETE RESTAURAR A NAÇÃO–2.14-23

“Todavia” – veja novamente a mudança de tom. O amor fala mais alto e o Senhor novamente
mostra sua lealdade à aliança, seu amor incontido por seu povo. É o marido que ama e está
sempre pronto a perdoar e continuar. Os versos são lindos, verdadeiro poema de amor.

 V.14 – “...eu a atrairei, levarei para o deserto e lhe falarei ao coração” – “deserto” = para bem
longe dos altares dos baalins. Lá sozinhos o Senhor lhe falará ao coração.

 V.15 – “Ali eu devolverei as suas vinhas e farei do vale de Acor uma porta de esperança” –
“Acor” (dificuldades), onde Acã e os seus foram mortos por conta da desobediência (Js 7.26)
era lembrado pelo povo de Israel, porém este mesmo lugar de dificuldade será agora para eles
“porta (um portal espaçoso) de esperança”.

 V.16 – “Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido; e não me chamará mais meu
Baal” – o abandono do amante para voltar ao marido. “Naquele dia” – linguagem profética,
chegará o dia. Baal (meu Senhor, amo); Marido (meu homem [especial] cf. 2.7; Gn 2.23-24)

 V.17 – “Pois tirarei de sua boca os nomes dos baalins, e ela não mencionará mais esses
nomes” – mudança total. Tirar dos lábios... “A boca fala do que está cheio o coração” (Mateus
12.34b).
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 V. 18 – “Naquele dia farei uma aliança em favor dela com os animais selvagens, com as aves
do céu e com os animais que se arrastam pelas terras; e tirarei o arco, a espada e a guerra, e os
farei viver em segurança” – No versículo 12 “farei delas um bosque e os animais selvagens a
devorarão”... agora uma “aliança” será feita com os animais para que eles não ataquem... além
disso, haverá paz – arco, espada e guerra – indica conflitos que serão retirados da nação.
 V. 19,20 – “E me casarei contigo para sempre; sim, eu me casarei contigo em justiça, juízo,
misericórdia e compaixão; eu me casarei contigo em fidelidade, e tu reconhecerás o Senhor” –
**“me casarei” (3 vezes) – indica a seriedade do compromisso –
“Nos casamentos israelitas, a celebração do casamento envolvia:
a. Negociações com os pais ou seus representantes (2 Sm 3.12-15)
b. Determinava-se também, o dote que o pretendente pagaria à família da noiva (2 Sm 3.14).
c. Guardava-se um intervalo entre o noivado e a consumação do relacionamento (Dt 20.7;
28.30), mas nesse intervalo já se considerava que ela pertencia oficialmente ao futuro
marido (Dt 22.23-27), pelo resto da vida (como se deve interpretar o para sempre de
Os2.19; cf. Ex 21.6).
**A intensidade do noivado de Javé com Israel é transmitida pelo uso tríplice que Oseias faz
do termo.

 V. 21,22 – “Naquele dia responderei diz o Senhor; responderei aos céus, e estes responderão
à terra; a terra responderá ao trigo, ao vinho, e ao azeite, e estes responderão a Jezreel” –
novamente os versos anteriores mostrava a punição e a escassez desses produtos, mas agora
haverá abundância.

 V.23 – “Eu os semearei para mim na terra e tereis compaixão de Lo-Ruama, e direi a Lo-Ami:
Tu és meu povo; e ela dirá: Tu és meu Deus”. A restauração estará completa quando o Senhor
receber Israel, antes rejeitada, e Israel receber ao Senhor, o rejeitado, e ambos como um casal
se unirem em matrimônio. Observe a ênfase nos nome; Lo-Ruama (Não compadecida, não
amada, desfavorecida) e Lo-Ami (não-meu-povo), agora são chamados “meu povo”...

A amorosa restauração vem após a repreensão e punição e é maravilhoso observar o amor de

Deus para com seu povo.

CONCLUSÃO
 PRECISAMOS ABANDONAR A INFIDELIDADE E NOS FIRMAMOS EM NOSSO
RELACIONAMENTO COM O SENHOR.

 Há alguma situação pela qual eu devo ser repreendido por estar vivendo em infidelidade
para com o Senhor?
 Tenho entendido a punição do Senhor como processo para a restauração?
 Creio que a restaurará é garantida pelo fiel amor de Deus por mim?
 Estou pronto e desejoso para firmar uma aliança eterna com o Senhor?

Meus irmãos, ao olharmos para a história do livro de Oseias, a infidelidade de Israel, é como
olhar no espelho e nos vermos. Por isso devemos mudar nossa atitude e voltarmos
completamente para o Senhor.

Também, quando olhamos para o livro de Oseias e vemos um Deus amoroso e fiel, isto deve
encher nosso coração de esperança, POIS UM DIA NÓS OS SALVOS TAMBÉM NOS
“CASAREMOS COM CRISTO, POIS SOMOS SUA NOIVA (IGREJA)” - E ENTRAREMOS
PARA AS BODAS COM O CORDEIRO...

Esta verdade deve motivar a todos nós a vivermos em fidelidade ao nosso Deus.