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AULA 1
A princípio, podemos dizer que trabalho é toda atividade na qual o ser humano utiliza suas energias para
satisfazer uma necessidade ou atingir determinado objetivo, individual ou coletivo. A palavra “energia” tem,
aqui, o sentido básico de uma capacidade para realizar uma obra, um projeto, uma ação – enfim, um trabalho.
Energia vem do grego en = dentro e érgon = obra, trabalho.
Para alguns filósofos, como Karl Marx (1818- -1883), o trabalho é o elemento que distingue o ser
humano de outros animais. Uma abelha, por exemplo, constrói sua colmeia com habilidades de um exímio
arquiteto. Contudo, a diferença entre um arquiteto e uma abelha é que ele cria em sua mente o projeto que
pretende executar na realidade. Assim, o trabalho humano envolve transformar os materiais sobre os quais ele
opera de acordo com um projeto previamente concebido.
Qual é a função do trabalho ao longo da história? Essa questão pode ser abordada a partir de, pelo
menos, duas perspectivas.
POSITIVO:
Permitem ao ser humano expandir suas energias, desenvolver sua criatividade e realizar suas
potencialidades. Por meio deles, as pessoas moldam a realidade e, ao mesmo tempo, transformam a si próprias.
Assim, dentro dessa visão positiva e ideal, o trabalho promove a realização pessoal, a edificação da cultura e a
solidariedade entre os seres humanos.
NEGATIVO:
Estressante e desagradável.
Como se desenvolveu essa face negativa do trabalho?
Intensificação da desigualdade
Dominação social
Em vez de servir ao bem comum utilizado para o enriquecimento de alguns.
De ato de criação virou rotina de reprodução.
De recompensa pela liberdade transformou-se em castigo ou formas de escravidão.
Enfim, em vez de realizar nossos sonhos, por vezes o trabalho fragmenta nossos projetos de vida.
PRIMEIRAS SOCIEDADES:
Uma das primeiras divisões de trabalho teria se dado entre HOMENS caçar, guerrear, garantir a
proteção do grupo e MULHERES tecer, coletar alimentos, produzir cerâmicas e cuidar dos filhos.
Além do gênero a divisão era feita por idade, habilidade e força física.
ANTIGUIDADE:
O trabalho manual passou a ser considerado, em várias sociedades, como uma atividade menor,
desprezível, que pouco se diferenciava da atividade animal.
Valorizava-se o trabalho intelectual, próprio dos homens que podiam se dedicar à cidadania, ao ócio,
à contemplação e à teoria.
IDADE MÉDIA
O trabalho intelectual ainda era o mais valorizado. A novidade estava em que, de acordo com o
cristianismo medieval, o trabalho passou a ser visto como forma de sofrimento que serviria de provação e
fortalecimento do espírito para alcançar o reino celestial. Assim, Santo Tomás de Aquino (1221-1274), teólogo
e filósofo cristão, referia-se ao trabalho como um “bem árduo”, por meio do qual cada indivíduo se tornaria um
ser humano melhor.
“O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM”
IDADE MODERNA
A concepção católica sobre o trabalho sofreu contestação significativa desde a ascensão social da
burguesia, na Europa ocidental, a partir do século XVI. Nesse período desenvolveu-se, no campo religioso, o
protestantismo. O trabalho foi revalorizado como caminho para o sucesso econômico (interpretado agora
como um sinal da bênção de Deus). O ser humano deveria viver uma vida ativa e lucrativa, pautada pelo
trabalho.
Esse sentido do trabalho ficou restrito às classes que conseguiram acumular capital e investir nas
atividades produtivas.
O mundo do trabalho sofreu o impacto de inovações tecnológicas: Ex: à navegação oceânica (caravelas,
bússola magnética, astrolábio, mapas geográficos), aperfeiçoamento das armas de fogo (morteiros, canhões,
espingardas).
A conquista da América foi marcada pela instituição de formas compulsórias de trabalho que afetaram
cruelmente os povos indígenas e africanos. Quanto aos africanos, o colonialismo europeu desenvolveu o
negócio lucrativo da escravidão moderna, controlando o fluxo de escravos da África para a América. Assim,
milhões de homens e mulheres negros foram arrancados de seu continente e separados de seus povos, das suas
línguas, da sua cultura.
IDADE CONTEMPORÂNEA
No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831) definiu o trabalho como elemento de
autoconstrução do ser humano. Ele destaca, assim, o aspecto positivo do trabalho que mencionamos antes, isto
é, o fato de o indivíduo não apenas se formar e se aperfeiçoar por meio do trabalho, mas também se libertar
pelo domínio que exerce sobre a natureza.
Karl Marx, por sua vez, embora reconheça esse aspecto da autoconstrução no trabalho, também
apontou seu lado negativo nas sociedades capitalistas.
A suposta liberdade do trabalhador se viu abalada quando ele foi destituído dos meios de produção e,
sem outra opção para sobreviver, encontrou-se obrigado a vender sua força de trabalho para os detentores
desses meios.
Meios de produção:
Recursos naturais (terras, subsolo, águas, matérias-primas);
Instrumentos de trabalho que transformam esses recursos;
As instalações de produção (fábricas, meios de transporte e de comunicação etc.);
As instalações de comércio, os bancos.
Marx destacou também as condições degradantes a que os trabalhadores tiveram de se submeter no
sistema da produção capitalista, apontando seus efeitos danosos sobre os indivíduos. Entre outros, distingue-se
o processo de alienação.
ALIENAÇÃO, O QUE É?
Vem do latim alienare, que significa tornar algo alheio a alguém, isto é, tornar algo pertencente a outro.
Depende do contexto:
Em direito transferência da propriedade de um bem a outra pessoa. Nesse sentido, costuma-se dizer que os
bens do devedor foram alienados.
Em psicologia estado patológico do indivíduo que se tornou alheio a si próprio, sentindo-se como um
estranho, sem contato consigo mesmo ou com o meio social em que vive.
Os filósofos e cientistas sociais processo de alienação atinge vários campos da vida humana, impregnando as
relações das pessoas com o trabalho, o consumo, o lazer, seus semelhantes e consigo mesmas.
Adesão incondicional à consciência alheia: segundo o filósofo francês Gabriel Marcel (1889-1973), viver é ter
consciência de que algo no mundo depende de mim e só de mim. Nesse sentido, o alienado não tem uma vida plena,
porque, para agir e pensar, depende do outro (o líder político autoritário, o chefe da empresa, o grupo esportivo ao qual
pertence etc.).
O marechal nazista Herman Göring (1893-1946) chegou a dizer que não tinha consciência pessoal, que sua
consciência se chamava Adolf Hitler.
Despersonalização: ao perder sua identidade, a pessoa alienada age de forma submissa ao que vem de fora.
Isso se expressa, por exemplo, no consumismo, na idolatria de pessoas, no fanatismo.
Medo da liberdade e da responsabilidade: o alienado prefere ficar preso à influência do outro e cumprir ordens
automaticamente. Com isso, ele esmaga sua própria liberdade e perde o senso de responsabilidade.
MOMENTO DE DISCUSSÃO: